DEPARTAMENTO DE
TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO
FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO
FINAL
COMISSÃO DA AMAZÔNIA, INTEGRAÇÃO
NACIONAL E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
|
||
EVENTO:
Audiência Pública
|
N°:
1720/08
|
DATA:
04/12/2008
|
INÍCIO:
10h33min
|
TÉRMINO:
12h57min
|
DURAÇÃO:
02h24min
|
TEMPO
DE GRAVAÇÃO: 02h24min
|
PÁGINAS:
41
|
QUARTOS:
29
|
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
|
WALTER PRADO – Deputado Estadual. Presidente da Comissão
de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Acre.
ALDO MOURA DA SILVA – Representante dos ex-guardas da
SUCAM do Acre.
CEDÍCIO DE VASCONCELOS MONTEIRO – Representante do
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Pará –
SINTSEP/PA.
JOSELIAS RIBEIRO DA SILVA – Coordenador-Geral de Recursos
Humanos da FUNASA.
CELSO PAIVA – Consultor da FUNASA na área de toxicologia.
|
SUMÁRIO: Debate sobre a contaminação de servidores da
extinta SUCAM pelos inseticidas DDT e Malathion.
|
OBSERVAÇÕES
|
Houve
exibição de imagens.
Há
orador não identificado.
|
O [P1]SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Declaro
aberta a presente reunião de audiência pública.
Antes de dar início à nossa
audiência, vamos exibir um vídeo que conta um pouco da história dos servidores
da Fundação Nacional de Saúde, a nossa antiga SUCAM.
Convido para compor a Mesa o
Deputado Estadual Walter Prado, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa do Estado do Acre; o Sr. Joselias Ribeiro da Silva,
Coordenador-Geral de Recursos Humanos da Fundação Nacional de Saúde — FUNASA; e
o Sr. Aldo Moura da Silva, representante dos ex-guardas da SUCAM, no Estado do
Acre.
O Sr.
Cedício de Vasconcelos Monteiro já se encontra a caminho desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Esta reunião de
audiência pública conjunta, da Comissão da Amazônia e da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados, é realizada a requerimento das nobres
Deputadas Perpétua Almeida, Janete Capiberibe, Vanessa Grazziotin e dos
Deputados Zequinha Marinho, Marcelo Serafim, Ilderlei Cordeiro e Eduardo
Valverde.
O seu objetivo é o de debater o tema Contaminação de Servidores da Extinta SUCAM
pelos Inseticidas DDT e Malathion.
Informo aos nobres
Deputados que queiram interpelar os expositores que deverão registrar o seu
nome junto à Mesa.
Esclareço aos senhores
expositores e aos Srs. Parlamentares que a reunião está sendo gravada, para
posterior transcrição. Por isso, solicito-lhes que durante sua exposição falem
ao microfone.
Informo ainda que os
expositores não poderão ser aparteados no decorrer de sua exposição. Somente
após encerradas as exposições, os Deputados poderão fazer suas interpelações,
tendo cada um o prazo de 3 minutos, e o interpelado, igual tempo para
responder, facultadas a réplica e a tréplica, pelo mesmo prazo.
Os apartes e as
interpelações deverão ser feitos estritamente sobre o assunto objeto desta
audiência pública.
Passo a palavra ao nobre
Deputado Estadual Walter Prado, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa do Estado do Acre, por 15 minutos.
A SRA. DEPUTADA VANESSA GRAZZIOTIN -
Deputado Sergio Petecão, se V.Exa. me permite,...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Com certeza, Deputada.
A SRA. DEPUTADA VANESSA GRAZZIOTIN - ... quero informar que não vou
poder assistir a todas as exposições dos convidados, inclusive dos Deputados,
porque tenho vôo marcado para logo mais.
Mas eu quero aos senhores, sobretudo ao representante da
Assembléia Legislativa do Estado do Acre, que nós da região amazônica temos
acompanhado muito de perto as ações da bancada do Estado do Acre,
principalmente da Deputada Perpétua Almeida. S.Exa. e outros Parlamentares não
apenas fazem pronunciamentos aqui, mas também têm ido à sede da FUNASA e têm
participado de uma série de audiências com as autoridades do Governo
brasileiro.
Eu faço questão de dizer que nós todos estamos
envolvidos, como se esta fosse uma causa nossa. O Estado do Acre, nesse
aspecto, é um exemplo para nós, porque tem sindicato e a sociedade mobilizada
em torno desse problema. E nós temos enfrentado dificuldades no Estado do
Amazonas para fazer o levantamento.
Mas, nessa causa, os senhores podem contar com o nosso
apoio e da Comissão da Amazônia. No que precisarem podem contar conosco, porque
é uma injustiça que precisamos reparar. E, se não formos nós, quem fará a
reparação?
Cumprimento todos os senhores, a Deputada Perpétua, os
Srs. Deputados, por esta luta de tão pequena proporção política, mas de tão
grande proporção humana. Eu acho que este é o nosso objetivo: cuidar das
pessoas. E esta é uma luta que de fato procura resgatar, se não [p4]a boa condição de
saúde, pelo menos uma vida mais digna para essas pessoas que tanto sofreram
para trabalhar pela saúde pública do Brasil.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Deputada, nós lamentamos a sua ausência da
reunião, até por entendermos que é uma Deputada atuante e, com certeza, vai nos
ajudar muito nesta luta em prol da reparação dos danos sofridos por servidores
da FUNASA.
Com a palavra o nobre Deputado Estadual Walter Prado.
O SR. WALTER
PRADO - Saúdo, inicialmente, o Sr. Presidente, Deputado
Sergio Petecão, companheiro do Acre; as Deputadas Perpétua Almeida e Vanessa
Grazziotin, o Deputado Ilderlei, o Deputado Mauro, de Rondônia e do meu partido; a imprensa, todas e
todos, com a paz do nosso Senhor Jesus Cristo.
Começo as minhas explicações dizendo da minha tristeza,
Deputada, mas também da minha alegria, porque aqui se confundem esses
sentimentos, ao vermos esta situação. A Deputada Perpétua também acompanhou
algumas vezes esse sofrimento, assim como o Deputado Sergio Petecão. E nós
lamentamos profundamente. Na Assembléia Legislativa do Acre, nós temos feito um
bom combate, por meio da Mesa Diretora — o Deputado Edvaldo Magalhães tem sido
profundamente solidário. Mas, infelizmente, trata-se de um assunto de âmbito
federal.
O Governador Binho tem feito o que lhe é possível, por
meio da rede pública de saúde, mas a situação, como mostrou o vídeo, é muito
mais grave. Além dessas pessoas que já faleceram — 114 pessoas —, as suas
famílias passam efetivamente necessidade. Não há nenhum exagero nesta matéria.
Creio até que a repórter foi bondosa, porque há situações, Deputado Ilderlei,
em que a pessoa não tem recursos. O que ela recebe da FUNASA hoje não é
suficiente nem para comprar a medicação que está obrigada a tomar, por
recomendação médica. Infelizmente, este é o quadro no Acre.
Para fazer o relatório, nós percorremos praticamente
todo o Estado. Muito embora fosse o período das eleições municipais, todo mundo
se contaminou, vamos dizer assim, com esse sentimento de solidariedade natural
nas populações da Amazônia. Embora sejam vendidas ao mundo, são as populações,
dentre as do País, que mais sofrem e que passam por maiores dificuldades.
Eu creio que essa Comissão, composta por 5 Deputados, e
a própria Assembléia contaminaram-se por este sentimento. Nós visitamos casa
por casa. Essas fotos anexadas ao relatório que vou entregar à Deputada
Perpétua mostram um quadro gravíssimo. Na minha opinião — e gostaria de deixar
isto gravado —, é necessária apenas uma ação do Estado brasileiro no sentido de
fazer o deslocamento dessas pessoas que os senhores vêem aí, que não podem mais
manter-se em pé, para um grande centro, via SUS. É a sugestão que faço.
Se fizermos um levantamento mês a mês, vamos verificar
que de 200 a 300 pessoas viajam do Acre para Goiânia, para São Paulo, por meio
do SUS, com passagem paga pelo Estado, com diária para o acompanhante. E eu
fico martirizado, amargurado, [P5]sem entender por
que a FUNASA não coordena uma ação dessa natureza? E a grande medida, na minha
concepção — quero deixar gravado —, seria o atendimento, Deputada Perpétua,
dessas 52 ou 53 pessoas que estão em estado gravíssimo. Se demorar esse
atendimento mais 30 dias, elas vão a óbito.
Este
senhor aqui nós tivemos ainda a felicidade de ouvi-lo — a Comissão foi à casa
dele. A Deputada Perpétua tinha ido, anteriormente, e 3 dias depois nós fomos
lá e conseguimos colher o depoimento dele. É esse que diz a frase que a repórter
cita: “Piedade, Presidente”. O homem
estava morrendo. Estava há 9 anos morrendo em cima dessa cama, sem nenhuma
assistência. A assistência era feita com 60% do que ele ganha. Para fazer o
funeral dele, foi preciso fazer cota... (Choro.)
Peço
desculpas. Não consigo... Um país tão rico como este...
E essa
situação do Acre, como disse a Deputada, eu não tenho dúvida de que é a mesma
nos outros Estados. Os sintomas são os mesmos, as doenças são as mesmas. E eu
tive o cuidado de verificar. Em relação a esses 50 casos, quero que a Polícia
Federal faça um exame que é denominado cromatografia gasosa — eu sou da área,
eu sou delegado de Polícia, de carreira —, o único exame que vai efetivamente
criar a prova material, para efeito de indenização, para efeito de ações
judiciais. Os juízes federais, na primeira instância, sempre têm sido
favoráveis, mas, no processo, se não houver a prova, não se chega a um final
feliz.
E eu
estou lutando por isso lá. A Superintendência já concedeu; o Deputado Edvaldo
Magalhães, Presidente da Assembléia, tem-nos dado grande apoio nesse sentido. E
nós vamos ter a possibilidade de comprovar para o Brasil, para o Presidente da
República, para a FUNASA, que essas 50 pessoas estão contaminadas, e que a esse
índice de contaminação é impossível o ser humano resistir.
E eles
tentam justificar. No Acre, na década de 80, um Superintendente da SUCAM bebia
o produto na frente dos agentes, quando começavam a reclamar de doenças: “Ah! Isso não faz mal”. Ele botava um
pouco de leite junto e bebia. Há esses depoimentos. Mas isso para justificar a
falta de atendimento médico às pessoas que procuravam ajuda por 10 ou 15 anos.
Então,
deixo esta sugestão e o relatório que fizemos. Eu diria que a medida mais
importante — não sei se é o caso dos outros Estados da Amazônia — a ser tomada
pelo Ministério da Saúde seria a de providenciar para essas pessoas uma viagem
aos grandes centros — e não é para obter nenhum privilégio —, como viajam as
pessoas inseridas no Sistema Único de Saúde, de avião para São Paulo e com
acompanhante. Agora, lá no Acre, estão deixando as pessoas morrerem.
Eles
têm um plano de saúde, Deputado Sergio — V.Exa. há tempos também levanta essa
questão e sabe disso; o Sr. Aldo deve falar disso também —, mas que não cobre
as despesas. Nós andamos de casa em casa vendo a medicação — a medicação é
cara. O salário não paga a medicação que essas pessoas têm de tomar todos os
meses para sobreviver desse modo que os senhores viram no vídeo. E isso está
generalizado no interior do Estado. Aquele velhinho que tenta se levantar e não
consegue mora no Município de Feijó. Mesmo tendo dinheiro, ele não tem onde
comprar a medicação.
Então,
para resolver casos dessa natureza eu acho que deveríamos seguir passo a passo,
Deputada. Eu quero deixar aqui essa sugestão. Primeiro, o atendimento — salvar
vidas. Segundo, os exames, comprovar — porque, comprovado, não há como negar; a
prova material é a rainha das provas; e não há como negar, não vai ter
desculpa, não vai ter laboratório dizendo que fez exame sem ter feito.
