MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE
Edifício sede da FUNASA
SAS quadra 04 bloco N sala 1000
70.058-902 Brasília-DF
Tel. 314-6404/6557
Relatório de Assessoria Técnica concedida à Coordenação Regional da Bahia (CORE- BA)
no Município de Feira de Santana – BA / 2003
Data da assessoria: 28 de novembro de 2003
Atendendo solicitação da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DIVEP)/Coordenação Regional
da Bahia (CORE-BA)/ Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a Coordenação Geral de
Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM) realizou assessoramento técnico ao município de
Feira de Santana – BA.
A assessoria técnica teve como objetivo verificar a existência de passivo ambiental proveniente
de inseticidas armazenados e manipulados no almoxarifado da antiga Superintendência de
Campanhas de Saúde Pública (ex-SUCAM), no local onde funciona atualmente o Setor
Administrativo da FUNASA (Setor de Saneamento - Pólo Base) no município de Feira de
Santana – BA.
A assessoria foi realizada no dia 28 de novembro de 2003, com a participação de dois técnicos
da CGVAM, uma técnica da Diretoria de Vigilância Sanitária do estado da Bahia (DIVISA-BA),
duas funcionárias da CORE-BA e uma funcionária da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de
Santana – BA.
Como metodologia de trabalho, foi feita uma reunião com os trabalhadores e posteriormente a
vistoria do local.
Atividades realizadas no passado e descrição do local
Foi relatado pelos trabalhadores sobre o funcionamento neste local de fábrica de pasta
Diclorodifeniltricloroetano (DDT) no período de 1968 a 1992, e que após esse período
produtos manipulados e armazenados foram enterrados naquela mesma área por falta
orientação e destinação adequada. Além disso, nesta mesma área, existiam tanques
combustível (gasolina) que apresentavam vazamentos e contaminação do terreno.
Foi possível elaborar o croqui do local (Fig. 1) onde funcionou a SUCAM, posteriormente a
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que incluía: área administrativa, depósito de
praguicidas e reagentes, fabrica formuladora de Diclorodifeniltricloroetano (DDT) e
de
os
de
de
Hexaclorobenzeno (BHC) entre 1968 e 1992, área de manipulação de produtos e lavagem de
bombas, lavagem de carros e troca de óleo, oficina mecânica e estacionamento.
De forma geral, no local eram depositados e manipulados os seguintes produtos: Folition,
Cianogas®, Pentaclorofenato de Sódio, Rodenticida 1080®, BHC (Produto Técnico e
Formulado), DDT (Produto Técnico e Formulado), Sumition Pó®, Sumition Líquido®,
Malation, Sevin®, Carbaril, Piriza, Abate®, Bayluscid®, Triton e Xilol. (informações
toxicológicas no anexo 1).
A fábrica formuladora funcionava ao lado dos depósitos de praguicidas e reagentes (Fig. 1). Os
princípios ativos de DDT e BHC eram misturados com os reagentes e posteriormente
fracionados e embalados em frascos de vidro que eram armazenados no depósito. Os produtos
formulados eram destinados para o controle de endemias nos estados da Bahia, Espírito Santo,
Sergipe, Pernambuco e, posteriormente para todo o Brasil, após o fechamento das outras duas
formuladoras que existiam no país.
As atividades de manipulação dos praguicidas para as campanhas de saúde pública eram
realizadas em área específica (Fig.1). Naquela área eram preparadas as caldas, carregadas as
bombas e fazia-se manutenção das mesmas. Do lado da área, a céu aberto, eram colocados
tambores contendo produtos, principalmente inseticidas (Folition e Malation). De acordo com o
relato dos trabalhadores, freqüentemente os produtos vazavam, existiam derrames, ou por efeito
das chuvas esses produtos eram levados para o terreno ao lado (Fig.1).
No elevatório de carros, além da troca de óleo, os carros que transportavam os produtos e
aqueles que eram utilizados para a aplicação eram também lavados. A água utilizada era
direcionada para um receptor de águas pluviais ligado à rede pública (Fig.1).
Em 1998, houve uma reforma no local para a construção do escritório do Pólo de Saneamento de
Feira de Santana da Coordenação Regional da Bahia – FUNASA (fig.2) e de um estacionamento
coberto com piso concretado (Fig. 2).
Descrição do local e atividades no presente
Após a construção realizada em 1998, houve redistribuição e algumas mudanças na utilização
das instalações (Fig. 2). Vale destacar as construções realizadas no terreno ao lado da área de
manipulação de praguicidas: as salas do escritório do Setor de Saneamento da Funasa -
CORE/BA, um galpão e estacionamento, com concretagem do terreno, além de duas salas que
encontram-se desocupadas, onde antigamente ficavam os tambores de inseticidas. Atualmente o
galpão e o estacionamento estão alocando sucata de carros e material de escritório.
O setor administrativo atualmente é ocupado pela Secretaria Municipal de Saúde. Na área de
depósito de praguicidas e reagentes, uma parte é o almoxarifado que guarda os inseticidas
(temefós e cipermetrina) e outros insumos utilizados nos programas de saúde pública. As salas
de deposito de reagentes e formulação, teoricamente estão fechadas e, segundo os trabalhadores,
não são realizadas atividades no local; porém durante a visita essas salas armazenavam sucata de
material de escritório. Também na entrada, encostadas na parede, estão empilhadas caixas
contendo mais de 1000 frascos de vidro de um litro, remanescentes da fábrica de formulação de
DDT e BHC.
A área de lavagem e troca de óleo de carros continua sendo utilizada e a água drena para o
sistema público de águas pluviais sem nenhum tratamento.
Segundo informações, quando chove ocorre o alagamento no galpão e estacionamento, a água
empossada é de cor amarela e espumosa. Também, as paredes das salas do escritório possuem
manchas amareladas nas paredes, provavelmente provenientes de infiltrações, que surgem do
solo em direção ao teto.
Geração e destino final dos resíduos e produtos obsoletos.
Segundo relatos dos trabalhadores em 1995 – 96, a Funasa encaminhou um total de 600
tambores de 200 L para incineração à Empresa Clariant de São Paulo. O conteúdo incluía
inseticidas obsoletos, solo, embalagens, frascos, maquinaria contaminada, entre outros.
Antes de 1995, subprodutos da fábrica formuladora, produtos com validade vencida, produtos
residuais das campanhas como: pentaclorofenato de sódio e Cianogás® eram enterrados no
terreno em frente onde funcionava a fábrica formuladora (Fig. 1).
Os resíduos de praguicidas contidos na água de lavagem das bombas e dos carros eram jogados
diretamente ao sistema público de águas pluviais.
Também existiam derrames e vazamento e/ou resíduos eram jogados no terreno de terra ao lado
da área de manipulação de praguicidas. Além disso, segundo os trabalhadores, em 1998 durante
a construção do galpão e salas, naquele terreno, foram encontrados sacos enterrados contendo
praguicidas.
Finalmente, as paredes e pisos da antiga fábrica formuladora não foram removidos e estão
impregnados, os funcionários referem cheiro dos produtos no local.
Grupos de população exposta e queixas referidas
No local trabalhavam 20 funcionários, atualmente atuam 14 (envolvidos em atividades de
saneamento básico) funcionários. Foi relatado que alguns foram para a Secretaria Municipal de
Saúde, outros se aposentaram ou morreram. Até 1984, praticamentez não existiam medidas de
segurança, só a partir de 1991 a Fundação Nacional de Saúde começou a implementar o
programa de saúde do trabalhador. Além do acompanhamento médico, incluíam-se as diretrizes
sobre uso de praguicidas e uso de equipamento de proteção individual.
Era freqüente, segundo os trabalhadores, as queixas do cheiro forte, mal-estar e dores de cabeça.
Estes sintomas são referidos atualmente, especialmente durante os dias quentes quando o cheiro
na área é forte, sobretudo na área da fábrica de formulação e no estacionamento concretado.
Finalmente, segundo os trabalhadores, na época que funcionava a fábrica formuladora, a
população residente no bairro se queixava do cheiro forte na área, mas aparentemente nunca
houve denúncia formal.
