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OS DESTEMIDOS GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO

OS DESTEMIDOS  GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO
A situação é grave de todos os servidores da ex. Sucam dos Estados de Rondônia,Pará e Acre, que realizaram o exame toxicologicos, foram constatada a presença de compostos nocivos à saúde em níveis alarmantes. VEJA A NOSSA HISTÓRIA CONTEM FOTO E VÍDEO

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

FUNASA CAMPEÃ EM INTOXICAR SEUS TRABALHADORES

FUNASA CAMPEÃ EM INTOXICAR SEUS TRABALHADORES

 
TRABALHADORES DA EXTINTA SUPERINTENDÊNCIA DE CAMPANHAS DE SAÚDE PÚBLICA (SUCAM) E DA ATUAL FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (FUNASA) QUE FORAM CONTAMINADOS PELOS INSETICIDAS

DDT (DICLORO-DIFENIL-TRICLOROETANO) E MALATHION.



Contaminados pelo DDT, mais de 40 ex-guardas da Sucam já morreram; o último no sábado passado

José Lacerda, 59 anos, morreu na madrugada do último sábado dia 05/08/2008, no Hospital Santa Juliana. Sua morte seria mais uma entre tantas, se não suscitasse uma pergunta insólita: "quem será o próximo?".





Ao prometer que iria denunciar o problema na Câmara Federal e levá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a deputada perguntou o que o ex-guarda pediria ao presidente.




Com um esforço sobre-humano, porque já está com as mãos e pernas praticamente paralisadas, mal consegue também articular algumas palavras, o ex-guarda apertou forte a mão da deputada, balbuciou:

- Piedade!

De todas as doenças que o Dicloro-Difenil-Tricloroetano, o DDT, pode causar em humanos e animais com sua contaminação - edema pulmonar, câncer, cirrose, doenças car-diovasculares, distúrbios mentais, tosse, rouquidão e outras - o ex-guarda Mário Wilson da Silva parece ter sido acometido de todas, tal o estado lastimável em que se encontra.

Nos últimos sete anos em que a contaminação se manifestou, seu corpo foi definhando, até prostrá-lo na cama, de onde não mais se ergueu. Há dez dias, a circulação sangüinea estancou de vez na perna direita. Alegando apenas que se tratava de uma doença "cardio-vascular", sem investigar as origens, o médico amputou a perna na altura do joelho.

Mário Wilson mora numa rua estreita do bairro São Francisco. Por ironia, os muros de algumas casas vizinhas ainda exibem pinturas de jogadores e slogans da última Copa do Mundo. Na última quarta-feira, ele recebeu a visita do cunhado Aldo Moura e dos repórteres de A GAZETA. Tentou levantar da cama para receber as visitas. Não conseguiu, começou a chorar um choro contido, sentido. De modo geral, os pacientes desabafam, choram muito. Ou de dores, revolta e mesmo como mais uma seqüela da intoxicação, que provoca distúrbios mentais e emocionais.

Por gestos, porque a contaminação do inseticida afetou também a laringe e lhe roubou a fala, disse que estava bem. Não estava. Sua mulher, dona Albanita Moura da Silva, contou que, além da circulação, ele se queixa de dores nos quadris, provavelmente, provocadas pelo mau funcionamento dos rins. A mulher fez questão também de levantar o lençol que o cobria. A pele seca, encerada, pregava nos ossos.

Definitivamente, Mário Wilson não estava bem. Tanto é que na sexta-feira, teve que ser internado outra vez no Hospital Santa Juliana. Com as ataduras da primeira cirurgia ainda supurando, o diagnóstico do médico foi mais cruel ainda: a circulação não voltara, seria necessário amputar o resto da perna na altura da virilha.

Ao dar a notícia, o cunhado Aldo Moura, que vem acompanhado a agonia de Mário Wilson nesses sete anos e a de outros companheiros, não disse quem "será o próximo". Também, não precisava.

Com o feijoense José Lacerda, que morreu na madrugada de sábado, o desfecho foi mais rápido. Segundo a mulher Rosilda, que o assistiu até a última hora, ele foi internado no dia 10 de julho. Ainda conseguia andar, falar. O médico que o assistiu, porém, disse que ele tinha câncer na coluna, tumor na cabeça, que "não adiantava operar; estava sem jeito".

Mesmo que o médico, mais uma vez, não lhe tenha dito ou pelo menos procurado investigar, através de exames laboratoriais, a verdadeira causa de tantas complicações, dona Rosilda sabia que o marido "estava (mesmo) sem jeito". Preocupada com os dois filhos ainda pequenos, uma menina de apenas um ano, e o menino de oito, queria apenas que a ajudassem a transportar o corpo do marido até Feijó. Magoada, desabafou:

- Este foi o pagamento que ele teve por mais de vinte anos de serviço na Sucam e passar até de três, quatro meses na mata borrifando as casas, para salvar os outros da malária".

Depois de anunciar a nova internação do cunhado Mário Wilson e a morte de José Lacerda, a lista do incansável Aldo Moura ainda não estava completa. Na sexta-feira, soubera que outro ex-guarda também havia dado entrada no Santa Juliana.

Lá se foi ele. No leito 117, encontrou o velho amigo João Martins de Souza, 62 anos. Apesar de todas as evidências sobre os males causados pela intoxicação, a desinformação é também um mal entre os próprios pacientes e seus familiares. Como outros ex-guardas, João Martins já não consegue falar nem andar, o rosto parece esculpido em cera.

Porém, o filho Jorgenei, que o assistia naquela tarde, admitiu que, no começo, achava tratar-se apenas de uma pneumonia, que o pai estava inclusive melhor. Só nas últimas semanas é que soube, através de algumas notícias publicadas nos jornais, que a pneumonia do pai não é uma simples pneumonia contraída por um resfriado, mas que pode ser um edema pulmonar.

Aliás, o amigo Aldo Moura parece saber mais sobre o ex-guarda do que o filho, ao informar que o conhece de longa data e que durante 16 anos o viu trabalhar diretamente em contato com o inseticida na tarefa da borrifação. Só, então, o filho Jorgenei lembra que, quando ainda falava, o pai se queixava de dores de cabeça, tonturas e insônia.

Afirmar que a contaminação pelo Dicloro-Difenil-Tricloroetano, o DDT, pode causar distúrbios mentais seria, talvez, uma temeridade ou exagero. Não é. Na tarde daquela mesma sexta-feira, Aldo Moura fez questão de levar os repórteres de A GAZETA até ao bairro da Estação Experimental. Preveniu, entretanto, que talvez não conseguissem "uma boa entrevista". Em uma das tantas ruelas que cortam o bairro, Aldo Moura e os repórteres encontraram José Pereira dos Santos, outro ex-guarda e mais um de sua lista.

Surpreendentemente, naquele dia, o ex-guarda se mostrava lúcido. Só com muita dificuldade de articular as palavras. Quase inaudível, contou que durante mais de 20 anos "mexeu com o veneno", que seus problemas começaram com tonturas e fortes dores de cabeça, chegando a perder a consciência por alguns tempos.

Como sentisse também "formigamento" nas pernas, achou que se devia aos períodos de longa exposição com a água, nas travessias dos igarapés e igapós, para chegar até à casa dos seringueiros e colonos.

Atualmente, tem consciência que foi o DDT que o intoxicou, embora, ao ir buscar tratamento em Goiânia, o médico achou graça de sua voz rouca e o apelidou de "goguento", em alusão ao "gogo", doen-ça que ataca as galinhas. Mais um médico, um doutor, que na sua imperdoável ignorância, não sabe que a contaminação pelo DDT provoca também tosse, rouquidão e irritação laringotraqueal.

Responsáveis poderão ser presos em flagrante caso persista a morosidade no cumprimento das decisões judiciais

O juiz federal David Wilson de Abreu Pardo exarou decisão acolhendo manifestação do Ministério Público Federal no Acre (MPF/AC) na ação civil pública que trata da prestação de atendimento a servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) vitimadas pelo contato com o DDT. A decisão foi motivada por pedido do MPF/AC para que houvesse efetivo cumprimento de ordens judiciais anteriores para a formulação do plano de atendimento e indicação de entidade idônea para o diagnóstico dos possíveis enfermos. São réus na ação o estado do Acre, a União e a Funasa.

Na manifestação do MPF, acolhida pelo juízo, ficou demonstrado que o estado do Acre não cumpria o determinado pela Justiça ao indicar atendimento aos pacientes apenas uma vez por semana, em turno único. Assim, o primeiro atendimento dos 720 servidores com suspeitas de contaminação poderia levar mais de oito meses, período em que os contaminados poderiam perecer sem qualquer atenção. Neste ponto a Justiça ordenou, agora, que o estado apresente plano razoável de atendimento em prazo de cinco dias, ou a condenação a atender a todos no prazo máximo de dois meses, conforme o pedido do MPF.