Por
exemplo: não se trata de fazer exame de sangue. Não é isso. Esse exame é um
avanço tecnológico de que somente a Superintendência da Polícia Federal dispõe,
principalmente nos Estados [P6] da Amazônia. Em
São Paulo é feito em laboratórios. E ele comprova, via exame de cabelo e
sangue, o índice de contaminação ao qual é impossível o ser humano resistir.
Essa
prova, Deputado, se Deus quiser, eu vou encaminhar a V.Exa., porque vai
complementar esse relatório. A partir daí, a Comissão vai ter o material que
comprova que os servidores estão contaminados. A causa mortis, segundo o Estado do Acre, na época — e eu tive o
cuidado de verificar isso também; é interessante —, quase sempre era falência
múltipla de órgãos.
Analisando
cada um dos 114 casos, fica fácil comprovar que efetivamente houve contaminação
por DDT.
E o
que aconteceu? Salvaram muitas vidas? Sim, a aplicação do DDT salvou. Nós
amazônidas não temos dúvida disso. E creio que estamos falando para pessoas que
vivem e que habitam na Amazônia. Mas aconteceu, e nós temos de reparar os
danos. Mas não podemos deixar que morram à míngua.
Sinceramente, estou no meu limite —
ontem fui à Polícia Federal para saber por que estava demorando — porque eu
estou vendo, a cada dia, que algumas pessoas, se passarem mais 30 ou 40 dias
sem receber tratamento, vão falecer.
Era
esse o registro que queria fazer.
Foram ouvidas, para ser sucinto,
pessoas de todo o Estado praticamente. Aquelas que podem se locomover iam às
reuniões; as que não podem se locomover foram ouvidas em casa. Nós fomos também
à sede da SUCAM. E praticamente tudo o que ouvimos está neste relatório.
Eu
quero agradecer, Deputado Sergio, pela concessão do tempo e dizer que, no meu
entendimento, agora o assunto é federal. No âmbito do Estado, nós vamos fazer
tudo o que podemos na Assembléia Legislativa. E a Deputada Perpétua vai receber
todo este material, que vai ser complementado com esses 50 exames de que falei.
E, a partir daí, Deputada, com certeza nós teremos a prova material, que é a
rainha das provas, que ninguém pode negar. E, se Deus quiser, o resultado será
bom.
Muito
obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Convido o Sr. Cedício de
Vasconcelos Monteiro, representante do SINTSEP do Pará, a tomar assento à
Mesa..
Nós
agradecemos os esclarecimentos ao nobre Deputado Estadual Walter Prado,
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado
do Acre.
Passo
a palavra ao Sr. Joselias Ribeiro da Silva, Coordenador-Geral de Recursos
Humanos da Fundação Nacional de Saúde — FUNASA, por 15 minutos.
O
SR. JOSELIAS RIBEIRO DA SILVA - Em primeiro lugar, bom dia...
A SRA. DEPUTADA JANETE CAPIBERIBE - Só para uma
questão de ordem, Sr. Presidente.
Na
verdade — e depois eu vou me referir à fala do Deputado Estadual Walter Prado
—, eu acho que nós deveríamos ouvir logo o representante da associação do Acre
e do sindicato do Pará e, no final, o representante da FUNASA, até porque teria
mais elementos para se posicionar depois de ouvir os representantes dos trabalhadores.
Se o representante da FUNASA concordar...
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Vamos mudar a ordem das
inscrições e ouvir o Sr. Aldo Moura da Silva, representante dos ex-guardas da
SUCAM.
Depois,
passaremos a palavra ao Sr. Cedício.
O
SR. ALDO MOURA DA SILVA - Sr. Presidente; Sr. Presidente da FUNASA;
representante do sindicato do Pará; Deputado Estadual Walter Prado, Presidente
da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Acre;
Sras. e Srs. Deputados Federais; autoridades presentes, meu cordial bom dia a
todos.
Eu quero, em primeiro lugar,
agradecer à Presidência desta Casa pela grande oportunidade que [P7]nos deu. Vamos dar mais clareza, evidenciar o drama vivenciado por esse
povo que tantas vidas salvou na Região Norte e, no meu caso, no Estado do Acre.
Sr. Presidente, eu tenho acompanhado
de perto o drama desse povo. Eu sou um guarda da antiga SUCAM. Entrei em 1974.
Borrifei diretamente o inseticida DDT por 10 anos. Na época, eu já via que o
DDT causava danos ao ser humano, muito embora a nossa instituição, os nossos
superiores da antiga SUCAM, informassem que aquilo não ofendia o ser humano,
que era simplesmente para matar o carapanã transmissor da malária. E eu já via
as conseqüências, tanto no ser humano quanto no meio ambiente também.
Na época — em 1975, em 1976, até
1980 —, quando eu trabalhava, eu mesmo já desmaiava dentro das residências.
Andando nos ramais, nos varadouros — na época não havia rodovias no nosso
Estado; transporte fluvial também era muito difícil —, eu cansei de ver os
nossos companheiros darem desmaio e caírem lá no meio da mata. E eu ficava lá
só olhando para eles, esperando que eles retornassem, porque caíam e ficavam
dando uma grande convulsão, fazendo uma série de gestos feios. E aquilo até me
assustava.
Na época, eu comuniquei ao nosso
coordenador, e ele disse que aquilo era epilepsia. Aquilo me entristecia muito
porque eu tinha basicamente certeza de que não era epilepsia, Deputado. E,
quando se tratava desses casos, eles mandavam para o hospital dos loucos.
E eu
vim vivenciando isso; e foi morrendo 1, e foram morrendo 2, e foram morrendo 3.
E eu sem saber o que fazer. Em 1987 ou 1988, eu convoquei o nosso coordenador
da época para uma reunião — eu era presidente da Associação dos Servidores
Públicos Federais no Estado do Acre — e comuniquei o fato: que o povo estava
morrendo, que os guardas da SUCAM estavam morrendo. E o que recebi como
resposta, Sr. Presidente? “Mas, enquanto
morre um guarda, nós estamos salvando milhares de vidas”.
Isso, como o Deputado Estadual
Walter Prado falou, era bem verdade. Graças ao DDT, nós salvamos milhares e
milhares de vidas. Nós fomos os verdadeiros guardiões dos povos da floresta, na
Amazônia. Nós pegamos malária muitas vezes, procurando o pessoal doente no seio
da Floresta Amazônica — os indígenas, os seringueiros. E, ao chegar aos mais
longínquos seringais, nós encontrávamos todas as pessoas sem ter uma que desse
água para outra. E, ali, onde o Poder Público não chegava, chegava um guarda de
malária levando medicamento, levando a borrifação e protegendo aquela família
dos danos causados pela malária.
Mas, Srs. Deputados, autoridades
aqui presentes, Sr. Presidente, Sr. Coordenador-Geral de Recursos Humanos da
FUNASA, o que mais me chocou, em todo esse episódio, é que não nos foi dado
equipamento de proteção para trabalhar com esse inseticida altamente [P8] tóxico e de poder
cumulativo muito grande. E nós ficávamos simplesmente expostos, porque só nos
davam capacete de alumínio, uma farda que não era adequada e muito DDT para
trabalhar, na época. E a ordem era para trabalhar — o serviço era muito puxado.
Eu
venho acompanhando o caso. Fiz um levantamento de 2000 a 2008 e quero citar
apenas alguns resultados.
Em 2000, 3 morreram; em 2001,
ninguém morreu, foi um ano de glória; em 2002, foram 4; em 2003, foram 3; em
2004, foram 5; em 2005, foram 7; em 2006, foram 8; em 2007, foram 6; e, em
2008, foram 8 até agora.
Então, vejam bem: esse inseticida é
reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como inseticida Classe II,
altamente tóxico. E, quando eu comecei a ver esses problemas nos guardas, eu
sabia que mais cedo ou mais tarde ia nos contaminar, porque ele prejudicava
demais o ecossistema, o meio ambiente.
Quando íamos lavar aqueles materiais
na beira dos riachos, dos lagos, dos igarapés, no outro dia, quando amanhecia,
havia milhares de espécies de peixe mortas. E, por não termos informação a
respeito da possível contaminação ou do possível veneno altamente tóxico, nós
comíamos os peixes. Não tinha outra opção porque, na época, nós ganhávamos
muito pouco, não andávamos com alimento e tínhamos de sobreviver assim mesmo;
aquele era um meio de sobrevivência da gente.
Hoje, a nossa instituição não quer
reconhecer, Sr. Coordenador-Geral de Recursos Humanos da FUNASA. Eu iniciei
essa causa porque às minhas mãos começaram a chegar muitas reclamações e exames
toxicológicos que comprovavam que nós éramos portadores desse inseticida DDT.
Mas estes exames aqui não são reconhecidos pela nossa instituição. Não sei qual
a razão.
E esse
pessoal começou a me procurar, a me mostrar os seus problemas, a me chamar em
sua residência. As esposas lamentavam. E eu decidi levar essa causa ao
conhecimento das autoridades. Chamamos a Deputada Perpétua Almeida, e ela um
dia nos recebeu em seu gabinete para uma reunião. Ela nos abraçou como uma mãe
abraça um filho. E citei todos os problemas já vivenciados por mim no meio dos
guardas e dos ex-guardas da extinta SUCAM.
A Deputada, parece-me que não
acreditando no que eu estava dizendo, pediu para verificar de perto. E foi.
Quando a Deputada se deparou com aquela situação, ela chorou junto comigo. Em
seguida, acionou a Assembléia Legislativa do Estado do Acre, na pessoa do
Deputado Edvaldo Magalhães, que, de imediato, convocou uma reunião para nos
ouvir e, após, criou a Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa,
na pessoa do Deputado Walter Prado, que fez um estudo, um levantamento
minucioso, com a sua equipe. E eu quero parabenizá-los pelo trabalho, Deputado.
Não mediram esforços; percorreram todos os Municípios do nosso Estado;
trabalharam aos sábados, aos domingos, em dia santo, e se empenharam demais
nessa causa.
E o que me surpreendeu? No meu
levantamento, Deputado, eu tinha detectado que 44 pessoas faleceram. E a
Assembléia Legislativa, que fez [p9]levantamento mais
minucioso, encontrou 114.
Então,
vejamos bem: hoje, nós estamos sofrendo as conseqüências desse inseticida, Sr.
Coordenador-Geral de Recursos Humanos da FUNASA. Os guardas estão morrendo.
Agora, antes de embarcar no avião, chegou um lá no aeroporto com essas
coceiras, chorando, pedindo que eu apresentasse esse problema dele ao senhor,
aos Srs. Deputados, à Deputada Perpétua Almeida, porque ele não agüenta mais,
ele não dorme à noite. Ele acorda chorando, a esposa dele pergunta o que é, e
ele diz a ela que pegue uma faca e corte as pernas dele porque não agüenta mais
a coceira.
São
vários os sintomas: muitos tumores, muitas dores nas articulações, paralisia
dos membros inferiores das pessoas. E isso eu já via naquela época, nos
animais: eu via em gatos, eu via em porcos e em outros animais.
E por
que eu vim? Qual a razão de eu estar aqui? Eu sou um simples guarda da extinta
SUCAM, hoje FUNASA. Sou pessoa simples, de origem muito humilde, filho de
seringueiro, nascido no seio da Floresta Amazônica. Vim aqui hoje pedir aos
Srs. Deputados, ao Presidente da Comissão da Amazônia, ao Coordenador-Geral de
Recursos Humanos da FUNASA, enfim, a toda a bancada federal, que nos ajudem.
Nós precisamos, imediatamente, de tratamento.
E que
também sejamos, Sr. Coordenador-Geral de Recursos Humanos da FUNASA, reparados,
porque nos acidentamos. Isso foi um acidente de trabalho, do meu ponto de
vista. E as esposas, vendo os maridos mutilados em sua residência, como
acabamos de ver em alguns depoimentos, não sabem o que fazer. E eu tenho
acompanhado a morte desses companheiros ali na cabeceira da cama, na residência
deles, nos hospitais, porque chega uma época em que o hospital não aceita mais.