Considerações finais
Existe suspeita de que a área onde atualmente se encontram o estacionamento e as salas do setor
de Saneamento Básico do Pólo Base – Feira de Santana da CORE/BA estão sobre solo com
contaminação por praguicidas. Bem como as salas onde funcionava a fábrica formuladora de
DDT e BHC e o terreno em frente onde foram enterrados os subprodutos, produtos vencidos e/ou
residuais.
Os funcionários que estavam envolvidos nas atividades com praguicidas dos programas de saúde
pública e os trabalhadores da fábrica formuladora foram expostos a essas substâncias no passado.
Do ponto de vista toxicológico a exposição aos praguicidas formulados no local e os
armazenados e utilizados nas campanhas de saúde pública, além dos efeitos tóxicos agudos a
exposição a longo prazo, está relacionada com efeitos crônicos diversos que requerem ações de
vigilância à saúde das populações expostas.
Recomendações
1. Remoção dos funcionários do local até que diagnóstico mais detalhado sobre os níveis de
contaminantes do solo tenha sido feito (vide nº 4);
2. Na impossibilidade de retirada dos funcionários no local, recomenda-se trabalho de
informação e educação para os mesmos, no sentido de que não entrem em contato com o
solo, não bebam água de poço (se houver no local). Que a área da antiga fábrica formuladora
seja lacrada, evitando assim a entrada e circulação de pessoas no local;
3. Que o setor responsável pela saúde dos funcionários do Ministério da Saúde realize avaliação
e acompanhamento específico dos trabalhadores no local;
4. Que o Ministério da Saúde, em articulação com os órgãos ambientais, realize análise da
situação do local com identificação das áreas de contaminação, determinação dos níveis de
contaminação do almoxarifado, antiga fábrica formuladora e solo em frente, solo no
estacionamento e salas do setor de saneamento da Funasa; e ainda no lençol freático e águas
subterrâneas, para definição da remediação do local.
Herling Alonzo
Consultor Técnico da CGVAM
Juliana Villardi
Consultor Técnico da CGVAM
De Acordo,
Marta Helena Dantas
Coordenadora dos Subsistemas da CGVAM
Guilherme Franco Netto
Coordenador Geral da CGVAM
ANEXO 1
Informações toxicológicas sobre os produtos armazenados e manipulados
Entre os produtos manipulados e armazenados existiam reagentes químicos (xilol e triton) e
praguicidas que pertencem aos seguintes grupos:
1. Inseticidas inibidores da colinesterase: Organofosforados – Folition, Sumition Pó,
Sumition Líquido, Malation e Abate®. Carbamatos – Carbaril (Sevin®)
2. Organoclorados: DDT, BHC e pentaclorofenato de sódio
3. Derivados do piretro: Piriza (desalojante)
4. Rodenticidas monofluoroacetado de sódio (1080) e Cianogás – Cianeto – (rodenticida: peste
bubônica)
5. Molusquicida: Niclosamida (Bayluscide®).
Vale salientar que na atualidade, dos produtos que foram manipulados no local, são utilizados
nas ações de saúde pública, unicamente, o Abate® e o Bayluscide®.
1.
Inseticidas inibidores da colinesterase
Os compostos organofosforados e os carbamatos são largamente utilizados no controle e no
combate a pragas, principalmente como inseticidas (agrícola, saúde pública – doméstico e
veterinário) e como acaricidas, nematicidas, fungicidas e herbicidas, no controle de parasitas em
fruticultura, horticultura, cultura do algodão, cereais, sementes e plantas ornamentais.
1.1 Classificação e propriedades físico-químicas
Os inseticidas organofosforados são ésteres amido ou tiol-derivados dos ácidos fosfórico,
fosfônico, fosforotióico e fosfonotióico. São rapidamente hidrolisados, tanto no meio ambiente,
como nos meios biológicos, e altamente lipossolúveis, com alto coeficiente de partição
óleo/água.
O grupo dos carbamatos é formado por derivados do ácido N-metil-carbâmico e dos ácidos
tiocarbamatos e ditiocarbamatos. Estes últimos não são inibidores das colinesterases, portanto,
têm usos e toxicidade diferentes. Entre os derivados do ácido N-metil-carbâmico se incluem os
N-substituídos ou metil-carbamatos (carbaril); carbamatos fenil-substituídos (propoxur) e os
carbamatos cíclicos (carbofuran). São utilizados como inseticidas e nematicidas (agrícola e
doméstico).
2.2. Toxicocinética
Os praguicidas organofosforados e os carbamatos são absorvidos através da pele, pelo trato
respiratório e pelo trato gastrintestinal, e muitas vezes sua absorção é favorecida pelos solventes
presentes na formulação. Nas exposições que ocorrem durante os processos industriais de
fabricação, na formulação, na aplicação agropecuária ou no controle de vetores em saúde
pública, as principais vias de exposição são a respiratória e a cutânea. A absorção cutânea é
maior em temperaturas elevadas ou quando existem lesões na pele. Há diferentes taxas de
absorção entre os vários tipos de compostos, mas todos podem levar a quadros de intoxicação
caso os trabalhadores não estejam suficientemente protegidos.
Após absorvidos, os organofosforados e carbamatos e seus produtos de biotransformação são
rapidamente distribuídos por todos os tecidos. Não existem evidências de bioacumulação. Os
compostos sofrem biotransformação, principalmente no fígado, formando produtos menos
tóxicos e mais polares, que são eliminados facilmente do organismo.
A eliminação desses compostos ocorre principalmente através da urina e das fezes, sendo que 80
a 90% da dose absorvida é eliminada em 48 horas. Uma pequena proporção destas substâncias e
de suas formas ativas (oxons) é eliminada, sem modificação, na urina.
A meia-vida destes praguicidas, após administração única, varia de minutos a poucas horas,
dependendo do composto e da via de entrada.
1.3. Toxicodinâmica
Os organofosforados e os carbamatos exercem sua ação principalmente através da inibição
enzimática, o que determina a sua toxicidade. Dentre as enzimas, as esterases e, mais
especificamente, a acetilcolinesterase, são o principal alvo da toxicidade. A inibição da
acetilcolinesterase leva ao acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas, porque esta enzima
realiza a hidrólise da acetilcolina produzindo a colina e o ácido acético.
A acetilcolina é o mediador químico necessário para a transmissão do impulso nervoso em todas
as fibras pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, em todas as fibras parassimpáticas pós-
ganglionares e em algumas fibras simpáticas pós-ganglionares. Além disso, a acetilcolina é o
transmissor neuro-humoral do nervo motor do músculo estriado (placa mioneural) e de algumas
sinapses interneuronais no sistema nervoso central. A transmissão do impulso nervoso requer
que a acetilcolina seja liberada no espaço intersináptico ou entre a fibra nervosa e a célula
efetora. Depois, a acetilcolina se liga a um receptor colinérgico gerando desta forma um
potencial pós-sináptico e a propagação do impulso nervoso. A acetilcolina é imediatamente
liberada e hidrolisada pela acetilcolinesterase.
Os carbamatos reagem com e são hidrolisados pelas esterases. Existe inibição da enzima
acetilcolinesterase, mas a reativação é rápida e espontânea. Este processo ocorre primeiramente,
formando um complexo reversível carbamato-acetilcolinesterase, seguido da reação de
carbamilação irreversível da enzima, e, finalmente, a decarbamilação, por hidrólise, sendo
liberada a acetilcolinesterase original e o carbamato fica dividido e sem atividade
anticolinesterase.
Alguns praguicidas organofosforados podem levar ao desenvolvimento de uma neuropatia tardia,
independente da inibição da acetilcolinesterase. Trata-se da fosforilação de uma esterase
específica do tecido nervoso, denominada esterase neurotóxica (NeuroToxic Esterase - NTE).
Após esta fosforilação, há um segundo passo, que é a transformação do alvo fosforilado numa
forma envelhecida, resultado da liberação de um grupo ligado ao fósforo, sendo que um grupo
fosforil, com carga negativa, permanece unido à proteína.
