NR 07 - PCMSO
Despacho da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho
(1º de Outubro de 1996)
DOU de 04-10-1996
O Secretário de Segurança e Saúde no Trabalho no uso de suas atribuições legais, e
Considerando que a Norma Regulamentadora n.º 7 (NR 7), intitulada Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, aprovada pela Portaria SSST n.º 24, de 29-12-
94, publicada no DOU do dia 30-12-94, Seção 1, páginas 21.278 a 21.280, e alterada em parte pela
Portaria SSST n.º 8, de 8-5-96, publicada no DOU do dia 9-5-96, Seção 1, páginas 7.876/7.877,
republicada no DOU do dia 13-5-96, Seção 1, página 8.202, tem sido objeto de questionamentos,
conseqüentes, em grande parte, da não compreensão de seu texto, resolve expedir a presente Nota
Técnica, visando orientar os profissionais ligados à área de segurança e saúde no trabalho, quanto à
adequada operacionalização do programa de Controle Médico de Saúde Operacional - PCMSO,
objeto da Norma Regulamentadora n.º 7.
Norma Regulamentadora n.º 07
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
Nota Técnica
A presente instrução técnica tem por objetivo a orientação de empregadores, empregados, agentes
da inspeção do trabalho, profissionais ligados à área e outros interessados para uma adequada
operacionalização do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO.
7.1 Do Objeto
7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores
como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o
objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.
Nota:
Todos os trabalhadores devem ter o controle de sua saúde de acordo com os riscos a que estão
expostos. Além de ser uma exigência legal prevista no art. 168 da CLT, está respaldada na
Convenção 161 da Organização Internacional do Trabalho - OIT, respeitando princípios éticos,
morais e técnicos.
7.1.2 Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na
execução do PCMSO, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de
trabalho.
7.1.3 Caberá a empresa contratante de mão-de-obra prestadora de serviços informar os riscos
existentes e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de trabalho onde
os serviços estão sendo prestados.
Nota:
Lembramos que quanto ao trabalhador temporário, o vínculo empregatício, isto é, a relação de
emprego, existe apenas entre o trabalhador temporário e a empresa prestadora de trabalho
temporário. Esta é que está sujeita ao PCMSO e não o cliente.
Recomenda-se que as empresas contratantes de prestador de serviço coloquem como critério de
contratação a realização do PCMSO.
7.2 Das Diretrizes
7.2.1 O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no
campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR.
7.2.2 O PCMSO deverá considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de
trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação
entre sua saúde e o trabalho.
7.2.3 O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos
agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da
constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos
trabalhadores.
7.2.4 O PCMSO deverá ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos
trabalhadores, especialmente os identificados nas avaliações previstas nas demais NR.
Nota:
O PCMSO deve possuir diretrizes mínimas que possam balizar as ações desenvolvidas, de acordo
com procedimentos em relação a condutas dentro dos conhecimentos científicos atualizados e da
boa prática médica. Alguns destes procedimentos podem ser padronizados, enquanto outros devem
ser individualizados para cada empresa, englobando sistema de registro de informações e
referências que possam assegurar sua execução de forma coerente e dinâmica.
Assim, o mínimo que se requer do programa é um estudo in loco para reconhecimento prévio dos
riscos ocupacionais existentes. O reconhecimento de riscos deve ser feito através de visitas aos
locais de trabalho para análise do(s) procedimento(s) produtivo(s), postos de trabalho, informações
sobre ocorrências de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, atas de CIPA, mapas de risco,
estudos bibliográficos, etc.
Através deste reconhecimento, deve ser estabelecido um conjunto de exames clínicos e
complementares específicos para a prevenção ou detecção precoce dos agravos à saúde dos
trabalhadores, para cada grupo de trabalhadores da empresa, deixando claro, ainda, os critérios que
deverão ser seguidos na interpretação dos resultados dos exames e as condutas que deverão ser
tomadas no caso da constatação de alterações.
Embora o Programa deva ter articulação com todas as Normas Regulamentadoras, a articulação
básica deve ser com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, previsto na Norma
Regulamentadora n.º 9 (NR 9).
Se o reconhecimento não detectar risco ocupacional específico, o controle médico poderá resumirse
a uma avaliação clínica global em todos os exames exigidos: admissional, periódico,
demissional, mudança de função e retorno ao trabalho.
