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OS DESTEMIDOS GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO

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A situação é grave de todos os servidores da ex. Sucam dos Estados de Rondônia,Pará e Acre, que realizaram o exame toxicologicos, foram constatada a presença de compostos nocivos à saúde em níveis alarmantes. VEJA A NOSSA HISTÓRIA CONTEM FOTO E VÍDEO

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terça-feira, 15 de abril de 2014

PORTUGAL, O NOVO ELEFANTE BRANCO.

PORTAL DO SERVIDOR PÚBLICO DO BRASIL


PORTUGAL, O NOVO ELEFANTE BRANCO.

 
Ao longo da vida conheci três grandiosos empreendimentos iniciados com pompa e circunstância e depois, conforme as vicissitudes político-económicas e os humores dos governos, remetidos para estudos de rentabilidades várias, andaram longos anos ao sabor do pára-arranca ou deixados ao abandono, e como tal considerados "Elefantes Brancos".
Um, foi a Barragem de Cabora Bassa em Moçambique, obra de propaganda do regime salazarista lançada no final dos anos'60 para marcar internacionalmente a grandeza da bondade da política colonialista a bem das províncias ultramarinas e do indigenato.
A grande barragem hidroeléctrica, sobretudo dirigida para servir necessidades da África do Sul, foi justificada como sendo a varinha mágica do desenvolvimento moçambicano.
Construída já em pleno decurso da Guerra Colonial, esta grandiosa obra, simbiose da natureza e da engenharia, foi um "Elefante Branco" durante cerca de quarenta anos.
Só recentemente, passados 40 anos, entrou em funcionamento e exploração plena.

Outro, lançado já em tempo de agonia do regime salazarista com Marcelo Caetano ao leme, consistiu na decisão de construir um gigantesco "Complexo Industrial e Portuário " em Sines.
Dada a crise petrolífera de 1973 e depois o 25 Abril, seguido da independência das colónias, especialmente Angola da qual o petróleo era a base do empreendimento, de imediato o projecto foi mandado parar para revisão do projecto face às novas circunstancias.
Durante os governos provisórios e depois nos constitucionais até aos anos'80 o projecto andou aos solavancos: uns eram pelo abandono do "Elefante Branco", outros pela recuperação e assim se foram concluindo as obras principais até que no início do Séc. XXI o projecto adquiriu uma arquitectura definida e foi relançado sem reservas como polo estratégico para o país.
Foram precisos 30 anos para concluir da importância da obra hoje considerada a menina dos olhos do país a quem são devidas todas as obras de acesso e escoamento como futura porta de entrada da Europa.

O outro, lançado em 1976, já pelo regime democrático logo após uma incipiente estabilização social, foi a Barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa.
Concebida como obra de grande envergadura de áreas de regadio e produção hidro-eléctrica destinar-se-ia a polo de desenvolvimento do Alentejo interior. Com apenas as infraestruturas preliminares efectuadas logo se entrou na discussão técnico-financeira do dá-não-dá, no serve-não-serve, no pára-arranca-pára-arranca até se concluir a barragem propriamente dita e fechar as comportas em 2002.
Durante este período e também depois de 2005, data da decisão de concluir e aumentar a potencia instalada e áreas de rega e até 12 de Janeiro de 2010 quando a albufeira atingiu a altura da cota máxima, isto é, durante 34 anos, o projecto do Alqueva é tratado pelos seus detractores como o novo "Elefante Branco" de Portugal.
Finalmente, com a central hidro-eléctica de potencia reforçada a produzir, a rede de águas a alargar-se para extensas áreas de regadio, as enormes potencialidades de reserva de água e turismo náutico, os detractores imobilistas calaram-se e, face ao aumento de exportações agrícolas graças à obra, os mesmos detractores agora cantam hossanas ao Alqueva.

Resolvidos pelos portugueses e a bem de Portugal estes gigantescos casos de "Elefantes Brancos" eis que toma posse, em 2011, o XIX governo da República.
E imediatamente resolve parar, desmantelar, riscar, rasgar, apagar, destruir, arrasar todas as iniciativas existentes quer nas obras públicas tradicionais ou inovadoras quer no conhecimento e investigação, o que provocou a paralisação da economia e um desemprego impensável.
Então:
As autoestradas e estradas ficaram às moscas.
Empregados ficaram desempregados e andam aos caixotes do lixo.
Os empregados não ganham para sobreviver e andam no banco alimentar.
Os velhos e pobres morrem envergonhados fechados em casa por falta de alimentos e abandono.
Os filhos dos desempregados matam a fome nas cantinas escolares.
Os doentes morrem enquanto esperam pelas consultas e falta de medicamentos.
Os melhor preparados, jovens e menos jovens, partem revoltados e de mal com o país.
Os casais férteis não querem filhos porque não têm meios de os sustentar e educar.
Todos os portugueses fora do poder ou não milionários são empurrados para o estado de proletários.
Metade dos portugueses estão na pobreza ou em vias de cair nela.
assim:
Portugal, o país mesmo, tornou-se ele próprio na sua totalidade um "ELEFANTE BRANCO".
Será que vamos esperar, novamente, dezenas de anos como prometem, para resolver este estado de animalidade!

WEDNESDAY, APRIL 09, 2014

GRANDE GUERRA, CEM ANOS (1914-1918), LA LYS.

9 de Abril de 1918, dia da Batalha de La Lys para os portugueses com memória. Na madrugada desta data catorze divisões alemães atacaram numa frente de dezasseis quilómetros após um bombardeamento ininterrupto de vinte e quatro horas. Contra a Divisão portuguesa os alemães lançaram quatro divisões e fizeram 6000 prisioneiros.
A confusão foi total quando os alemães descarregaram 2000 toneladas de gás mostarda incapacitante e gás letal de fosgénio sobre a linha das forças inglesas nas quais estavam incorporadas as tropas portuguesas. A utilização de armas químicas foi uma das inovações desta guerra e uma das armas mais temidas pelos Soldados: matou 85000 Soldados e deixou incapacitados mais de 1000000, sendo a cegueira uma das sequelas mais comum.


Conta a História antiga que a causa da guerra teria sido o atentado de Sarajevo em 28 de Junho de 1914 contra o amigo Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono Austro-Hungaro. Contudo, o historiador alemão Fritz Fischer descobriu documentos que demonstram que em Dezembro de 1912 o chefe da marinha alemã anunciou ao seu governo que em um ano e meio estaria pronto para "O Grande Combate". Desde então os historiadores se inclinam a crer que o motor da guerra foi a Alemanha militarista de Guilherme II. O Kaiser considerava que a Alemanha era um belo bosque destinado a crescer e a França "Um monte de esterco sobre o qual canta um galo", destinado a desaparecer. Assim o seu reinado começou com ruido estridente de botas e fanfarras. O atentado do Arquiduque foi o pretexto.
A 28 de Julho o império Austro-Hungaro declara guerra à Servia, e por motivo das alianças militares existentes, de seguida, a 01 de Agosto a Alemanha declara guerra à Rússia e em 03 de Agosto declara guerra à França. Deste modo se formou a Tripla Aliança (alemães, austro-hungaros, italianos) e a Triple Entende (França, Reino Unido e Rússia).
A primeira guerra industrializada e mecanizada provocou, alem das pilhagens, violações e execuções sumárias de civis, 10.000.000 de mortos e 6.000.000 de incapacitados.
Dos Soldados mortos cerca de 7000 foram portugueses.
 