Em outro ponto demonstrado, o juiz federal reconheceu que o toxicologista anteriormente indicado para compor a comissão é pessoa vinculada à Funasa de longa data, justamente por emitir pareceres que favorecem ao órgão, assim sendo, não poderia ser o único a fazer o diagnóstico, ficando o estado obrigado a contratar o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ) para figurar como auxiliar do juízo no diagnóstico dos pacientes e na avaliação das medidas implementadas pelos demandados.

A Justiça deu, ainda, prazo de 30 dias para que os demandados apresentem os resultados dos exames toxicológicos, e 90 dias para apresentação dos demais exames (clínicos, neurológicos, oncológicos).

A União, bem como o estado do Acre, ainda deverão se justificar em cinco dias sobre outras deficiências apresentadas pelo MPF, como: falta de assistência logística de hospedagem a pacientes que precisem se deslocar para realizar os exames, fornecimento de medicamentos, falta de atendimento itinerante a pacientes que não possam se deslocar, criação de equipe multidisciplinar especificamente para o atendimento, entre outras.

Caso a decisão não seja cumprida, o juiz alerta que serão aplicadas sanções legais cabíveis, inclusive a prisão em flagrante dos agentes públicos responsáveis pelos órgãos, além da multa prevista.

* Informe da Procuradoria da República no Acre, publicado pelo EcoDebate, 05/11/2009

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate

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Servidor contaminado por DDT pode ser indenizado com R$ 100 mil

A Câmara analisa o Projeto de Lei 4973/09, da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que concede indenização de R$ 100 mil aos servidores da extinta Superintendência de Campanha de Saúde Pública (Sucam) – atual Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – que tenham sido contaminados pelos inseticidas Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) e Malathion.

O benefício é estendido aos descendentes diretos ou cônjuges das eventuais vítimas de contaminação que tenham morrido.

A proposta obriga o Poder Público a realizar exame toxicológico em todos os servidores ativos e inativos que trabalharam direta ou indiretamente com as substâncias e, caso a contaminação seja detectada, garantir tratamento médico às pessoas afetadas.

A autora da proposta argumenta que várias pessoas que trabalharam com os inseticidas morreram ou estão em precário estado de saúde, precisando de tratamento médico e de indenização “em razão dos altos custos de tratamento, da queda na qualidade de vida e da incapacidade operacional para o trabalho”.

Entre as consequências do contato com os inseticidas estão inquietação, desorientação, alterações do equilíbrio, ataxia (descoordenação dos movimentos musculares voluntários), aversão à luz, dor de cabeça intensa e persistente, fraqueza, vertigem, depressão do centro respiratório, coma e até morte.

A inalação dessas substâncias pode causar sintomas como tosse, rouquidão, irritação da laringe e traqueia, edema pulmonar e bradipneia (lentidão anormal da respiração).

Quando ingeridos, costumam produzir náuseas, vômitos, diarreia e cólicas abdominais e, a longo prazo, perda de peso, anorexia, anemia leve, tremores, hiperexcitabilidade, ansiedade, dor de cabeça, insônia, fraqueza muscular e dermatoses.

O uso do DDT foi proibido em 1985 em lavouras, mas continuou a ser usado até 1998 em campanhas de saúde pública.

Estou colocando este exemplo, para aqueles que não acreditam, que o Diflubenzurom devera fazer com quem for manipula-lo, o mesmo que fez com os nossos companheiros do Acre e do Pará. Paguem para ver!

Amazônia e Sucam

Amazônia e Sucam


Mario B. Aragão
Pesquisador Titular da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz


Amazônia: planetarização e moratória ecológica. Samuel Benchimol. São Paulo, CERED, 144p.
Abre o livro um comentário sobre "Os limites do crescimento" de Dennis Meadows, publicado em 1971, e que tanta celeuma provocou. Eu mesmo fiquei revoltado com a solução proposta para o mundo. Quem estava desenvolvido ficava desenvolvido e quem estava atrasado continuava atrasado. Se essa proposta poderia ser implementada, nunca se poderá saber. Entretanto, passados quase vinte anos, a situação do mundo é muito pior. Os países ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres. O que entre nós se verifica dentro do próprio país.
Não concordamos com a proposta do autor da criação de um fundo a ser gerido pela ONU para a preservação da natureza da Amazônia. Uma agência da ONU, a Organização Mundial da Saúde, já nos tem dado bastante prejuízo.
Dois capítulos mostram que a queima da floresta amazônica pouco tem a ver com o aumento do gás carbônico na atmosfera. E bom saber isso mas, há outro problema pior. Qual o benefício que o país tem tido com a queima da floresta? Um grande prejuízo, unicamente para que alguns ricos ganhem muito dinheiro com a valorização das terras, que lhes são concedidas ou vendidas a preço baixo. Já está mais que sabido que a pecuária não é auto-sustentável nesses pastos formados nas áreas florestais. Além disso, apenas a extração de borracha e a coleta de castanha dão maior rendimento do que esses bois. Sobre esse assunto o autor tem uma expressão muito adequada: "enriquecer antes que acabe".
Quando passa a tratar da Sucam, da Zona Franca de Manaus, das rodovias e das hidroelétricas, o livro entra numa grande confusão. Vem depois uma chamada moratória ecologia, que para mim não faz sentido.
Um capítulo com o título "O quadro ecológico" reúne opiniões de vários pesquisadores que trabalharam na Amazônia. No conjunto está confuso, mas nele destaca-se, pela lucidez, o que foi dito pelo botânico Ghillean Prance.
O livro termina com uma longa série de quadros estatísticos, onde vale a pena mencionar dois comentários do autor. No relativo à produção de ouro, diz que ela ocupa cerca de 700.000 pessoas e que, das 100 toneladas/ano produzidas, 50% são desviadas para o mercado paralelo e informal (leia-se contrabando). Sobre a exportação de peixes ornamentais, que não é pequena, pois certa vez vi diversos barcos abarrotados no rio Negro, informa que, em Hong Kong e na China, já estão conseguindo a reprodução de alguns desses peixes, o que já eliminou essa exportação pela Colômbia.
Em suma, um livro bem começado e mal terminado. O autor tem mestrado nos Estados Unidos e doutorado na Faculdade de Direito do Amazonas mas, no que escreve, nota-se falta de preparo básico. Seria muito melhor que o governo, em vez de estar gastando fortunas com pós-graduação, procurasse melhorar os cursos de graduação.
* * *
Muito útil a publicação do 2°. volume de "Sucan. Sua origem, sua história"* que o nosso amigo dos tempos do DNERu, Sr. Hélbio, acaba de nos remeter.
Logo no prefácio o Dr. Josélio Carvalho Branco lembra aos responsáveis pela Reforma Sanitária que não se deve ir com muita sede ao pote. A eliminação, pura e simples, da Sucam criaria problemas sérios para a rede básica de saúde. A volta da transmissão da dengue e, principalmente, da malária sobrecarregaria os postos de saúde. Ainda mais que, estudo feito em São Paulo e que está em publicação nos Cadernos de Saúde Pública mostrou que a rede básica de saúde, mesmo num estado como São Paulo, não é eficiente na manutenção da erradiação da malária. Dentro dessa ordem de idéias é preciso lembrar que o guarda da Sucam é o único funcionário público que todo brasileiro conhece. Uma das coisas que mais nos impressionou, quando trabalhamos na Amazônia, foi encontrar lanchas com guardas da Sucam nos rios mais distantes. Logo na introdução, o livro de Hélbio conta o caso de uma equipe de guardas borrifadores que perderam a hélice da lancha num trecho completamente deserto. A solução foi trabalhar durante dois dias fazendo uma hélice de madeira, que permitiu alcançar um posto de rádio da Força Aérea Brasileira.
Seguem-se os cinco trabalhos premiados no concurso "A vida cotidiana de um guarda da Sucam". Tirando o de um amazonense que contou toda a sua vida em verso, os trabalhos não são bons. Trazem muitas queixas, próprias de funcionários públicos.
O mais não tem muito interesse. Meios de transporte e equipamentos utilizados, número de empregados em diversas atividades e ocupantes de cargos gratificados. Uma surpresa agradável foi ver citado, nessa parte, um estudo dos colegas Elsa R. Paim e A. C. Médici.
Acompanhando a preocupação atual com a Reforma Sanitária, estão transcritos diversos atos, a começar pela exposição de motivos 031/87, dos ministros de Saúde e da Previdência, que é bastante complicada. Fala muito e diz pouco.
O relatório de um seminário da Sucam sobre o SUDS chama a atenção sobre a inadequação dos equipamentos de saúde existentes em alguns estados, e lembra que a Sucam deverá operar, com tecnologia própria, em situações que requeiram atuação verticalizada.
Não sabíamos que um decreto de 1988 criou o Comando Sucam de Operações Sanitárias de Emergência, assunto que não entendemos bem. Sempre vimos não só a Sucam, mas também os seus antecessores, como o DNERd e outros, atuarem com a maior eficiência nos momentos de calamidade pública. Não resta dúvida que, atualmente, a burocracia está complicadíssima, mas bastaria um decreto, liberando a Sucam das peias burocráticas, durante os períodos de calamidade.
Há decretos criando campanhas contra malária e Aedes aegypti, o que não entendemos, pois, ambas são obrigações normais da Sucam. Acreditamos que dever-se-ia, aproveitando os ventos da Reforma Sanitária, passar as endemias de menor repercussão econômica para os estados ou municípios, como já foi feito com as verminoses intestinais. Até mais, como originários que somos de um serviço especializado, o de malária, e tendo visto a queda da eficiência desse serviço, à medida que foi recebendo o encargo de outras endemias, aproveitamos a oportunidade para sugerir que se deixe apenas a malária por conta da Sucam. No nosso entender o combate ao Aedes, que agora são dois: aegypti e albopictus, deveria passar a ser feito por um serviço novo. A esse respeito há um problema a resolver: vamos tentar novamente a erradiação ou vamos conviver com esses mosquitos, como fazem os Estados Unidos. Nessa última hipótese nos parece que o mais racional seria entregar as operações de campo a empresas particulares, em vez de arregimentar um enorme corpo de funcionários. Isso, naturalmente, vai requerer um pequeno núcleo de pessoal de alto nível, não só para ditar as técnicas como para controlar o trabalho.
Em suma, se estamos tentando uma Reforma Sanitária, cada um deve dar a sua opinião e, por isso, deixamos aqui os nossos agradecimentos ao Sr. Hélbio, por essa oportunidade de dizer o que pensamos.