A reação de envelhecimento é tempo-dependente e ocorre somente com os organofosforados dos
grupos dos fosfatos, dos fosfonatos e dos fosforamidatos. Outros compostos, inclusive alguns
carbamatos, não são capazes de realizar essa reação. A atividade fisiológica da NTE é
desconhecida e parece não ser vital para o neurônio. No homem, ela está presente no tecido
nervoso, no fígado, no tecido linfático, nos linfócitos e nas plaquetas.
A maioria dos organofosforados não são teratogênicos em animais, porém, alguns são associados
com baixo peso e/ou mortalidade neonatal elevada. Têm sido descritos casos de malformações
congênitas relacionadas com os organofosforados, mas os estudos não são conclusivos na
determinação da exposição a estes compostos.
A grande maioria dos organofosforados, freqüentemente utilizada, teoricamente não é
carcinogênica. Os seguintes compostos: malation, metil-paration, paration, tetraclorvinfos e
triclorfon foram considerados com poucas evidências de carcinogênese pela International
Agency of Research in Cancer (IARC).
1.4. Quadro clínico
Os sintomas podem aparecer em poucos minutos ou até 12 horas depois da exposição aguda. A
intensidade dos sintomas depende da toxicidade, da quantidade, da taxa de absorção, da taxa de
biotransformação e de exposições prévias a inibidores da colinesterase. O quadro clínico é
constituído por efeitos muscarínicos, nicotínicos e do sistema nervoso central. Estes efeitos são o
resultado do acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas decorrente do bloqueio da
acetilcolinesterase. Os sinais e sintomas incluem o sistema nevoso central e periférico, oculares,
cutâneos, sistemas cardiovascular, respiratório, digestivo, renal, endócrino, alterações
metabólicas e hidro-eletrolíticas.
A síndrome intermediária é caracterizada pelo aparecimento de fraqueza proximal (cabeça,
perscoço e tronco) e de paralisia, que ocorrem de 12 horas a 7 dias depois da exposição, logo
após a resolução dos sintomas colinérgicos e antes da aparição da polineuropatia tardia. A
síndrome foi descrita por exposição a compostos dimetil, como o fention, o dimetoato, o
monocrotofos, o diazinon (composto dietil), o triclorfon, o malation, o sumition e o metil
paration.
A polineuropatia tardia, sensitivo-motora, é uma complicação rara, mas sua incidência pode estar
sendo subestimada. A maioria dos casos foi registrada em adultos, embora tenha sido descrito o
caso de uma criança. Geralmente aparece de 6 a 21 dias depois da exposição por qualquer via,
envolvendo as extremidades inferiores e eventualmente as superiores. O quadro patológico é
típico de uma axonopatia distal com degeneração nervosa proximal progressiva. A recuperação
pode ser lenta (semanas a meses) e incompleta.
Entre os organofosforados que foram associados com a polineuropatia tardia nos humanos estão
os seguintes: chlorofos, clorpirifos, diclorvos, dipterex, EPN (fosfonotioato), fention, isofenfos,
leptofos, malation, mecarbam, merfos, metamidofos, mipafox, triclorofon, tricloronato, TOCP
(tri-orto-cresil fosfato). Entre os carbamatos: carbaryl e m-tolyl methyl carbamato.
Foram apontadas algumas seqüelas, meses depois da intoxicação aguda ou por exposições
repetidas, caracterizadas por cefaléia persistente, perda da memória, confusão, fadiga e testes
neuropsicológicos alterados.
2. Organoclorados
Os inseticidas organoclorados são estruturas cíclicas, com peso molecular entre 300 e 500, têm
limitada volatilidade e são estimulantes do sistema nervoso central. Foram amplamente
utilizados no mundo na agricultura, na silvicultura, na saúde pública – domestico. A partir da
década de 1970, a maioria deles foi proibida ou restringida em muitos países por apresentarem
bioacumulação, biomagnificação e persistência por várias décadas, e conseqüentes danos aos
seres vivos e ao ambiente em geral. Na atualidade, existe maior interesse pela interação dos
organoclorados com os receptores endócrinos (estrogênio e androgênio) observada in vitro e em
estudos com animais.
Os principais compostos podem ser agrupados nas seguintes categorias: 1.
Diclorodifeniltricloroetano (DDT) e análogos; 2. Hexaclociclohexano (lindano); 3. Ciclodienos
(aldrin, dieldrin, endrin, endosulfan, clordano, heptacloro e mirex); e 4. Toxafeno e compostos
relacionados. Estes compostos apresentam diferenças em relação à dose tóxica, à absorção
cutânea, à acumulação no tecido adiposo, ao metabolismo e à eliminação. No entanto, os sinais e
sintomas de toxicidade em humanos são similares.
2.1. Toxicocinética
Todos estes compostos podem ser absorvidos através da pele, do trato digestivo e do respiratório.
A absorção pode ser modificada pelo veículo (solventes), pela presença de gorduras e pelo
estado físico do praguicida.. A volatilidade destes compostos é limitada, mas partículas
suspensas no ar podem ser inaladas e/ou ingeridas e absorvidas.
Estes agentes são altamente lipossolúveis, sendo distribuídos e depositados no tecido adiposo. O
DDT, na sua forma inalterada ou na forma de DDE e ppDDE, deposita-se em todos os tecidos,
como: medula óssea, fígado, rins, coração, sistema nervoso central e, em maiores proporções, no
tecido adiposo. Alguns compostos podem permanecer acumulados no organismo
indefinidamente. Concentram-se no leite materno e no tecido fetal.
A maioria dos organoclorados são indutores das enzimas do sistema microssomal hepático,
interferindo em seu próprio metabolismo e no de outras substâncias químicas e medicamentos
que utilizam o mesmo sistema enzimático, acarretando efeitos às vezes deletérios para o
organismo.
A maioria dos organoclorados são declorinados, oxidados e posteriormente conjugados. A
principal via de eliminação é a biliar, porém quase todos tem produtos de biotransformação
quantificáveis na urina. O DDT, após a biotransformação para DDA, é eliminado na urina, e, nos
casos de ingestão de grandes quantidades, é excretado sem alterações nas fezes. Vale ressaltar
que muitos dos compostos não-biotransformados são reabsorvidos no intestino (circulação
enterohepática), retardando, portanto, a excreção nas fezes.
2.2. Toxicodinâmica
Os inseticidas organoclorados atuam alterando as propriedades eletrofisiológicas da membrana
dos neurônios e das enzimas relacionadas como a Na+-ATPase e K+-ATPase, modificando a
cinética do fluxo dos íons Na+ e K+. Além disso, promovem distúrbios no transporte do Ca ou
na atividade da Ca++, Mg++-ATPase. O DDT atua particularmente na membrana axonal,
prolongando a abertura dos canais de sódio. Os ciclodienos, o mirex e o lindano atuam nos
terminais pré-sinápticos. O lindano, o toxafeno e os ciclodienos promovem inibição do fluxo nos
canais de cloro regulados pelo ácido g-aminobutírico (GABA), presente no sistema nervoso
central.
2.3. Quadro clínico
Os inseticidas organoclorados induzem a um estado de hiperexcitalidade do sistema nervoso
central (SNC). A sintomatologia pode iniciar de 30 minutos a várias horas após a exposição. A
intensidade do quadro clínico dependerá da natureza do composto, da via e do grau da exposição
e do tipo de diluente utilizado na formulação.
A exposição a longo prazo ao DDT e análogos e os ciclodienos tem sido relacionada com
sintomas gerais inespecíficos, hematológicos, alterações neurológicas, comportamentais,
psiquiátricos, cutâneas, hepáticas e alterações na espermatogênese.