As pessoas que têm essa doença ficam indo e voltando dos hospitais. Aí chega
uma ocasião em que o hospital não aceita mais.
Nós
temos um plano de saúde, mas esse plano de saúde não cobre as despesas
necessárias para o tratamento de saúde, não cobre nem a metade. Tem uma grande
restrição. E nós não sabemos mais o que fazer.
Então, por essa razão, estamos
trazendo esse problema da Amazônia para dentro do Congresso Nacional.
Entregamos o material à Deputada Perpétua Almeida e ao Deputado Sergio Petecão,
para que providências sejam tomadas junto ao Coordenador-Geral de Recursos
Humanos da FUNASA, para que nos ajudem nesta hora tão difícil.
Eu tenho chorado muito, Sr.
Presidente, em volta desse povo, porque eu sinto o peso da responsabilidade em
cima de mim. Eles vêm me procurar, mas eu não sou nada. Eu sou simplesmente um
barquinho de papel no meio do mar. Mas hoje, aqui, eu estou cercado de grandes
navios salva-vidas. E essa é a minha esperança.
Eu quero deixar os meus
agradecimentos a todos os que se fizeram aqui presentes e pedir mais uma vez
piedade para esse povo. As senhoras e os senhores me vêem como uma pessoa
aparentemente sadia. Por carregar peso nessas matas, dentro da lama, eu já fiz
2 cirurgias de hérnia; outras 2 cirurgias de vesícula; tenho graves problemas
no aparelho digestivo; na tireóide — eu estou sentindo dificuldade para falar
porque dói muito a minha garganta. Eu fiz um exame agora há pouco, e o médico
lá em Rio Branco disse que há alguma coisa grave; mas ele está fazendo outros
exames minuciosos.
Da [p10]equipe em que eu trabalhava,
dos guardas que operavam inseticida já faleceram 3; só resta eu como lenda
viva. E estou aqui gritando, Sr. Coordenador da FUNASA, por aqueles que já
perderam a voz. Por aqueles que já faleceram nada mais podemos fazer. Mas,
pelos que estão vivos, muito os senhores poderão fazer ainda. Nós podemos ainda
salvar aquelas vidas que estão pedindo socorro.
Mandaram-me
para representar eles aqui. Os senhores não têm... Ou seja: têm, sim, a idéia
do que é uma pessoa simples como eu chegar dentro do Congresso Nacional
brasileiro, coração do meu Brasil, para falar aos senhores, para acusar alguém,
no caso o inseticida DDT, porque as multinacionais são muito poderosas. Eu já
sofri ameaças lá no Estado do Acre. Mesmo assim não me calei e não vou me
calar. Eu não sei por qual razão alguém tem interesse em fazer com que eu cale
a boca, porque nada eu tenho, nada eu sou. Simplesmente estou lutando pela
sobrevivência de um povo, de uma sociedade que tanto contribuiu para o
desenvolvimento do Estado do Acre e do nosso País.
E hoje
vejo essas pessoas praticamente abandonadas: as autoridades nada fazem por
elas. E eu até dou razão às autoridades, Sr. Presidente, porque elas não
sabiam. Agora, sim, a partir desses relatos, a partir desses vídeos, Srs.
Deputados Federais, Sr. Presidente da Comissão da Amazônia, Sr. Presidente da
FUNASA, todos estão sabendo que no Estado do Acre, ou seja, na região amazônica
há um grande problema, e esse problema pode ser a intoxicação pelo inseticida
DDT. Nós não atribuímos diretamente ao inseticida porque precisamos ser objeto
de estudo.
Eu
quero fazer um pedido à Deputada Perpétua Almeida: que ela faça um pedido ao
Governo do Estado do Acre para que nós sejamos objetos de estudo nesse sentido.
Então, Sr. Presidente, eu quero
encerrar as minhas simples e humildes palavras. Como já falei para os senhores,
sou uma pessoa de pouca cultura, mas os senhores entenderam muito bem o que eu
quis transmitir.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE
(Deputado Sergio Petecão) - Antes de conceder a palavra ao Sr. Cedício, quero
fazer o registro da presença da representante do nobre Deputado Zequinha
Marinho, a Sra. Fernanda. E também quero fazer justiça ao Deputado Zequinha
Marinho, que apresentou projeto que visa conceder pensão especial aos
servidores da SUCAM.
Zequinha
é Deputado pelo Estado do Pará.
Concedo a palavra ao Sr. Cedício de
Vasconcelos Monteiro, representante do SINTSEP do Pará.
O SR.
CEDÍCIO DE VASCONCELOS MONTEIRO - Bom dia, Sr. Deputado Sergio
Petecão, 2º Vice-Presidente da Comissão da Amazônia; Deputado Estadual Walter
Prado, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do
Acre; Sr. Joselias Ribeiro, Coordenador-Geral de Recursos Humanos da FUNASA;
companheiro Aldo Moura, representante dos trabalhadores da FUNASA do Acre;
Sras. e Srs. Deputados Federais.
[p11]Quero agradecer o
convite à Comissão, para vir a esta audiência pública, e em particular à
Deputada Federal Perpétua Almeida, que fez o contato conosco no Estado do Pará.
Bem,
muita coisa já foi dita. Provavelmente não vou falar muito, mas gostaria de dar
algumas contribuições a este debate importante. O Pará sofre muito com essa
questão dos servidores que foram expostos ao DTT e ao Malathion ao longo de
toda a sua vida laboral.
Estão
aqui 3 companheiros da FUNASA do Estado do Pará: o companheiro Genival, de
Conceição do Araguaia; o companheiro Rubem, de Itaituba, oeste do Pará; e o
companheiro Brito, também do oeste do Pará, mas de Santarém.
Nós
tomamos conhecimento dessa situação, da intoxicação desses trabalhadores da
Fundação Nacional de Saúde, em 1996. Nós realizamos o nosso terceiro congresso
no Município de Marabá, no sul do Pará, e lá 2 companheiros nos relataram os
problemas que vinham enfrentando, sobre a exposição e a intoxicação por DDT e
Malathion. Foi a primeira vez que nós tomamos conhecimento; e, a partir de
então, nós desencadeamos uma série de denúncias na imprensa estadual e também
na imprensa nacional.
Os
companheiros que estiveram no Congresso deram seus depoimentos sobre as condições
do trabalho que exerciam em regiões inóspitas do Pará. As operações de impacto
se deram principalmente no interior: precisamente no sul e no sudeste do Pará.
Esses
trabalhadores — como o companheiro Aldo, lá do Acre, já disse — não tinham
nenhuma espécie de equipamento de proteção individual. Eles trabalhavam pura e
simplesmente com o capacete de zinco, como falou o companheiro; desprovidos de
luvas, de máscara facial ou de qualquer outro equipamento que pudesse minimizar
a exposição aos inseticidas.
Boa
quantidade desses inseticidas vinha a granel. E esses trabalhadores tinham de
pesar, fazer a dosagem. Eles tinham um balde, no qual faziam a diluição — o
Deputado está fazendo o gesto —, apenas com uma pequena pá de madeira; mas não
tinham luvas, não tinham máscara facial, não tinham EPI.
Eles
afirmaram nos depoimentos — e a operação, por ser de impacto, era feita em
locais afastados da cidade-pólo, onde ficava a sede da administração da
Fundação Nacional de Saúde — que o mesmo balde que utilizavam, por exemplo,
para diluir o inseticida servia também para apanhar água no rio, inclusive para
preparar alimentos, para beber, para lavar bomba. A mesma flanela com a qual
limpavam a bomba, com a qual aplicavam o produto, com a qual faziam a
borrifação, era usada também para enxugarem o rosto, em toda a sua atividade
laboral. Isso ao longo de 10, 12, 15 anos. Ou seja: um contato sistemático, sem
qualquer proteção para esses trabalhadores.
Bem,
esses trabalhadores começaram a sentir os sintomas. E os trabalhadores do
Estado do Pará, em particular os que viviam em Conceição do Araguaia, começaram
a se deslocar para o Distrito Federal, para Brasília, para fazer exame de
dosagem sangüínea. Aqui no l[p12]aboratório do Dr.
Otávio Brasil. A partir de então descobriram que tinham um acúmulo muito alto
de DDT na corrente sangüínea. Pelo laudo que obtiveram, já sinalizava para
aquela sintomatologia que vinham sentindo.
A partir daí, então, nós
desencadeamos uma luta, com a perspectiva de reivindicar da FUNASA o tratamento
adequado para esses trabalhadores. Nós entendemos que o tempo de exposição a
esses inseticidas, evidentemente, caracteriza para nós um acidente de trabalho.
E como tal deve ser reconhecido, na nossa opinião.
Fruto
dessa reivindicação que nós começamos a fazer em 1996, a FUNASA compôs uma
equipe com vários profissionais, que foi a Conceição do Araguaia, porque era o
Município do qual tinha vindo uma denúncia e no qual havia cerca de 84
trabalhadores intoxicados naquela data. Pelo menos foi disso que ficamos sabendo.
O estudo da FUNASA, infelizmente,
não apontou para aquilo que nós entendemos ser um acidente de trabalho. Por que
nós dizemos isso? Porque no estudo a FUNASA afirma que a sintomatologia desses
trabalhadores era relativa ao uso de bebida alcóolica, ao fumo e também ao uso
do medicamento contra malária, o quinino.
E nós
ficamos espantados com o resultado do estudo da FUNASA, porque não era possível
que trabalhadores que estiveram expostos ao DDT e ao Malathion por mais de 10,
12 ou 15 anos tivessem a sintomatologia que têm hoje fruto da situação que o
estudo da FUNASA alegou: vida desregrada.
Como
não havia uma alternativa política ou uma saída negociada no campo da FUNASA,
nós tivemos de partir para outros tipos de denúncia; inclusive denúncias em âmbito
internacional. O nosso sindicato já denunciou este fato à OIT, que respondeu ao
sindicato, dizendo que está iniciando as investigações acerca desse processo.
Quando
representantes da OEA estiveram no Pará, nós fizemos uma denúncia também.
Recentemente, o nosso advogado esteve nos Estados Unidos, na sede da OEA, para
tratar de outro caso — porque o nosso advogado é Presidente da SDDH no Estado
do Pará —, e fomos informados de que a nossa denúncia foi feita num formato que
hoje já não é mais admitido pela OEA. Então, nós estamos refazendo a denúncia
para enviar a esse organismo internacional.
Nós
também tivemos de recorrer aos meios jurídicos para que a FUNASA se
responsabilizasse de alguma forma pelo tratamento desses trabalhadores. Alguns
trabalhadores conseguiram tutela antecipada, mas, como a FUNASA e a Presidência
da República têm esse entendimento, a FUNASA está recorrendo de todas as
tutelas, derrubando, interrompendo o tratamento dos trabalhadores. Hoje, a
FUNASA exige — inclusive o Governo; e estou falando de forma geral — que esses
trabalhadores comprovem a intoxicação.
A FUNASA já informou, por meio de
representantes do Ministério da Saúde, que só vai tratar daquele trabalhador
que comprovar a sua intoxicação. Isso nós já ouvimos em audiência, no Estado do
Pará, de um representante do Ministério da Saúde.
Nossa preocupação era trazer este
debate para o Legislativo, para que houvesse uma intervenção junto à FUNASA,
junto à Presidência da República, para que se tomassem providências no sentido de
reconhecer esse acidente de trabalho.
Só
para vocês terem uma idéia, os trabalhadores são duplamente ou triplamente
punidos por essa intoxicação. Por exemplo, em Conceição do Araguaia, faleceu
ano passado, salvo engano, no dia 6 ou 7 de setembro, um companheiro chamado
Daniel Sobrinho, que estava num nível de intoxicação que já não permitia que
ele trabalhasse. Ele perdeu toda sua estrutura familiar; as pessoas e os filhos
o abandonaram e ele ficou na rua, literalmente. Esse companheiro morreu na
sarjeta. E, pasmem os senhores, mesmo depois de falecido ele ainda continuava
respondendo a um processo administrativo-disciplinar por abandono de emprego,
tão brutal é a ação da FUNASA em relação a esses trabalhadores!