* Sucam. Sua origem, sua história. Segundo volume. Hélbio Fernandes Moraes. Brasília, Sucam, 1988, 268p.

Aplicação especial de inseticidas em saúde pública

Aplicação especial de inseticidas em saúde pública


Mario B. AragãoI; Ronaldo Santos do AmaralII; Milton Moura LimaIII
IEscola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz, Caixa Postal, 926, 20010 Rio de Janeiro, Brasil
IISuperintendência de Campanhas de Saúde Pública, Sucam, 70058 Brasília, Brasil
IIIOrganização Panamericana de Saúde, Av. Pedro II, 278, 20941 Rio de Janeiro, Brasil




RESUMO
A aplicação espacial de inseticidas iniciada por Gorgas e Oswaldo Cruz, perdeu importância com o aparecimento do DDT, mas voltou a ser usada com o desenvolvimento dos inseticidas fosforados de baixa toxicidade. Nessa fase, entretanto, o nível tecnológico é diferente. O avião e o helicóptero permitiram a nebulização de inseticidas sob forma de produto técnico e, em seguida, apareceram máquinas portáteis e transportadas em viaturas capazes de realizar essa tarefa. Pouco demorou para que fosse resolvido o problema do tamanho das gotas que, para mosquitos, tem que ser inferior a 20µ. Essas aplicações a ultrabaixo volume (UBV) começaram a ser usadas no Brasil contra Culex quinquefasciatus e seu uso foi incrementado depois da reintrodução, no país, de Aedes aegypti. Uma série de trabalhos experimentais visando a um método de fazer baixar, rapidamente, a densidade desse mosquito foi iniciada pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), em 1984, com a aplicação de Sumitiom (Fenitrotiom) técnico. Em seguida foi experimentada a concentração de 60%, em óleo de soja e, depois, Sumitiom e Malatiom a 40%, com resultados satisfatórios. Na máquina motorizada (Leco) a vazão foi de 127 ml/min com a viatura a 10 km/hora, o que equivale, teoricamente, a uma dose de 300 ml/ha. Em favelas da cidade do Rio de Janeiro essa concentrações deram ótimos resultados, quando aplicadas com máquinas portáteis (Micro-gen) e (Hatsuta) com doses de 12 a 21 ml/casa em áreas íngremes e de 4,5 ml/casa em terrenos planos. Com essas máquinas as aplicações desses inseticidas a 25%, também em favelas, deram resultados razoáveis. Nessas máquinas portáteis há necessidade de conseguir uma modificação que diminua a vazão do inseticida, para melhorar o espectro do tamanho das gotas. Com base na bibliografia disponível sugere-se novos experimentos com concentrações mais baixas de inseticida.


ABSTRACT
The fumigation of insecticides initiated by Gorgas and Oswaldo Cruz had its importance reduced after the introduction of DDT but is use is being resumed with the development of low toxity organophosphate insecticides. At this time, however, the technological development is different. The airplane and the helicopter allowed the spraying of insecticides under the technical grade form and, after that, machines that could be transported in vehicles to perform this task were developed. Soon after, the problem of the size of the droplets was resolved and these must be smaller than 20µ for mosquitoes. These applications at ultra low volume were initially used in Brazil against Culex quinquefasciatus and its use increased after the reintroduction of Aedes aegypti. A series of experimental trials with the aim to produce a rapid decrease in the density of this insect was initiated in 1984 by Sucam using technical grade Sumithion (Fenitrothion). Subsequently it was tried the concentration of 60% in soybean oil and then Sumithion and Malathion at 40% with good results. With the machine transported in vehicle (Leco) the flow rate was 126 ml/min with the vehicle at a speed of 10 km/hour which, in theory, corresponds to a dose of 300 ml/ha. At the slums of the city of Rio de Janeiro these, concentrations yielded very good results when applied with the aid of portable machines (Microgen and Hatsuta) using doses of 12-20 ml/house in steep areas and 4,5 ml/housein plane areas. With these machines the application of these insecticides in concentration of 25%, also in slums, yelded good results. With the portable machines it is necessary to make modifications to decrease the flow rate of the insecticide to improve the spectrum of sizes of the droplets. Based in the available literature new experiments with lower concentration are suggested.