3. Piretrinas e piretróides
Este grupo de inseticidas sintéticos foi introduzido no mercado na década de 1970 e surgiu de
outra classe de praguicidas de origem botânica, o piretro - mistura de 6 ésteres (piretrinas I e II,
cinerinas I e II, e jasmolinas I e II) extraídos das flores de crisântemo-, após modificações feitas
para melhorar sua estabilidade no ambiente. Atualmente são utilizados na agricultura, na
pecuária, no domicílio, nas campanhas de saúde pública e no tratamento de ectoparasitoses.
3.1. Toxicocinética
Tanto as piretrinas como os piretróides são prontamente absorvidos por via oral e, em pequena
quantidade, por via dérmica. No homem, a biodisponibilidade cutânea dos piretróides é de 1%,
contra 36% na absorção gástrica. De modo geral, a taxa de absorção destes compostos é
aumentada pela presença dos solventes orgânicos presentes nas formulações comerciais.
Após a absorção, distribuem-se rapidamente no organismo. A alta lipossolubilidade e a presença
de uma glicoproteína transportadora favorecem a entrada dos piretróides no cérebro.
Estudos sobre biotransformação demonstraram que as piretrinas sofrem, principalmente, reações
de oxidação, e os piretróides, de hidrólise. Estas reações acontecem tanto no fígado como no
plasma e são seguidas por hidroxilação e conjugação com sulfatos ou com ácido glucorônico. A
presença de um grupo alfa-ciano nos piretróides tipo II diminui tanto a taxa de hidrólise quanto a
de oxidação.
A maioria dos produtos de biotransformação dos piretróides é rapidamente excretada pelos rins.
3.2. Toxicodinâmica
As piretrinas e os piretróides são tóxicos seletivos e potentes do canal de sódio. É reconhecida a
ação rápida das piretrinas e seus derivados, induzindo uma paralisia temporária (knockdown)
principalmente nos insetos voadores. Os piretróides prolongam a corrente de sódio durante o
potencial de ação. O tempo médio de abertura do canal de sódio fica aumentado, a amplitude e a
duração dos potenciais de ação são pouco afetadas, porém, há um fluxo de inativação anormal.
A interação com os canais de sódio não é o único mecanismo de ação proposto para os
piretróides. Outros mecanismos são: antagonismo ao ácido g-aminobutírico (GABA),
estimulação dos canais de cloro modulados pela proteína-kinase C, modulação da transmissão
colinérgica nicotínica, aumento da liberação de noradrenalina e ações no íon cálcio.
3.3. Quadro clínico
Os sinais e sintomas ocasionados por intoxicação aguda pelos vários tipos de piretrinas e
piretróides são bastante similares. O início dos sintomas depende da via e da dose. As
manifestações mais comuns na exposição dérmica são: eritema, vesículas, parestesias e sensação
de queimação, prurido nas áreas atingidas, principalmente a pele do rosto, do pescoço, do
antebraço e das mãos. Estes sintomas pioram com o suor ou água morna. Pessoas sensíveis
podem apresentar quadro de hipersensibilidade (cutânea e/ou respiratória) logo após adentrarem
locais onde foram feitas aplicações.
Nas intoxicações pela via digestiva geralmente ocorrem sintomas gastrintestinais, que se iniciam
num período de 10 a 60 minutos após a ingestão. Os sintomas sistêmicos mais importantes são:
sonolência, cefaléia, anorexia, fadiga e fraqueza. Alterações neurológicas são observadas nos
casos mais graves. Quadros de pneumonite podem advir da inalação e/ou aspiração dos solventes
orgânicos presentes na formulação.
Após a inalação, os achados clínicos mais comuns são sintomas de irritação da via respiratória
superior. As reações de hipersensibilidade podem afetar toda a via respiratória. A intensidade
geralmente é de leve a moderada, porém, podem existir quadros graves.
4. Raticidas
A variedade de compostos destinados para matar ratos e outros roedores é ampla, com grande
diferença na composição química e na toxicidade. Entre os que eram utilizados antigamente no
Brasil, encontramos o monofluoroacetato de sódio (composto 1080®) e o Cianeto
(Cianogás®). Ambos os produtos tiveram seu uso proscrito devido à alta toxicidade ou à baixa
especificidade, porém, ainda podem ser encontrados em fabricações ilegais, contrabando ou
estoques antigos.
4.1. O monofluoracetato de sódio é um sal estável e solúvel em água e estava presente em várias
marcas comerciais em proporções entre 0,3 e 0,5 %.
4.1.1. Toxicocinética
O composto é rapidamente absorvido no trato gastrintestinal. Durante a pulverização é absorvido
pela respiratória. A absorção cutânea ocorre quando existem lesões inflamatórias. Se distribui
em todo o organismo, principalmente no cérebro, rins, coração e fígado. A eliminação é pelos
rins porém de forma lenta porque existe reabsorção tubular.
4.1.2. Toxicodinâmica
O fluoracetato interfere na síntese dos citratos pela formação de fluoracetil-CoA em lugar de
acetil-CoA no ciclo do ácido tricarboxílico que posteriormente forma o fluorocitrato. Este
bloqueia a emzima aconitase, que cataliza a conversão o ácido cis-aconítico em cítrico e
isocítrico. Esta interferência no ciclo tricarboxílico interrompe o metabolismo dos piruvatos, que
resulta na redução da fosforilação oxidativa, principalmente, no coração e sistema nervoso.
4.1.3. Quadro clínico
Os sintomas aparecem alguns minutos até duas horas após a ingestão. Inicialmente sintomas
gastrintestinais seguidos de alterações neurológicas graves e finalmente alterações
cardiovasclares. Muitas vezes com parada cardíaca e morte.
4.2. Cianeto (Cianogás®)
O cianeto, na forma de cianeto de cálcio formulado com matérias inertes em proporções de 46 e
48%, foi conhecido como Cianogás. Em contato com água libera ácido cianídrico, com odor
característico de amêndoas.
4.2.1. Toxicocinética
A absorção do cianeto é rápida, especialmente por inalação, porque o ácido cianídrico atravessa
facilmente a membrana alveolar por seu baixo peso molecular e pouca ionização, provocando os
sintomas e a morte em segundos ou minutos. A meia-vida no organismo é curta,
aproximadamente uma hora. É biotransformado no organismo pela enzima rodonase, conversão
em cianocobalamina, união com a cisteína e eliminação direta pela pulmão. A principal via de
eliminação é pela urina, na forma de tiocianato. Também por vias menores como o pulmão,
união com a cisteína e hidroxicobalamina.
4.2.2. Toxicodinâmica
É caracterizada pela lesão bioquímica por inibição de múltiplas enzimas que resulta em asfixia
por inutilização do oxigênio. O cianeto tem especial afinidade pelo ferro férrico da citocromo-
oxidase, formando o complexo citocromo-oxidase-cianeto que pára o transporte de elétrons,
impede a formação de ATP e bloqueia a utilização do oxigênio pelas células. A trasnsformação
do piruvato no ciclo de Krebs é inibida e resulta na hiperprodução de lactato e acidose
metabólica.
4.1.3. Quadro clínico
Os sintomas são imediatos dependendo da concentração inalada ou ingerida. Em altas
concentrações a morte é imediata, segundos ou minutos, por falência cardio-circulatória severa.
Não existem sinais e sintomas patognomonicos da intoxicação por cianeto, os mais freqüentes
são sangue venosa vermelha, insuficiência respiratória, inicialmente, sem cianose e acidose
metabólica grave, respiração irregular, convulsões, coma e morte em 10 minutos a 3 ou 4 horas.
5. Molusquicida (Niclosamida)
A niclosamide além da base livre é comercializada também na forma de sal de etanolamina, sal
de piperazina e monoidratada. É amplamente utilizada como molusquicida no controle de
caramujos, no Brasil o da esquistossomose. Também no controle de parasitoses (trematódeos)
em humanos e animais.
A niclosamida tem pouca absorção gastrintestinal. Estudos experimentais com humanos, alguns
apresentaram eritema transitório quando aplicado no antebraço dos voluntários. Não foi
observada fotosensibilização. Em trabalhadores alérgicos à niclosamida foi observado erupção
cut6anea, bolhas e prurido, principalmente nos dedos das mãos.