Agora, entre outubro e novembro,
outros 4 companheiros faleceram no Pará; e, via de regra, o atestado de óbito
desses companheiros, coincidência ou não, é parada cardíaca. Acho que só esse
fato seria suficiente para fazer com que se abra uma investigação com relação a
essa questão, porque não é possível que, dentro de tão pouco tempo, 4
companheiros suspeitos de intoxicação faleçam. Eles reclamaram. Há laudo
toxicológico, mas as mortes foram registradas como causadas por parada
cardíaca.
Digo tudo isso a vocês porque já
realizamos vários debates sobre isso e não tem sido fácil. Estamos há 12 anos
nessa peleja com a FUNASA. Nesse tempo, muitos companheiros têm falecido ou têm
sido simplesmente abandonados, sem qualquer respeito à dignidade humana. É
impossível conviver com isso.
Ano passado, resolvemos fazer um
debate e organizamos o II Encontro dos Servidores Intoxicados da Fundação
Nacional de Saúde do Estado do Pará. Levamos a Belém 200 companheiros de todo o
Estado, e levamos também uma equipe de profissionais da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, chefiada pela Dra. Heloísa Pacheco Ferreira. Inclusive, sugiro
que esta Comissão a convide para falar sobre essa questão, porque, para a
equipe da Dra. Heloísa Pacheco Ferreira, não se faz necessário sequer qualquer
dosagem sangüínea para se comprovar a intoxicação. O simples depoimento desses
companheiros, pela sintomatologia, pelo que eles vivem no dia-a-dia, estabelece
o nexo causal.
O que estamos discutindo aqui é que,
efetivamente, o Governo reconheça esse acidente de trabalho. Como disse aqui o
Deputado Walter Prado, também lá no Estado do Pará um dos inspetores da
Fundação Nacional de Saúde disse, em plena audiência na SESPA, que os
servidores poderiam desmanchar o DDT e tomar como leite que não fazia mal. Um
absurdo!
Trago aqui este depoimento do
SINDSEP-PA, que já está há 12 anos nessa luta, nessa peleja contra a Fundação
Nacional de Saúde. Já fizemos várias petições. E não só ao Judiciário. Também
nos dirigimos à Presidência da República, já nos dirigimos a vários
Parlamentares, inclusive no Senado, para que nos ajudem a dar uma solução para
o problema desses companheiros, porque este é um fato: eles estão morrendo!
É com
esse espírito que o SINTSEP vem aqui, junto com os companheiros do Acre,
atender ao convite da Comissão da Amazônia, porque esta é uma necessidade: que
não só a FUNASA, mas o Governo brasileiro reconheça esse fato como um acidente
de trabalho.
Eles
estavam no meio da mata com poucas condições de trabalho, sem equipamentos de
proteção individual, e garantiram a saúde pública nos rincões, Brasil afora, e
hoje sofrem de uma intoxicação causada por essa exposição. É uma necessidade
que o Governo brasileiro reconheça isso como acidente de trabalho e, a partir
desse reconhecimento, faça toda a reparação necessária a esses trabalhadores —
e não só para eles, para seus familiares também. Muitos companheiros já
perderam a família, mas também temos companheiros que ainda estão com a
família, mas com suspeita de intoxicação na esposa e nos filhos.
É com
esse espírito que vimos a esta audiência pública: solicitar apoio aos
Parlamentares para que isso seja reconhecido como acidente de trabalho, e que
haja a reparação necessária a esses trabalhadores.
Muito
obrigado! (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Agradecemos a explanação feita pelo
Sr. Cedício Monteiro.
Agora
vamos ouvir o Sr. Joselias Ribeiro da Silva, Coordenador-Geral de Recursos
Humanos da FUNASA.
O SR. JOSELIAS RIBEIRO DA SILVA - Gostaria de
cumprimentar a Mesa; o Deputado Walter Prado, Presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Acre; o Deputado Sergio
Petecão, Segundo Vice-Presidente da Comissão da Amazônia; o companheiro
servidor da FUNASA, Aldo Moura; o representante do SINTSEP do Pará, Cedício de
Vasconcelos Monteiro; e também os Srs. Deputados presentes e demais
participantes, em nome da Fundação Nacional de Saúde, aqui representando o seu
Presidente, que, por motivo de agenda, não pôde participar.
Em
reunião anterior com a Sra. Deputada Perpétua Almeida, nosso Presidente expôs
algumas situações e providências que a FUNASA estaria adotando no sentido de
acompanhar e prestar esclarecimentos com relação a uma nota técnica que ele
ficou de fornecer à Sra. Deputada sobre as providências da FUNASA com relação
aos servidores não só da Região Norte mas de todos os servidores da Fundação
Nacional de Saúde que, ao longo de suas atividades, como a de combate e
controle de endemias, estiveram expostos a ações do inseticida DDT. A nota
técnica está aqui; vou deixá-la aqui para a Mesa e para Sra. Deputada, como
prometeu o Presidente da Fundação Nacional de Saúde.
Sobre
a utilização do inseticida DDT, a Fundação Nacional de Saúde e suas
antecessoras, no caso a SUCAM e a antiga Campanha de Erradicação da Malária —
CEM, e outros órgãos que antecederam a Fundação Nacional de Saúde utilizavam
esse inseticida nas ações de saúde pública como era recomendado, inclusive [P13]cumprindo
protocolos da Organização Mundial de Saúde, porque outros países também
utilizavam o mesmo inseticida. E a SUCAM, na época, que prestava esse serviço
de combate, de controle das doenças transmissíveis por vetores no âmbito do
Brasil, como um todo, utilizava esse produto, que, por sinal, inclusive, já
deixou de ser utilizado, desde 1997.
Sobre
o acompanhamento médico e os exames que os servidores da FUNASA eram
submetidos, até na vigência do Regime Jurídico Único dos servidores públicos,
que é do dia 12 de dezembro de 1990, esclareço que a SUCAM realizava exames
periodicamente nesses servidores, porque a CLT
garantia isso, permitia que fossem elaborados com uso de recursos
públicos, uma vez que os órgãos públicos, à época, não tinham a obrigatoriedade
de realização desses exames, mais voltados para a iniciativa privada.
Com a
edição do Regime Jurídico Único, em dezembro de 1990, a Fundação Nacional de
Saúde, assim como outros órgãos públicos, se viu impossibilitada de seguir ou
de iniciar um exame periódico mais detalhado, porque não havia permissão ou
amparo legal que permitisse a utilização de recursos para esses exames
periódicos. Apesar disso, a Fundação Nacional de Saúde, por entender que as
ações dos servidores de campo que se expunham a inseticidas mereciam e deviam
ter um tratamento diferenciado, e por isso fez várias propostas quando da
elaboração do seu orçamento, no sentido de incluir proposta orçamentária para a
realização de exames. No entanto, não obtivemos sucesso por conta de falta de
amparo legal, de normal legal que garantisse isso.
Com
relação ao acompanhamento, neste ano de 2008, por meio da Medida Provisória
nº 441, de 28 de agosto, foi alterado
artigo da Lei nº 8.112, que trata do Regime Jurídico Único dos servidores, no
sentido de acrescentar, de incluir a obrigatoriedade de realização de exames
periódicos em todos os servidores públicos. E, a partir daí, a Fundação
Nacional de Saúde, que há anos vinha tentando
a realização de exames para identificar o perfil epidemiológico de seus
servidores, principalmente dos que atuam em atividades de combate e de controle
de endemias, criou uma comissão interna,
que definiu um protocolo para a realização desses exames. Esse protocolo prevê
inclusive exames capazes de identificar casos de intoxicação pela utilização
desse inseticida.
Já
solicitamos a liberação de recursos na proposta orçamentária para 2009, e já
temos a garantia do Ministério do Planejamento, através da Secretaria de
Orçamento Federal, de que será incluído recurso na proposta a fim de
realizarmos esses exames, em nível nacional, a
partir do ano que vem.
Então,
esse é um estudo que a FUNASA vai fazer, a partir do ano que vem, com todos os
servidores espalhados por todo o Brasil.
Além
disso, com relação às ações e tutelas antecipadas que foram detectadas,
encaminhadas e determinadas, principalmente na Região Norte, temos um caso no
Estado do Maranhão, em que também houve um determinação. A FUNASA tem cumprido
todas elas; só que, por determinação legal, a Advocacia‑Geral da União tem a
prerrogativa de recorrer de todas as ações. E com isso, por meio dos subsídios que [P14]são fornecidos
para a defesa da União, essas causas, muitas vezes, demoram para ser
concretizadas. Mas os servidores que detêm as tutelas antecipadas a FUNASA têm
cumprido... Agora, a FUNASA não pode, ou seja, não tem amparo da normal legal
para realizar despesas sem a devida comprovação do nexo causal atribuído a uma
atividade ocupacional. Ou seja, enquanto não tivermos um nexo que ligue o uso
do inseticida, a doença apresentada, a patologia apresentada, a patologia em
que se encontra o servidor da Fundação Nacional de Saúde, a gente fica, nesse
momento, administrativamente... Até a realização dos exames esperamos dispor de
recursos públicos para o custeio desses tratamentos.
Com
relação aos servidores do Estado do Acre, a FUNASA, atendendo a uma
recomendação do Ministério Público daquele Estado, destacou uma comissão para
ir até o Acre, no sentido de identificar os casos que estavam sendo
apresentados naquele momento. Daí, dessa reunião com o Procurador da República
do Estado, com o Secretário de Estado de Saúde, com o Coordenador Regional da
FUNASA, ficaram definidos alguns encaminhamentos que a FUNASA vem cumprindo. Ou
seja, a FUNASA se dispôs a cumprir a recomendação proposta pelo Ministério
Público, que estava recomendando que fossem realizados exames nos servidores
ali citados. Portanto, fizemos contato com 2 laboratórios de renome nacional,
que é o Instituto Adolfo Lutz e o Instituto Evandro Chagas, que vão realizar
esses exames nos servidores no Estado do Acre; foram indicados inclusive, por
prioridade, pelo Procurador da República no Estado.
O
Instituto Evandro Chagas está fazendo esses exames de forma gratuita. Quanto ao
Adolfo Lutz, a FUNASA, para cumprir a determinação, a recomendação, vai custear
os exames que foram aceitos pelo Procurador do Ministério Público, para que
fossem feitos por amostragem, e indicou os nomes dos servidores que teriam
prioridade para fazer esses exames.
Antes
de vir para esta audiência, fizemos contato com o Coordenador Regional no
Estado do Acre. Ficou determinado que a coleta do material para exame será
feita pelo laboratório central do Estado e por uma empresa contratada pela
FUNASA, devidamente preparada, e que encaminhará esse material aos laboratórios
para que sejam feitos os devidos exames.
De
posse desse estudo, a FUNASA, sem dúvida nenhuma, cumprirá com o que estiver
explícito nos referidos exames. Se
aquela patologia, aquele estado de saúde apresentado, e comprovado nos exames
de laboratório, estiver ligado
diretamente ao uso de inseticidas, não se furtará em prestar total apoio aos
servidores, considerando a doença como ocupacional, porque assim o é, uma vez
comprovado devidamente o seu uso.
Com
relação ao uso do inseticida DDT, gostaria de pedir à Mesa, à Deputada Perpétua
Almeida, que fosse permitida a fala do Dr. Celso Paiva, especialista em
toxicologia e consultor da Fundação Nacional de Saúde, que vem acompanhando o
assunto e já estudou diversos casos de servidores da Fundação Nacional de Saúde
desde 1996 até então. E ainda encontra-se estudando esses casos.