INTRODUÇÃO
Enquanto na agricultura a aplicação de inseticidas sobre superfícies foi sempre a regra, na saúde pública, até o advento do DDT, predominou a aplicação espacial que consiste em tornar o ar contido numa casa ou em outra estrutura, venenoso ou tóxico para os insetos. É claro que em ambos os casos houve exceções. Em laranjais dos Estados Unidos foi comum cobrir as árvores com uma lona e fazer desprender, em baixo, gás cianídrico. Por sua vez, a aplicação de Inseticidas contra formas jovens de mosquitos visou sempre a superfície da água.
O expurgo das casas foi usado por Gorgas e por Oswaldo Cruz, para o combate à febre amarela e por Carlos Chagas para o controle da malária (49,14,9). Esses três sanitaristas usaram anidrido sulfuroso, obtido com a queima de enxofre, processo que exigia a cobertura das casas com toldos e a proteção dos objetos metálicos. Para o expurgo de quartos, onde seriam isolados enfermos, Oswaldo Cruz usou a queima de piretro.
Deve-se lembrar que, como quase tudo, a queima de substâncias vegetais para eliminar os mosquitos das habitações, já era praticada na antiga China(29).
Durante a campanha contra a febra amarela no Rio de Janeiro, em 1928-29, os inconvenientes do trabalho com gás sulfuroso levaram Barreto & Periassu(2) a estudar novas técnicas.
Em 1928 já havia aparecido, no comércio, um inseticida de uso doméstico chamado "Flit", para ser aplicado por uma bomba manual, conhecida como bomba de flit. Essa técnica foi aplicada no Rio de Janeiro, mas dava um rendimento muito baixo. Passaram, então, a usar compressores portáteis, movidos a motor elétrico e a aplicar o inseticida com pistola de pintura. Como o rendimento ainda não era satisfatório, foram adotados compressores movidos a motor a gasolina e montados sobre chassi de caminhão. Esses compressores trabalhavam com 70 libras de pressão e forneciam ar comprimido para 12 pistolas de pintura. Em pouco tempo formava-se uma verdadeira neblina dentro da edificação e, dessa forma, todos os recantos eram atingidos. Era uma técnica semelhante às atuais aplicações de inseticida a ultrabaixo volume, diferindo apenas na concentração do princípio ativo. A maneira de atingir o inseto é a mesma, gotas que, por serem muito pequenas, ficam flutuando no ar e vão atingir os abrigos dos mosquitos. Os inseticidas usados eram o próprio "Flit" ou misturas, tendo como solvente o querosene e uma ou mais das seguintes substâncias: piretro, xilol, cresol, salicilato de metila e tetra cloreto de carbono.
Essa mesma técnica foi amplamente usada na campanha contra o Anopheles gambiae no Nordeste brasileiro, O inseticida usado era uma mistura de 5% de concentrado de piretro, 10% de tetracloreto de carbono e 85% de querosene ou diesel. Todas as aplicações eram feitas com pistola de pintura. Na zona rural o ar comprimido era fornecido por um compressor portátil, semelhante aos usados, atualmente, na borrifação de paredes. Nas cidades o compressor era movido a motor a gasolina e montado em carroça tracionada por muar. Ligadas a esse compressor, por longas tubulações, funcionavam várias pistolas. Soper & Wilson (49) definiam essas pulverizações como nuvens de gotículas minúsculas, isto é, o mesmo que fazem as modernas máquinas de nebulização.
Seguindo o exemplo de Chagas, diversos sanitaristas controlaram a malária, na África do Sul e na Índia, com pulverizações semanais das habitações (39, 13, 43). Curioso que nenhum deles se refere ao trabalho pioneiro de Chagas (9) que, apenas, recebeu o devido destaque de Soper & Wilson (49).
O aparecimento do DDT muda completamente o sistema de aplicação de inseticidas em saúde pública. Ao invés de visar ao envenenamento de todo o ar contido na habitação, passou-se a aplicar o inseticida nas paredes. De um produto que ficava atuando durante minutos, passou-se a uma substância que permanecia ativa durante meses. Foi a grande revolução da saúde pública. No Brasil, a malária que era controlada em algumas capitais e cidades de importância especial, passou a ser combatida em quase todo território nacional. Em poucos anos o número de casos de malária teve uma redução de 97% (12) e Aedes aegypti foi, pela primeiva vez, erradicado do país (18).
Apesar da aplicação do DDT ser feita exclusivamente em paredes e outras superfícies existentes na casa, dados de captura de mosquitos mostram que ele também tem ação fumigante, isto é, funciona como uma aplicação espacial. A diminuição do número de mosquitos que freqüentam as casas, depois que elas são dedetizadas, observada com Anopheles funestus na África (36) e com os anofelinos do subgênero Kerteszia no Brasil (1), só pode ser resultado da presença de vapores do inseticida na atmosfera da casa.
Em seguida ao DDT, foi desenvolvido outro inseticida para aplicação em superfícies, o BHC, que também diminui o número de mosquitos que entram nas casas. Este, entretanto, foi bastante usado em aplicações espaciais. Misturado com uma substância comburente, era formulado sob forma de pastilhas que, queimadas dentro das edificações, distribuíam o inseticida por todo o volume de ar aí contido. Ripper (42) informa que o DDT também foi aplicado por essa técnica.
Quando do aparecimento dos inseticidas organoclorados, a aplicação de inseticidas por aviões e helicópteros, já estava bem desenvolvida na agricultura e, em menor escala, na aplicação de larvicidas contra mosquitos, principalmente verde-paris nos Estados Unidos (6). Como era de esperar, o DDT e o BHC foram aplicados com aviões e helicópteros. No caso de criadouros a céu aberto, tratava-se de aplicação sobre superfícies, entretanto, no Brasil eles foram aplicados em florestas e, na realidade, eram aplicações mistas. A poeira dos pós secos e as gotículas das pulverizações ficavam flutuando e podiam atingir todos os pontos da floresta. Esses trabalhos executados em Santa Catarina, contra os anofelinos do subgênero Kerteszia, como todos os trabalhos de controle de anofelinos adultos em áreas com vegetação, foram eficientes quando as florestas eram pequenas. Nas matas que cobriam grandes áreas, em poucos dias havia infiltração de mosquitos vindos das partes não tratadas (6,17).
Já em plena era dos organofosforados apareceu um inseticida muito eficiente, o Diclorvós ou DDVP, que era impregnado em uma placa de resina, a chamada "Vapona". Essas placas liberavam vapores do inseticida, lentamente, durante três meses. Em saúde pública, propriamente dita, foram pouco usadas, mas no controle de insetos visando ao conforto da população tiveram êxito. Durante alguns anos foram usadas nas galerias de águas pluviais da cidade do Rio de Janeiro, para controlar Culex quinquefasciatus (16).
Durante a Segunda Guerra Mundial foram desenvolvidas máquinas produtoras de termoneblinas, que depois passaram a ser usadas na aplicação de inseticidas. O antigo Serviço Nacional de Malária fez uma experiência com DDT e com BHC (40), mas não colocou em prática essa técnica. No tempo do Estado da Guanabara, essas máquinas foram usadas no controle de C. quinquefasciatus na cidade do Rio de Janeiro, aplicando Malation. Problemas com o tráfego de veículos, uma vez que a neblina impede a visibilidade, fizeram com que esse método fosse substituído, quando apareceram as máquinas de ultrabaixo volume. Atualmente a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) da cidade do Rio de Janeiro utiliza máquinas portáteis para eliminar mosquitos em subsolos de edifícios em construção. Nessas máquinas, o inseticida, diluído em óleo mineral (de preferência diesel marítimo) e um cossolvente, se nebuliza ao passar por um tubo aquecido a alta temperatura. Essa técnica, apesar de muito eficiente, não pode ser usada em cidades durante o dia. Além do problema criado para o tráfego, tem aparecido outro pior com as crianças. Em São Paulo e em alguns países da América Central tiveram que parar o trabalho porque as crianças iam brincar dentro da nuvem de inseticida.
Antes de passar às aplicações de inseticida a ultrabaixo volume, deve-se lembrar que os aerossóis usados contra insetos caseiros, tornam-se uma medida de saúde pública, quando aplicados em aviões que fazem vôos internacionais, uma vez que destinam-se a impedir a introdução de vetores inexistentes no país de destino.