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SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE
Edifício sede da FUNASA
SAS quadra 04 bloco N sala 1000
70.058-902 Brasília-DF
Tel. 314-6404/6557
Relatório de Assessoria Técnica concedida à Coordenação Regional da Bahia (CORE- BA)
no Município de Feira de Santana – BA / 2003
Data da assessoria: 28 de novembro de 2003
Atendendo solicitação da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DIVEP)/Coordenação Regional
da Bahia (CORE-BA)/ Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a Coordenação Geral de
Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM) realizou assessoramento técnico ao município de
Feira de Santana – BA.
A assessoria técnica teve como objetivo verificar a existência de passivo ambiental proveniente
de inseticidas armazenados e manipulados no almoxarifado da antiga Superintendência de
Campanhas de Saúde Pública (ex-SUCAM), no local onde funciona atualmente o Setor
Administrativo da FUNASA (Setor de Saneamento - Pólo Base) no município de Feira de
Santana – BA.
A assessoria foi realizada no dia 28 de novembro de 2003, com a participação de dois técnicos
da CGVAM, uma técnica da Diretoria de Vigilância Sanitária do estado da Bahia (DIVISA-BA),
duas funcionárias da CORE-BA e uma funcionária da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de
Santana – BA.
Como metodologia de trabalho, foi feita uma reunião com os trabalhadores e posteriormente a
vistoria do local.
Atividades realizadas no passado e descrição do local
Foi relatado pelos trabalhadores sobre o funcionamento neste local de fábrica de pasta
Diclorodifeniltricloroetano (DDT) no período de 1968 a 1992, e que após esse período
produtos manipulados e armazenados foram enterrados naquela mesma área por falta
orientação e destinação adequada. Além disso, nesta mesma área, existiam tanques
combustível (gasolina) que apresentavam vazamentos e contaminação do terreno.
Foi possível elaborar o croqui do local (Fig. 1) onde funcionou a SUCAM, posteriormente a
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que incluía: área administrativa, depósito de
praguicidas e reagentes, fabrica formuladora de Diclorodifeniltricloroetano (DDT) e
de
os
de
de
Hexaclorobenzeno (BHC) entre 1968 e 1992, área de manipulação de produtos e lavagem de
bombas, lavagem de carros e troca de óleo, oficina mecânica e estacionamento.
De forma geral, no local eram depositados e manipulados os seguintes produtos: Folition,
Cianogas®, Pentaclorofenato de Sódio, Rodenticida 1080®, BHC (Produto Técnico e
Formulado), DDT (Produto Técnico e Formulado), Sumition Pó®, Sumition Líquido®,
Malation, Sevin®, Carbaril, Piriza, Abate®, Bayluscid®, Triton e Xilol. (informações
toxicológicas no anexo 1).
A fábrica formuladora funcionava ao lado dos depósitos de praguicidas e reagentes (Fig. 1). Os
princípios ativos de DDT e BHC eram misturados com os reagentes e posteriormente
fracionados e embalados em frascos de vidro que eram armazenados no depósito. Os produtos
formulados eram destinados para o controle de endemias nos estados da Bahia, Espírito Santo,
Sergipe, Pernambuco e, posteriormente para todo o Brasil, após o fechamento das outras duas
formuladoras que existiam no país.
As atividades de manipulação dos praguicidas para as campanhas de saúde pública eram
realizadas em área específica (Fig.1). Naquela área eram preparadas as caldas, carregadas as
bombas e fazia-se manutenção das mesmas. Do lado da área, a céu aberto, eram colocados
tambores contendo produtos, principalmente inseticidas (Folition e Malation). De acordo com o
relato dos trabalhadores, freqüentemente os produtos vazavam, existiam derrames, ou por efeito
das chuvas esses produtos eram levados para o terreno ao lado (Fig.1).
No elevatório de carros, além da troca de óleo, os carros que transportavam os produtos e
aqueles que eram utilizados para a aplicação eram também lavados. A água utilizada era
direcionada para um receptor de águas pluviais ligado à rede pública (Fig.1).
Em 1998, houve uma reforma no local para a construção do escritório do Pólo de Saneamento de
Feira de Santana da Coordenação Regional da Bahia – FUNASA (fig.2) e de um estacionamento
coberto com piso concretado (Fig. 2).
Descrição do local e atividades no presente
Após a construção realizada em 1998, houve redistribuição e algumas mudanças na utilização
das instalações (Fig. 2). Vale destacar as construções realizadas no terreno ao lado da área de
manipulação de praguicidas: as salas do escritório do Setor de Saneamento da Funasa -
CORE/BA, um galpão e estacionamento, com concretagem do terreno, além de duas salas que
encontram-se desocupadas, onde antigamente ficavam os tambores de inseticidas. Atualmente o
galpão e o estacionamento estão alocando sucata de carros e material de escritório.
O setor administrativo atualmente é ocupado pela Secretaria Municipal de Saúde. Na área de
depósito de praguicidas e reagentes, uma parte é o almoxarifado que guarda os inseticidas
(temefós e cipermetrina) e outros insumos utilizados nos programas de saúde pública. As salas
de deposito de reagentes e formulação, teoricamente estão fechadas e, segundo os trabalhadores,
não são realizadas atividades no local; porém durante a visita essas salas armazenavam sucata de
material de escritório. Também na entrada, encostadas na parede, estão empilhadas caixas
contendo mais de 1000 frascos de vidro de um litro, remanescentes da fábrica de formulação de
DDT e BHC.
A área de lavagem e troca de óleo de carros continua sendo utilizada e a água drena para o
sistema público de águas pluviais sem nenhum tratamento.
Segundo informações, quando chove ocorre o alagamento no galpão e estacionamento, a água
empossada é de cor amarela e espumosa. Também, as paredes das salas do escritório possuem
manchas amareladas nas paredes, provavelmente provenientes de infiltrações, que surgem do
solo em direção ao teto.
Geração e destino final dos resíduos e produtos obsoletos.
Segundo relatos dos trabalhadores em 1995 – 96, a Funasa encaminhou um total de 600
tambores de 200 L para incineração à Empresa Clariant de São Paulo. O conteúdo incluía
inseticidas obsoletos, solo, embalagens, frascos, maquinaria contaminada, entre outros.
Antes de 1995, subprodutos da fábrica formuladora, produtos com validade vencida, produtos
residuais das campanhas como: pentaclorofenato de sódio e Cianogás® eram enterrados no
terreno em frente onde funcionava a fábrica formuladora (Fig. 1).
Os resíduos de praguicidas contidos na água de lavagem das bombas e dos carros eram jogados
diretamente ao sistema público de águas pluviais.
Também existiam derrames e vazamento e/ou resíduos eram jogados no terreno de terra ao lado
da área de manipulação de praguicidas. Além disso, segundo os trabalhadores, em 1998 durante
a construção do galpão e salas, naquele terreno, foram encontrados sacos enterrados contendo
praguicidas.
Finalmente, as paredes e pisos da antiga fábrica formuladora não foram removidos e estão
impregnados, os funcionários referem cheiro dos produtos no local.
Grupos de população exposta e queixas referidas
No local trabalhavam 20 funcionários, atualmente atuam 14 (envolvidos em atividades de
saneamento básico) funcionários. Foi relatado que alguns foram para a Secretaria Municipal de
Saúde, outros se aposentaram ou morreram. Até 1984, praticamentez não existiam medidas de
segurança, só a partir de 1991 a Fundação Nacional de Saúde começou a implementar o
programa de saúde do trabalhador. Além do acompanhamento médico, incluíam-se as diretrizes
sobre uso de praguicidas e uso de equipamento de proteção individual.
Era freqüente, segundo os trabalhadores, as queixas do cheiro forte, mal-estar e dores de cabeça.
Estes sintomas são referidos atualmente, especialmente durante os dias quentes quando o cheiro
na área é forte, sobretudo na área da fábrica de formulação e no estacionamento concretado.
Finalmente, segundo os trabalhadores, na época que funcionava a fábrica formuladora, a
população residente no bairro se queixava do cheiro forte na área, mas aparentemente nunca
houve denúncia formal.
Considerações finais
Existe suspeita de que a área onde atualmente se encontram o estacionamento e as salas do setor
de Saneamento Básico do Pólo Base – Feira de Santana da CORE/BA estão sobre solo com
contaminação por praguicidas. Bem como as salas onde funcionava a fábrica formuladora de
DDT e BHC e o terreno em frente onde foram enterrados os subprodutos, produtos vencidos e/ou
residuais.
Os funcionários que estavam envolvidos nas atividades com praguicidas dos programas de saúde
pública e os trabalhadores da fábrica formuladora foram expostos a essas substâncias no passado.
Do ponto de vista toxicológico a exposição aos praguicidas formulados no local e os
armazenados e utilizados nas campanhas de saúde pública, além dos efeitos tóxicos agudos a
exposição a longo prazo, está relacionada com efeitos crônicos diversos que requerem ações de
vigilância à saúde das populações expostas.
Recomendações
1. Remoção dos funcionários do local até que diagnóstico mais detalhado sobre os níveis de
contaminantes do solo tenha sido feito (vide nº 4);
2. Na impossibilidade de retirada dos funcionários no local, recomenda-se trabalho de
informação e educação para os mesmos, no sentido de que não entrem em contato com o
solo, não bebam água de poço (se houver no local). Que a área da antiga fábrica formuladora
seja lacrada, evitando assim a entrada e circulação de pessoas no local;
3. Que o setor responsável pela saúde dos funcionários do Ministério da Saúde realize avaliação
e acompanhamento específico dos trabalhadores no local;
4. Que o Ministério da Saúde, em articulação com os órgãos ambientais, realize análise da
situação do local com identificação das áreas de contaminação, determinação dos níveis de
contaminação do almoxarifado, antiga fábrica formuladora e solo em frente, solo no
estacionamento e salas do setor de saneamento da Funasa; e ainda no lençol freático e águas
subterrâneas, para definição da remediação do local.
Herling Alonzo
Consultor Técnico da CGVAM
Juliana Villardi
Consultor Técnico da CGVAM
De Acordo,
Marta Helena Dantas
Coordenadora dos Subsistemas da CGVAM
Guilherme Franco Netto
Coordenador Geral da CGVAM
ANEXO 1
Informações toxicológicas sobre os produtos armazenados e manipulados
Entre os produtos manipulados e armazenados existiam reagentes químicos (xilol e triton) e
praguicidas que pertencem aos seguintes grupos:
1. Inseticidas inibidores da colinesterase: Organofosforados – Folition, Sumition Pó,
Sumition Líquido, Malation e Abate®. Carbamatos – Carbaril (Sevin®)
2. Organoclorados: DDT, BHC e pentaclorofenato de sódio
3. Derivados do piretro: Piriza (desalojante)
4. Rodenticidas monofluoroacetado de sódio (1080) e Cianogás – Cianeto – (rodenticida: peste
bubônica)
5. Molusquicida: Niclosamida (Bayluscide®).
Vale salientar que na atualidade, dos produtos que foram manipulados no local, são utilizados
nas ações de saúde pública, unicamente, o Abate® e o Bayluscide®.
1.
Inseticidas inibidores da colinesterase
Os compostos organofosforados e os carbamatos são largamente utilizados no controle e no
combate a pragas, principalmente como inseticidas (agrícola, saúde pública – doméstico e
veterinário) e como acaricidas, nematicidas, fungicidas e herbicidas, no controle de parasitas em
fruticultura, horticultura, cultura do algodão, cereais, sementes e plantas ornamentais.
1.1 Classificação e propriedades físico-químicas
Os inseticidas organofosforados são ésteres amido ou tiol-derivados dos ácidos fosfórico,
fosfônico, fosforotióico e fosfonotióico. São rapidamente hidrolisados, tanto no meio ambiente,
como nos meios biológicos, e altamente lipossolúveis, com alto coeficiente de partição
óleo/água.
O grupo dos carbamatos é formado por derivados do ácido N-metil-carbâmico e dos ácidos
tiocarbamatos e ditiocarbamatos. Estes últimos não são inibidores das colinesterases, portanto,
têm usos e toxicidade diferentes. Entre os derivados do ácido N-metil-carbâmico se incluem os
N-substituídos ou metil-carbamatos (carbaril); carbamatos fenil-substituídos (propoxur) e os
carbamatos cíclicos (carbofuran). São utilizados como inseticidas e nematicidas (agrícola e
doméstico).
2.2. Toxicocinética
Os praguicidas organofosforados e os carbamatos são absorvidos através da pele, pelo trato
respiratório e pelo trato gastrintestinal, e muitas vezes sua absorção é favorecida pelos solventes
presentes na formulação. Nas exposições que ocorrem durante os processos industriais de
fabricação, na formulação, na aplicação agropecuária ou no controle de vetores em saúde
pública, as principais vias de exposição são a respiratória e a cutânea. A absorção cutânea é
maior em temperaturas elevadas ou quando existem lesões na pele. Há diferentes taxas de
absorção entre os vários tipos de compostos, mas todos podem levar a quadros de intoxicação
caso os trabalhadores não estejam suficientemente protegidos.
Após absorvidos, os organofosforados e carbamatos e seus produtos de biotransformação são
rapidamente distribuídos por todos os tecidos. Não existem evidências de bioacumulação. Os
compostos sofrem biotransformação, principalmente no fígado, formando produtos menos
tóxicos e mais polares, que são eliminados facilmente do organismo.
A eliminação desses compostos ocorre principalmente através da urina e das fezes, sendo que 80
a 90% da dose absorvida é eliminada em 48 horas. Uma pequena proporção destas substâncias e
de suas formas ativas (oxons) é eliminada, sem modificação, na urina.
A meia-vida destes praguicidas, após administração única, varia de minutos a poucas horas,
dependendo do composto e da via de entrada.
1.3. Toxicodinâmica
Os organofosforados e os carbamatos exercem sua ação principalmente através da inibição
enzimática, o que determina a sua toxicidade. Dentre as enzimas, as esterases e, mais
especificamente, a acetilcolinesterase, são o principal alvo da toxicidade. A inibição da
acetilcolinesterase leva ao acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas, porque esta enzima
realiza a hidrólise da acetilcolina produzindo a colina e o ácido acético.
A acetilcolina é o mediador químico necessário para a transmissão do impulso nervoso em todas
as fibras pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, em todas as fibras parassimpáticas pós-
ganglionares e em algumas fibras simpáticas pós-ganglionares. Além disso, a acetilcolina é o
transmissor neuro-humoral do nervo motor do músculo estriado (placa mioneural) e de algumas
sinapses interneuronais no sistema nervoso central. A transmissão do impulso nervoso requer
que a acetilcolina seja liberada no espaço intersináptico ou entre a fibra nervosa e a célula
efetora. Depois, a acetilcolina se liga a um receptor colinérgico gerando desta forma um
potencial pós-sináptico e a propagação do impulso nervoso. A acetilcolina é imediatamente
liberada e hidrolisada pela acetilcolinesterase.
Os carbamatos reagem com e são hidrolisados pelas esterases. Existe inibição da enzima
acetilcolinesterase, mas a reativação é rápida e espontânea. Este processo ocorre primeiramente,
formando um complexo reversível carbamato-acetilcolinesterase, seguido da reação de
carbamilação irreversível da enzima, e, finalmente, a decarbamilação, por hidrólise, sendo
liberada a acetilcolinesterase original e o carbamato fica dividido e sem atividade
anticolinesterase.
Alguns praguicidas organofosforados podem levar ao desenvolvimento de uma neuropatia tardia,
independente da inibição da acetilcolinesterase. Trata-se da fosforilação de uma esterase
específica do tecido nervoso, denominada esterase neurotóxica (NeuroToxic Esterase - NTE).
Após esta fosforilação, há um segundo passo, que é a transformação do alvo fosforilado numa
forma envelhecida, resultado da liberação de um grupo ligado ao fósforo, sendo que um grupo
fosforil, com carga negativa, permanece unido à proteína.
A reação de envelhecimento é tempo-dependente e ocorre somente com os organofosforados dos
grupos dos fosfatos, dos fosfonatos e dos fosforamidatos. Outros compostos, inclusive alguns
carbamatos, não são capazes de realizar essa reação. A atividade fisiológica da NTE é
desconhecida e parece não ser vital para o neurônio. No homem, ela está presente no tecido
nervoso, no fígado, no tecido linfático, nos linfócitos e nas plaquetas.
A maioria dos organofosforados não são teratogênicos em animais, porém, alguns são associados
com baixo peso e/ou mortalidade neonatal elevada. Têm sido descritos casos de malformações
congênitas relacionadas com os organofosforados, mas os estudos não são conclusivos na
determinação da exposição a estes compostos.
A grande maioria dos organofosforados, freqüentemente utilizada, teoricamente não é
carcinogênica. Os seguintes compostos: malation, metil-paration, paration, tetraclorvinfos e
triclorfon foram considerados com poucas evidências de carcinogênese pela International
Agency of Research in Cancer (IARC).
1.4. Quadro clínico
Os sintomas podem aparecer em poucos minutos ou até 12 horas depois da exposição aguda. A
intensidade dos sintomas depende da toxicidade, da quantidade, da taxa de absorção, da taxa de
biotransformação e de exposições prévias a inibidores da colinesterase. O quadro clínico é
constituído por efeitos muscarínicos, nicotínicos e do sistema nervoso central. Estes efeitos são o
resultado do acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas decorrente do bloqueio da
acetilcolinesterase. Os sinais e sintomas incluem o sistema nevoso central e periférico, oculares,
cutâneos, sistemas cardiovascular, respiratório, digestivo, renal, endócrino, alterações
metabólicas e hidro-eletrolíticas.
A síndrome intermediária é caracterizada pelo aparecimento de fraqueza proximal (cabeça,
perscoço e tronco) e de paralisia, que ocorrem de 12 horas a 7 dias depois da exposição, logo
após a resolução dos sintomas colinérgicos e antes da aparição da polineuropatia tardia. A
síndrome foi descrita por exposição a compostos dimetil, como o fention, o dimetoato, o
monocrotofos, o diazinon (composto dietil), o triclorfon, o malation, o sumition e o metil
paration.
A polineuropatia tardia, sensitivo-motora, é uma complicação rara, mas sua incidência pode estar
sendo subestimada. A maioria dos casos foi registrada em adultos, embora tenha sido descrito o
caso de uma criança. Geralmente aparece de 6 a 21 dias depois da exposição por qualquer via,
envolvendo as extremidades inferiores e eventualmente as superiores. O quadro patológico é
típico de uma axonopatia distal com degeneração nervosa proximal progressiva. A recuperação
pode ser lenta (semanas a meses) e incompleta.
Entre os organofosforados que foram associados com a polineuropatia tardia nos humanos estão
os seguintes: chlorofos, clorpirifos, diclorvos, dipterex, EPN (fosfonotioato), fention, isofenfos,
leptofos, malation, mecarbam, merfos, metamidofos, mipafox, triclorofon, tricloronato, TOCP
(tri-orto-cresil fosfato). Entre os carbamatos: carbaryl e m-tolyl methyl carbamato.
Foram apontadas algumas seqüelas, meses depois da intoxicação aguda ou por exposições
repetidas, caracterizadas por cefaléia persistente, perda da memória, confusão, fadiga e testes
neuropsicológicos alterados.
2. Organoclorados
Os inseticidas organoclorados são estruturas cíclicas, com peso molecular entre 300 e 500, têm
limitada volatilidade e são estimulantes do sistema nervoso central. Foram amplamente
utilizados no mundo na agricultura, na silvicultura, na saúde pública – domestico. A partir da
década de 1970, a maioria deles foi proibida ou restringida em muitos países por apresentarem
bioacumulação, biomagnificação e persistência por várias décadas, e conseqüentes danos aos
seres vivos e ao ambiente em geral. Na atualidade, existe maior interesse pela interação dos
organoclorados com os receptores endócrinos (estrogênio e androgênio) observada in vitro e em
estudos com animais.
Os principais compostos podem ser agrupados nas seguintes categorias: 1.
Diclorodifeniltricloroetano (DDT) e análogos; 2. Hexaclociclohexano (lindano); 3. Ciclodienos
(aldrin, dieldrin, endrin, endosulfan, clordano, heptacloro e mirex); e 4. Toxafeno e compostos
relacionados. Estes compostos apresentam diferenças em relação à dose tóxica, à absorção
cutânea, à acumulação no tecido adiposo, ao metabolismo e à eliminação. No entanto, os sinais e
sintomas de toxicidade em humanos são similares.
2.1. Toxicocinética
Todos estes compostos podem ser absorvidos através da pele, do trato digestivo e do respiratório.
A absorção pode ser modificada pelo veículo (solventes), pela presença de gorduras e pelo
estado físico do praguicida.. A volatilidade destes compostos é limitada, mas partículas
suspensas no ar podem ser inaladas e/ou ingeridas e absorvidas.
Estes agentes são altamente lipossolúveis, sendo distribuídos e depositados no tecido adiposo. O
DDT, na sua forma inalterada ou na forma de DDE e ppDDE, deposita-se em todos os tecidos,
como: medula óssea, fígado, rins, coração, sistema nervoso central e, em maiores proporções, no
tecido adiposo. Alguns compostos podem permanecer acumulados no organismo
indefinidamente. Concentram-se no leite materno e no tecido fetal.
A maioria dos organoclorados são indutores das enzimas do sistema microssomal hepático,
interferindo em seu próprio metabolismo e no de outras substâncias químicas e medicamentos
que utilizam o mesmo sistema enzimático, acarretando efeitos às vezes deletérios para o
organismo.
A maioria dos organoclorados são declorinados, oxidados e posteriormente conjugados. A
principal via de eliminação é a biliar, porém quase todos tem produtos de biotransformação
quantificáveis na urina. O DDT, após a biotransformação para DDA, é eliminado na urina, e, nos
casos de ingestão de grandes quantidades, é excretado sem alterações nas fezes. Vale ressaltar
que muitos dos compostos não-biotransformados são reabsorvidos no intestino (circulação
enterohepática), retardando, portanto, a excreção nas fezes.
2.2. Toxicodinâmica
Os inseticidas organoclorados atuam alterando as propriedades eletrofisiológicas da membrana
dos neurônios e das enzimas relacionadas como a Na+-ATPase e K+-ATPase, modificando a
cinética do fluxo dos íons Na+ e K+. Além disso, promovem distúrbios no transporte do Ca ou
na atividade da Ca++, Mg++-ATPase. O DDT atua particularmente na membrana axonal,
prolongando a abertura dos canais de sódio. Os ciclodienos, o mirex e o lindano atuam nos
terminais pré-sinápticos. O lindano, o toxafeno e os ciclodienos promovem inibição do fluxo nos
canais de cloro regulados pelo ácido g-aminobutírico (GABA), presente no sistema nervoso
central.
2.3. Quadro clínico
Os inseticidas organoclorados induzem a um estado de hiperexcitalidade do sistema nervoso
central (SNC). A sintomatologia pode iniciar de 30 minutos a várias horas após a exposição. A
intensidade do quadro clínico dependerá da natureza do composto, da via e do grau da exposição
e do tipo de diluente utilizado na formulação.
A exposição a longo prazo ao DDT e análogos e os ciclodienos tem sido relacionada com
sintomas gerais inespecíficos, hematológicos, alterações neurológicas, comportamentais,
psiquiátricos, cutâneas, hepáticas e alterações na espermatogênese.
3. Piretrinas e piretróides
Este grupo de inseticidas sintéticos foi introduzido no mercado na década de 1970 e surgiu de
outra classe de praguicidas de origem botânica, o piretro - mistura de 6 ésteres (piretrinas I e II,
cinerinas I e II, e jasmolinas I e II) extraídos das flores de crisântemo-, após modificações feitas
para melhorar sua estabilidade no ambiente. Atualmente são utilizados na agricultura, na
pecuária, no domicílio, nas campanhas de saúde pública e no tratamento de ectoparasitoses.
3.1. Toxicocinética
Tanto as piretrinas como os piretróides são prontamente absorvidos por via oral e, em pequena
quantidade, por via dérmica. No homem, a biodisponibilidade cutânea dos piretróides é de 1%,
contra 36% na absorção gástrica. De modo geral, a taxa de absorção destes compostos é
aumentada pela presença dos solventes orgânicos presentes nas formulações comerciais.
Após a absorção, distribuem-se rapidamente no organismo. A alta lipossolubilidade e a presença
de uma glicoproteína transportadora favorecem a entrada dos piretróides no cérebro.
Estudos sobre biotransformação demonstraram que as piretrinas sofrem, principalmente, reações
de oxidação, e os piretróides, de hidrólise. Estas reações acontecem tanto no fígado como no
plasma e são seguidas por hidroxilação e conjugação com sulfatos ou com ácido glucorônico. A
presença de um grupo alfa-ciano nos piretróides tipo II diminui tanto a taxa de hidrólise quanto a
de oxidação.
A maioria dos produtos de biotransformação dos piretróides é rapidamente excretada pelos rins.
3.2. Toxicodinâmica
As piretrinas e os piretróides são tóxicos seletivos e potentes do canal de sódio. É reconhecida a
ação rápida das piretrinas e seus derivados, induzindo uma paralisia temporária (knockdown)
principalmente nos insetos voadores. Os piretróides prolongam a corrente de sódio durante o
potencial de ação. O tempo médio de abertura do canal de sódio fica aumentado, a amplitude e a
duração dos potenciais de ação são pouco afetadas, porém, há um fluxo de inativação anormal.
A interação com os canais de sódio não é o único mecanismo de ação proposto para os
piretróides. Outros mecanismos são: antagonismo ao ácido g-aminobutírico (GABA),
estimulação dos canais de cloro modulados pela proteína-kinase C, modulação da transmissão
colinérgica nicotínica, aumento da liberação de noradrenalina e ações no íon cálcio.
3.3. Quadro clínico
Os sinais e sintomas ocasionados por intoxicação aguda pelos vários tipos de piretrinas e
piretróides são bastante similares. O início dos sintomas depende da via e da dose. As
manifestações mais comuns na exposição dérmica são: eritema, vesículas, parestesias e sensação
de queimação, prurido nas áreas atingidas, principalmente a pele do rosto, do pescoço, do
antebraço e das mãos. Estes sintomas pioram com o suor ou água morna. Pessoas sensíveis
podem apresentar quadro de hipersensibilidade (cutânea e/ou respiratória) logo após adentrarem
locais onde foram feitas aplicações.
Nas intoxicações pela via digestiva geralmente ocorrem sintomas gastrintestinais, que se iniciam
num período de 10 a 60 minutos após a ingestão. Os sintomas sistêmicos mais importantes são:
sonolência, cefaléia, anorexia, fadiga e fraqueza. Alterações neurológicas são observadas nos
casos mais graves. Quadros de pneumonite podem advir da inalação e/ou aspiração dos solventes
orgânicos presentes na formulação.
Após a inalação, os achados clínicos mais comuns são sintomas de irritação da via respiratória
superior. As reações de hipersensibilidade podem afetar toda a via respiratória. A intensidade
geralmente é de leve a moderada, porém, podem existir quadros graves.
4. Raticidas
A variedade de compostos destinados para matar ratos e outros roedores é ampla, com grande
diferença na composição química e na toxicidade. Entre os que eram utilizados antigamente no
Brasil, encontramos o monofluoroacetato de sódio (composto 1080®) e o Cianeto
(Cianogás®). Ambos os produtos tiveram seu uso proscrito devido à alta toxicidade ou à baixa
especificidade, porém, ainda podem ser encontrados em fabricações ilegais, contrabando ou
estoques antigos.
4.1. O monofluoracetato de sódio é um sal estável e solúvel em água e estava presente em várias
marcas comerciais em proporções entre 0,3 e 0,5 %.
4.1.1. Toxicocinética
O composto é rapidamente absorvido no trato gastrintestinal. Durante a pulverização é absorvido
pela respiratória. A absorção cutânea ocorre quando existem lesões inflamatórias. Se distribui
em todo o organismo, principalmente no cérebro, rins, coração e fígado. A eliminação é pelos
rins porém de forma lenta porque existe reabsorção tubular.
4.1.2. Toxicodinâmica
O fluoracetato interfere na síntese dos citratos pela formação de fluoracetil-CoA em lugar de
acetil-CoA no ciclo do ácido tricarboxílico que posteriormente forma o fluorocitrato. Este
bloqueia a emzima aconitase, que cataliza a conversão o ácido cis-aconítico em cítrico e
isocítrico. Esta interferência no ciclo tricarboxílico interrompe o metabolismo dos piruvatos, que
resulta na redução da fosforilação oxidativa, principalmente, no coração e sistema nervoso.
4.1.3. Quadro clínico
Os sintomas aparecem alguns minutos até duas horas após a ingestão. Inicialmente sintomas
gastrintestinais seguidos de alterações neurológicas graves e finalmente alterações
cardiovasclares. Muitas vezes com parada cardíaca e morte.
4.2. Cianeto (Cianogás®)
O cianeto, na forma de cianeto de cálcio formulado com matérias inertes em proporções de 46 e
48%, foi conhecido como Cianogás. Em contato com água libera ácido cianídrico, com odor
característico de amêndoas.
4.2.1. Toxicocinética
A absorção do cianeto é rápida, especialmente por inalação, porque o ácido cianídrico atravessa
facilmente a membrana alveolar por seu baixo peso molecular e pouca ionização, provocando os
sintomas e a morte em segundos ou minutos. A meia-vida no organismo é curta,
aproximadamente uma hora. É biotransformado no organismo pela enzima rodonase, conversão
em cianocobalamina, união com a cisteína e eliminação direta pela pulmão. A principal via de
eliminação é pela urina, na forma de tiocianato. Também por vias menores como o pulmão,
união com a cisteína e hidroxicobalamina.
4.2.2. Toxicodinâmica
É caracterizada pela lesão bioquímica por inibição de múltiplas enzimas que resulta em asfixia
por inutilização do oxigênio. O cianeto tem especial afinidade pelo ferro férrico da citocromo-
oxidase, formando o complexo citocromo-oxidase-cianeto que pára o transporte de elétrons,
impede a formação de ATP e bloqueia a utilização do oxigênio pelas células. A trasnsformação
do piruvato no ciclo de Krebs é inibida e resulta na hiperprodução de lactato e acidose
metabólica.
4.1.3. Quadro clínico
Os sintomas são imediatos dependendo da concentração inalada ou ingerida. Em altas
concentrações a morte é imediata, segundos ou minutos, por falência cardio-circulatória severa.
Não existem sinais e sintomas patognomonicos da intoxicação por cianeto, os mais freqüentes
são sangue venosa vermelha, insuficiência respiratória, inicialmente, sem cianose e acidose
metabólica grave, respiração irregular, convulsões, coma e morte em 10 minutos a 3 ou 4 horas.
5. Molusquicida (Niclosamida)
A niclosamide além da base livre é comercializada também na forma de sal de etanolamina, sal
de piperazina e monoidratada. É amplamente utilizada como molusquicida no controle de
caramujos, no Brasil o da esquistossomose. Também no controle de parasitoses (trematódeos)
em humanos e animais.
A niclosamida tem pouca absorção gastrintestinal. Estudos experimentais com humanos, alguns
apresentaram eritema transitório quando aplicado no antebraço dos voluntários. Não foi
observada fotosensibilização. Em trabalhadores alérgicos à niclosamida foi observado erupção
cut6anea, bolhas e prurido, principalmente nos dedos das mãos.
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