O instrumental clínico epidemiológico, citado no item 7.2.2, refere-se à boa prática da Medicina do
Trabalho, pois além da abordagem clínica individual do trabalhador-paciente, as informações
geradas devem ser tratadas no coletivo, ou seja, com uma abordagem dos grupos homogêneos em
relação aos riscos detectados na análise do ambiente de trabalho, usando-se os instrumentos da
epidemiologia, como cálculo de taxas ou coeficientes para verificar se há locais de trabalho, setores,
atividades, funções, horários, ou grupos de trabalhadores, com mais agravos à saúde do que outros.
Caso algo seja detectado, através desse "olhar" coletivo, deve-se proceder a investigações
específicas, procurando-se a causa do fenômeno com vistas à prevenção do agravo.
O PCMSO pode ser alterado a qualquer momento, em seu todo ou em parte, sempre que o médico
detectar mudanças nos riscos ocupacionais decorrentes de alterações nos processos de trabalho,
novas descobertas da ciência médica em relação a efeitos de riscos existentes, mudança de critérios
de interpretação de exames ou ainda reavaliações do reconhecimento dos riscos.
O PCMSO não é um documento que deve ser homologado ou registrado nas Delegacias Regionais
do Trabalho, sendo que o mesmo deverá ficar arquivado no estabelecimento à disposição da
fiscalização.
7.3 Das Responsabilidades
7.3.1 Compete ao empregador:
a) garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua
eficácia;
b) custear, sem ônus para o empregado, todos os procedimentos relacionados ao PCMSO;
c) indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho - SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela execução
do PCMSO;
d) no caso da empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a
NR-4, deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa,
para reordenar o PCMSO;
e) inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de
outra especialidade para coordenar o PCMSO.
Nota:
O custeio do programa (incluindo avaliações clínicas e exames complementares) deve ser
totalmente assumido pelo empregador, e, quando necessário, deverá ser comprovado que não houve
nenhum repasse destes custos ao empregado.
O médico coordenador do Programa deve possuir, obrigatoriamente, especialização em Medicina
do Trabalho, isto é, aquele portador de certificado de conclusão de curso de especialização em
Medicina do Trabalho em nível de pós-graduação, ou portador de Certificado de Residência Médica
em área de concentração em saúde do trabalhador, ou denominação equivalente, reconhecida pela
Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação, ambos ministrados por
Universidade ou Faculdade que mantenha curso de Medicina, conforme item 4.4 da NR 4, com
redação da Portaria DSST n.º 11, de 17-9-90.
Os médicos do Trabalho registrados no Ministério do Trabalho até a data da publicação da Portaria
n.º 11, anteriormente citada, ou registrados no respectivo Conselho Profissional, têm seus direitos
assegurados para o exercício da Medicina do Trabalho, conforme art. 4º da mesma Portaria, e ainda
nos termos da Portaria SSMT n.º 25, de 27-6-89.
7.3.1.1 Ficam desobrigadas de indicar médico coordenador as empresas de grau de risco 1 e 2,
segundo o Quadro1 da NR 4, com até 25 (vinte e cinco) empregados e aquelas de grau de risco
3 e 4, segundo o Quadro I da NR 4, com até l0 (dez) empregados.
7.3.1.1.1 As empresas com mais de 25 (vinte e cinco) empregados e até 50 (cinqüenta)
empregados, enquadradas no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro 1 da NR 4, poderão
estar desobrigadas de indicar médico coordenador em decorrência de negociação coletiva.
7.3.1.1.2 As empresas com mais de 10 (dez) empregados e com até 20 (vinte) empregados,
enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo o Quadro 1 da NR 4, poderão estar
desobrigadas de indicar médico do trabalho coordenador em decorrência de negociação
coletiva, assistida por profissional do órgão regional competente em segurança e saúde no
trabalho.
7.3.1.1.3 Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, com base no parecer técnico
conclusivo da autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do
trabalhador, ou em decorrência de negociação coletiva, as empresas previstas no item 7.3.1.1 e
subitens anteriores poderão ter a obrigatoriedade de indicação de médico coordenador,
quando suas condições representarem potencial de risco grave aos trabalhadores.