APLICAÇÕES DE INSETICIDAS A ULTRABAIXO VOLUME (UBV)
O aparecimento de inseticidas organofosforados de baixa toxicidade abriu campo para uma nova técnica de aplicação, mais econômica e que permite estender o trabalho a grandes áreas rapidamente. São as aplicações de inseticida a baixo e ultrabaixo volume. Sendo que, em saúde pública, praticamente só a última tem sido utilizada.
A UBV é uma técnica nascida em aplicações por via aérea na agricultura. As aplicações convencionais são de baixo rendimento e exigem um grande transporte de água. Isso fez com que, onde possível, fossem substituídas pelas aplicações de pós, os polvilhamentos. O fato dos pós terem pouca aderência, estimulou a volta às pulverizações, primeiro a baixo volume, onde são aplicados de 40 a 100 litros/ha de calda inseticida (30) e depois a ultrabaixo volume que, nas lavouras, varia entre 0,5 e 5 litros/ha geralmente de produto técnico.
O Conselho Nacional de Saúde (11) fornece especificações para a aplicação de alguns produtos a ultrabaixo volume, mas não define esse tipo de aplicação. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (27) considera de ultrabaixo volume, uma aplicação de menos de 4,677 ml/ha (1/2 galão por acre) e de concentrada, uma formulação contendo 20% ou mais de inseticida e de produto técnico (tecnical grade) aquelas com mais de 70%. Ainda segundo Lofgren (27), ultrabaixo volume significa a aplicação de pequenas quantidades de inseticidas líquidos em forma concentrada. Outro requisito dessa técnica é o tamanho das gotículas de inseticida.
Himel & Moore (22) usando na formulação traçadores fluorescentes, em aplicações por via aérea, mostraram que 93% das gotículas que se fixavam nos insetos, tinham menos de 50m de diâmetro. Isso significa que, na floresta onde foi feito o trabalho, 95% das aplicações convencionais contribuíam para a contaminação do ambiente. Esses autores chamam a atenção para a necessidade de se estudar novos métodos de pulverização e o comportamento das partículas na atmosfera, pois, Sayer (45) já havia desenvolvido uma máquina para aplicação terrestre a ultrabaixo volume, para o controle de gafanhotos, que chegava a aplicar 300 ml/ha, mas com gotículas maiores que 40µ e com diâmetro mediano de 69µ Essas aplicações foram feitas com Dieldrim a 20% e alguns anos depois Skoog et al. (48) aplicaram Malatiom técnico, por via aérea, em pastagens. Essa última teve duas finalidades: uma evitar a contaminação dos animais com um inseticida persistente como o Dieldrim e, outra, diminuir o custo de aplicação para compensar o alto preço do inseticida fosforado.
Todos esses trabalhos foram feitos contra gafanhotos e a primeira aplicação de inseticida a ultrabaixo volume, contra mosquitos, teve finalidade bélica. Durante a guerra do Vietnã foram usadas máquinas costais motorizadas, desenvolvidas pelos militares americanos, para controlar os anofelinos transmissores da malária (23). Esse trabalho também relata o emprego de Malatiom a 57%, em aplicações feitas com helicóptero a 715 ml/ha e com avião grande a 560 ml/ha. Esses autores referem essas aplicações como a médio volume, porém, de acordo com a norma americana, que também é adotada na agricultura brasileira (32), elas são a ultrabaixo volume. Essa também foi a primeira aplicação de inseticida fosforado, misturado com solvente, a UBV.
O emprego de máquinas portáteis de aplicação a UBV não é muito mencionado na literatura de saúde pública. Só alguns anos mais tarde, Pant et al. (38) relataram o emprego de máquinas portáteis para aplicar Malatiom a UBV, contra A. aegypti, em pequenas áreas da Tailândia, que não podiam ser atingidas por veículos. Bastante tempo depois, Sánches et al. (44) aplicaram Fenitrotiom, contra A, aegypti, com três tipos de máquinas portáteis. Nesses dois trabalhos as aplicações foram feitas no interior de todos os cômodos das casas. Os resultados foram bons, mas os autores se queixaram da qualidade do equipamento, o que também é mencionado em trabalho recente (3). Além disso, as gotículas eram grandes. A máquina melhor dava um diâmetro mediano de 38µ e foram medidas gotas até com 150µ. Esse trabalho de Sánchez et al. (44) foi o primeiro a repetir 10 vezes a aplicação do inseticida, o que é indispensável no caso de A. aegypti, pois, os ovos existentes nos depósitos vão eclodindo aos poucos (10).
Apesar de, nos Estados Unidos, as máquinas de UBV portáteis não serem populares, a ponto do Center for Disease Control (8) não mencionar esses equipamentos, no Brasil elas têm sido muito úteis. Quando da infestação de Belém por A. aegypti, em 1967, os criadouros situados nos buracos das grandes mangueiras que arborizam as avenidas daquela cidade, foram controlados com aplicações de inseticidas fosforados por máquinas de UBV portáteis e, atualmente, elas estão sendo muito úteis no controle desse mosquito nas favelas do Rio de Janeiro.
O presente artigo visa, principalmente, ao controle de mosquitos, mas não se pode deixar de informar que essas máquinas portáteis proporcionaram a primeira técnica própria para a eliminação dos triatomíneos das habitações. O método convencional de aplicar BHC ou outro inseticida na superfície das paredes, é uma transcrição do sistema utilizado para controlar os anofelinos transmissores da malária, que visa atingir o inseto, quando ele pousa na parede. Para o triatomíneo, entretanto, a parede é um local de passagem quando ele vai se alimentar. O seu local de abrigo são as frestas das paredes ou de outras estruturas, que não são perfeitamente atingidas pela borrifação do pó molhável que é a formulação mais adequada para o caso. Já o jato do aerossol aplicado dentro da casa, contra a parede, tem maior facilidade de penetrar nas frestas e, depois, as gotículas menores que ficam flutuando dentro da casa, podem atingir todos os pontos onde o inseto possa se abrigar. Essa técnica foi desenvolvida na Argentina por Martinez et al. (31) e depois aplicada com êxito, no Brasil, por Sherlock & Muniz (47).
Lofgren (27) chamava a atenção para a dificuldade de obtenção de equipamento portátil adequado. Atualmente, existem máquinas muito boas, tanto importadas, quanto fabricadas no país, entretanto persiste um problema sério. Como o motor tem que trabalhar em alta rotação, o desgaste é muito grande. Mesmo com boa manutenção a duração das máquinas não é satisfatória. Além disso, essas máquinas são projetadas para a lavoura e a experiência acumulada pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), nas favelas do Rio de Janeiro, tem mostrado que é necessário diminuir a vazão do inseticida e o tamanho das gotículas.
Apesar de bem desenvolvida na agricultura, a ponto da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) fabricar um avião para essa finalidade (o Ipanema), no Brasil não têm sido feitas aplicações de inseticidas a UBV, por via aérea, contra mosquitos. Entretanto, é bom lembrar alguns dados dos Estados Unidos, devido a um certo exagero de parte dos chamados movimentos ecológicos, quanto à questão do uso de inseticidas. Assim é que Gilotra et al. (20) mencionam que só numa epidemia de encefalite, em 1971, foram pulverizados 4,8 milhões de hectares e que, anualmente, são pulverizados nos Estados Unidos cerca de 40 milhões de hectares. Por sua vez, Burgoyne et al. (5) relatam a aplicação, por via aérea, de Paratiom Etílico em Salt Lake City e declaram que era o praguicida de escolha. A dose não era das mais baixas, 112 a 224 g/ha e esse é um dos inseticidas mais violentos. Pior que ele só alguns sistêmicos, mas esses são aplicados no interior do solo.
Bem antes do aparecimento das modernas máquinas de aplicação de inseticidas a UBV, já vinham sendo feitos estudos sobre a influência do tamanho das gotículas do inseticida, na sua eficiência. O principal estímulo a essas pesquisas foi a procura de inseticidas capazes de substituir o piretro, cuja produção tornou-se insuficiente para atender as necessidades militares durante a Segunda Guerra Mundial, pois, no Mediterrâneo e no Extremo Oriente, era necessário proteger as tropas contra as moscas e os mosquitos.
Brescia (4) observou que gotículas de 10m são eficientes, independente da velocidade do vento e que gotículas de 6 a 14m de diâmetro controlam satisfatoriamente Anopheles quadrimaculatus em floresta rala.
Latta et al. (24) já havia calculado, com base na lei de Stoques, que a eficiência de um inseticida para um mosquito pousado era proporcional ao quadrado do diâmetro da gotícula, até o limite de 16µ. Esses mesmos autores, em experiências feitas em túnel de vento, observaram que a eficiência era correlacionada com o produto do quadrado do diâmetro da gotícula, medido em m pela velocidade do vento, em milhas por hora (D2v). Entretanto, isso só era válido quando esse produto estava entre 300 e 1.000.
Mount (33) revê a literatura sobre gotículas de aerossol, confirma o tamanho ótimo para mosquitos entre 11 e 20µ e conclui que uma grande parte das gotículas deveriam ser coletadas pelas asas. Isso porque a amputação delas, logo depois da aplicação do inseticida, diminui a mortalidade. Em seguida, Lofgren et al. (28) borrifando mosquitos com óleo de soja, aplicado com máquina Leco montada sobre viatura e examinando os mosquitos com microscópio eletrônico de varredura verificaram que a maioria das gotículas se depositava nas asas e nas antenas, e que seu diâmetro variava entre 2 e 16m. Essa deposição nas antenas concorda com os resultados a que chegou Spillman (51), com base em cálculo.
Estudos feitos com cartões impregnados com corante, para verificar o alcance das pulverizações a UBV, mostraram que os mosquitos morrem onde esses cartões não registram nenhuma gota. O fato deles não registrarem gotas com menos de 20µ uma indicação de que essas gotículas com diâmetro menor do que 20µ são da maior importância (27). Por outro lado, a DL100 (dose que mata 100% dos insetos expostos) do Malatiom para a espécie usada no ensaio (Aedes taeniorhycus) é de 10mg, que corresponde a uma gota de 25µ. Como as figuras dadas por Lofgren et al. (28) mostram muitas gotículas nas asas e nas antenas, conclui-se que o mosquito recebe uma superdose, o que, por sua vez, sugere a utilização de formulações menos concentradas, no controle desses insetos.
A primeira referência de aplicação a UBV com diluição é a de Holway et al. (23) que, entretanto, não informaram qual foi o solvente utilizado.
Mount & Pierce (35) obtiveram bons resultados com Dibrom (Naled) a 10% em nafta aromática, óleo mineral ou óleo de soja.
Rathburn (41) dá uma relação das formulações de inseticidas, registradas nos Estados Unidos, onde figuram uma de Dibrom a 10% em nafta aromática ou óleo de soja, para ser aplicada a UBV. Esses registros são para mosquitos e outros dípteros, e neles o Malatiom a UBV figura sempre a 91%. No Brasil há um registro de Naled a 85% (19), porém nunca foi usado contra mosquitos. Por sua vez o catálogo da Sumitomo dá uma formulação de Sumitiom (Fenitrotiom) UBV a 40%.
Mais recentemente, a Organização Mundial da Saúde (37) informa que, em aplicações a UBV terrestres ou aéreas, o Malatiom a 40 g/l e o Pirimifós Metílico a 16 g/l, em solução oleosa, são eficientes contra mosquitos. Nessa mesma publicação a OMS declara que, contra o A. taeniorhyncus, uma solução de Malatiom a 10% deu o mesmo resultado que o produto técnico. Por área, as doses de ingrediente ativo foram 41 g/ha e 249 g/ha.
No Brasil, até a entrada da Sucam no assunto, só tinham sido feitas aplicações a UBV, contra mosquitos, usando produto técnico puro.
Em todas as máquinas terrestres de UBV o inseticida é pulverizado por pressão de ar mas, recentemente, a Imperial Chemical Industries desenvolveu uma máquina portátil, onde o fracionamento da formulação é feito por uma descarga elétrica. Na agricultura tem sido bastante experimentada, como pode ser visto no Livro de Resumos do X Congresso Brasileiro de Entomologia, realizado no Rio de Janeiro em 1986. Os resultados são bons, porém como as gotas são grandes, com um mínimo de 50µ e o alcance é pequeno, não servem para mosquitos. Entretanto, seria desejável um aperfeiçoamento dessa máquina, para emprego em favelas, pois, em virtude de não fazerem barulho, não atrairiam as crianças, como fazem as máquinas portáteis motorizadas.
Uma literatura fornecida pela ICI Brasil S.A. dá conta do desenvolvimento de um equipamento para trabalhar sobre viatura, onde a pulverização eletrostática é auxiliada por pressão de ar.
Com a mesma finalidade de evitar barulho e, também, os gases da combustão da gasolina, a marinha americana vem experimentando máquinas portáteis acionadas por energia elétrica fornecida por pilhas. As partículas são de bom tamanho, mais de 80% com menos de 25µ, mas a dispersão do inseticida é por pressão de ar (21).