Gostaria
que fosse permitida a palavra dele, a fim de que possamos ter informações mais
técnicas.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Consulto os nobres Parlamentares presentes na nossa audiência.
(Pausa.)
Por
parte da Mesa, concedo-lhe 5 minutos.
O SR. CELSO PAIVA - Em primeiro
lugar, cumprimento a Mesa, as Sras. e Srs. Deputados.
Fui
convidado para esta reunião exatamente para tentar, do ponto de vista técnico,
comentar alguma coisa que seja do interesse dos senhores. Estou absolutamente
livre; por favor, sintam-se absolutamente livres para perguntar.
É
importante que se diga que a Medicina tem toda condição hoje, como tinha há
alguns anos, de identificar causas que possam definir uma correlação entre
alguma exposição ocupacional, qualquer que ela seja, para a identificação
desses casos.
Acho
que o Sr. Joselias já colocou muito bem essa questão. Então, do ponto de vista,
pura e simples, técnico, sem preocupações administrativas, venho acompanhando
esses casos que deram origem a essa comoção. Acho que é inteiramente justo que
as pessoas, ao se sentirem doentes em relação ao trabalho, procurem os meios
para tratamento, para identificação etc. É importante considerar esse aspecto,
qual a relação que há entre a exposição ocupacional, a qualquer agravante do
meio ambiente e a situação específica, clínica, patológica da pessoa submetida
a essa exposição.
A
Medicina tem condição de identificar e separar exatamente o que é ligado à
ocupação do que o que pode ser considerado como uma afecção comum à população
geral.
Quando
se refere à saúde do trabalhador, temos de considerar que o trabalhador é um
membro da sociedade antes de tudo. Nessa condição, ele está sujeito a agravos
que existem em toda a sociedade. Na medida em que se vai subindo nessa escala,
podemos começar a identificar exatamente o que seja doença relacionada com o
trabalho ou doença nas quais o trabalho é especificamente a causa. É importante
esse nível de compreensão das pessoas.
Quanto ao estabelecimento de um nexo causal, é
importante — e isto é uma recomendação, inclusive do Conselho Regional de
Medicina ou do Conselho Federal de Medicina — que não se estabeleça um nexo
causal, pura e simplesmente, tirando-se uma história ocupacional. É
fundamental, sim, que se tire essa história ocupacional detalhada, que se
investigue todo o passado da pessoa, que se investigue e que se faça uma
estimativa, a mais perfeita possível, das exposições que o indivíduo sofreu.
Nessa situação, aí, sim, como em qualquer outra investigação médica, parte-se
para um exame clínico muito bem feito. E, dependendo das condições das
exposições, como é o caso, por exemplo, do trabalho de exposição reconhecida a
inseticidas de qualquer categoria, que se façam exames específicos para se
conhecer a estrutura da substância e a informação que a Toxicologia até hoje
nos deu.
Então[p15], no caso do DDT,
por exemplo, além da história clínica passada, como cidadão comum, além da
história ocupacional passada como operador, por exemplo, a história familiar,
ambiental, tudo isso tem que ser considerado. A partir daí, sim, faz-se um
exame clínico completo, um exame neurológico completo, porque o DDT
reconhecidamente é uma substância que pode ter uma ação toxicológica sobre o
sistema nervoso. Afinal de contas, é importante dizer, fazendo-se uma
digressão, o nosso sistema nervoso é absolutamente semelhante ao dos insetos.
Um inseticida que atue sobre o sistema nervoso de inseto pode, em potencial,
atingir o sistema nervoso de um ser humano.
O que
importa, na verdade, é conhecermos o seguinte: toda substância química, toda
ela, tem seu perigo, e esse perigo de uma substância química qualquer não pode
ser mudado. Esta é uma condição e uma propriedade absolutamente intrínseca de
uma dada substância ou agente. A radiologia, ou outra situação qualquer, até o
ruído, tudo isso são agentes físicos, químicos, biológicos, etc., cujo perigo
não pode ser mudado. O que importa, na verdade, é considerar o risco, a
probabilidade de que esse perigo vá se manifestar. Nós podemos gerenciar
riscos, medir riscos. Nesse sentido, então, é que todo o estudo se faz.
Continuando.
Além
do exame clínico completo, do exame neurológico e clínico completo, há toda uma
bateria de exames de bioquímica. E por que essa bateria de bioquímica? Porque toda substância estranha que
entra no organismo é trabalhada pelo próprio organismo no sentido de que ela
seja eliminada numa atividade que nós chamamos de metabolismo e que reduz
progressivamente a presença da substância estranha no corpo do indivíduo.
A
partir daí, por que o exame bioquímico?
Porque os 2 órgãos importantes nesse processo de eliminação são os rins, porque
esse metabolismo transforma essa substância, que pode ser até insolúvel em
água, numa substância solúvel, que é urinada, eliminada pela urina. Mas essa
transformação da substância... Sim, há transformação dessa substância dentro da
nossa usina de transformação, o fígado, que transforma essa substância numa
outra que pode ser excretada pelos rins, por exemplo. Daí a razão de nós termos
de estudar a bioquímica dos rins, as funções do rim e como estão as funções do
fígado daquele indivíduo e outros sinais quaisquer que possam ser necessários
para a completa elucidação de um caso especificamente. E os exames têm que ser absolutamente individuais,
porque a resposta de uma substância qualquer entre os indivíduos pode ter uma
variação ampla[p16].
Eu
quero crer que, a partir do momento em que esse protocolo de exames for
executado, ele mostrará, do ponto de vista médico, a real situação dessas
pessoas, exatamente o que foi feito em 2001, na primeira leva de pessoas que
foram examinadas no Estado do Pará.
Esse
estudo já foi feito por um grupo de especialistas que não eram da FUNASA. Eu
participei de um deles. Chegou-se a algumas conclusões. Mas, fundamentalmente,
com a mesma idéia que se tinha desde o início: saber até onde a exposição
ocupacional dessas pessoas influíra na saúde delas.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Agradecemos a V.Sa. a
contribuição e retornamos a palavra ao Sr. Joselias para as considerações
finais.
O SR. JOSELIAS RIBEIRO DA SILVA - Eu gostaria de
agradecer pelo convite para esta participação. Não tenho mais nada a
acrescentar com relação ao assunto. Estamos abertos para responder a
questionamentos acerca do tema ligado às providências da Fundação Nacional da
Saúde com relação ao acompanhamento desses servidores que utilizaram o produto
DDT até1997.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Encerrada a exposição, passo a palavra aos autores do requerimento
desta audiência.
Pela
ordem, tem a palavra a Deputada Perpétua Almeida. Também estão inscritos os
Deputados Ilderlei Cordeiro e Mauro Nazif.
A SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Quero saudar os
colegas Deputados Sérgio Petecão, 2º Vice-Presidente da Comissão, e Walter
Prado, bem como os senhores Cedício Monteiro, representante da FUNASA, Joselias
da Silva e Aldo Moura da Silva.
Gostaríamos,
acima de tudo, de fazer um elogio à Assembléia Legislativa, Deputado Walter
Prado. Se o trabalho da Assembléia Legislativa do Acre, coordenado por V.Exa.,
houvesse sido desenvolvido no Pará, no Amazonas, em Rondônia, em Roraima, no
Amapá e em todos os Estados do Norte que viveram esse momento dos guardas da
SUCAM, dos guardas da malária, dos mata‑mosquitos, estaríamos em outro patamar
de discussão. Portanto, eu gostaria de saudar a Assembléia, na pessoa de
V.Exa., pelo trabalho dedicado.
Inclusive,
como V.Exa. falou, o trabalho foi desenvolvido durante período eleitoral.
Durante a eleição todos gostam de pedir votos, mas a comissão da Assembléia
estava trabalhando de outra forma, ou seja, visitando famílias. E tudo isso
está sendo gravado e vai ficar nos Anais da Casa para servir para consulta.
Compreendo
que estamos aqui em audiência pública, e este é apenas o começo de um enorme
trabalho que vem pela frente. Está aí o Pará dizendo que há 12 anos está em
briga com a FUNASA — não é com mais ninguém; é com a FUNASA a briga do Pará, há
12 anos. E até agora a FUNASA não mostrou um serviço sério com relação àquela
situação. O Acre está começando a briga agora, e vamos levar Roraima a que faça
o mesmo, assim como Amazonas, Amapá, Rondônia, todos os Estados do Norte, até que o Governo Federal, por meio da
FUNASA, do Ministério da Saúde, reconheça sua responsabilidade! (Palmas.)
O depoimento do
Sr. Aldo foi emocionante. O Deputado Walter Prado se emocionou, e ninguém faz
isso de uma maneira programada, ou de graça, mas sim pelo que se está sentindo,
pelo que se está vendo.
A
matéria que saiu nos jornais do Acre é muito forte. O que a FUNASA devia ter
feito anos atrás, no caso a SUCAM, era ter protegido seus servidores. A
responsabilidade de qualquer instituição é proteger seus servidores. A SUCAM
não fez isso, e a FUNASA achou que o caminho de brigar na Justiça era o mais
correto.
Isso está errado.
Está-se assistindo à morte silenciosa de servidores no Pará e no Acre. Não [P17]vou me referir aos
outros Estados, porque ainda não provocaram a antiga SUCAM, ou a FUNASA. Mas
essa instituição está deixando seus servidores morrer silenciosamente.
Colegas,
dizer que a instituição realizava exames periódicos... Convenhamos! Acho até
que essa é uma forma de a instituição se reparar, se desculpar. Mas se tudo
isso fosse feito com a preocupação de salvar vidas, não estaríamos aqui
contabilizando mortos.
Deputado
Walter Prado, fiquei surpresa com o os números da Assembléia Legislativa, da
Comissão responsável pela investigação. Eu e o Sr. Aldo trabalhávamos com a
faixa de 50 — era o que se estava conseguindo apurar —, mas o trabalho de vocês
conseguiu identificar 114 mortos, em menos de 12 anos. Isso é gravíssimo! O
Governo Federal está deixando seus servidores morrerem à míngua! Não há outra
coisa a ser dita.
Eu
queria dizer que vamos receber de V.Sa. esses documentos — eu e os Deputados
Ilderlei Cordeiro e Sérgio Petecão — e queremos juntar as bancadas do Acre, do
Pará, as bancadas do Norte, para entregá-los solenemente ao Presidente da Casa.
E que também seja levado a votação no Plenário nosso requerimento para que uma
comissão externa da Casa visite todos os Estados da Amazônia. Esse requerimento
está dormindo, porque pouca coisa tem andado no Plenário desta Casa. E se não
sair este ano — e acho que não vale a pena sair este ano, para que não se faça
nada de forma apressada —, logo quando da retomada dos trabalhos da Casa quero
que uma Comissão desta Instituição vá aos Estados do Norte e faça o que fez a
Assembléia Legislativa, e que incentive os outros Estados a fazer o mesmo.
Tenho
dito ao Sr. Aldo que essa não é uma luta de agora. O Pará está há 12 anos nessa
luta, e talvez levemos mais outro tempo. Talvez, não, porque percebo que todos
estão se juntando. Os Estados, as bancadas estão se alertando com relação a
isso.
Não
queremos deixar os servidores morrerem à míngua, mas sei que esse é um processo
difícil e demorado. Não é fácil convencer governo nenhum a assumir a sua parte.
Faço a
pergunta: por que suspenderam o DDT no mundo? Será por que ele não estava
servindo? E por que somente 10 anos depois de ele ter sido suspenso no mundo o
Governo brasileiro suspendeu o uso do DDT no Brasil? Por que só então
suspenderam o uso do DDT no Brasil?
Lamentavelmente,
depois de o Governo Federal — à época, Governo Fernando Henrique Cardoso; e o
Ministro da Saúde, salvo engano, era o José Serra — ter suspendido o uso do DDT
no Brasil, a SUCAM continuou usando o produto até o final do estoque. Já se
sabia, quando o mundo suspendeu o uso do DDT, que o produto causava problema de
saúde pública. Entretanto, continuaram usando o DDT até acabar o estoque — para
não perderem dinheiro; mas vidas estavam se perdendo!