Nota:
Entende-se por parecer técnico conclusivo da autoridade reg ional competente em matéria de
segurança e saúde do trabalhador, aquele emitido por agente de inspeção do trabalho da área de
segurança e saúde do trabalhador.
7.3.2 Compete ao médico coordenador:
realizar os exames médicos previstos no item 7.4.1, ou encarregar os mesmos a profissional
médico familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como
com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada
trabalhador da empresa a ser examinado;
encarregar dos exames complementares previstos nos itens, quadros e anexos desta NR,
profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e qualificados.
Nota:
O médico do trabalho coordenador pode elaborar e ser responsável pelo PCMSO de várias
empresas, filiais, unidades, frentes de trabalho, inclusive em várias Unidades da Federação. Por
outro lado, o profissional encarregado pelo médico-coordenador de realizar os exames médicos,
como pratica ato médico (exame médico) e assina ASO, deve estar registrado no CRM da Unidade
da Federação em que atua.
O "profissional médico familiarizado", que poderá ser encarregado pelo médico coordenador de
realizar os exames médicos ocupacionais, deverá ser um profissional da confiança deste, que
orientado pelo PCMSO, poderá realizar os exames satisfatoriamente.
Quando um médico coordenador encarregar outro médico de realizar os exames, recomenda-se que
esta delegação seja feita por escrito, e este documento fique arquivado no estabelecimento.
O médico do trabalho coordenador deverá ser indicado dentre os profissionais do SESMT da
empresa, se esta estiver obrigada a possuí-lo. Caso contrário (ausência de médico do trabalho no
SESMT) o médico do trabalho coordenador poderá ser autônomo ou filiado a qualquer entidade,
como SESI, SESC, cooperativas médicas, empresas prestadoras de serviços, sindicatos ou
associações, entre outras. Entretanto, é importante lembrar que o PCMSO estará sob a
responsabilidade técnica do médico, e não da entidade à qual o mesmo se encontra vinculado.
Inexistindo na localidade o profissional especializado (médico do trabalho), ou indisponibilidade do
mesmo, a empresa poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO.
Não há necessidade de registrar ou cadastrar o médico do trabalho coordenador do PCMSO, ou
empresa prestadora de serviço na Delegacia Regional do Trabalho.
Estrutura do PCMSO
Embora o Programa não possua um modelo a ser seguido, nem uma estrutura rígida, recomenda-se
que alguns aspectos mínimos sejam contemplados e constem do documento:
a) identificação da empresa: razão social, endereço, CGC, ramo de atividade de acordo com
Quadro 1 da NR 4 e seu respectivo grau de risco, número de trabalhadores e sua distribuição por
sexo, e ainda horários de trabalho e turnos;
b) definição, com base nas atividades e processos de trabalho verificados e auxiliado pelo PPRA e
mapeamento de risco, dos critérios e procedimentos a serem adotados nas avaliações clínicas;
c) programação anual dos exames clínicos e complementares específicos para os riscos detectados,
definindo-se explicitamente quais trabalhadores ou grupos de trabalhadores serão submetidos a
que exames e quando;
d) outras avaliações médicas especiais.
Além disso, também podem ser incluídas, opcionalmente, no PCMSO, ações preventivas para
doenças não ocupacionais, como: campanhas de vacinação, diabetes melitus, hipertensão arterial,
prevenção do câncer ginecológico, prevenção de DST/AIDS, prevenção e tratamento do alcoolismo,
entre outros.
O nível de complexidade do programa depende basicamente dos riscos existentes em cada empresa,
das exigências físicas e psíquicas das atividades desenvolvidas, e das características
biopsicofisiológicas de cada população trabalhadora. Assim, um Programa poderá se resumir à
simples realização de avaliações clínicas bienais para empregados na faixa etária dos 18 aos 45
anos, não submetidos a riscos ocupacionais específicos, de acordo com o estudo prévio da empresa.
Poderão ser enquadrados nessa categoria trabalhadores do comércio varejista, secretárias de
profissionais liberais, associações, entre outros.
Por outro lado, um PCMSO poderá ser muito complexo, contendo avaliações clínicas especiais,
exames toxicológicos com curta periodicidade, avaliações epidemiológicas, entre outras
providências.