A EXPERIÊNCIA DA SUCAM
Antes da Sucam, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e a Comlurb vinha aplicando Malatiom técnico a UBV, no controle de C. quinquefasciatus na cidade do Rio de Janeiro, usando máquina Leco de medida de vazão por fluxômetro. Que esses trabalhos dão bons resultados é reconhecido pela população, porém, não se dispõe de nenhum dado técnico publicado. Sabe-se, por informação dos responsáveis pelo serviço, que a vazão de inseticida é de 90 ml/min, com a viatura a uma velocidade média de 20 km/hora e com a pulverização dirigida para o eixo da rua.
A Sucam já vinha aplicando Sumitiom (Fenitrotiom) técnico a UBV, em alguns estados, contra A. aegypti, quando em 1984 chegou para a Diretoria Regional do Rio de Janeiro uma máquina Leco de controle de vazão eletrônico. Nessa ocasião, o Prof. José Moquillasa da Organização Panamericana de Saúde, estava dando um curso sobre aplicação de inseticidas e fez a montagem da máquina. Posteriormente o Eng. Davis Waldron, da fábrica Leco, ministrou um curso sobre essas máquinas, com destaque para a resolução de problemas ocorrentes durante a sua utilização. Com base nesses conhecimentos foi iniciado um trabalho experimental de aplicação de inseticidas a UBV, contra o A. aegypti.
No primeiro semestre de 1984, em três bairros do Rio de Janeiro, foi iniciado um ensaio de aplicação de Sumition técnico com máquina Leco e numa parte mais acidentada de um desses bairros, com máquina portátil Micro-gen. O Sumitiom foi escolhido por ser o único inseticida disponível na Sucam e a utilização do produto técnico puro decorreu da falta de uma experiência anterior. A vazão adotada para a máquina Leco foi de 127 ml/min, com a viatura a 10km/hora, o que corresponde a uma dose de 300 ml/ha, num quarteirão quadrado de 100/m de lado. Com essa vazão e pressão, no compressor, de 3 libras, o DM (diâmetro médio, que corresponde ao diâmetro médio aritmético de Caroll & Bourg (7) das gotículas oscilava em torno de 16µ com mais de 80% das gotas com diâmetro inferior a 20µ.
Não se tem usado o diâmetro mediano porque, em diversos cálculos feitos, ele diferiu menos de 1µ do diâmetro médio. Além disso, o importante é a porcentagem de gotas capazes de aderir ao mosquito, isto é, as que têm menos de 20µ de diâmetro.
A máquina Micro-gen trabalhava com a menor vazão possível e o DM era da ordem de 30µ.
Apenas duas áreas foram tratadas somente com UBV, nas outras houve tratamento focal, que dispensa qualquer medida auxiliar (26). A intenção era verificar uma possível influência na rapidez com que baixa o índice predial, o que não foi observado. Na área da máquina Leco com 12 aplicações semanais, o índice baixou de 8,6% para zero e na da Micro-gen de 33% para 0,5%. Na área testemunha, nesse período de três meses, o índice baixou de 14,8% para 8,7%. Essa diminuição da positividade, devido à presença do guarda, sem nenhum tratamento, é conhecida desde o tempo do Serviço Nacional de Febre Amarela (50). É que as pessoas ficam conhecendo as larvas dos mosquitos e eliminam muitos criadouros.
Em virtude da existência de trabalhos feitos com inseticidas diluídos, montou-se um experimento em que o Sumitiom foi empregado a 60% de produto técnico, volume/volume, usando como solvente o óleo de soja. Essa escolha do óleo de soja deveu-se, unicamente, ao preço pois, na época, era o óleo vegetal mais barato. Nas máquinas portáteis essa diluição foi feita com xilol bruto cedido, gratuitamente, pela Companhia Siderúrgica Nacional.
Nesse experimento, realizado no segundo semestre de 1984, foi incluída a máquina portátil Hatsuta, que é fabricada no país. A vazão mínima dessa máquina é de 35 ml/min. O DM das gotas colhidas com essa vazão foram de 27µ para a Micro-gen e 29µ para a Hatsuta, ambas com a aceleração do motor adotada no trabalho. Na máquina Leco a vazão continuou sendo de 127 ml/min e o DM das gotas esteve em torno de 16µ.
Como a intenção da Sucam na aplicação de UBV, é fazer o índice predial baixar a menos de 1%, a seguir daremos apenas a concentração do inseticida, o índice pré-tratamento e o número de aplicações semanais gastas para atingir essa meta.

    Leco, Sumitiom técnico, 15,5%, 8 semanas
    Leco, Sumitiom 60%, 8,4%, 3 semanas
    Hatsuta, Sumitiom técnico, 13,9%, 3 semanas
    Hatsuta, Sumitiom 60%, 15,2%, 5 semanas
Essa maior rapidez com que baixaram os índices nas aplicações com máquinas portáteis, não é surpresa, pois, elas foram feitas em favelas, onde o espaço entre as moradias é tão pequeno que, praticamente, a aplicação é intradomiciliar. Deve-se esclarecer, entretanto, que os aplicadores nunca entraram nas casas. Essa variação no número de semanas que o índice predial leva para baixar, não tem maior significado, pois, ela depende, principalmente, das posturas preexistentes que, aos poucos vão eclodindo, já que a aplicação de inseticidas a UBV é uma medida, fundamentalmente, adulticida.
Esses resultados animaram a diminuir mais a concentração do inseticida e, no início de 1985, foi planejado novo experimento, onde eles foram aplicados também a 40%.
Como o Sumitiom é importado resolveu-se experimentar o Malatiom, cujo primeiro tambor foi obtido graças a uma gentileza do Dr. Paulino Cabral de Melo, da Comlurb. As diluições, como da vez anterior e das seguintes, referem-se a porcentagem de produto técnico volume/volume. O Sumitiom é a 95% e o Malatiom a 91%.
A ordem dos dados, apresentados a seguir, é a seguinte: máquina, inseticida e concentração, índice predial pré-tratamento, número de semanas gastas para fazer o índice baixar a menos de 1% ou índice atingido depois de 12 aplicações semanais.

    Leco, Malatiom técnico, 7,8%, 4 semanas Leco, Malatiom 60%, 12,6%, em 12 semanas o índice predial chegou a 1,1%
    Leco, Malatiom 40%, 13,6%, em 12 semanas o índice chegou a 1,1%
    Leco, Sumitiom 40%, 14,0%, em 12 semanas o índice chegou a 2,9%
    Hatsuta, Malatiom técnico, 13,5%, 12 semanas Hatsuta
    Malatiom 60%, 18,9%, 12 semanas Hatsuta
    Malatiom 40%, 16,3%, 12 semanas
    Micro-gen, Sumitiom técnico, 8,1%, 3 semanas
    Hatsuta, Sumitiom 60%, 5,0%, 8 semanas
    Hatsuta, Sumitiom 40%, 13,2%, 12 semanas
Esses dados mostram que, onde não há problema de forma e tamanho dos quarteirões e, também, de arborização, o método é altamente eficiente. É por isso que, nas aplicações feitas com máquinas portáteis nas favelas, o índice desejado, de menos de 1%, foi sempre alcançado ou no prazo programado ou num menor. A falha verificada na área do Sumitiom a 40% foi provocada, principalmente, pela arborização das ruas e quintais das casas.
Nos trabalhos seguintes não mais se utilizou o xilol como diluente de inseticida, não por questão de eficiência mas porque o xilol danifica certos tipos de pintura. Durante o trabalho não houve nenhuma reclamação, porém, deve-se ter em mente que um prejuízo dado a um morador pode gerar má vontade na população, o que seria danoso para o êxito do trabalho.
Em virtude dos bons resultados obtidos com a vazão da máquina Leco a 127 ml/min e, também, da experiência da Comlurb a 90 ml/min, contra C. quinquefasciatus, foi planejado um experimento usando essa vazão de 90 ml/min, a 10 km/hora e com a mesma pressão de 3 libras no nebulizador. Com essa pressão e vazão, o DM das gotas de inseticida caiu para 15µ com mais de 90% das gotas com menos de 20µ de diâmetro. Esse aumento da porcentagem de gotas capazes de se fixar no mosquito foi, também, levado em conta na decisão de experimentar uma vazão mais baixa, apesar da dose por área, 216 ml/ha, ser inferior à dose mínima recomendada para o Malatiom (11).
A área escolhida foi uma parte do bairro de Jacarepaguá habitada por classe média de bom padrão. As ruas são bem arborizadas e as frentes das casas têm muita vegetação. Existem também, na área, conjuntos de edifícios, os chamados condomínios fechados, todos com árvores e jardins. Além disso, alguns quarteirões são muito irregulares, o que fez com que a dose de inseticida, por unidade de área, fosse muito variável.
As aplicações foram feitas com máquina Leco e as concentrações foram as mesmas da experiência anterior. Os dados, apresentados a seguir, referem-se a inseticida, concentração, índice pré-tratamento e índice encontrado depois de 12 aplicações semanais.