Foi
suspenso o uso do DDT no mundo e no Brasil porque ele causa problema de saúde
pública. Então, por que a FUNASA, à época a SUCAM, deliberadamente não correu
para salvar seus servidores? Pelo menos esta reflexão os diretores da SUCAM e
da FUNASA deveriam ter feito: “Se foi suspenso o uso do DDT no mundo e no
Brasil porque ele causa problema de saúde pública, vamos atrás dos nossos
servidores e ver o que está acontecendo. Será que não há servidor nosso
sofrendo conseqüências do uso do DDT?”.
Se
fizeram essa reflexão, não fizeram sua parte: proteger os servidores. A FUNASA
e a SUCAM foram omissas nesse processo.
Não
quero mais falar do passado, quero falar sobre daqui para frente. Quero ver uma
postura diferente do Governo do Presidente Lula, do Ministro da Saúde e do
Presidente da FUNASA. Uma equipe de Parlamentares do Acre visitou a FUNASA e
assistimos ao compromisso de seu presidente — que quero ver isso ser cumprido
na prática — de criar uma comissão para fazer um levantamento no Estado.
Vou
pegar no pé! Quero ver qual é o resultado do trabalho da FUNASA com os doentes
no Acre, fazendo o que fez a Assembléia Legislativa do Acre. Quero ver um
tratamento diferente! Quero [P18]que se faça esse
levantamento em toda a Amazônia. Vamos exigir isso. Cada Deputado do Acre, do
Pará, da Amazônia, daqui para frente, vai ter o compromisso de levantar a voz
na tribuna da Casa e cobrar da FUNASA uma postura diferente.
Deputado
Walter Prado, já estivemos na FUNASA e já estivemos com o Ministro da
Previdência, que nos acolheu muito bem e ficou sensibilizado. Levei uma cópia
do relatório elaborado por vocês. S.Exa. ficou chocado com esse material e
assumiu o compromisso de nos ajudar na burocracia. Reconheceu a necessidade de
levar isso às últimas conseqüências para garantir indenização a essas famílias.
Nossa
próxima audiência será com o Ministro da Saúde; depois será com o Ministro da
Secretaria Especial de Direitos Humanos. Queremos atacar todos os Ministérios
do Governo do Presidente do Lula para garantir uma nova situação.
Vou
fazer um pedido à TV Câmara, que
depois vou encaminhar por ofício: que faça um documentário sobre esse fato na
Amazônia brasileira.
Vamos
atacar todas as instituições e todos os setores que puderem fazer alguma coisa
para ajudar a salvar vidas.
A
assessora do Deputado Henrique me informou que S.Exa. é o Relator do projeto de
indenização que está na Comissão da Seguridade Social. Queremos melhorar o
projeto. Porque não queremos nos preocupar apenas com os que ainda estão vivos
e podem morrer; queremos que o Governo reconheça a situação dos que já morreram
e indenize suas famílias. De outra forma seria muito fácil; deixam morrer todo
mundo e, depois, dizem: “Não se pode mais fazer nada, porque todo mundo já
morreu”.
A
saída não é essa.
Há
muito trabalho pela frente, companheiros do Pará, Acre, Rondônia, Amazonas. Se
a associação ou o sindicato dos servidores de Rondônia, do Amazonas e de outros
Estados fizerem o que fez o sindicato do Acre e do Pará, eles também
encontrarão doentes.
A
Deputada Vanessa Grazziotin disse que foi ao sindicato dos servidores no
Amazonas, e eles lhe disseram: “Não temos esse problema”. Dizem que não têm
esse problema porque não foram atrás. Porque, se os sindicatos e as associações
procurarem, vão encontrar. Não é possível que o DDT que foi para o Pará e o DDT
que foi para o Acre tenham causado efeitos diferentes do que causou no resto da
Amazônia.
E
mais: quando nos procuraram e se identificou o problema no Acre, nem sabíamos,
Deputado Walter Prado, que o Pará tinha avançado na discussão. Eu não acredito
em coincidências. São fatos reais. É coincidência terem morrido 114 servidores
no Acre, um Estado tão pequeno? O Acre tem 600 mil habitantes. E o Pará? Tem
quantos milhões de habitantes? O Estado do Pará deve ter perto de 3 milhões de
habitantes. Se no Acre morreram 114 servidores, quantos devem ter morrido
no Pará, no Amazonas, em outros Estados?
Companheiros,
entendo que nossa luta se iniciou agora, com o Acre se juntando ao Pará. Essa é
uma causa da bancada do Acre. Vi o esforço do Deputado Sérgio Petecão, do
Gladson Cameli, do Ilderlei Cordeiro, do Henrique Afonso, do Fernando, de todo
o mundo. Essa é uma causa que abraçamos. Podem vir as próximas legislaturas,
pode ser que percamos as eleições e outros venham à frente, mas essa é uma causa
que a bancada vai abraçar sempre, junto com os companheiros do Pará, de
Rondônia e de outros Estados.
Estou
entendendo que este é o começo de uma primeira conversa e que o Governo, mais
cedo ou mais parte, vai ter que assumir sua culpa no processo por não ter
cuidado de seus servidores, sob pena de pedirmos ao Congresso Nacional que
recorra também aos organismos internacionais.
Os
direitos dos trabalhadores também são direitos humanos. Não podemos continuar
assistindo à morte silenciosa de tantos servidores da FUNASA sem descruzarmos
os braços e fazermos a nossa parte, e sem que o Governo faça a sua parte.
Era
isso o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Concedo a palavra ao Deputado Ilderlei Cordeiro.
O SR. DEPUTADO ILDERLEI CORDEIRO - Sr. Presidente, Deputado Sérgio Petecão,
agradeço a presença ao Deputado Walter Prado, grande colega do querido Estado
do Acre; do Sr. Joselias; do Sr. Aldo Moura da Silva, que trouxe um sentimento,
de coração, acerca da realidade Estado do Acre. Vejam o que esse povo está
vivendo, essa população guerreira, batalhadora, que é o nosso povo acreano!
Realmente, ficamos sentidos cada vez mais com a situação.
Agradeço
ao Sr. Cedício por ter vindo aqui repassar a realidade do Pará, que não é fácil
também.
Teria
algumas perguntas a fazer, mas não há o que discutir mais; temos que agir e
tomar atitudes sérias para fazer justiça a quem realmente tenha sido
prejudicado. Quando se fala que esse é um acidente de trabalho, não considero
que seja acidente de trabalho, mas uma irresponsabilidade do Governo Federal
por não ter dado condições aos servidores que lá trabalharam. Isso foi
irresponsabilidade de trabalho, e isso vai ter que ser resolvido dando-se
condições de dignidade para essas famílias atingidas.
Uma
coisa que quero dizer, e que o nosso querido amigo Cedício comentou, é que a
realidade não está só no servidor, mas na família, na mulher que foi infectada
com a convivência sexual, no filho que, com certeza, terá problemas por causa dessa
situação. Então, há uma série de problemas, e nós, Parlamentares do Acre, da
Região Norte, do Brasil, temos que ter sensibilidade para avaliar a situação e
tomar uma atitude.
Foi
muito louvável a nossa querida Perpétua quando disse que tem que correr atrás
de uma comissão para se descobrir mais ainda a situação. Esta Comissão vai
fazer esse levantamento, que a cada dia mais demora. E o que temos que fazer é
agir e tomar atitude agora, com a realidade do projeto que já está lá, do
Deputado Henrique, como Relator. Temos de fazer justiça e aprovar esse projeto,
para que todos os funcionários que chegaram a conviver com esse inseticida, não
os que morreram, mas os que estão vivos, todos que conviveram com o DDT,
realmente sejam amparados com indenizações cabíveis mensais incluídas em seus
salários, em suas aposentadorias. E, com relação aos danos causados pelas
mortes, as famílias atingidas têm de receber auxílio financeiro pelos prejuízos
causados no dia‑a-dia pelo herbicida, que realmente foi a salvação para nós, na
Amazônia, mas que resultou em prejuízo tanto para os servidores como para
aqueles que nas suas casas tiveram que passar o herbicida.
Temos
que tomar logo uma atitude, aprovarmos esse projeto, para começar a indenizar
esse pessoal. Sobre as causas que vão ser descobertas, como acabou de dizer o
doutor, temos que fazer um estudo. Mas, se formos esperar por estudo, vão
morrer mais uns 50 mil, 100 mil, um bocado. O maior estudo que temos que fazer
é, como disse o pessoal da FUNASA, é botar no leite que se toma. Então, vamos
começar a dar ao pessoal que quer estudar leite misturado com esse DDT para ver
a conseqüência disso. Se eles querem estudar, têm que estudar por aí. Porque
não há mais o que estudar acerca dessa situação. Temos de tomar uma atitude
agora, porque se trata da vida do ser humano.
Peguei
malária 3 vezes. A qualquer um que diga que não há conseqüência alguma digo que
tem. Pegar uma doença como a malária significa o início de conseqüências
terríveis no organismo. Eu já não consigo mais ter digestão como tinha. Peguei
apenas 3 vezes. Agora, imaginem crianças, no Acre, pegando 15 vezes malária.
Imaginem: pessoas morrem, e o atestado de óbito diz que a causa não foi a
malária, foi outra coisa. Não há cabimento!
Acho
que daqui para a frente, Perpétua, Petecão, Mauro Nazif e toda a Bancada do
Norte, temos que tomar uma atitude para trazer realmente dignidade à vida do
ser humano na nossa Região.
Quero
ser solidário a todos. Ouvi depoimentos como um de Cruzeiro do Sul, da Maria
José de Souza Paiva, viúva do Sr. Noberto Correia de Paiva. Ela relata que seu
marido trabalhou na SUCAM por 30 anos e faleceu há mais ou menos 5 anos. Disse
que ele sentia problema de pressão, que foi internado por 2 vezes, que tinha
colesterol alto, dormia mal, sentia muitas perturbações, tinha dores de cabeça.
Ela me dizia que, às vezes, ele a acordava no meio da noite passando mal,
tremendo. Muitas vezes, ela ajudava com um copo de água em sua boca, porque ele
não conseguia beber sozinho. Disse ainda que ele teve infarto dentro de um
barco, quando estava dirigindo ao trabalho.
Então,
não temos mais que dizer que é uma coisa que acontece com todo ser humano que
convive por lá. Fatos como esse, porque não é só um, são mesmo terríveis!
Quero
parabenizá-lo, Deputado Walter Prado, e também a Deputada Idalina Onofre, do
meu partido, os Deputados Donald Fernandes, Chico Viga, Josemir Anute, que fez
parte desta Comissão, que trouxe esse relatório espetacular para que realmente
façamos justiça aos que estão precisando.
Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Passo a palavra ao Dr. Mauro Nazif. Apenas peço ao caro Deputado
para que possamos dar um pouco mais de celeridade, porque o Presidente já está
nos chamando ao plenário para votar.
O SR. DEPUTADO MAURO NAZIF - Primeiramente,
cumprimento o Presidente da Comissão, que ora a preside a reunião, o Deputado
Sergio Petecão, em nome de quem cumprimento todos os nobres Parlamentares; a
Deputada Perpétua Almeida, autora do requerimento; o Deputado Ilderlei Cordeiro;
o nosso companheiro de partido, Walter Prado. Para nós, é um prazer tê-lo nesta
Casa. Meus cumprimentos aos senhores Cedício, Presidente do Sindicato do Pará,
Joselias, representante da Coordenadoria dos Recursos Humanos da FUNASA, e
Aldo, do Acre.
Já
sabemos que os problemas existem. Diante de leite derramado não se fica
chorando. É fato. Mas o que me preocupa são as ações que a FUNASA vem tomando.