As empresas desobrigadas de possuir médico coordenador deverão realizar as avaliações, por meio
de médico, que, para a efetivação das mesmas, deverá necessariamente conhecer o local de trabalho.
Sem essa análise do local de trabalho, será impossível uma avaliação adequada da saúde do
trabalhador.
Para essas empresas recomenda-se que o PCMSO contenha minimamente:
a) identificação da empresa: razão social, CGC, endereço, ramo de atividade, grau de risco,
número de trabalhadores distribuídos por sexo, horário de trabalho e turnos;
b) identificação dos riscos existentes;
c) plano anual de realização dos exames médicos, com programação das avaliações clínicas e
complementares específicas para os riscos detectados, definindo-se explicitamente quais os
trabalhadores ou grupos de trabalhadores serão submetidos a que exames e quando.
7.4 Do Desenvolvimento do PCMSO
7.4.1 O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos:
a) admissional;
b) periódicos;
c) do retorno ao trabalho;
d) de mudança de função;
e) demissional.
7.4.2 Os exames de que trata o item 7.4.1 compreendem:
a) avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental;
b) exames complementares, realizados de acordo com os termos especificados nesta NR, e
seus anexos.
7.4.2.1 Para os trabalhadores cujas atividades envolvem os riscos discriminados nos Quadros
I e II desta NR, os exames médicos complementares deverão ser executados e interpretados
com base nos critérios constantes dos referidos quadros e seus anexos. A periodicidade de
avaliação dos indicadores biológicos do Quadro I deverá ser, no mínimo, semestral, podendo
ser reduzida a critério do médico coordenador, ou por notificação do médico agente da
inspeção do trabalho, ou mediante negociação coletiva de trabalho.
7.4.2.2 Para os trabalhadores expostos a agentes químicos não constantes dos Quadros I e II,
outros indicadores biológicos poderão ser monitorizados, dependendo de estudo prévio dos
aspectos de validade toxicológica, analítica e de interpretação desses indicadores.
7.4.2.3 Outros exames complementares usados normalmente em patologia clínica para avaliar
o funcionamento de órgãos e sistemas orgânicos poderão ser realizados, a critério do médico
coordenador ou encarregado, ou por notificação do médico agente da inspeção do trabalho,
ou ainda decorrente de negociação coletiva de trabalho.
7.4.3 A avaliação clínica referida no item 7.4.2, alínea "a", como parte integrante dos exames
médicos constantes no item 7.4.1, deverá obedecer aos prazos e à periodicidade, conforme
previsto nos subitens abaixo relacionados:
7.4.3.1 no exame médico admissional, deverá ser realizada antes que o trabalhador assuma
suas atividades;
7.4.3.2 no exame médico periódico, de acordo com os intervalos mínimos de tempo abaixo
discriminados:
a) para trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem no
desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou ainda, para aqueles que
sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos:
a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado
pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou ainda, como resultado de negociação
coletiva de trabalho;
a.2) de acordo com a periodicidade especificada no Anexo 6 da NR 15, para os
trabalhadores expostos a condições hiperbáricas;
b) para os demais trabalhadores:
b.1) anual, quando menores de dezoito anos e maiores de quarenta e cinco anos de idade;
b.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre dezoito anos e quarenta e cinco anos de
idade;
7.4.3.3 no exame de retorno ao trabalho, deverá ser realizada obrigatoriamente no primeiro
dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 (trinta)
dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto.
7.4.3.4 no exame médico de mudança de função, será obrigatoriamente realizada antes da
data da mudança.
7.4.3.4.l Para fins desta NR, entende-se por mudança de função toda e qualquer alteração de
atividade, posto de trabalho ou de setor que implique na exposição do trabalhador a risco
diferente daqueles a que estava exposto antes da mudança.
Nota:
Com relação ao exame de mudança de função, este deverá ser realizado somente se ocorrer
alteração do risco a que o trabalhador ficará exposto. Poderá ocorrer troca de função na empresa
sem mudança de risco, e assim não haverá necessidade do referido exame.
7.4.3.5 No exame médico demissional, será obrigatoriamente realizada até a data da
homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de:
• 135 (cento e trinta e cinco) dias para as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro
1 da NR 4;
• 90 (noventa) dias para empresas de grau de risco 3 e 4 segundo o Quadro 1 da NR 4.
7.4.3.5.1 As empresas enquadradas no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro 1 da NR 4,
poderão ampliar o prazo de dispensa da realização do exame demissional em até mais 135
(cento e trinta e cinco) dias, em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional
indicado de comum acordo entre as partes ou por profissional do órgão regional competente
em segurança e saúde no trabalho.
7.4.3.5.2 As empresas enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo Quadro 1 da NR 4,
poderão ampliar o prazo de dispensa da realização do exame demissional em até mais 90
(noventa) dias, em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional indicado de
comum acordo entre as partes ou por profissional do órgão regional competente em
segurança e saúde no trabalho.
7.4.3.5.3 Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, com base em parecer técnico
conclusivo da autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do
trabalhador, ou em decorrência de negociação coletiva, as empresas poderão ser obrigadas a
realizar o exame médico demissional independentemente da época de realização de qualquer
outro exame, quando suas condições representarem potencial de risco grave aos
trabalhadores.
Nota:
O médico agente de inspeção do trabalho, com base na inspeção efetuada na empresa, poderá
notificá-la, com vistas a alteração do PCMSO, se considerar que há omissões que estejam
prejudicando ou poderão prejudicar os trabalhadores. Recomenda-se que, antes da notificação,
sempre que possível, o médico agente da inspeção do trabalho, discuta, tecnicamente, com o médico
que elaborou o PCMSO as razões que o levaram à definição dos critérios e procedimentos
apresentados.
Observando-se que um mesmo profissional ou empresa prestadora de serviço apresenta freqüentes
irregularidades na elaboração e implementação do PCMSO, recomenda-se o contato com os
responsáveis, para orientação adequada.
Exames Médicos
O exame médico demissional deverá ser realizado até a data de homologação da dispensa ou até o
desligamento definitivo do trabalhador, nas situações excluídas da obrigatoriedade de realização da
homologação. O referido exame será dispensado sempre que houver sido realizado qualquer outro
exame médico obrigatório em período inferior a 135 dias para empresas de graus de risco 1 e 2 e
inferior a 90 dias para empresas de grau de risco 3 e 4. Esses prazos poderão ser ampliados em até
mais 135 dias ou mais 90 dias, respectivamente, caso estabelecido em negociação coletiva, com
assistência de profissional indicado de comum acordo entre as partes ou da área de segurança e
saúde das DRT.
7.4.4 Para cada exame médico realizado, previsto no item 7.4.1, o médico emitirá o Atestado
de Saúde Ocupacional - ASO, em duas vias.
7.4.4.1 A primeira via do ASO ficará arquivada no local de trabalho do trabalhador, inclusive
frente de trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho.
7.4.4.2 A segunda via do ASO será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante
recibo da primeira via.
7.4.4.3 O ASO deverá conter no mínimo:
a) nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função;
b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do
empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e Saúde
no Trabalho - SSST;
c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo os
exames complementares e a data em que foram realizados;
d) o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM;
e) definição de apto ou inapto para a função especifica que o trabalhador vai exercer, exerce
ou exerceu;
f) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;
g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de
inscrição no CRM.
Nota:
Para Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) serve qualquer modelo ou formulário, desde que traga
as informações mínimas previstas na NR.
a) na identificação do trabalhador poderá ser usado o número da identidade, ou da carteira de
trabalho. A função poderá ser completada pelo setor em que o empregado trabalha;
b) devem constar do ASO os riscos passíveis de causar doenças, exclusivamente ocupacionais,
relacionadas com a atividade do trabalhador e em consonância com os exames complementares
de controle médico;
Entende-se risco(s) ocupacional(ais) específico(s) o(s) agravo(s) potencial(ais) à saúde a que o
empregado está exposto no seu setor/função. O(s) risco(s) é(são) o(s) detectado(s) na fase de
elaboração do PCMSO.
Exemplos:
• prensista em uma estamparia ruidosa: ruído;
• faxineiro de empresa que exerça a sua função em área ruidosa: ruído;
• fundidor de grades de baterias: chumbo;
• pintor que trabalha em área ruidosa de uma metalúrgica: ruído e solventes;
• digitadora de um setor de digitação: movimentos repetitivos;
• mecânico que manuseia óleos e graxas: óleos;
• forneiro de uma função: calor
• técnico de radiologia: radiação ionizante;
• operador de moinho de farelo de soja: ruído e poeira orgânica;
• auxiliar de escritório que não faz movimentos repetitivos: não há riscos ocupacionais
específicos;
• auxiliar de enfermagem em Hospital Geral: biológico;
• britador de pedra em uma pedreira: poeira mineral (ou poeira com alto teor de sílica livre
cristalina se quiser ser mais específico) e ruído;
• gerente de supermercado: não há riscos ocupacionais específicos;
• impressor que usa tolueno como solvente de tinta em uma gráfica ruidosa: solvente e ruído;
• supervisor da mesma gráfica que permanece em uma sala isolada da área de produção: não há
risco ocupacional específico;
• pintor a revólver que usa thinner como solvente: solvente.
Apesar de sua importância, não devem ser colocados riscos genéricos ou inespecíficos como stress
por exemplo, e nem riscos de acidentes (mecânicos), como por exemplo, risco de choque elétrico
para eletricista, risco de queda para trabalhadores em geral etc.
c) as indicações dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador são ligadas à
identificação do(s) risco(s) da alínea "b";
Exemplos
Ruído: audiometria;
Poeira mineral: radiografia do tórax;
Chumbo: plumbemia e ALA urinário;
Fumos de plásticos: espirometria;
Tolueno: ácido hipúrico e provas de função hepática e renal;
Radiação ionizante: hemograma.
Para vários agentes descritos na alínea "b", não há procedimentos médicos específicos.
Exemplos
Dermatoses por cimento: O exame clínico detecta ou não dermatose por cimento. Convém escrever
no PCMSO que o exame clínico deve ter atenção especial à pele, mas a alínea "c" do ASO fica em
branco.
Trabalho em altas temperaturas: O hipertenso não deve trabalhar exposto a temperaturas elevadas,
mas não há exames específicos a realizar.
L.E.R.: Não há exames complementares para detectar-se esta moléstia (é possível fazer ultra-som e
eletroneuromiografia em todos os indivíduos, o que seria complexo, invasivo e caríssimo, além de
ineficiente). O exame clínico é o mais indicado.
d) nome do médico coordenador, quando houver;
e) definição de apto ou inapto para a função;
f) nome do médico encarregado do exame, endereço ou forma de contato;
g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo o número de inscrição
no Conselho Regional de Medicina. Não é necessário carimbo. O nome do médico pode ser
datilografado ou impresso através de recursos de informática, o importante é que seja legível.
7.4.5 Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames
complementares, as conclusões e a s medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário
do médico coordenador do PCMSO.
7.4.5.1 Os registros a que se refere o item 7.4.5 deverão ser mantidos por período mínimo de
20 (vinte) anos após o desligamento do trabalhador.
7.4.5.2 Havendo substituição do médico a que se refere o item 7.4.5, os arquivos deverão ser
transferidos para o seu sucessor.
Nota:
Os prontuários médicos devem ser guardados por 20 anos, prazo este de prescrição das ações
pessoais (Código Civil Brasileiro - art. 177).
Do ponto de vista médico, grande parte das doenças ocupacionais têm tempo de latência entre a
exposição e o aparecimento da moléstia de muitos anos. Em alguns casos esse período é de cerca de
40 anos. Assim, a conservação dos registros é importante para se recuperar a história profissional do
trabalhador em caso de necessidade futura. Também para estudos epidemiológicos futuros é
importante a conservação desses registros.
A guarda dos prontuários médicos é da responsabilidade do coordenador. Por se tratar de
documento que contém informações confidenciais da saúde das pessoas, o seu arquivamento deve
ser feito de modo a garantir o sigilo das mesmas. Esse arquivo pode ser guardado no local em que o
médico coordenador considerar que os pré-requisitos acima estejam atendidos, podendo ser na
própria empresa, em seu consultório ou escritório, na entidade a que está vinculado etc.
O prontuário médico pode ser informatizado, desde que resguardado o sigilo médico, conforme
prescrito no código de ética médica.
O resultado dos exames complementares deve ser comunicado ao trabalhador e entregue ao mesmo
uma cópia, conforme prescrito no § 5º do art. 168 da CLT, e o inciso III da alínea "c" do item l.7 da
NR 01 (Disposições Gerais).
7.4.6 O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam p revistas as ações de
saúde a serem executadas durante o ano, devendo estas ser objeto de relatório anual.
7.4.6.1 O relatório anual deverá discriminar, por setores da empresa, o número e a natureza
dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de
resultados anormais, assim como o planejamento para o próximo ano, tomando como base o
modelo proposto no Quadro III desta NR.
7.4.6.2 O relatório anual deverá ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na
empresa, de acordo com a NR 5, sendo sua cópia anexada ao livro de atas daquela Comissão.
7.4.6.3 O relatório anual do PCMSO poderá ser armazenado na forma de arquivo
informatizado, desde que seja mantido de modo a proporcionar o imediato acesso por parte
do agente da inspeção do trabalho.
7.4.6.4 As empresas desobrigadas de indicarem médico coordenador ficam dispensadas de
elaborar o relatório anual.
Nota:
O relatório anual deverá ser feito após decorrido um ano da implantação do PCMSO, portanto
depende de quando o Programa foi efetivamente implantado na empresa. Ainda quanto ao relatório,
não há necessidade de envio, registro, ciência, ou qualquer tipo de procedimento junto às
Delegacias Regionais de Trabalho. O mesmo deverá ser apresentado e discutido na CIPA, e
mantido na empresa à disposição do agente de inspeção do trabalho. Esse relatório vai possibilitar
ao médico a elaboração de seu plano de trabalho para o próximo ano.
O modelo proposto no Quadro III é apenas uma sugestão, a qual contém o mínimo de informações
para uma análise do médico do trabalho coordenador no coletivo, ou seja, para o conjunto dos
trabalhadores. O relatório poderá ser feito em qualquer modelo, desde que contenha as informações
determinadas no item 7.4.6.1.
Nas empresas desobrigadas de manterem médico coordenador, recomenda-s e a elaboração de um
relatório anual contendo, minimamente: a relação dos exames com os respectivos tipos, datas de
realização e resultados (conforme o ASO).
7.4.7 Sendo verificada, através da avaliação clínica do trabalhador e/ou dos exames constantes
do Quadro I da presente NR, apenas exposição excessiva (EE ou SC +) ao risco, mesmo sem
qualquer sintomatologia ou sinal clínico, deverá o trabalhador ser afastado do local de
trabalho, ou do risco, até que esteja normalizado o indicador biológico de exposição e as
medidas de controle nos ambientes de trabalho tenham sido adotadas.
7.4.8 Sendo constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, através de
exames médicos que incluem os definidos nesta NR, ou sendo verificadas alterações que
revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos exames
constantes dos quadros I (apenas aqueles com interpretação SC) e II, e do item 7.4.2.3 da
presente NR, mesmo sem sintomatologia, caberá ao médico coordenador ou encarregado:
a) solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT;
b) indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da exposição ao risco, ou do
trabalho;
c) encaminhar o trabalhador à Previdência Social para estabelecimento de nexo causal,
avaliação de incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho;
d) orientar o empregador quanto à necessidade de adoção de medidas de controle no
ambiente de trabalho.
7.5 Dos primeiros socorros
7.5.1 Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à prestação de
primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida; manter esse
material guardado em local adequado, aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.
Quadro I
Nota:
O zinco e o tiocianato urinário foram retirados da norma anterior, basicamente porque os valores de
referência da normalidade eram muito diferentes daqueles definidos para Europa e USA, de onde
são originados. Poderão ser usados normalmente quando tivermos pesquisas que definam esses
valores para o nosso país.
Em relação ao monitoramento biológico da exposição a tetracloroetileno através da dosagem de
ácido tricloroacético urinário, o método analítico recomendável é a Espectroscopia UV/visível, mas
no nível proposto para o IBMP (3,5 mg/1), é mais indicado realizar a análise por Cromatografia
Gasosa ou mesmo HPLC.
Para controle do benzeno deve ser usado o Anexo à Instrução Normativa SSST n.º 2, de 20-12-95.
ZUHER HANDAR