    Sumitiom técnico, 8,0%, 3,0%
    Sumitiom 60%, 10,5%, 2,8%
    Sumitiom 40%, 12,0%, 3,7%
    Malatiom técnico, 8,1%, 2,0%
    Malatiom 60%, 12,3%, 3,1%
    Malatiom 40%, 12,6%, 2,4%
Resultados que realmente não são bons, uma vez que a finalidade do trabalho é fazer o índice predial baixar a menos de 1%. Entretanto, esse experimento teve o mérito de mostrar que áreas com muita arborização não devem ser tratadas, unicamente, com máquinas de UBV montadas sobre viaturas, há necessidade de procurar outra solução. De qualquer forma, parece claro que a concentração do inseticida não teve influência no resultado.
No segundo semestre de 1985, a direção da Sucam solicitou um experimento na concentração de 50%, que lhe pareceu mais prudente do que 40%. Aproveitou-se esse trabalho para duas inovações, experimentar a concentração de 25% na máquina Hatsuta e aplicar com máquina Leco dose por unidade de área. Apesar dos resultados terem sido bons, essa última prática não é aconselhável, porque obriga a regular a pressão do nebulizador cada vez que a vazão é alterada. Isso torna-se necessário porque, com o aumento da vazão, as gotas ficam maiores, a não ser que se aumente a pressão do nebulizador. Por exemplo: com 189 ml/min e 3 libras, que é a pressão com que a máquina vem regulada da fábrica, o DM sobe para 20µ e a porcentagem de gotas com menos de 20µ baixa para 65%. Como na máquina Leco, de controle eletrônico, a mudança de pressão implica em afrouxar e reapertar parafusos, considera-se mais prudente não recomendar esse sistema para a rotina.
Para verificar a dose de inseticida necessária, com base na área a ser tratada, media-se, numa planta em escala, a periferia e a área do quarteirão maior, no conjunto a ser tratado com uma determinada dose. É claro que os quarteirões menores recebiam dose maior, porém, como a concentração era de 50%, havia segurança. Nos mais pequenos foi também medida a periferia e a área, e nenhum deles recebeu dose dupla, que corresponderia a um tratamento normal com produto técnico. A dose adotada para ambos os inseticidas foi de 300 ml/ha, uma vez que é a dose determinada pelo Conselho Nacional de Saúde (11) para o Sumitiom. A dose para o Malatiom pode variar entre 300 e 1.000 ml/ha. porém, a intenção era comparar os dois inseticidas em condições idênticas.
Para verificar se depois da nebulização ainda permaneciam mosquitos adultos vivos, colocou-se armadilhas de pneu em casas onde existiam criadouros. Esses pneus eram colocados no dia seguinte à nebulização e retirados na véspera da aplicação seguinte. Apesar de não terem aparecido posturas em nenhum deles, o resultado é prematuro, pois, o seu número foi pequeno. É necessário repetir o experimento com um número muito maior de armadilhas.
Esse ensaio foi feito no bairro de Irajá, que é formado, principalmente, por casas, com raros edifícios. Para cada inseticida aplicado a 300 ml/ha foi feita uma repetição com a vazão de 127 ml/min, que é a vazão utilizada, rotineiramente, com a viatura da máquina Leco a 10km/ha. Teoricamente, o primeiro método corresponderia a uma aplicação a 300 ml/ha nos quarteirões maiores e mais do que isso nos menores. Já no segundo, os quarteirões de um hectare receberiam essa dose e os maiores menos do que isso. Os resultados mostraram, entretanto, que essa dose maior ou menor não influiu nos índices-obtidos.
Com as máquinas portáteis não é válido calcular a dose por unidade de área, pois, ela vai depender do relevo do terreno e do espaço entre as moradias. Foi por isso que nas áreas íngremes o gasto de inseticida variou entre 12 e 21 ml/casa, enquanto que numa favela situada num terreno plano, esse gasto foi de 4,5 ml/casa.
No presente ensaio o Malatiom foi empregado sob forma de Citiom, que é o mesmo inseticida a 91%, porém desodorizado.
Os dados abaixo referem-se a tipo de máquina, inseticida e concentração, dose por área ou vazão por minuto, índice predial pré-tratamento, número de aplicações necessárias para fazer esse índice baixar a menos de l% ou índice encontrado depois de 12 aplicações semanais.

    Leco, Citiom técnico, 300ml/ha, 12,3%, 3,0%
    Leco, Citiom técnico, 127 ml/min, 15,0%, 1,2%
    Leco, Citiom 50%, 300 ml/ha, 14,6%, 8 aplicações
    Leco, Citiom 50%, 127 ml/min, 19,6%, 12 aplicações
    Leco, Sumitiom técnico, 300ml/ha, 10,7%, 8 aplicações
    Leco, Sumitiom técnico, 127 ml/min, 10,9%, 4 aplicações
    Leco, Sumitiom 50%, 300 ml/ha, 13,6%, 8 aplicações
    Leco, Sumitiom 50%, 127 ml/min,9,5%, 12 aplicações
    Hatsuta, Citiom 25%, 50 ml/min, 12,7%, 1,0%
    Hatsuta, Sumitiom 25%, 50 ml/min, 12,9%, 2,4%
Ao final das 12 semanas, em que durou esse experimento, o índice predial da área testemunha havia baixado de 13,7% para 10,6%.
Nesse bairro não há arborização capaz de interceptar a nuvem de inseticida, nem grandes irregularidades nos quarteirões capazes de fazer com que algumas áreas não fossem atingidas pela pulverização. A inconsistência dos resultados decorre do fato da aplicação de inseticida a UBV ser uma medida adulticida. As posturas já existentes, nos depósitos, vão eclodindo aos poucos e a questão de se esgotarem ou não, depende em parte das chuvas, que aumentam o nível da água dos depósitos e, também, do acaso, pois, como é bem conhecido, os ovos de A. aegypti podem levar muito tempo para eclodir (46, 18). Os dados obtidos permitem, entretanto, algumas conclusões.
A questão de se calcular a dose por unidade de área, apesar de mais racional, não parece oferecer vantagem, pois, ora o resultado foi melhor, ora foi pior.
A concentração de 50% na máquina Leco ainda parece excessiva, pois, tanto com o Citiom a 50%, quanto com o Sumitiom a 50%, o índice predial chegou a menos de 1% com 8 aplicações. Este fato está de acordo com a bibliografia já mencionada (37). Por outro lado, com o Citiom técnico a 300 ml/ha, o índice não desceu abaixo de 3,0%.
Não ficou bem claro o comportamento da concentração de 25% nas máquinas portáteis Hatsuta. Essas máquinas são muito eficientes em favelas e os índices alcançados, 1,0% para o Citiom e 2,4% para o Sumitiom, não foram animadores. Como é vantajoso trabalhar com concentrações baixas, não só devido à economia como, também, à menor exposição dos aplicadores e moradores ao inseticida, é interessante insistir no assunto. Dois objetivos devem ser procurados: um, conseguir da fábrica uma diminuição da vazão, para melhorar o espetro das gotas e, outro, fazer a aplicação mais lentamente para aumentar a dose por unidade de área.
Tanto esse experimento, como os anteriores, não mostraram nenhuma vantagem de um inseticida sobre outro, apesar do Sumitiom ser considerado um inseticida mais potente que o Malatiom.
No total, os experimentos mostraram que não é fácil obter o desiderato da Sucam de baixar, consistentemente, o índice predial a menos de 1%, com 12 aplicações semanais de inseticida a UBV. Entretanto, índice inferior a 5%, que é considerado o limiar que permite a transmissão da febre amarela, sempre foi conseguido e, na maioria das vezes, com 8 aplicações. O problema torna-se, portanto, político, manter apenas uma situação onde não possa haver transmissão de febre amarela, com umas 10 ou, no máximo, 12 aplicações de UBV ou tentar atingir um índice sempre inferior a 1%, aumentando o número de aplicações semanais. Em virtude dessa manutenção da positividade ser resultante dos ovos existentes nos depósitos, poder-se-ia pensar em aumentar a periodicidade das aplicações para quinzenais ou mensais. E necessário, entretanto, ter em conta que um prazo maior do que uma semana permitiria que os adultos eclodidos, durante esse período, fizessem novas posturas, pois no verão do Rio de Janeiro, o ciclo de ovo a pupa pode durar menos de uma semana (25).

AGRADECIMENTOS
Os autores são gratos aos Inspetores-Gerais Henrique Emílio Nunes Sampaio e Walter Antonio das Neves, pela dedicação com que executaram as suas tarefas e ao Dr. Pelagio Parigot de Souza, Diretor Regional da Sucam, pelo apoio dado ao trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Histórias de Sucanzeiros

Histórias de Sucanzeiros



01
No passado da sucam
Existe conto engraçado
Uns às vezes até tristonho
Mas se torna humorizado
Pelos fatos acontecidos
Diante dos ocorridos
Relembrando este passado.
02
Muitos guardas já partiram
Já vivem do outro lado
Com direitos garantidos
Pois sofreram no passado
Estão lá no céu com cristo
Ou se não foram bem quisto
Estão pagando os pecados.
03
Já estão na eternidade
Mas ainda são lembrados
Por serem trabalhadores
Que viveram ao nosso lado
Farrando na bebedeira
Só conversando besteira
Mas são coisas do passado.
04
Pra falar de quem morreu
Somente um dia não dar
Precisa um computador
Para em todos, eu falar,
Fazer a lista completa
Daqueles grandes atletas
Que estão do lado de lá.
05
Vamos deixar quem já foi
Pra falar de quem ficou
Levando a vida com sorte
Enquanto chamado for
Vivendo este dia a dia
Ou triste ou com alegria
Mas a vida dar valor.
06
Vamos falar de Paulão!
Das galinhas o protetor
Examinava, as bichinhas,
Que parecia um doutor
Quizando em uma panela
Faziam até cabidela
Pra ter um melhor sabor.
07
Mas não foi só o Paulão
Que das galinhas tratou
Teve o nosso amigo Henrique
Que muito se preocupou
Dando assistência as galinhas
Carregando as pobrezinhas
Pra dar presente a doutor.
08
Na vida do sucanzeiro
Paulão não se preocupou
Pagamento de coopera
Jamais ele efetuou
Levava tudo no papo
Almoçava até dois pratos
Tudo na paz e amor.
09
Este nosso amigo Paulo
Merece ficar na história
Pois em suas caminhadas
Teve momentos de glórias
Não foi homem violento
Foi amigo de talento
Isto eu guardo na memória.
10
Na casa de um cidadão
Um dia Paulo aprontou
Balançando numa rede
Com a filha deste senhor
Um armador barulhento
Chiando a todo o momento
Ele pro velho falou.
11
Seu Dedé bote olhinho
Que acaba este zuor
Aqui estou balançando
Com a filha do senhor
Não fique aí preocupado
Estou apenas deitado
Faça-me este favor.


12
O meu amigo Paulão
Protetor do galinheiro
De mim não fique com raiva
Sou amigo verdadeiro
Pior Paulão é aqueles
Que caladinhos na deles
Examinavam os carneiros.
13
No caminho do sertão
Nas noites enchuvaradas
Dormiam em Juazeirinho
Lá tinha uma camarada
Por nome de muriçoca
Que deixava sua toca
Atrás da rapaziada.
14
Essa tal de muriçoca,
Topava qualquer parada...
Passava a noite todinha,
Fazendo amor com a moçada
Os guardas no outro dia
Cansados, pois não dormia
Não tinha força pra nada.
15
O que nos lembra bastante
Nas reuniões passadas
Era apresentar os dados
Das metas realizadas
Por Agapito o inspetor
Demonstrar ao diretor
As campanhas programadas.
16
Doutor Madruga era o chefe
Nessa época aqui falada
Agapito muito nervoso
Quase não falava nada
Descia o suor nas costas
Coisa ruim que ninguém gosta
Ficar de bunda molhada.
17
Para findar estes versos
Eu fico com emoção
Falando do nosso amigo
Que pra nós só deu lição
Ailton o grande guerreiro
Amigo e bom companheiro
Do litoral ao sertão.
18
Seu nome ficou gravado
Pelas lutas que travou
Foi um líder abnegado
Lutando em nosso favor
Vivendo do nosso lado
Este foi o seu legado
Este grande lutador.
19
Sendo a ciência de Deus
Pra nós ainda um mistério
Ficamos todo na dúvida
Não sabemos qual critério
Em levar bem prematuro
Este jovem de futuro
Tão cedo pra o cemitério.
20
Mas a vida é passageira
Faz parte da natureza
Quando chega a nossa hora
A morte causa surpresa
Não importa o ser vivente
A morte não faz ciente
Faz tudo na sutileza.
21
Dando continuidade
Vamos falar dos amigos
Que levaram suas vidas
Que enfrentaram o perigo
Realizando o trabalho
Corretos pra não ser falho
Pessoa de grandes brios.
22
Pedro Lira todos sabe
Um grande batalhador
Ainda um rapazinho
Quando na Sucam entrou
Trabalhou quarenta anos
Já estava nos seus planos
Agora se aposentou.
23
No grêmio ele lançou
A pedra fundamental
Incentivou aos amigos
Lutou pelo social
Pra ter saúde e lazer
Na vida ter mais prazer
Pois isto é primordial.
24
Sua vida foi de luta
Não se cansou foi ligeiro
Nas lutas do sindicato
Ele foi um pioneiro
Nunca fugiu da batalha
Nem fez questão por migalha
Junto com seus companheiros.
25
Hoje estando aposentado
Mas na lembrança carrega
Força d’uma liderança
Que não fugiu não deu trégua
Aos que foram derrotistas
Deu lição de otimista
Tema que ainda prega.
26
Agora vamos lembrar
De outro bom companheiro
Que na Sucam tem história
Que dar para um ano inteiro
Nas suas grandes jornadas
Nas lutas e caminhadas
Foi ele um grande guerreiro.
27
Biuzão tem na sua vida
História para contar
Amigo de Pedro Lira
Aprenderam a enfrentar
Toda adversidade
Seja no campo ou cidade
Não importava o lugar.
31
Nosso Severino Alves
Este nobre cidadão
Pra combater a malária
Fez muita borrifação
Trabalhou com muito jeito
Só fez trabalho perfeito
Merece nossa atenção.
32
Trabalhou, foi incansável
Só procurando ajudar
Um amigo hospitaleiro
Não sabe a ninguém negar
Pra ele eu tiro o chapéu
Merece o melhor troféu
Faz gosto em biuzãofalar.
33
Vou agora descrever
De outro grande guerreiro
Que na Sucam trabalhou
Foi ele um dos pioneiros
No tempo da amorosa
Com ele não tinha prosa
No trabalho era ligeiro.
34
Elias Almeida foi
Desta Sucam o terror
Pressionava os guardas
Causando grande pavor
Mas isto foi no passado
Hoje estar sepultado
Para o céu já viajou.
35
Mesmo com este legado
Elias é bom cidadão
Nessa época foi mandado
Cumpriu sua obrigação
Daquele modelo antigo
Que era quase castigo
Em nossa repartição.
36
Quem não lembra Zé Morais
Aquela grande figura
Trabalhou foi engraçado
Hoje estar na sepultura
Em termos de humorista
Pra mim foi ele um artista
Que Deus tenha nas alturas.
37
Falando desse passado
Jamais podia faltar
De lembrar o nosso Wilson
Um técnico em borrifar
Em todo fim de semana
Vestia roupa bacana
Pra com as putas dançar.
38
A vida destes heróis
Foram anos de jornadas
No combate as endemias
Tiveram lutas travadas
Trabalhando com veneno
E poucos vão perecendo
Chegando o fim da jornada.
39
Inseticidas que foram
Há tempos já proibido
O Brasil faz a compra
Lá nos Estados Unidos
Produtos que lá não usa
Mas aqui agente abusa
Mesmo por ele ofendido.
40
Nossa gente fez história
Por este Brasil inteiro
Tem fatos que lamentamos
Porque tanto exagero
Pessoa que trabalhava
Toda vida dedicava
Viajando o ano inteiro.
41
Quem trabalhou no sertão
Pra casa iam passear
Olhava para a mulher
Só dava tempo beijar
Aos filhos dava a benção
Pegava na sua mão
E voltava pra trabalhar.
41
Outros não vinham pra casa
Os mesmo eram solteiros
Iam tomar aguardente
Para morrer mais ligeiro
Assim foi toda esta vida
Travada nesta corrida
Sem calma, só desespero.
42
Para falar da Sucam
Tem que falar de Carneiro
Outro guarda de malária
Borrifou foi altaneiro
Amante das cocotinhas
Agradava as menininhas
Às vezes até com dinheiro.
43
Nesta seleção existem
O nosso Clécio Falcão
Foi chefe em itabaiana
Teve grande atuação
O maior raparigueiro
Descrevo sem exagero
Foi ele nosso amigão. 44
Um grande batalhador
Foi nosso amigo Farias
Não bebia o dia todo
Mas bebia todo dia
Já fez sua caminhada
Da terra não quer mais nada
Tem Jesus em companhia.
45
Já vivem na eternidade
Alexandre o falador
Que morava em Guarabiara
Cabra bom trabalhador
Bebeu muita aguardente
Morreu quase de repente
Deste mundo descansou.
46
Paulo profeta outro guarda
Um moço inteligente
Natural de Pilõezinho
Cidade de boa gente
Vacilou com a bebida
Logo cedo deu partida
Deste mundo vive ausente.
47
Segundo o Velho Falcão
Biu cachimbo lhe fudeu
Trabalhando no sertão
Muita cachaça bebeu
Quando estava embriagado
Biu pra se ver descansado
Várias vezes ele desceu.
48
Biu cachimbo é gente boa
Seu falcão é boa gente
Só fazia presepada
Quando bebia aguardente
Mas agora se ajeitou
A bebida abandonou
Só falta agora ser crente.
49
Também pro céu viajou
João Sérgio meu conterrâneo
Essa morte prematura
Não estava em seu plano
Bebeu muito exagerou
Ficou velho não casou
E morreu no abandono.
50
Assim esses companheiros
Essa batalha enfrentava
Muitos já se aposentaram
E outros na luta brava
Sem direito a incentivo
Mas tem um objetivo
Sucam, agente te amava.
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