Isso é o que mais me preocupa, porque a FUNASA, na verdade, sabe que boa parte
de tudo isso que vem acontecendo com esses homens que trabalharam é decorrência
da intoxicação. Você pode não ter isso comprovado por meio de exame, mas os
homens da FUNASA sabem, e não sei se o Sr. Joselias já foi homem de campo da
FUNASA. (Pausa.) Bem, não foi homem
de campo. Mas todos nós sabemos que isso é conseqüência da intoxicação. Uma das
maiores dificuldades que se tinha era fazer os exames.
Vou
contra-argumentar o que o Sr. Joselias disse, e com todo o respeito, quando
disse que até 1990 era prática da FUNASA fazer esses exames periodicamente.
Isso não é verdade! Hoje nós estamos em 2008, 18 anos após, e uma das maiores
dificuldades que temos é fazer esse exame. Os sinais, os sintomas clínicos,
todos eles são observados. Falta o quê? O exame laboratorial que comprove. Esse
é um fato.
Tenho
essa preocupação porque daqui a 10, 15, 20 anos o Governo vai reconhecer essa
intoxicação, e os danos que todos nós estamos percebendo estará passando
despercebido pelos órgãos federais que são competentes para realizar isso.
Agora
houve um avanço: a Medida Provisória nº 441. Apresentei emenda; inclusive o
Petecão a subscreveu. Houve um acordo pela obrigatoriedade dos exames. Está
assim agora, Petecão: aquela emenda que foi apresentada na 431, num acordo
sobre a 431, foi recolocada para a MP 441, sobre a obrigatoriedade dos exames.
Só que os danos lá atrás estão feitos. O que a FUNASA tem feito para reparar
esses danos?
Vejo
que falta uma sensibilidade muito grande da FUNASA para o trato com esses
homens, e a Região Norte, de maneira geral, talvez seja a região mais
discriminada, se formos observar.
Nós
estamos aqui em uma luta enorme pela aprovação do 13º salário dos homens e
soldados da borracha. Os pensionistas, os aposentados, os anistiados, todos têm
direito ao décimo-terceiro. O soldado da borracha, que muito existe no Acre, no
Pará, em Rondônia, não tem direito a isso até hoje. Foram eles que doaram as
suas vidas por lá. E o mais jovem hoje tem 82 anos.
Pois
nós estamos nessa briga. Estamos nessa briga aqui, Deputada Perpétua, e hoje
conseguimos fazer com que na Medida 441 seja colocado como obrigatoriedade da
FUNASA fazer esses exames. Agora, a FUNASA tem que ser mais ágil e,
principalmente, mais sensível para com esses homens, porque, se hoje mais de
140 homens faleceram no Estado do Acre... Porque, pelo menos, umas 100 mil
vidas eles salvaram, e eles não são reconhecidos. O que estou falando no Acre é
igual para todos os Estados que deparam com essa situação: Rondônia, Amapá,
todos. Todos nós temos essa situação. Podem não ter as suas entidades
representativas. Até quando nós queremos fazer algum trabalho aqui em Brasília,
referente aos servidores, nós temos dificuldade, porque não se tem aqui um
órgão competente que possamos procurar para fazer esse trabalho. Essa é uma
grande dificuldade dos servidores da FUNASA. Nós já tentamos trabalhar de
outras maneiras, e sempre estamos tendo muita dificuldade.
Esperamos
que a FUNASA possa fazer esse reparo, principalmente para aqueles que hoje já
padecem, aqueles que estão com essas dificuldades, porque, pela Medida
Provisória 441, acreditamos todos nós que... Inclusive estamos agora para
votar, talvez na terça-feira que vem, para que seja aprovada agora de vez essa
questão da obrigatoriedade, aí sim, do exame.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Agora vamos passar a palavra aos nossos convidados que foram
citados.
O
mesmo sistema que usamos no começo vamos usar agora. Vamos passar ao Aldo.
Antes,
vamos ouvir o Deputado Walter Prado. Em seguida, o Aldo e, depois, o
companheiro do Pará.
O SR. WALTER PRADO - Nas palavras do
Deputado do meu partido, de Rondônia, e da Deputada Perpétua, sinto-me
amplamente contemplado, mas sou daqueles que não gostam nunca de ficar calado,
porque algumas afirmações aqui, com o mais profundo respeito que tenho ao
colega da FUNASA, não têm a menor procedência. Primeiro, porque a FUNASA nunca
fez exame de ninguém. Ao contrário, ela dificulta. As pessoas, pelo menos no
Acre, por suas contas próprias, pagando, é que se submetiam aos exames.
Outro
fato também: eu acho que, na discussão aqui, o foco não é o aspecto basicamente
abordado. A questão da discussão aqui é sobre quem vai salvar as pessoas que
estão para morrer — no Acre são 50 — e quem vai fazer as indenizações às
famílias dos que já morreram. A situação do Acre, Deputado, eu não tenho dúvida
de dizer, é porque, como V.Exa. citou, Deputada Perpétua, não procuraram. Não
procuraram no Amazonas. No Pará, ele procurou e achou. E se procurar no
Amazonas acha; em Roraima, acha, bem como em todos os Estados onde se usou esse
veneno, porque todos morrem. Todos os que estão doentes, os 50 — quem quiser ir
lá pode ver — têm o mesmo sintoma. É por isso que insisto em que a Polícia
Federal faça esses 50 — e já assumiu o compromisso de fazer —, porque vai
mostrar que tudo é igual.
Agora,
eu vou escavacar os atestados de óbito dos 114. O que aconteceu na época foi o
seguinte: como não havia nenhuma preocupação, a pessoa morria, mas não era
feita a autópsia. A causa mortis
indicada era parada cardíaca ou outra. Mas, se analisarmos, vamos ver que esses
114 normalmente têm a mesma causa mortis,
porque o próprio Instituto, à época, não tinha essa preocupação e a ciência não
tinha avançado tanto quanto hoje.
A
SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Deputado Walter Prado, permite-me um
aparte.
O
SR. WALTER PRADO - Pois não.
A
SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Segundo
um dos relatos, um dos servidores da SUCAM vinha se sentindo doente e, quando
abriu o saco de DDT, ele caiu para trás e morreu na hora.
Nada foi investigado. Apenas foi
dito que tinha sido parada cardíaca. Mas causada por quê? Então, esse tipo de
coisa faz com que seja correto nos preocuparmos com quem já morreu também. Ou
vamos esperar que morram os outros para dizermos que não dá mais para fazer
nada, porque todo mundo já morreu?
O
SR. WALTER PRADO - É outro aspecto também para dizer que não é verdadeira a
afirmação. Temos aqui várias comprovações, que vão ficar disponíveis, sob a
orientação da Deputada Perpétua — é esse material que estou trazendo.
Outra coisa: a resistência a esses
exames. Fala-se nesse laboratório, mas já estamos há 3 meses e nada foi feito.
Já produzimos isso aqui tudo. E eu desafio a FUNASA a me mostrar um exame que
ela tenha feito. Nós já fizemos tudo isso, procurando, andando pelo interior do
Acre. Agora, eu quero um — pelo menos um — que já tenha sido feito pela FUNASA.
É só história: ”Os exames serão feitos,
os exames serão feitos”. E as pessoas continuam morrendo. No Acre, há
pessoas, essas que apareceram nesse vídeo, que, no máximo em 30 dias — não
quero profetizar —, se não receberem tratamento num centro avançado, estarão
mortas.
E a FUNASA não se mexe nem para
fazer o funeral desse pessoal. Vejam: no dia em que esse rapaz morreu, a
Deputada Perpétua tinha ido lá uns 3 dias antes. No dia do velório, eu fui. É a
maior vergonha para esta Nação. Está aqui o depoimento desse homem, o que pediu
piedade, Sr. Presidente. Ele passou 9 anos deitado em cima dessa cama, sem
nunca ter recebido uma Cibalena, um AAS de FUNASA, de SUCAM, de nada.
Isso é
uma vergonha nacional!
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Passo a palavra ao Sr. Aldo
Silva.
O
SR. ALDO MOURA DA SILVA - Obrigado, Sr. Presidente.
Eu só
queria solicitar, aproveitando o gancho, que não fossem reparados somente os
funcionários que trabalharam diretamente com o inseticida DDT, mas também as
suas famílias, porque as esposas desse pessoal — acabamos de assistir a isso em
alguns relatos —, só estão em pé, mas já sentem os mesmos sintomas dos guardas
que trabalharam diretamente com o inseticida DDT.
Quero agradecer à Presidência da
Comissão da Amazônia, na pessoa do Deputado Sergio Petecão; ao
Coordenador-Geral dos Recursos Humanos da FUNASA; ao Deputado Walter Prado; ao
Cedício Monteiro; à imprensa em geral e aos presentes, e pedir apoio a todos os
Deputados.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Com a palavra o Sr. Cedício
Monteiro.
O
SR. CEDÍCIO DE VASCONCELOS MONTEIRO - Antes das minhas considerações
finais, eu quero fazer uma observação. O Dr. Celso Paiva tem razão,
especialista que é na área. Segundo a literatura e o pouco que li, o DDT é
eliminado do [p19]organismo ao longo
de 30 anos. Por isso, alguns trabalhadores, em certo período, há cerca de 10
anos, quando fizeram uma dosagem sangüínea, apresentavam certa quantidade e
hoje ela diferente.
Mas o
problema não é só a eliminação do DDT, porque fica a seqüela. Para os senhores
terem uma idéia, em Conceição do Araguaia, uma trabalhadora chamada Domingas
nunca manuseou o DDT — nunca —, porém a sala da administração onde ela
trabalhava ficava bem ao lado do depósito do DDT. Pois bem. Ela fez o exame e
acusou a presença do DDT na sua corrente sangüínea.
Então, não estamos falando de qualquer
inseticida, mas de um inseticida que foi utilizado inclusive como arma química.
Assim sendo, temos de tratar mesmo com a devida seriedade essa questão.
Quero
também dizer que os exames laboratoriais feitos no Estado do Pará não foram
diferentes dos do Acre, porque não houve nenhum exame patrocinado pela Fundação
Nacional de Saúde. Pode ter sido mais recentemente, mas antes, não. Houve
companheiros que se desfizeram de patrimônios para virem a Brasília fazer o
exame. Conheço um companheiro em Conceição do Araguaia, onde começou a
denúncia, que vendeu um carro para poder vir fazer o exame. A FUNASA não lhe
deu absolutamente nada.
Estamos
colocando esses fatos aqui porque evidentemente essa situação deve ser
resgatada.
Quero finalmente dizer, em considerações
finais, que considero importante esta audiência. Nós estamos há 12 anos nessa
estrada, e eu espero que, no Estado do Acre, não precisemos mais esperar tanto
tempo assim para ver reparado esse prejuízo dos trabalhadores.
Do
mesmo modo que o Deputado Walter Prado está deixando um dossiê de tudo que ele
levantou no Estado do Acre, nós deixamos também para a Comissão o nosso
relatório e um documentário de tudo que realizamos recentemente no Estado do
Pará. Aliás, quero informar que estamos já editando o segundo documentário
sobre a questão dessa intoxicação no Estado do Pará, documentário que também
vamos enviar para a Comissão da Amazônia, como fizemos com o primeiro.
Eu
queria agradecer à Comissão da Amazônia o espaço, esperando que consigamos unir
todos esses trabalhadores que tanto necessitam da nossa ajuda, uma vez que hoje
não têm o devido respeito da Fundação Nacional de Saúde. É preciso, repito, que
o Governo reconheça essa situação como acidente de trabalho e faça a reparação
necessária a esses trabalhadores e trabalhadoras de todo o País, porque não se
trata de um problema só da Amazônia. No Rio de Janeiro, existem casos de
intoxicação, e inclusive já ocorreram mortes de trabalhadores naquele Estado..
Em Itaituba, um companheiro está mais ou menos no mesmo estado desse
companheiro que faleceu no Acre — também está em cima de uma cama sem poder se
movimentar para absolutamente nada. Então, o caso é urgente e necessita de
reconhecimento do Governo Federal.
Obrigado.