Alguns dos Combatentes Gorjonenses
Francisco Pedro das Neves
 
José Pinto Contreiras
 
António Rodrigues Cebola

Joaquim Alexandre de Sousa
 
Manuel Viegas

Mais de uma dezena de Gorjonenses estiveram nas trincheiras de La Lys nessa madrugada de 9 de Abril de 1918 e foram submetidos ao brutal ataque alemão. Todos voltaram salvos e capazes com excepção do José Pinto Pires que foi gaseado no ataque alemão. Enquanto foram vivos a maior parte todos os anos eles comemoravam essa data com uma grande festa à volta de uma vaca ou carneiros no braseiro, bem regados a vinho, histórias da guerra e discursos e tudo abrilhantado pelo exímio acordeonista Mestre José Ferreiro(Pai), também ele camarada das mesmas trincheiras.

José Pires Pinto

O José Pires Pinto, abandonado pelo Estado que o recrutara para a guerra, e desde então, sem capacidade de raciocínio como se fora um corpo ambulante sem alma, vivendo em total escuridão mental, sobreviveu a cargo de uma irmã e velhos amigos locais mas, com ares de maltrapilho descalço de barbas grandes, passou a ser considerado um "maluquinho" que embora não fazendo mal a uma mosca metia medo aos meninos da escola primária que tinham recomendações dos pais para não lhe tocarem pois podiam "apanhar o mal" de louco que, pensava o povo, ele apanhara em França e trazia apegado ao corpo.
Afinal o maltrapilha louco maluco de meter medo, o "Zé da Barba Pinta", não fora apenas um combatente Soldado Desconhecido como fora, sobretudo, um combatente Soldado Herói Desconhecido.
Em sua memória e de todos que estiveram na lama das trincheiras de La Lys a comer ratos para sobreviver e por fim submetidos ao horror dos irresistíveis ferozes bombardeamentos alemães, aqui deixamos este relato para avivar memórias.

SATURDAY, APRIL 05, 2014

EUGÉNIA LIMA 1926 - 2014

 Aquela que foi grande acordeonista e a maior divulgadora da música de acordéon em Portugal deixou de luto os algarvios, também eles, grande apreciadores de música de acordéon.
Eugénia Lima esteve nos Gorjões em 1949 onde actuou noSalão Ideal, depois Salão da Sociedade Recreativa Gorjonense, e aqui foi recebida com grande entusiasmo do povo que encheu o salão. Tinha dez anos e lembro-me dela obrigar o povo a abrir uma clareira no Salão a abarrotar porque queria tocar para o povo dançar e não só para ouvir e observar o seu virtuosismo.
Por essa altura já tomara conhecimento com o João Bexiga Barra, exímio acordeonista da vizinha Bordeira, através dastournés realizadas pelo país conjuntamente, organizadas pela Emissora Nacional e, mais tarde, se tornou grande amiga de Bordeira e ali viveu algum tempo na companhia inspiradora desses magníficos acordeonistas e compositores de Bordeira, Mestre José Ferreiro(Pai) e o referido João Bexiga Barra com quem partilhava uma grande afinidade artística.
Na sua morte e grande perda para o acordéon e seus belíssimos sons tirados dos dedos desta irrepetível acordeonista e compositora, deixamos esta homenagem singela mas grata.  

WEDNESDAY, APRIL 02, 2014

E O SANEAMENTO SENHORES!

Que se passa com a obra de Saneamento e Esgotos da nossa Freguesia de Santa Bárbara de Nexe, relativa ao eixo Gorjões-Falfosa inaugurada em 07.09.2012, há mais de ano e meio?
A parte referente às águas, apesar de várias roturas e estragos na EM520 que quase a tornam intransitável em termos dos carros de hoje, lá vai correndo pela tubagem e canos até às residências dos munícipes que se atrevem a pagar o preço exorbitante que atinge a conta na factura logo que o consumo se eleva.
Mas e o Saneamento, senhores.
Esta parte da obra que, certamente, custou a parte de leão do valor total da obra dado que obrigou à abertura de valas sempre profundas em terreno rochoso, e cuja rede de condutas foi feita e construída em simultâneo com a rede de águas, porquê passados um ano e meio ainda não funciona nem se sabe quando virá a funcionar.
Que se passa com esta parte da obra que estando a Rede Enterrada e as Estações Elevatórias concluídas há muito ainda não estão em condições de serem colocadas em serviço. Que falhou no projecto ou na coordenação da obra, cujas duas valências de serviço público, Águas e Esgotos, deveriam entrar ao serviço simultaneamente, ou com ligeira diferença conceda-se, uma delas ficou a marcar passo e continua.
Gasto a parte mais substancial do valor da obra na rede de Saneamento o que corresponderá a milhões de euros quanto vai custar mais essa parte da obra pelo atraso na sua exploração.  
Claro, no fim, os custos serão todos contabilizados e fatalmente também serão incluídos na rede e canalizados para os consumidores.

MONDAY, MARCH 24, 2014

A GRANDEZA GRANDE DO FIGURÃO

Este figurão, que começou por ser uma figurinha do esquerdismo radical maoista revolucionário anti-democrata, logo que viu derrotado o prec alistou-se na escola cavaquista na qual, ao lado de alguns homens honestos, se apresentaram, ocuparam e saltitaram de lugares como chusma de pulgas numa onda de oportunistas e arrivistas que, saídos da província com uma mão atrás e outra à frente, somente ambicionavam e se preocupavam como se haviam de tornar homens ricos e poderosos.
Conforme a bajulice ao mestre-escola, também ele um provinciano inculto e manhoso, mas sobretudo de acordo com as ambições pessoais, uns enveredaram por secretários e ministros da área dos negócios do Estado e outros por áreas mais de negócios políticos.
O dito figurão enveredou pela área dos negócios com o estrangeiro. Aguentou firme e completou os estudos na escola cavaquista: estava preparado culturalmente para ser o que quer que surgisse e desejasse. Com o canudo superior da dita escola no bolso foi uns meses para os USA e tirou um curso qualquer, coisa rápida, que lhe garantiram apoios internos e internacionais imediatos que o guindaram, à primeira oportunidade a chefe de governo. Aqui chegado faz-se moço de recados e criado nos Açores onde serve uma ementa de guerra aos senhores bush, blair e aznar. Ainda mal os milhares de mortos iraquianos não haviam arrefecido já o figurão apunhalava o vitorino pelas costas e se preparava para ir chefiar a Europa para servir os senhores antigos mais o novo senhor alemão.
A sacanice feita ao vitorino era a prova de bom aluno da escola cavaquista mas já antes tinha comprovado boa aprendizagem no negócio com o coutinho e na compra dos submarinos.
Mal chegado à Europa esteve metido noutro negócio com um armador grego, algo semelhante ao do coutinho, cá. Tornou-se o caniche da Merkel para ladrar e morder nos pequenos países, incluindo o seu próprio. Tentou atacar os antigos interesses culturais tradicionais franceses em detrimento da cultura fast-food dos states o que levoumesieur Holande a empertigar-se todo para o calar. Contudo com os fracos o figurão, com a crise financeira em pleno, continuou em crescendo a tecer discursos de ameaças e diktat aos governos sob ajuda financeira. Foi uma constante a sua pose de caniche empinado ao microfone a ameaçar os povos: a cenoura ou o cutelo.
O apogeu do seu reino de lacaio europeu dos states deu-se agora no caso ucraniano. Ao serviço dos amigos americanos queria a nato e a cia na Ucrânia e até ameaçou os russos, esquecendo-se que não estava a lidar com a Grécia ou Portugal. Ao serviço dos donos armou-se em super-homem em defesa dos ucranianos enquanto ameaçava com represálias sobre os russos caso não deixassem a sua Europa dar ordens no país às portas da Russia. Assolou os ucranianos a tomar as ruas e praças e o poder que ele, chefe da Europa, lhes garantia protecção na guerra e na paz para sempre em democracia.
E agora é o que se está vendo e sobretudo o que os ucranianos estão sentindo na pele e é um arremedo da segurança mui especial que a Europa dedica aos seus parceiros mais pobres: mais pobreza e desgraça. No caso ucraniano o figurão vai deixar um país prestes a desfazer-se à beira de uma guerra civil e se e quando as balas de matar começarem a assobiar por todo o lado o figurão estará a salvo recolhido no doce conforto do lar europeu.
Na sua escola uma das regras essenciais a nunca esquecer é estar nas coisas sempre do lado de fora: carne para canhão serão os que estão do lado de dentro. Milhares de Mortos iraquianos, servios, kosovares, macedónios, líbios, sírios, ucranianos, russos? Mas que é isso comparado com a grandeza da sua própria persona.

MONDAY, MARCH 17, 2014

SUCATEITO EMPRENDEDOR NÃO CERTIFICADO POR ESCOLA PRESTIGIADA.


A partir de escutas a uma dita "associação criminosa" o procurador Marques Vidal de Aveiro descortinou um "atentado contra o Estado de Direito". Quase se faz crer, por ligação insinuosa, que um "atentado ao Estado de Direito" foi intentado a partir de uma intitulada "associação criminosa" ligada ao "poder político da altura".
A tal, considerada pelo procurador, "associação criminosa" era uma empresa legalizada operando em total legalidade perante a lei, a ordem administrativa e fiscal estabelecida. Uma empresa de alguém que se fez empreendedor a partir de ser comprador de ferro velho e sucata percorrendo porta a porta com um triciclo de caixa aberta.
O "crime" desta "associação criminosa" não foi matar, tentar matar, ameaçar ou fazer mal a alguém mas sim ter uma lista de contactos de clientes e dar presentes de Natal a esses clientes como usual e normal em qualquer empresa portuguesa. O senhor procurador deve ter tirado o cu da escola para pô-lo na Procuradoria como magistrado, caso contrário saberia que nenhuma empresa sobrevive sem uma lista de clientes e respectivos contactos para fazer e manter os seus negócios. Essa lista de relações que se vai estabelecendo e crescendo na mesma medida que a empresa faz negócios e cresce é a alma do negócio da empresa e, por isso muitas vezes, um segredo patronal nem sequer registado.
E calcule-se, quer-se vender a ideia que prendas de centenas de euros são um montante exorbitante e corrompem administradores para quem tais verbas nem dão para as gravatas. Entretanto fazem vista grossa sobre corrupção de milhões planeada, elaborada e executada por banqueiros e homens do circulo intimo de políticos amigos que deixam prescrever de enfiada. E estamos apenas falando das prendas contabilizadas e das grandes corrupções detetadas.
Hoje, uma grande empresa financeira ou multinacional, institui a si própria, prémios aos seus gestores de milhões de euros por resultados: uma verdadeira obscenidade e um crime quando a gestão de resultados é feita tendenciosa e fraudolentamente para engordar o prémio. Vejam-se os vários casos, ainda anteriores a esta alegada "associação criminosa", da banca portuguesa e grandes empresas da área pública.
Mas esses casos, tal como intentar a mínima investigação sobre prendas dadas pelas grandes empresas, não importunam minimamente o sono do Dr.Vidal. Com a corrupção milionária do peixe gordo da linha e de linhagem não se atreve o procurador mas, com o desgraçado sucateiro que se atreveu a ser empreendedor fora da escola certificada e prestigiada do empreendedorismo cavaquista (agora também se conheceu o valor empreendorista do batatinha M.Mendes na Madeira depois do engenhoso empreendedor tardio P.Coelho na Tecnoforma), o senhor arrilha e ouriça o pelo pronto a atirar-se sobre o empreendedor sem carta de alforria.
É claro, para qualquer observador atento, que o móbil e fim pretendido do procurador é atingir terceiros "do poder político anterior" e este caso serviu para vislumbrar um "atentado ao Estado de Direito" feito, calcule-se, por um PM eleito contra o seu próprio país, através de conversas telefónicas avulso entre pessoas políticas amigas fazendo comentários acerca da vida política de adversarios. É tão ridículo querer fazer passar a ideia que alguém planeia um atentado de Estado trocando conversas de café ao telefone que, ao contrário do pretendido, nos alerta o pensamento para uma tentativa de atentado à liberdade no Estado de Direito concebida a partir de abuso de poder de magistrado.
E, mais nos suscita ainda tal pressuposto, a sonante proclamação de pedidos de castigo espectacular para manter acesa a ideia do "atentado ao Estado de Direito" que o jornalismo corrupto se encarregará de ir buscar ao lixo para voltar à espectacularidade das manchetes acusatórias.
O desgraçado do sucateiro teve o azar de ser empreendedor no tempo errado, pois, caso tivesse sido aluno da escola certa no tempo certo, hoje, poderia ser apresentado ao povo como o "empreendedor modelo".

MONDAY, MARCH 10, 2014

CINEMA, TEMAS E GENTE DOS GORJÕES (6)

 
É, hoje, unânime a opinião de que foi no Paleolítico Superior (20.000-6.000 anos a.C.), após o surgimento doHomo Sapiens, que se desenvolve plenamente a arte pré-histórica.
O principal material da arte paleolítica é a pedra, sobre ela realizavam-se as pinturas murais e grande parte das gravuras e esculturas. 
Com o Neolítico (6000-3000 anos a.C.) a arte dá um salto concepcional gigantesco e deixa de ser arte como reprodução para ser arte como criação de símbolos. Nesta época o homem ainda trabalha colossais blocos de pedra que dispõe sobre a terra formando uma estrutura arquitectada designada dólmens ou menires. A partir do Calcolítico(após 3000 anos a.C.), o homem já trabalhava o ouro e o cobre e logo de seguida atinge a idade do bronze na qual se dá a grande substituição dos utensílios de pedra pelos metálicos.
Sabe-se que os Fenícios foram os grandes dominadores do comércio do bronze e simultaneamente também é na sociedade e cultura Fenícia que surgem as primeiraspinturas-mosaico conhecidas. A mesma técnica foi adoptada e desenvolvida pelos Gregos que, por sua vez, a transmitiram aos Romanos que a utilizaram abundantemente nos seus palácios e villas.
Também em Portugal os Romanos utilizaram essa arte frequentemente como se pode ver, ainda hoje, em Conímbriga e Milreu. Entre nós, esta arte herança dos romanos, está na base da nossa calçada portuguesa que que se tornou uma das imagens que marcam a identidade portuguesa no mundo.

Pensamentos

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Pensamentos

Desde que este blogue começou muito mudou na minha vida. Hoje voltei a sentir a necessidade de escrever. Talvez porque ninguém venha aqui e como tal posso escrever livremente. Tenho passado estes últimos tempos com bastante tempo para pensar, em especial no que é a minha pessoa, quem realmente sou e o que vai dentro de mim. Todos os dias sinto que não sei responder à questão: quem sou eu? Parece ser uma questão fácil, mas na verdade não é. Depois vem outra questão: o que realmente estou sentindo dentro de mim, que sentimentos tenho? e também não sei responder. Tendo descrever uma lista de sentimento e encontrar respostas certas, mas na verdade não encontro nenhum sentimento que realmente me descreva neste momento. Penso que o principal sentimento é mesmo tristeza profunda, mas quando tento achar a verdadeira causa desta tristeza, não consigo realmente chegar a uma resposta verdadeira, e é então que duvido se realmente tenho tristeza profunda. Será que estou a fugir de responder a estas 2 questões que deveriam ser simples? não sei, umas vezes penso que sim outras penso que não. Então afinal o que será que não está bem? Será que o facto de ter muito tempo para pensar, faz com que não tenha respostas? Será que ando às voltas? É frustrante, imaginar que não me conheço a mim própria e que também não sei o ou os sentimentos que tenho. Mais que frustrante é assustador. Então que soluções podem existir para deixar de estar assim? será que é questão de tempo?Será que é só deixar andar e que tudo voltará a ficar bem? Ou será que na verdade eu não me enquadro onde estou e que não há solução? Todas estas palavras são verdadeiramente horríveis, ninguém deveria ver isto. mas eu estou com necessidade de escrever de deitar cá para fora, mesmo que o que vem cá para fora não passe de um enredo de palavras e pensamentos sem sentido algum.
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hoje porque não hoje

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hoje porque não hoje

Há momentos como agora que me apetece escrever. Posso fazê-lo aqui ou noutro sitio, mas agora é aqui que o vou fazer. Diariamente penso que estou bem, que estou feliz, que tal como as coisas estão estão muito bem. Aparentemente tenho o que quero. Mas depois há momentos em que tudo vem abaixo. Afinal o que é que eu quero, estou ou não feliz? Será que apenas tenho a complexidade estranha de nunca estar bem? Será que estou sempre a procura do que não tenho? Será que na verdade me tento enganar? Não gosto destes momentos, em que simplesmente não sei o que quero ou quem sou. Na verdade penso que sei o que quero, e então começa um rodopio de pensamentos e de tristezas, por achar que quero sempre mais, ou então que me tento enganar, dizendo para mim própria que estou bem. É um sentimento de tristeza que entra em mim, que toma conta de mim. Irrita-me ser assim. Digo para mim próprio vive apenas com o que tens, aproveita, na verdade eu não me posso queixar, na verdade tenho muito mais do que muitas pessoas tem, mas falta-me algo. Falta-me a estabilidade daquilo que sempre quis. Não entendo porque tem de ser tão difícil. Não entendo porque nunca dá certo. Agora duvido que alguma vez vá dar certo e começo a desistir, começo a me defender daquilo pelo qual sempre acreditei. É realmente mau sentir isto, achar que toda uma vida eu estava errada, no que sempre foi para mim a minha certeza de vida. Não acredito. Este encantamento está a desaparecer, porque eu estou a fazer força para que desapareça, estou farta de acreditar no que não existe. E tudo isto me faz deixar de ser quem eu sempre fui. Penso que este é o ponto que eu tenho de assimilar de uma vez. Mas custa-me tanto. É tão difícil acreditar que tudo é mentira. E a questão que fica cá dentro é porque? porque não pode ser verdade? Porque não pode ser fácil? Porque não pode?..... Tudo isto são palavras, palavras que nem um 10% do que sinto conseguem descrever, tento por nelas todo este sentimento que me invade mas que eu não gosto, mas embora possam aliviar, não levam embora tudo isto. Apetece-me chorar, apenas adormecer de cansaço para não pensar. só o que não pensa, neste momento é sinal de descanso. ESTOU FARTA!
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Campo do Ligo

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Campo do Ligo


Havia um caminho, ao lado do rio, por onde ele gostava de ir passear. Um dia foi busca-la, encontrou-a na copa a separar espargos e foi-lhe mostrar esse caminho.
Levou-a muito devagar, ainda havia tempo até a hora do jantar. Caminharam como gostavam de o fazer, encaixados, com o braço dela a passar-lhe pelas costas e a mão dele no ombro dela, puxando-a para si.
Falavam muito pouco de si próprios. Falavam mesmo pouco entre si, apenas o prático, o que era necessário falar sobre a organização da casa, do cuidado dos filhos, do que cada um tinha de fazer em relação aos assuntos comuns, ou do que ambos tinham de fazer.
Naquela tarde ele passara ele estivera a arrumar a tralha que se amontoava numa das lojas junto à Adega. Encontrara algumas coisas que lhe fizeram lembrar os dias em que chegara àquela casa, àquela aldeia pequenina, a Gondarém.
Deixou as arrumações e saiu em direcção ao rio, para voltar a percorrer o caminho. Foi no durante esse passeio que ele se lembrou que nunca lho tinha mostrado, que nunca lhe tinha contado porque é que aquele caminho era tão importante para ele. Os filhos já tinham cinco e três anos e agora lembrava-se que nunca tinha contado à mulher que, com oito anos, depois do pai lhe ter dito que tinha de ir estudar para a metrópole, encontrava todas as forças nos passeios que fazia por aquele lugar. Foi então chamá-la, antes que escurecesse, procurou-a como se lhe quisesse mostrar uma coisa que acabara de descobrir. Quando a encontrou, na copa, disse-lhe:
Vem comigo que eu quero mostrar-te uma coisa:
Ela olhou-o, não disse nada, tirou o avental e deu-lhe o braço. Foi com ele como ia todas as vezes em que havia uma novidade para ver. Prosseguiu ao lado do marido por aqueles atalhos por onde já aprendeu a andar. Tentou adivinhar pela direcção que tomavam, para onde e para ver o que ele a estava a levar. Iam para o rio. É um barco, pensou. Ou uma nova leira. Como sempre ela não perguntou nada e ele nada antecipou. Quando finalmente chegaram à entrada de um pequeno carreiro de terra batida, ladeado de um dos lados com altas espigas de milho e, do outro, por choupos que impediam a visão do rio que se ouvia correr por trás. O caminho era comprido e ia estreitando-se na perspectiva dos pés de milho e dos ramos emaranhados dos choupos.
Como ela era muito mais baixa que ele, não conseguia ver nada para nenhum dos lados, só as ramadas dos choupos e as folhas do milho. Pararam na entrada desse caminho e ele disse-lhe então:
Quando vim de Angola para aqui, depois dos trabalhos de casa, ou depois da escola, corria por este caminho fora vezes sem conta. Ia e vinha, ia e vinha, quanto mais depressa corresse e maior deslocação do ar provocasse, mais o ar cheirava ao mesmo que cheirava em Africa.
A meio da corrida fechava os olhos e continuava a correr, orientando-me pelo ruído ou pelo toque dos pés de milho ou das folhas dos choupos. De olhos fechados corria e pensava que estava de novo a voltar para Angola, para junto do meu pai. O cheiro, quando o situava com precisão permitia-me fingir que estava muito perto, que era uma questão de metros, corria mais, chegava ao fim do caminho e voltava outra vez para trás, até que já não conseguia mais correr. No principio atirava-me para o chão e chorava, não importa a posição em que tivesse caído. Depois, deixei de chorar e passei a sentar-me numa pequena enseada que há a meio do caminho, ali, a olhar para a água, a olhar para a ilha e a pensar na distância que me separava de Angola e do meu pai.
Continuaram a andar pelo carreiro. Ela experimentou inalar discretamente o ar daquele lugar, que lhe parecia ter o mesmo cheiro de todos os milheirais, cortado apenas pelo aroma frio do rio.





30.8.13




Durante o desenho da pequena planta de Cerveira o Fernando, que olha com um olhar interrompido, desviado do que o concentrava, olhar de frente mas com um quase imperceptível pré-movimento de regresso ao burro, ou ao cigano, um olhar em alerta, em constante reconhecimento, diz, apontando para os barcos pretos: - O Rentes de Carvalho fala disso.

Os carochos são os barcos pretos daquela parte do Rio Minho, estão no desenho e no bloco que fiz para o preparar. Apareceram nas palavras imediatas e nas linhas que também imediatamente os revelavam a toda a hora (“os barcos do rio Minho são todos pretos de dia todos iguais e à noite só se ouvem.” / desenho-os como as pétalas negras de um malmequer de rio, tão inexistente como a vocação carnívora das suas labaças).

Acabámos de nos conhecer e cumpro ainda a disciplina de não fazer muitas perguntas, desde logo a que me apetecia sobre o que diz o “Rentes de Carvalho”.

Li o seu nome pela primeira vez escrito pela Mônica Marques, e – talvez por isso – julgava-o dos novos escritores como o José Luiz Peixoto, o Tiago Torres da Silva, Gonçalo M. Tavares. Escritores cuja leitura estupidamente adio, a excepção dos dois livros da Mônica.

Pouco tempo depois, quando almoçamos na cantina da Bienal, junto à “casa do dinamarquês”, a casa vermelha que visitei pela primeira vez há dois anos, durante a última Bienal. Falo da história da casa e do seu enigmático proprietário.

- "O Rentes também fala disso, então é esta a casa", diz o Fernando.

Pergunto-lhe onde é que fala disso, em que livro. Responde-me que fala disso em “La Coca”, um livro que se passará em Gondarém. Fico arrepiado, instantaneamente arrepiado. Houve alguém que já escreveu uma história que se passa em Gondarém e que fala da casa vermelha e dos carochos (nome dos barcos pretos) e até do casamento "de estadão" na casa dos Almeida Braga (hoje Estalagem da Boega).

Conta-me a história abreviada desse escritor, que não é da geração onde o situava, que tem o maior sucesso na Holanda, onde vive depois de ter vivido em tantos outros países. Conta a história da Rainha da Holanda, num jantar anual que dá aos que condecorou, tê-lo apresentado ao então Presidente Jorge Sampaio, durante uma vista deste àquele país. Chego a casa e vou à procura e encontro um blog de que já tinha ouvido o nome (“Tempo Contado”), como o nome do dono da barca (e até a expressão “dono da barca” já a tinha ouvido).

O único livro que li que se passava por aqui perto foi a Tore de Barbela e o Mundo à Minha Procura (Ruben A.). Vem-me a mania que não consigo controlar de sentir a solenidade da chegada de um tempo importante, daqueles que constam das biografias como os antigos marcos da estrada do Minho, os mais redondos e que só se conseguiam ler nos carros contemporâneos ao seu aparecimento, com os números dos Km que faltavam para as povoações mais próximas. Descobrirei em breve porque é que senti que a visita do Fernando à Bienal me saiu ao caminho como um desses marcos. Descobrirei os Km que me faltam a partir de aqui e onde é que eles me levarão. Para já leio com emoção cada artigo desse blog, por causa do qual voltarei a escrever o que aqui já escrevi sobre o Minho da “minha” Gondarém.





22.4.13




Uma amiga (a Luzinha) no outro dia contou-me uma história. Devia ser obrigatório apontar todas as boas histórias que nos contam, é o mínimo. Contou ela que um dia fora falar com um Senhor muito entendido em arte nova. Fora falar com ele porque gosta muito dessa época e o senhor era Mestre dessa época. Fez-lhe a pergunta óbvia, daquele óbvio de que os complicados têm um pudor que disfarçam em cerimónia: - O que é para si a Arte Nova? O senhor fez um movimento com o braço, aproximou-o do candeeiro de secretária e pôs o cigarro sobre a lâmpada. O fumo do cigarro formava umas linhas paralelas que ele propositadamente fazia ondular de vez em quando, sobre a luz da lâmpada. "Arte Nova é isto".





16.4.13










12.4.13


"bicho das amoreiras" (bicho da seda)





10.4.13




O NOSSO TEMPO

Advertência: Eu desconfio das palavras. Não é bem das palavras enquanto a modalidade em que mais nos exteriorizamos ao outro, mas das minhas palavras. Não gosto da distância a que ficam do que quero dizer, sobretudo quando escrevo. Mas não tenho outra maneira de procurar dizer o que sinto ser dever, sem ser com elas, procurando que consigam trepar a outra zona de inteligência que a reservada à lógica jurídica que as formatou num inescapável advogadêz[1]. Eu falo advogadêz e isso é tramado, porque é uma língua que sem aviso prévio se sobrepõe à que falávamos antes. Como o corrector ortográfico do meu computador se sobrepôs ao anterior sem que eu tivesse querido e sem que eu agora o consiga tirar, para continuar a escrever como sempre escrevi.[a minha principal objecção ao acordo ortográfico nem sequer é por razões de defesa da língua viva (expressão deliciosa) que é o Porrtuguêis do Brasil (que é o Português mais vivo). Eu nem sequer tenho objecções ao acordo ortográfico, porque é assim que a coisa funciona, é inevitável. A minha coisa com o novo dicionário que sub-repticiamente se instalou feito um posseiro no coração do meu word é que fica feio o ecran cheio de risquinhos vermelhos e isto para não falar no incómodo do filho da mãe do coisó Plug in ou lá como pulou para aqui, me estar sempre a interromper o raciocínio para inconscientemente pronunciar a palavra como seria dita agora – ainda há pouco isso me aconteceu quando escrevi peremptoriamente (que foi imediatamente substituído por “perentoriamente”). Altera-me as palavras e quando releio as coisas chego a duvidar, mas eu não escrevi isto, isto é um gajo desempenado e contemporaneissimo. (A sério, sem ironia nenhuma. Fico por instantes com a sensação de “não é meu”, eu não tenho esta actualidade).

Escrever sem sentir o atrito das palavras, isso é que eu gostava de saber como se faz para escrever este Manifesto (só o nome irrita, mas é a palavra que designa a sensação do ter de escrever uma coisa sobre este estado de coisas por causa do que não eu sinto que não se diz dele). Escrever sem ficar a olhar de fora para o que se escreve, sem a pôrra da forma. Escrever a ideia sem ruído, directo, sem precisar do assobio do som das palavras ou da geometria dos pensamentos dentro das frases.

Feita a advertência, que deve ter sido lida como se dita no mesmo tom que os conferencistas pedem desculpa por não dominar a língua em que vão falar, com educação e sem – assim espero – nenhuma da arrogância do Senhor de há pouco. Aqui vai

Que é a nossa circunstância que somos nela e com ela. Sim. Que a diferença entre mim e o meu filho mais velho é também do ser do tempo dele e do ser do meu, sim também. À lotaria do lugar onde se nasce acrescenta-se a do tempo em que se nasce e, pela história vivida em cinquenta anos tem-se uma ideia do que acontece aos lugares com o tempo. Atrás deste primeiro plano da noção do tempo (o que experimentamos directamente), sabemos de um tempo anterior e conseguimos mesmo anular o mistério do antes do nascimento (tão grande geometricamente o do depois da morte) através da presença que sentimos em nós dos antepassados. Esse tempo anterior vai-se afunilando até ao fim dessas memória pressentidas dos antepassados. Vem então a palavra ancestrais e o espaço aumenta com ela, provavelmente pelo astral que a palavra tem. Com o aumento desse espaço e o conhecimento que tempos da pequenez temporal dos últimos dois mil anos da humanidade (um século não é uma eternidade, é o tempo que separa muitos dos que estão vivos daqueles que são ou foram os seus avós), é a idade do Manuel de Oliveira, são vinte vidas do Manuel de Oliveira. Se eu disser há vinte vidas do Manuel de Oliveira nasceu Jesus, há qualquer coisa que estremece em mim. Uma sensação de conta errada, da intranquilidade do que não bate certo com o nosso entendimento do tempo. Mas é verdade. Foi há dez Manuel de Oliveiras que se deu a fundação de Portugal, como nos ensinaram que aconteceu. Quando nos falaram disso eramos crianças, mil anos era uma espécie de equivalente a infinitos. Se pensarmos no Holocausto então custa-nos a imaginar que os nossos avós tivessem sido contemporâneos desse momento, que tivessem vivido aquilo em directo. Parece ter sido noutra vida, quase com outra humanidade. Percorremos dois mil anos num instante, se tentarmos colocar essa porção de tempo na escala do tempo dos Deuses. Se tentarmos imaginar qual o tempo – se é que ele existe – do projecto da criação cristã até ao “juízo final”. Temos de concordar que nos parece muito pouco, que estaremos muito longe, que estaremos ainda muito no início. Compreendemos que outros povos tenham pensado tantas vezes na eventualidade do fim colectivo próximo e tenham afeiçoado às suas escalas de tempo as profecias apocalípticas. No nosso tempo a profecia apocalitptica já não vem da bruxaria e está ligada à Ciência e a apresentações em power point feitas por AL GORE. É por essa via que experimentamos a ideia do fim que está em todos os apocalipses. Sabemos que essa é uma das possibilidades, experimentamo-la ainda que inconscientemente, imperfeitamente, nas suposições vagas do que será um fim desses. Assim, a primeira coisa que me parece evidente é que o Nosso Tempo é muito curto para perceber o tempo da “humanidade”. Até porque sabemos das enormes diferenças que a “humanidade” assumiu nestes afinal tão curtos dois mil anos (romanos, árabes, idade média, renascimento, romantismo, belle-époque, revolução francesa (foi há menos de três séculos: a bisavô da minha avô poderia ter estado lá (a minha avó nasceu a 3 de Outubro de 1895, logo separam-me do nascimento dela 118 anos, 1895-118 anos, logo a sua avó poderia bem ter nascido em 1777, a tempo de assistir à gulhotinagem de Maria Antonieta).

O que é que destinguirá o “nosso tempo”, como é que ele será visto de fora, de aqui a dois mil anos? Bom, esse exercício é vizinho do imaginar um fim colectivo. Porém e se o que destingue o Nosso Tempo, se aquilo pelo qual se tornar conhecido nesse futuro em dobro ao que nós já vivemos desde o nascimento de cristo, for qualquer coisa do nosso carácter actual que se equivalha ao buraco do ozono do “apocalipse”? Qual o traço do nosso tempo que se poderia considerar a replicação na humanidade daquilo que está a acontecer na terra?

A minha primeira sensação é que esse traço é a ilusão do homem ser a medida de todas as coisas. O homem individuo, o homem como uma esperança de vida que delimita o que é mais importante no nosso tempo: o tempo de vida de cada um, o tempo da esperança de vida de cada um. Se tentar percorrer essa mesma sensação sem a assustar, consigo imaginar um tempo em que o mais importante não fosse – para quem nesse tempo viveu – o tempo que pessoalmente iria viver mas a sua participação num tempo maior, no tempo da sua espécie, no tempo maior dos Deuses. Chego aqui e paro, começa aqui parte do buraco negro, onde as ideias, mesmo as menos verbalizáveis, as que são só imagem, deixam de existir de se poder formar.

Dita esta salganhada toda, o que me parece é que o nosso tempo é o do princípio de um fim com estrondo de um individualismo que provavelmente se exacerbou com a colocação do homem/individuo no centro de todas as coisas, quando qualquer ser com um mínimo de pudor e – sobretudo – instinto de sobrevivência, não se coloca no centro de todas as coisas. Sei muito pouco de história, mas sei o que intuo do tempo que me foi contado.

O nosso tempo para mim é o do fim do “homem/individuo como medida de todas as coisas”.

Visto o tempo assim, fico impressionado com a facilidade como que nos excluímos do tempo em que estamos, e da nossa enorme cumplicidade filial em relação a ele, apontando o dedo a Sócrates, a Cavaco, à Troika, à Merkle, ao Senhor da Coreia. Somos nós., É o nosso tempo e parece-me mais ou menos evidente que o que está a acontecer na Europa soa a princípio do fim de um tempo muito mais longo do que nós possamos imaginar. Se tivermos de recuar até que a primeira semente deste tempo em que o “homem/individuo” funcionou como definidor da escala da nossa vida pessoal, o nosso tempo de vida, por exemplo, teremos de recuar até outro buraco negro relativamente ao qual só tenho uma muito vaga ideia que é a de que esse tempo seria em muitos aspectos semelhantes àquele que virá. Ao pensar isso penso se o caminho não será agora a marcha atrás do tempo e se não teremos de passar por uma nova idade média e não nos teremos mesmo de preparar para os encantos dela. Porque sabemos que os tem, ainda que esse tempo seja conhecido como “das trevas”.



[1] A primeira vez que ouvi esta expressão “advogadez” foi num julgamento proferida por uma testemunha a quem o Colega do lado tinha acabado de fazer a primeira pergunta. A testemunha era um daqueles administradores das novas empresas público-privadas. Agressivó-snob-sem-berço-mesmo, seria uma descrição, a juntar aos fatos e às gravatas nunca amarrotadas com aquele mesmo ar do cabelo quando vem do barbeiro, a juntar à arrogância - ainda por cima, em estilo “sei que sou arrogante mas estou-me a conter, por educação” e ao hábito de olhar desnecessariamente atentissimamente para as irís do interlocutor. O Colega tinha o mesmo primeiro nome que eu e era o advogado daquela contemporaneissima companhia público-privada – como eles gostam de dizer “a companhia” – com quem o meu cliente discutia, num caso bem conhecido daquele administrador de quem ouvi essa expressão, quando em respota à primeira pergunta do meu Colega lhe atirou (estes tipos - quando se lembram de uma em que se gostam especialmente de ouvir – atiram mesmo): “Oh Doutor, importa-se de repetir a pergunta sem ser emadvogadêz). Fantástico. Fantástica a palavra e fantástica a confusão daquele tipo. Ele tomava o Advogado da “companhia” (que pelos vistos nunca tinha visto) pelo advogado filho da mãe, convencido, fora do baralho que representava “os outros gajos”. Adoptei imediatamente uma atitude compungida, refugiei-me na leitura dos apontamentos anteriores como se estivesse embaraçado que a “minha” testemunha estivesse a ser incomodada pelo Colega. Acho que o Colega não percebeu, porque eu estava ao lado dele, mas até ao final do seu interrogatório percebi deliciado que o Senhor Administrador não desfizera o equívoco de pensar que aquele que lhe fazia perguntas não era eu, que não era op seu advogado em desespero sem saber como lhe haveria de explicar isso, depois daquela entrada de leão do seu administrador sendeiro.





27.10.11




1.

O Armando usa óculos. Já desistiu de comprar os “que lhe ficam mesmo bem” que também há muito deixaram de lhe dizer e – depois disso - de procurar os que lhe fiquem menos mal.

Usa os óculos que tem, uns que encontrou de massa e que eram daquelas coisas que por serem tão nhónhinhas, tão inofensivas, tão moscas mortas que nunca as perdemos, sobrevivem sempre e fazem-no com aquele ar aparentemente inofensivo dos que sabem que nos vão sobreviver e olham para nós assim, com aquela peninha que se nota mais porque dissimulada em não peninha.

Mandou arranjar os óculos (pôr-lhes umas lentes, porque eles estavam bons); Marcou uma consulta na Óptica onde trabalha a Alicinha, que é quem o continua a vir visitar, uma vez por semana, sem que ele perceba que o ritmo é mesmo esse – o da promessa que ela se fez de não deixar o gajo enlouquecer sozinho. Foi então à Óptica, no Conde Redondo e foi lá que soube que tinha aumentado as dioptrias e que o astigmatismo regride mas a vista cansada não, a miopia não.

Era tudo branco, parecido ao branco iluminado a fluorescente e tobogénio, ou lá como se chamam as lâmpadas cilíndricas que desde os anos 70 dão aquela luz em todos os sítios em que o Estado dá aquela luz, daquela luz de todos os sítios onde nos tratam da saúde. Armando não gosta disso, por isso achou bem ir a uma óptica ver dos olhos para arranjar os óculos de massa em vez de ir marcar uma consulta no Oftalmologista.

Armando fala bem e escreve, escreve ainda muito,” ainda” porque há muito tempo que acabou o que lhe pareceu na altura um dado adquirido: viver do que escrevia. Armando só vacila em palavras técnicas como as das lâmpadas de Tugonénio .

- É assim que se chamam não? Bem, pensando bem acho que não deve ser assim, soa a prémio da Associação Nacional de Inventores, Filatelistas e Malta que Gosta de Falar do Antigamente, pouco importa, adiante).

Armando há muito tempo que não sai à noite para ir beber um copo, assim descontraidamente como quem não quer a coisa e se der até às sete foi uma ganda noite, no dia a seguir, de rastos e um gajo a tentar consolar-se assim: “foi uma ganda noite”.

- Há muito tempo que não vou sequer ao before hours, antes do after hours, eh eh, diz o Armando a fazer graça com o Victor que o foi ver ao buraco onde te meteste.

- Mas isto não é nenhum buraco, os buracos são nas caves, isto é um sótão e – pera – sobe lá para aquela caixa. Eh pá vá lá, faz o que te digo, carácoles. Tás a ver? Estica o pescoço para dentro da clarabóia. Estás a ver? Cacilhas, carácoles e aquele sítio que tem os restaurantes onde a malta ia quando estava tudo cheio, nas noites deverão: o Ginjal, tás a ver o Ginjal? O Atira-te ao Rio?

- Bom tava-te a contar que fui lá pôr as lentes e da luz do Tugogénio, eh eh, não deve ser assim que se chamam as lâmpadas, aquelas que piscam antes de acender?

O Victor olha para o Armando e mede-o sem acabar de fechar a boca: Este gajo está-se a passar. Tenho de o tirar de aqui, dã-se. Victor olha à volta enquanto o Armandinho fala aquilo dos Filatelistas e que conversa da treta, pensa o Victor.

- Oh pá, vai dar banho ao cão, veste uma camisa pá e vamos ali à Barraca onde íamos há anos ver aqueles gajos dos Ena Pá 2000. Gandas tempos, um gaijo, um gaijo nunca sabia, nunca sabia como é que a noite ia acabar. Aquilo agora bebe-se uns copos assim depois do jantar e vou com uma amiga, depois do jantar, tás a ver, diz que há lá uma cena de Teatro, bute Nandinho, bute lá, põe-te a peito Nandinho! faz-te fino Nandinho! passo por cá depois do jantar para desceres. E saiu sem dar tempo ao outro de tugir.

Nem se levantou, ficou ali a ver-se olhar para as pantufas, o que fazia, para aumentar a auto-comiseração que o fazia sentir não ter nada a ver com aquilo que via, via-se de fora e pronto, não estava nessa. Não estou nessa Vanessa, disse o Armandinho alto quando se levantou para ir tomar duche. Bora lá, o Victor é um acelerado mas está-se bem e a amiga pode ser gira. Oh pá e que seja, carácoles? Armandinho fala sozinho muitas vezes, interrompe-se geralmente quando se quer pôr na ordem. Nessa parte ele não consegue ver-se de fora, como na parte das pantufas, desvia o olhar e sussurra para si próprio. Eh pá estás a falar sozinho, vê lá isso.

Às dez o Victor lá estava mais a amiga Márcia.

O Armandinho desce as escadas mais leve, diz-se (agora só a pensar) devia obrigar-me a isto mais vezes, um tipo arranja-se e fica mais leve, com menos culpa é o que é, mas qual culpa? A de não fazer a barba, fónixe, é sempre a mesma coisa, a culpa, a culpa. Bom mas devia fazer isto mais vezes, um gajo olha para o espelho quando vai ter com os outros, e aí vê-se, pelos olhos deles, só aí é que nos vemos, quando sabemos que os outros nos vão ver, é, é o mesmo que se passa com as casas, um gajo pode estar uma semana sem arrumar a casa, vai pondo as coisas no lixo, livrando os cinzeiros, puxa os lençóis pelas orelhas, abre as janelas e tá, e tá e vive assim uma semana, nem vê, não repara no que está a acumular, é o pó do pós dos cinzeiros virados, o amarrotado quente da cama puxada pelas orelhas há cinco dias, o lixo a transbordar com algumas embalagens já em equilíbrio entre o metal do balde e o vácuo, de repente tocam à porta, aí um gajo vê a casa, a partir do toque da campainha aquilo é como acenderem uma luz de projector num quarto com iluminação pró-queca:

Flash, um flash meu, é o que é. Quanto te batem à porta é que vês a casa. É como sair, vinha a pensar isso enquanto descia as escadas, tenho de vir aqui mais vezes. Tenho de me obrigar a sair. Já parecia que não me conhecia, hoje, quando comecei a fazer a barba.

O Victor olha para a Márcia, enquanto o Armandinho está a olhar para as três cadeiras que estão em sentinela, na forma, no palco, assim em contra luz, só preto.

Diz o Armandinho: - Aquilo é estranho. O Palco estão a ver? Parece aqueles palcos do Teatro depois do 25 de Abril, em que não havia cenários, era tudo com as mãos, imaginavas a chávena de chá, o cajado (o cajado era fácil), a garrafa, mas também não podiam ser todos os objectos, há uns que de certeza eles tinham de tirar da história porque com mímica iam levar muito tempo a descrevê-los.

O Victor e a Márcia voltam a olhar um para o outro, desta vez ela levanta as sobrancelhas com a expressão “qué isso minino” (a Márcia é Paulista).

O Armandinho não dá por nada, está mais leve, está reconciliado consigo, já pode até ser apresentado, “estás a ver? está-se bem. A brasileira é fixóla o Victor está numa de estar caladito, está-se muito bem”, diz a expressão facial dele.

O Armandinho vai à casa de banho, procura o interruptor, aquilo está escuro, é aqui, passou a ponta dos dedos pela parede até encontrar o rebordo e ligou, outra vez, ligou, para cima, para baixo e alternadamente os interruptores até que entreou e fez que bateu as palmas, e ficou à espera e assim a medo esboçou um gesto que parecia o de um pássaro a sacudir as asas sem querer fazer barulho, também não havia daquelas lâmpadas com censores. Olhou para cima e conseguiu ver o luzir alaranjado da lâmpada cilíndrica do tecto.

Armandinho vai ao balcão e o rapaz que estava ali até a estudar enquanto aquilo dura, levanta os olhos do livro que tem aberto logo por debaixo do tampo do balcão onde o Armandinho tem a mão pousada ouve-o:

- Desculpe mas parece-me que a lâmpada do tubogajogénio está fundida.

- Tubo quê? – Pergunta o rapaz ainda antes da dúvida este gajo está a gozar comigo?

- Eh pá desculpe, não sei como se chamam. A lâmpada da casa de banho está fundida, há outra luz? estás a ver?

O rapaz do bar diz que não sabe, sem uma palavra, só com o franzir dos lábios para baixo, assim em arco quase beicinho. Sei lá.

Começa o espectáculo, as luzes apagam-se, faz-se silêncio e por momentos o Armandinho ouve mesmo o bzzr bzzrr intermitente da lâmpada lá como raio se chame a zunir, logo sobre o zunir da lâmpada há um reflexo mínimo alaranjado que é do filamento que está a luzir. Filamento, olha estão a pedir uma palavra

- A gente diz uma palavra e eles fazem o teatro a partir dali. Este é o Victor a explicar à Márcia o que está a acontecer. Armandinho estava absorto a olhar para a porta da casa de banho. A Márcia e o Victor olhavam para ele enquanto continuavam a conversar, olhando-o ambos, sem se olharem entre si, até que ele elevou a voz para dizer o que disse “A gente diz uma palavra e eles fazem o teatro a partir dali.”

- Filamento. Diz logo o Armandinho.

- Filamento, filamento, filamento, dizem em tom de voz pensativo/introspectivo os três actores enquanto dão uma série de voltinhas às cadeiras de há pouco, as que pareciam sentinela.

A luz volta a baixar, agora muito suavemente, eles estão sentados agora em cima das cadeiras, em posições tipo o “Pensador”, a luz chega à escuridão total menos o raio da lâmpada que luz e o Armandinho olha outra vez para lá e o Victor olha para as mãos que fecha, mesmo assim, naquela penumbra, os zumbidos do filamento fazem-lhe luzir o anel mesmo antes da pedra verde. O Victor é do Sporting e comprou aquilo num antiquário em Benidorm que o convenceu que o anel era de um pirata, o anel era verde e o Victor era do Sporting, e pronto trás, pum cantrapum: anel de pirata do Sporting.

- De prata, perguntou-lhe a sogra quando ele contou a história lá em casa, no almoço de Domingo.

- De pirata, falou ele mais alto.

A mulher deu-lhe uma canelada, assim de lado mas com a ponta do f. da p. do sapato que se o apanho no chão. O Victor lá se controlou, engoliu a dor na canela e repetiu mansinho. - Pirata D. Júlia. Pirata do Sporting.

Isto fora na véspera, hoje dissera à mulher que ia com o Antunes ver os equipamentos para o torneio de Footsale da empresa, que já estavam atrasados e que a malta que tinha dado o dinheiro já andava a gozar com eles.

Agora estava ali, sem saber como iam voltar a falar normalmente. Dantes falavam logo, a coisa acontecia e falavam logo, agora não, passa um dia, passa dois dias e aquilo fica ali, como uma batata mal migada na sopa, um trambolho, a meio. Bom e o Armandinho que está porreiro, a Márcia não o conhece, é verdade que ele está assim pró estranho com aquela coisa da mímica e dos teatros dos anos 70, diz cada coisa de repente.









O pianista, está ali o pianista. Foi a primeira coisa que se viu quando a luz encarnada começou a subir. É uma senhora que faz as luzes, ali desde uma mesinha. Sorri-lhe, ela parece fazer aquilo por causa da folga de alguém, mas está serena e feliz, olha para as luzes a subir e sorri enquanto gira os botões. Primeiras notas do piano, como o piano é quente para a alma, às primeiras notas depois do silêncio fica tudo cheio, o palco mudou de luz e está cheio, com os actores que chegaram, o piano e começam a viver uma história, que fazem logo ali, à nossa frente. Filamento que raio de palavra fui dizer. E porque é que não estou calado? Agora vão todos ter de levar com uma história feita sobre o “filamento “.