(Não identificado) - Sr. Presidente,
nos dê 3 minutos para contribuirmos com esta audiência.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio
Petecão) - Não havendo discordância dos colegas, vamos conceder-lhe 3 minutos.
Fique à vontade.
(Não identificado) - Quero agradecer,
em nome de todos os companheiros da FUNASA, porque siglas são mudadas, mas a
responsabilidade é do Governo, a responsabilidade é do Ministério da Saúde,
porque a FUNASA é uma articulação de trabalho do Ministério da Saúde.
Em [p20]primeiro lugar,
agradeço à Deputada Perpétua Almeida por ter sido sensível à nossa causa. Não
basta ter só o mandato; se não tiver a sensibilidade humana diante dos
problemas da classe trabalhadora, não adianta ter mandato. Digo isso, porque já
corremos atrás de vários Deputados no Estado do Pará e não fomos bem-sucedidos.
Agradeço ao Deputado Walter Prado a
sua coragem e a sua sensibilidade em defesa dos direitos humanos,
constitucionais e trabalhistas dos servidores da FUNASA.
A nossa situação é tão lamentável,
tão decadente... Sou o caçula dessa repartição no Pará, e já me encontro com 6
anos de prorrogação de licença médica por não ter mais condições de exercer
minhas atividades funcionais.
Imagino, companheiro Aldo, seu
histórico de trabalho em defesa da vida humana. Porque nosso trabalho como
agente de saúde pública não se refere simplesmente só à saúde, mas também aos
direitos humanos.
Fomos bravos, sim, combatentes em
defesa da saúde pública em nosso País, principalmente naquela região de difícil
acesso, e chegávamos a passar 6 meses sem ter contato com nossos filhos.
Eu me emociono neste momento, porque
moramos num país que optou pela democracia. Neste ano, comemoramos 60 anos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos e 20 anos da Constituição Federal,
uma das mais democráticas do mundo, na qual está inscrito seu compromisso com o
bem-estar do povo. Nós nos doamos em defesa da saúde pública, salvamos milhares
de famílias nos confins da Amazônia e, agora, somos rejeitados dessa forma.
Isso é um absurdo, é uma vergonha
para uma nação que se diz democrática, que diz respeitar os direitos humanos e
trabalhistas.
Um
exemplo dessa brutal exploração a que estamos sendo submetidos está dentro de
um dos maiores Ministérios do nosso País, o da Saúde.
Há falta de respeito com os
funcionários públicos deste País. Somos exemplo da barbárie desse sistema.
Somos vítimas de uma prática desumana que avança a cada dia. Na semana
retrasada, perdi um companheiro de batalha, um homem que salvou muitas vidas:
José Isaías, que doou sua vida em defesa da saúde pública naquela região.
Depois de 2 anos de prorrogação de
licença médica, sendo avaliado pela junta médica e pelos médicos que o
acompanhavam — ele foi afastado definitivamente de suas funções por não ter
mais condições de trabalhar —, ele foi aposentado. Logo em seguida, a FUNASA,
por meio de seu corpo de advogados criminosos, derrubou a tutela do
companheiro, retirou o tratamento e, passados 6 meses, ele faleceu.
Isso é
uma barbárie! Temos de superar essa situação desumana que existe em nossa
sociedade. Temos capacidade para isso? Esse é um desafio para todos os cidadãos
deste País. Temos [P21]capacidade ou não
de resolver nossos problemas de direitos humanos, nossos direitos de cidadania?
Então, faço este apelo à bancada da
Amazônia e deixo meus agradecimentos à coragem e à dedicação dos Deputados que
colocarem seus mandatos em defesa da vida humana. (Palmas.)
Quero também convidar a bancada da
Amazônia para o 3º Encontro dos Intoxicados, a realizar-se no Fórum Social
Mundial, em Belém, para que todos tenham mais conhecimento da situação desumana
a que estamos submetidos em nosso País.
Obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Passo a palavra ao Sr. Joselias
Ribeiro da Silva, Coordenador de Recursos Humanos da FUNASA.
O
SR. JOSELIAS RIBEIRO DA SILVA - Sendo aprovados os recursos orçamentários
para 2009, gostaria de firmar o compromisso, na condição de Coordenador-Geral
de Recursos Humanos da FUNASA, responsável por coordenar a realização dos
exames em todos os servidores da Fundação Nacional de Saúde a partir do ano que
vem — compromisso que o Presidente da Fundação Nacional de Saúde, Dr. Danilo
Fortes, também assumiu na reunião que houve na FUNASA com a Deputada Perpétua
Almeida —, de iniciar o mais rápido possível os exames, a começar pela região
mais afetada, a Região Norte, que envolve os servidores principalmente dos
Estados do Acre, do Pará e de Rondônia.
Gostaria de estender esses exames a
todos os servidores da Fundação Nacional de Saúde, em âmbito nacional, porque o
DDT usado em determinada região é o mesmo utilizada nas demais.
Portanto, a FUNASA assume o
compromisso de realizar os exames, assim que for aprovado o orçamento, no maior
número de servidores já no exercício de 2009, começando pela Região Norte.
Muito obrigado.
A
SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Antes de o Sr. Presidente encerrar esta
reunião, gostaria de agradecer a todos a presença.
Sei que hoje, quinta-feira, é um dia
ruim, porque, como ontem o plenário foi até tarde da noite, o Sr. Presidente
liberou boa parte dos Parlamentares — e, quando liberados, os Parlamentares têm
sede de retornar às suas bases.
Mas
esta audiência pública valeu a pena. A Assembléia Legislativa do Acre trouxe o
seu trabalho, ouvimos o depoimento dos servidores e tivemos o compromisso da
FUNASA. Acredito mesmo que, daqui para frente, o comportamento da instituição
será outro.
Agradeço ao colega do Pará o
depoimento, muito forte, aqui apresentado, de alguém que realmente viveu esse
problema na pele. Sei que esse assunto não mobiliza politicamente, pois é um
tema que dá muito trabalho. Nem todo mundo gosta de coisas trabalhosas. Mas,
como disse a Deputada Vanessa Grazziotin, é um assunto de grande repercussão e
sensibilidade humana.
Voltados para esse eixo da
solidariedade humana, continuaremos abraçando esta causa.
Muito obrigada. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Minhas palavras são de
agradecimento a todos os convidados. Foi um trabalho maravilhoso.
Na verdade, quando me deparei com a
situação dos servidores da FUNASA, pretendia fazer uma denúncia sobre as
cobaias, assunto que já era para ter estourado, porque pessoas no Estado do
Acre estão sendo usadas como cobaias.
Numa reunião na FUNASA, com o
companheiro Aldo Moura da Silva, nós nos deparamos com o entendimento dos
servidores de que o problema das cobaias não era tão importante quanto o hoje
aqui debatido. Mas[P22] fiquei tão
chocado com essa situação que fiz uma denúncia, e denunciei também o Estado do
Acre. Se a FUNASA não está fazendo os exames, por que a Secretária de Saúde do
Estado do Acre não faz os exames? Se o assunto é tão grave, por que o Estado do
Acre não teve a sensibilidade de enfrentá-lo? Infelizmente, como sou oposição
no Acre, fui tirado da mídia, não tive oportunidade de colocar o assunto em
pauta, mas fiz o que pude.
A Representação que existe no Ministério
Público Federal contra a FUNASA fui eu que a apresentei, para que fossem
tomadas providências. Mas, graças a Deus, a Deputada Perpétua entrou no caso,
assim como a Assembléia Legislativa. O que todos estão querendo é que seja apurado
esse assunto, sem que se prejudique o Governo ou os servidores.
Sou testemunha dessa situação. Tenho
familiares infectados. A maioria da minha família trabalha nesse setor desde o
tempo da SUCAM. O problema do Acre é seriíssimo. E tenho certeza de que ele não
é diferente do existente no Pará, no Amazonas e em Rondônia. O que queremos é
que o problema seja apurado e se faça justiça. Esse é o grande apelo dos
servidores da FUNASA.
Parabéns mais uma vez, Deputado
Walter Prado; parabéns ao Deputado Edvaldo Magalhães, Presidente da Assembléia
Legislativa, que deu todas as condições para que os senhores fizessem esse
trabalho maravilhoso.
Gostaria
muito que também estivesse aqui o Secretário de Saúde do Estado do Acre. Por
que S.Exa. não pôde estar? Ele poderia igualmente dar a sua contribuição. Por
que o Estado não contribuiu para que os servidores da FUNASA recorressem ao SUS
para fazer os exames? Esta é a minha pergunta. Esse não é um problema só da
FUNASA, mas do País. Portanto, temos de dividir responsabilidades.
Agradeço a todos os Parlamentares a
presença.
Dando continuidade à sessão, tendo
em vista que os trabalhos desta reunião de audiência pública foram gravados e
seu registro constará nos Anais desta Comissão, consulto o Plenário sobre a
possibilidade da dispensa da leitura da ata.
A
SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Peço a dispensa da leitura.
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Pois não.
Havendo concordância, está
dispensada a leitura.
Os Parlamentares que são pela
aprovação da ata permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrada a presente reunião, antes, porém, convoco os Membros desta Comissão
para reunião extraordinária de audiência pública, segunda-feira, dia 8, às 14h,
no Plenário 13.
Iremos fazer agora a entrega do
relatório do Deputado Walter Prado.
A
SRA. DEPUTADA PERPÉTUA ALMEIDA - Desejo lembrar que vamos receber, em nome
da Casa, o Deputado Sergio Petecão e eu, mas nós vamos reunir os Parlamentares
do Norte — posteriormente vamos avisá-lo, Deputado Walter Prado, para que
V.Exa. possa, se puder, voltar — para entregar o relatório oficialmente à
Presidência da Casa.
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - O Deputado Walter Prado vai
passar o relatório às mãos da Deputada Perpétua Almeida.
(É
feita a entrega do relatório.)
O
SR. PRESIDENTE (Deputado Sergio Petecão) - Está encerrada a presente
reunião.
[P1]
Sessão:1720/08 Quarto:1 Taq.:Herculano Rev.:
[P2]
Sessão:1720/08 Quarto:2 Taq.:Herculano Rev.:
[p3]
Sessão:1720/08 Quarto:3 Taq.:Adriana Rev.:
[p4]
Sessão:1720/08 Quarto:4 Taq.:Adriana Rev.:
[P5]
Sessão:1720/08 Quarto:5 Taq.:Daisy Rev.:
[P6]
Sessão:1720/08 Quarto:6 Taq.:Daisy Rev.:
[P7]
Sessão:1720/08 Quarto:7 Taq.:Cláudia Almeida Rev.:
[P8]
Sessão:1720/08 Quarto:8 Taq.:Cláudia Almeida Rev.:
[p9]
Sessão:1720/08 Quarto:9 Taq.:Marcus Vinícius Rev.:
[p10]
Sessão:1720/08 Quarto:10 Taq.:Marcus Vinícius Rev.:
[p11]
Sessão:1720/08 Quarto:11 Taq.:Eliana Ramagem Rev.:
[p12]
Sessão:1720/08 Quarto:12 Taq.:Eliana Ramagem Rev.:
[P13]
Sessão:1720/08 Quarto:15 Taq.:José Mário Rev.:
[P14]
Sessão:1720/08 Quarto:16 Taq.:José Mário Rev.:
[p15]
Sessão:1720/08 Quarto:18 Taq.:Maria Cristina Rev.:
[p16]Não
entendi essas últimas palavras.
[P17]
Sessão:1720/08 Quarto:20 Taq.:Stella Maris Rev.:
[P18]
Sessão:1720/08 Quarto:21 Taq.:Stella Maris Rev.:
[p19]
Sessão:1720/08 Quarto:26 Taq.:Maria Lílian Rev.:
[p20]
Sessão:1720/08 Quarto:27 Taq.:Hely Cácia Rev.:
[P21]
Sessão:1720/08 Quarto:28 Taq.:Raquel Rev.:
[P22]
Sessão:1720/08 Quarto:29 Taq.:Raquel Rev.: