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Prezado leitor, o Portal do Servidor Publico do Brasil é um BLOG que seleciona e divulga notícias que são publicadas nos jornais e na internet, e que são de interesse dos servidores públicos de todo o Brasil. Todos os artigos e notícias publicados têm caráter meramente informativo e são de responsabilidade de seus autores e fontes, conforme citados nos links ao final de cada texto, não refletindo necessariamente a opinião deste site.

OS DESTEMIDOS GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO

OS DESTEMIDOS  GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO
A situação é grave de todos os servidores da ex. Sucam dos Estados de Rondônia,Pará e Acre, que realizaram o exame toxicologicos, foram constatada a presença de compostos nocivos à saúde em níveis alarmantes. VEJA A NOSSA HISTÓRIA CONTEM FOTO E VÍDEO

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sábado, 7 de novembro de 2009

(Fotos) Os soldados de combate a malaria do Municipio de Seringueiras Rondônia

Os soldados de combate a malaria da ex: sucam, hoje atual Fundação Nacional de Saude, Lotados no Municipio de  seringueiras Rondônia; Onde os mesmo deram a vida para salvar vidas, nos anos de 1980...Hoje lamentávelmente muitos deles foram mortos por poblemas  causados por uso intenso do  D.D.T. sem as proteções necessarias dos equipamentos de EPI  
 e orientações sobre o risco de vida.













Os heróis de combate a malaria dexam soldade,onde infelismente
o segundo servidor de 47 anos, falecido vitima da suposta contaminação por DDT



Servidor de 54 anos da ex sucam do Estado do Acre (Falecido ) em 2009
com alto grau de incetisida  no sangue.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Soldados da Sucam padecem contaminados por DDT

Flávio Afonso
da Folha de Rondônia

Agentes de saúde da extinta Superintendência de Combate à Malária (Sucam), hoje Fundação Nacional de Saúde (Funasa), estão vivendo um grande drama após décadas utilizando o inseticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT).

Conhecidos como “Soldados da Sucam”, eles salvaram milhares de vidas na floresta, rios, vilas e cidades, sem saber que estavam pondo em risco a própria vida. Seus caminhos naquela época não eram percorridos por carros e não utilizavam equipamentos de segurança apropriados, não possuíam salários altos e nem privilégios dignos de profissionais amparados por leis trabalhistas.

Proibido pelo Governo para uso agrícola em 1982, o DDT só foi ter sua proibição na área da Saúde em 1990, porém informações dão conta de que ainda continuou sendo utilizado por pelo menos mais 5 anos pelos agentes de Saúde da Sucam.

Hoje a situação da maioria destes agentes – cerca de 60% dos servidores da Região Norte, segundo dados extra-oficiais – é desesperadora. Exames realizados no Centro de Atendimento Toxicológico Dr. Brasil apresentaram níveis assustadores de intoxicação.

Os valores normais para a presença de Organo-Clorado - componente presente no DDT - no organismo humano é de 3 ug/dl, de acordo com a Portaria nº 12 de 06/06/1983 da Secretaria de Segurança do Trabalho através da NR 7.

Porém, os valores encontrados nos servidores da Funasa lotados em Jaru chegam a 17,73, nível considerado altíssimo. No Acre, mais de 500 agentes de saúde da Funasa estão contaminados.

Cerca de 40 não resistiram ao alto grau de contaminação e morreram em decorrer de complicações ligadas aos efeitos causados pelo longo período de manipulação do DDT.

TAGs: SUCAM - FUNASA - VENENO - ENVENENAMENTO

Carta do grupo de apoio aos servidores da extinta Sucam

Texto integral

Autor Expedito Júnior (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira /RO)
Data 06/10/2009 Casa Senado Federal Tipo Discurso

SENADO FEDERAL SF - 1

SECRETARIA-GERAL DA MESA
SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA

O SR. EXPEDITO JÚNIOR (PSDB ¿ RO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) ¿ Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, antes de mais nada, eu gostaria de destacar aqui a presença, mais uma vez, dos líderes sindicalistas do meu Estado e eu o faço na pessoa do servidor do Ministério Público do Estado de Rondônia, da minha cidade, do Município de Rolim de Moura, que representa o Ministério Público, Joabe. Eu gostaria de cumprimentar todos os líderes sindicalistas do Estado de Rondônia.
Além de cumprimentar aqui todos os líderes sindicalistas, eu gostaria de cumprimentar também os servidores públicos hoje que devem estar mais ou menos em número de 600 servidores públicos novamente ocupando a tribuna de honra da Câmara dos Deputados, na expectativa de que seja votado, ou hoje ou amanhã, a PEC da transposição dos servidores públicos do meu Estado, fazendo justiça aos servidores de Rondônia, fazendo justiça ao meu Estado, dando a paridade aos servidores públicos de Rondônia e dando a oportunidade para que eles façam a opção, para que eles façam a escolha de pertencerem ou não ao quadro federal.

Foi feito isso com os ex-Territórios, foi feito com Roraima, foi feito com Amapá, e nós estamos agora pedindo essa paridade. Nós estamos pedindo esse tratamento isonômico, Sr. Presidente, com o meu Estado.

Mas, Sr. Presidente, eu estive durante a semana, mas precisamente ontem, numa reunião com os servidores públicos federais do meu Estado. E eu recebi durante a semana, além da audiência que eles me proporcionaram, algumas denúncias graves, inclusive, sobre o tratamento que estão recebendo os servidores da hoje Fundação Nacional de Saúde, antiga Sucam. A denúncia, na verdade, parte do meu Estado, parte dos servidores de Rondônia, mas, na verdade, atinge todos os servidores da Fundação Nacional de Saúde do Brasil inteiro. A irresponsabilidade do Ministério da Saúde, a irresponsabilidade da Procuradoria Geral da República, a irresponsabilidade da Procuradoria do Trabalho, da Procuradoria Federal do Trabalho, do Procurador Federal do Trabalho do meu Estado é tamanha... E essa denúncia chegou às nossas mãos, Sr. Presidente, numa correspondência que chegou semana passada ¿ e eu gostaria de destacar aqui, mostrando para todo o Brasil, principalmente para o meu Estado. Trata-se de um abaixo-assinado dos servidores do Município de Ji-Paraná e de uma carta do grupo de apoio aos servidores da ex-Sucam contaminados pelo DDT do Estado de Rondônia aos Parlamentares Federais do Estado de Rondônia.
Vou ler só um trecho, Sr. Presidente:


Sr. Senador Expedito Júnior, somos pertencentes ao quadro de servidores da Funasa, oriundos da extinta Sucam, que, como é do conhecimento de V. Exª, sempre trabalhamos em operação de controle e combate às endemias, malária, febre amarela, leishmaniose [que é uma das doenças tropicais da Região Amazônica] em todos os Municípios do Estado de Rondônia, desde a época do então Território Federal, atuando nas zonas urbanas, rurais, fazendas, sítios, áreas ribeirinhas, áreas indígenas, salientando que somos os responsáveis pelo desenvolvimento do Estado de Rondônia, sendo que todas as atividades de campo foram realizadas.
Então, Sr. Presidente, é uma maneira de eles fazerem uma denúncia sobre o uso do inseticida DDT. Trata-se de um inseticida, Sr. Presidente, que ceifou já muitas vidas no meu Estado, de muitos servidores que estavam trabalhando, inclusive, para beneficiar a maioria da população da Região Amazônica. Então, eu recebi, no meu gabinete, uma correspondência e dos próprios servidores, pessoalmente, lá no meu Estado. Uma das correspondências é o abaixo-assinado, como eu já disse, que relata a difícil situação de saúde desses trabalhadores, cujos exames toxicológicos indicam o alto grau de infecção no sangue pelo manuseio do DDT.


Sobre essa carta, Sr. Presidente, eu gostaria de fazer um apelo ao Ministro da Saúde, em nome dos ex-servidores da Sucam. Esses trabalhadores foram convocados para combater a malária por meio do uso do inseticida DDT, que, à época, era considerado inofensivo por falta de informação. Com esse trabalho de combate à malária, esses trabalhadores ajudaram de forma importante para o desenvolvimento do nosso Estado.
O manuseio do DDT trouxe um mal para esses trabalhadores. Com a extinção da Sucam, eles passaram para os quadros da Funasa, órgão que não está dando a devida atenção aos problemas de saúde decorrentes do uso do DDT.
O apelo que faço ao Ministro da Saúde é que disponibilize um especialista para acompanhar os diversos casos já existentes de pessoas infectadas pelo manuseio do DDT no combate à malária.
Trata-se de um gesto de atenção do Governo Federal para com essas pessoas que se dedicaram ao combate à malária, mas que, agora, estão esquecidas na atenção à sua saúde.
A segunda carta que recebi, como já disse, é do grupo de apoio aos servidores da extinta Sucam, em Rondônia, contaminados também pelo DDT.
Eles sempre trabalharam em operação de controle das doenças e de combate às endemias de malária, febre amarela, leishmaniose, em todos os Municípios do nosso Estado, do ex-Território de Rondônia. Atuaram nas zonas urbanas e rurais, em fazendas, sítios, áreas ribeirinhas e áreas indígenas.
O inseticida é muito nocivo à saúde humana e é cumulativo no organismo, o que causou a contaminação dos servidores, pois não receberam equipamentos de proteção individual e nem orientação precisa para evitá-la.
O apelo desse grupo é para que a Câmara dos Deputados vote logo o PL nº 4.485, de 2008, que concede pensão especial aos trabalhadores da extinta Sucam contaminados pelo DDT.
O projeto já foi aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família, mas falta ser aprovado na Comissão de Finanças e Tributação.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. EXPEDITO JÚNIOR (PSDB ¿ RO) ¿ Para concluir, Sr. Presidente. Mais um minuto.
Faço, portanto, um apelo ao Deputado Vicentinho, do PR de Tocantins, para que, como Relator, apresente com urgência o seu relatório, pois esse é um problema de saúde muito grave.
O que me deixa indignado, Sr. Presidente, é querer saber por que a Procuradoria-Geral da República do meu Estado e o Ministério Público do Trabalho não atuaram ainda e não tomaram nenhuma providência, tendo em vista que o Sindsef, o Sindicato dos Servidores Federais, já havia comunicado esse problema aos dois órgãos.
Eu gostaria, Sr. Presidente, de requerer que sejam incluídas nos Anais desta Casa as duas correspondências a que me referi. Nessas cartas nós temos aqui, Sr. Presidente, vários laudos toxicológicos desses trabalhadores comprovando que eles próprios, os servidores, estão custeando aquilo que deveria...

(Interrupção do som.)

*********************************************************************************

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EXPEDITO JÚNIOR EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
*********************************************************************************

Matérias referidas:
Abaixo assinado
Carta do grupo de apoio aos servidores da extinta Sucam

Deputado defende funcionários da extinta Sucam contaminados por produto químico

2009-10-23 - 09:55:04

O deputado estadual Professor Dantas (PT) recebeu esta semana na Assembléia Legislativa, um grupo de servidores da extinta Sucam (atual Fundação Nacional da Saúde - Funasa), envolvidos na defesa das vítimas por contaminação pelo DDT, produto químico utilizado por décadas no Estado de Rondônia para combater o mosquito da malária. O parlamentar se comprometeu com o grupo de servidores a fazer encaminhamentos no âmbito da Assembléia Legislativa visando à realização de uma audiência pública para debater o assunto e cobrar providências das autoridades.

O deputado Professor Dantas aproveitou para fazer um rápido relato de seus encaminhamentos sobre o assunto, inclusive a defesa de uma imediata intervenção do Ministério Público do Trabalho e a abertura de processo administrativo junto ao Ministério da Saúde para pagamento de indenizações e suporte de apoio no tratamento das vítimas.

Informou o parlamentar que vai solicitar na próxima semana a intervenção do Governo Estadual, no sentido de realizar os exames de Colinesterase Sanguínea, conforme previsto em lei, visando auxiliar nos encaminhamentos administrativos, os servidores vítimas da contaminação.

Na exposição de motivos a ser encaminhada ao Governo Estadual, o parlamentar diz que vai relatar a prestimosa colaboração destes servidores, que por décadas atuaram com ações de saúde pública, enfrentando os mais diversos desafios e perigos.

“São honrados e dignos servidores que trabalharam por décadas em operações de controle e combate as endemias (malária, febre amarela, leishmaniose, dentre outras em todos os municípios do Estado de Rondônia, desde a época do então Território Federal, atuando nas zonas urbanas e rurais - fazendas, sítios, áreas ribeirinhas, áreas indígenas, sendo que todas estas atividades foram realizadas usando-se o principalmente o DDT ( Diclorodifeniltricloretano )”.

JARU
O deputado Professor Dantas também recebeu esta semana em audiência na Assembléia Legislativa, o vereador Evaldo do PT, do município de Jaru, que apresentou uma série de reivindicações a serem transformadas posteriormente em proposituras a ser apresentadas na Assembléia Legislativa.

O deputado entregou ao vereador cópia do oficio 127- GDPD/2008, com pedido de liberação de remanejamento de Emenda Parlamentar, no valor de R$ 90.000,00 ao Governo do Estado solicitando a liberação para atender cinco associações do distrito de Tarilândia (Jaru) já liberado esta semana. As entidades beneficiadas são as seguintes: Associação dos Produtores em Agricultura Familiar, Associação Paulinense, Associação Vitoria da União e Associação da Boa União dos Produtores Rurais da Linha 627. O dinheiro será aplicado na aquisição de implementos agrícolas.

Autor: A. de Almeida | Fonte: Assessoria

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Com atraso, governo ampara vítimas do DDT

 LEIA; MAIS...
http://noticias.agenciaamazonia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3537&Itemid=529

Deputado defende funcionários da extinta Sucam contaminados por produto químico

LEIA: MATERIA COMPLETA...
http://tvregionalro.com.br/Noticia.asp?Noticia=157

Comissão aprova pensão vitalícia para contaminados por inseticida

LEIA: MATERIA COMPLETA...
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1739087/comissao-aprova-pensao-vitalicia-para-contaminados-por-inseticida

Henrique Afonso vai relatar a aposentadoria especial para as vitimas do DDT

LEIA: MATERIA COMPLETA...
http://www.ecosdanoticia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=4172&Itemid=84

Desamparados, ex-guardas da Sucam têm importante vitória na Câmara

LEIA: MATERIA COMPLETA...

http://www.agazeta-acre.com.br/Web/Noticias.do?ID_Not=21396

Ex-guardas da Sucam ganham pensão vitalícia de R$ 2 mil

LEIA: MATERIA COMPLETA...
http://www.oaltoacre.com/index.php?option=com_content&task=view&id=5194&Itemid=26

Comissão de Seguridade Social e Família aprecia projeto de lei do deputado Zequinha Marinho

LEIA : MAIS;
http://condsef.org.br/joomla/index.php?option=com_content&task=view&id=3566&Itemid=27

SERVIDOR LUTAM POR APOSENTADORIA ESPECIAL EM RAZÃO DE EXPOSIÇÃO CONTINUA AO PESTICIDA DDT

SERVIDORES DA FUNASA – Fundação Nacional de Saúde – LUTAM POR APOSENTADORIA ESPECIAL EM RAZÃO DE EXPOSIÇÃO CONTINUA AO PESTICIDA DDT

LEIA: MATERIA COMPLETA;
http://blogosferapolicial.com.br/servidores-da-funasa-%E2%80%93-fundacao-nacional-de-saude-%E2%80%93-lutam-por-aposentadoria-especial-em-razao-de-exposicao-continua-ao-pesticida-ddt-8381.html

PROJETO DE LEI PARA OS CONTMINADO POR DDT

Dispõe sobre a concessão de pensão
especial aos trabalhadores da extinta Sucam e atual Funasa, contaminadas pelos inseticidas DDT e Malathion.

Leia: Materia Completa;
http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache:-0M1zj8u20UJ:www.camara.gov.br/sileg/MostrarIntegra.asp%3FCodTeor%3D624627+projeto+de+lei+dos+contaminados+por+ddt+zequinha&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESjAQ01EwtnOOhYjkyY2NkxflDU-84MuRIPoTI3knwqRiVGGiDM-0-kGbBj8tIgrVfgPZc5TSm9NiFR_8qLqzYAh6C8uN9O33KmIcdPeAT34hkkxT0fCAbsUZ_-FiJOH-cPYSk3e&sig=AFQjCNHCji-08heI2mC1Pu3yl1mM30tFWQ

Vítimas do DDT poderão receber indenização

BRASÍLIA — Guardas da extinta Superintendência de Campanha de Saúde Pública (Sucam) contaminados pelos inseticidas Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) e Malathion poderão, em breve, receber uma indenização de R$ 100 mil. O benefício está previsto no Projeto de Lei 4973/09, da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), em analise na Câmara dos Deputados.

Laia: Materia Completa;
http://www.agenciaamazonia.com.br/Noticias/vitimas-do-ddt-poderao-receber-indenizacao.html

Servidor contaminado por DDT pode ser indenizado com R$ 100 mil

Edson Santos Perpétua Almeida: várias pessoas que trabalharam com os inseticidas morreram ou estão em precário estado de saúde. A Câmara analisa o Projeto de Lei 4973/09,

Leia: Materia Completa;
http://www.direito2.com.br/acam/2009/jun/22/servidor-contaminado-por-ddt-pode-ser-indenizado-com-r-100-mil

PENSÃO ESPECIAL PARA SERVIDORES DA FUNASA CONTAMINADOS PELOS INSETICIDAS DDT E MALATHION

Deputado Henrique Afonso vence a primeira batalha para garantir pensão especial aos servidores da extinta SUCAM vítimas do DDT e do malathion

Leia Materia Completa;
http://henriqueafonso.blogspot.com/2009_08_01_archive.html

Contaminados por DDT em Rondônia pedem Apoio

JORNAL FLIT PARALISANTEPOLÍCIA SEM CERIMONIAL
SERVIDORES DA FUNASA – Fundação Nacional de Saúde – LUTAM POR APOSENTADORIA ESPECIAL EM RAZÃO DE EXPOSIÇÃO CONTINUA AO PESTICIDA DDT

Leia Materia Completa;
http://flitparalisante.wordpress.com/2009/08/18/servidores-da-funasa-fundacao-nacional-de-saude-lutam-por-aposentadoria-especial-em-razao-de-exposicao-continua-ao-pesticida-ddt/

Comissão de sindicância da Aleac apresenta provas da contaminação de ex-guardas da Sucam pelo DDT

Comissão de Direitos Humanos da Aleac se reuniu na tarde de terça-feira, (23), com secretário de saúde Osvaldo Leal, para definir os procedimentos de atendimento aos contaminados pelo pesticida DDT, exames de Cromatografia Gasosa, será realizado nos ex-guardas da extinta Sucam

Leia Mais...
http://200.252.29.138/aleac/walterprado/?p=150

Relatório da CDH pede indenização para vítimas do DDT

Deputado Walter Prado, que presidiu comissão, entrega relatório do DDT ao presidente da Assembléia Legislativa.


Em relatório de 33 páginas,
produzido depois de 60 dias de investigações, a Comissão de Direitos
Humanos da Aleac concluiu que os servidores da extinta Sucam que
manipulavam o DDT, inseticida usado no combate ao mosquito da malária,
sofreram contaminação e devem ser indenizados por danos materiais e
morais. Segundo o relatório, as vítimas devem receber pensão mensal
vitalícia e 13o salário.

Leia Materia  Completa;
http://www.oestadoacre.com/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=2586

Comissão de Direitos Humanos entrega relatório e defende indenização para vítimas do

Comissão de Direitos Humanos entrega relatório e defende indenização para vítimas do DDT
No dia 23 de junho deste ano a jornalista Dulcinéia Azevedo, de ac24horas, denunciou que a contaminação por Dicloro-
Difenil-Tricloroetano (DDT) pode está relacionada à morte de 114 funcionários da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) no Acre, entre os anos de 1994 até hoje.

Leia Materia Completa;
http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache:XAhQwKcqw5EJ:www.ac24horas.com/index2.php%3Foption%3Dcom_content%26do_pdf%3D1%26id%3D2267+Comiss%C3%A3o+de+Direitos+Humanos+entrega+relat%C3%B3rio+e+defende+indeniza%C3%A7%C3%A3o+para+v%C3%ADtimas+do+DDT&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESirB7OcKUngdcL4iIf9-sj1mw_I4y6REXl3pjxa37OvhLW2PP4aVT8ucPdO3tzusynZOdmE8kAYfaXoAY7-QZycs2KFqM0NyDMWZOajfqRLh18JQD-TK5-D72elLwq_X06DFr2E&sig=AFQjCNGmFt2f980PgfeOxPGsOY2UZgOkYw
http://www.noticiasdahora.com/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=5325
Comissão de Direitos Humanos entrega relatório e defende indenização para vítimas do


DDT

Contribuição de AGENCIA ALEAC

30 de outubro de 2008




Em relatório de 33 páginas,


produzido depois de 60 dias de investigações, a Comissão de Direitos


Humanos da Aleac concluiu que os servidores da extinta Sucam que


manipulavam o DDT, inseticida usado no combate ao mosquito da malária,


sofreram contaminação e devem ser indenizados por danos materiais e


morais. Segundo o relatório, as vítimas devem receber pensão mensal


vitalícia e décimo terceiro salário.

Caso dos servidores contaminados por DDT será debatido na Alepa

Caso dos servidores contaminados por DDT será debatido na Alepa
Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, a Assembléia Legislativa do Pará promove audiência pública para debater o caso dos servidores da ex-Sucam - hoje Fundação Nacional da Saúde (Funasa) - contaminados por agentes tóxicos durante as campanhas de combate a endemias, organizadas pelo órgão.
Ex-guardas da Sucam continuam morrendo vítimas de contaminação


Nem essa sucessão de mortes, nem as seqüelas devastadoras e a dor que a contaminação marca os corpos de suas vítimas conseguiram, até agora, despertar e comover as autoridades de Saúde.

Morre mais um ex-guarda da Sucam contaminado pelo DDT

http://walterprado.aleac.net/conteudo/morre-mais-um-ex-guarda-da-sucam-contaminado-pelo-ddt

Apesar dos esforços e do empenho de alguns políticos, mais uma pessoa veio a ser vítima da contaminação pelo DDT. Talvez este reconhecimento tenha chegado tarde, já que o pesticida já vitimou mais de 40 pessoas em todo Estado.Na tarde de terça-feira, 09, mais uma baixa aconteceu, Mário Wilson da Silva, 65, morreu vítima de complicações relacionadas à exposição excessiva ao pesticida. Sofrendo há oito anos, com diversos problemas passou por várias cirurgias, teve derrame, trombose no intestino, trombose em uma perna que foi amputada e tinha grave problema de pressão. Mário Wilson utilizou por mais de 30 anos o DDT como guarda da extinta Sucam.O Brasil conta com uma enorme dívida em matéria de respeito aos direitos humanos. O país conta com uma Constituição das mais avançadas, leis e programas nacionais favoráveis aos direitos humanos, mas continua com uma situação de ampla violação e sem mecanismos práticos de monitoramento da realização prática de direitos.A esposa de Mário Wilson, Albanita Moura da Silva, expõe o sofrimento de uma família que durante todos os anos da doença de Mário Wilson, se esforçou para manter o tratamento e suprir as suas necessidades.“Meu marido trabalhava doente, sem assistência nenhuma por parte do Estado, nunca tivemos qualquer tipo de, durante oito anos ele trabalhou doente. Antes mesmo de sofrer o derrame ele já sofria com vários problemas de saúde”, diz dona Albanita.Segundo dona Albanita era de conhecimento do órgão o estado de saúde de seu esposo, ele teve que pagar do próprio bolso consultas e medicamentos. “Nenhuma autoridade Estadual ou Federal jamais nos procurou, passamos por muitas privações e sempre contamos com ajuda de amigos e parentes”, relata. Prado Lamenta morte de contaminado O deputado Walter Prado (PSB) lamentou na sessão desta quarta-feira, 10, a morte do ex-agente da Sucam Mário Wilson da Silva vitima de complicação de saúde por conta da contaminação pelo DDT - pesticida usado durante as décadas de 1970 e 1980 no combate ao mosquito transmissor da malária e do tifo. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, Walter Prado afirma que a maioria dos contaminados pelo DDT não estão tendo o apoio completo do sistema público de saúde. “O Mário morreu sem nenhum tipo de assistência, a família está tendo dificuldades até mesmo para realizar o seu funeral”, lamenta o deputado.“Se não houver condições destes homens serem devidamente atendidos no Acre, que eles sejam enviados para outros Estados. Ou caso o sistema público não tenha condições, que o Estado as ajude dentro do sistema privado, o que não pode é essas pessoas ficarem como estão”, diz Prado.Para o parlamentar, não importa o fato de esses agentes serem servidores da União. “O sistema público de saúde do Estado tem que prestar assistência”. Prado informa que os primeiros exames médicos já estão sendo realizados nos contaminados pelo DDT. Reunião com o secretário de Saúde No dia 17, de setembro esta agendada uma reunião da Comissão dos Direitos Humanos da Aleac, com o secretário estadual de saúde, Osvaldo Leal. Nesta reunião o presidente da comissão vai cobrar uma posição do Estado, para tratamento das pessoas que ainda padecem com graves problemas ocasionados pelo pesticida DDT.Segundo levantamentos da comissão, somente em Rio Branco mais de 25 ex-agentes da Sucam estão necessitando de atendimento médico por conta do sistema público. Prado pede que o Executivo estadual se mobilize no auxílio a estas pessoas.Nesta reunião os deputados membros da comissão esperam definir prioridades no atendimento dos ex-guardas. Será solicitado o internamento dos doentes mais graves e a imediata medicação de todos os ex-funcionários para evitar novas mortes. (Raí Souza)

Ministério da Saúde lamenta morte de técnico da Funasa

Brasília - O Ministério da Saúde divulgou nota de pesar pela morte do técnico da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) João de Abreu Filho que estava na aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que fez um pouso forçado em um igarapé da Amazônia na última quinta-feira (29). O corpo de João de Abreu foi encontrado ontem (31) no interior da aeronave que estava a cerca de seis metros de profundidade.
Na nota, o ministério manifesta solidariedade com a família e os amigos da vítima e destaca a extrema importância da missão que vinha sendo desempenhada pelo servidor da Funasa no atendimento à população em áreas remotas e de difícil acesso.

“Sem a participação dos colaboradores da Funasa e da excepcional parceria com as Forças Armadas, que nos possibilita levar saúde de qualidade a áreas onde só é possível chegar por meio de pequenas aeronaves ou barcos, comprometeríamos de forma significativa a capacidade de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população e para a redução das desigualdades em saúde”, diz o texto.
Os servidores da Funasa trabalhavam na Operação Gota, que tem por objetivo vacinar índios em mais de 40 aldeias do Vale do Javari, e estavam há 15 dias em atividade na região.
A aeronave voava de Cruzeiro do Sul (AC) para Tabatinga (AM) com onze pessoas, entre militares e servidores da Funasa. Nove sobreviventes foram resgatados e um militar continua desaparecido.


Edição: Lílian Beraldo

sábado, 31 de outubro de 2009

DDT E CONTROLE DE MALÁRIA


DDT E CONTROLE DE MALÁRIA
Um dos mais importantes usos do DDT é o controle de mosquitos vetores da malária, cuja principal espécie transmissora, Anopheles darlingi, já foi encontrada do México até o norte da Argentina. No Brasil, antes das campanhas de erradicação, somente os estados de Paraíba, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estavam livres. Ocorre em locais com grandes volumes de água, como represas, lagos e grandes rios, límpidos e pobres de matéria orgânica ou sais7.
O principal recurso disponível para interromper a transmissão da malária consiste na aplicação de inseticidas de ação residual, com aplicação intradomiciliária. O êxito desta operação está no fato de agirem no local onde se dará a transmissão mosquito - ser humano. Recomendam-se concentrações que assegurem mortalidade de 65 a 85% dos insetos.
Os inseticidas usados são, na ordem de preferência, hidrocarbonetos clorados, organofosforados, carbamatos e piretróides sintéticos (Tabela 1).




Em pesquisa para controle global de malária, um grupo de estudo da Organização Mundial de Saúde promoveu debate sobre a proibição ou não de DDT, com base na possível associação entre DDT e câncer humano, bem como de DDT no leite materno. O comitê chegou às seguintes conclusões22:
1. que não há provas suficientes de efeitos nocivos à saúde humana pela exposição ao DDT, após aplicação em interiores domiciliares;
2. não haveria, portanto, justificativa de ordem toxicológica ou epidemiológica para modificar a política atual de aspersão de DDT em interiores de residências;
3. foram especificadas as condições a serem aplicadas em campanhas de saúde contra a malária;
4. ao planejar um programa de controle de malária em um país ou região, serão levados em conta os seguintes fatores:
- o custo de cada inseticida;
- a disponibilidade de outros métodos de luta antivetorial, onde se incluem os inseticidas alternativos, levando-se em conta os custos e riscos à saúde humana de cada um;
- o surgimento de insetos resistentes, em especial a resistência cruzada, que não é impossível e pode surgir quando se utilizam os inseticidas alternativos;
- a aceitação da população ante o emprego de novos, sobretudo em relação à saúde pública.
Tendo em conta a escassez de dados que indiquem os efeitos nocivos causados pela aplicação no interior das residências, devem ser feitas investigações epidemiológicas que comprovem os fatos, mediante procedimentos científicos rigorosos.
Também devem ser executados estudos adicionais para:
a) examinar as consequências à saúde dos lactentes que seriam causadas pela ingestão de DDT pelo leite materno;
b) investigar a fundo qualquer associação presumida entre o emprego de DDT, em metas de controle antipalúdicas, e o aumento da incidência de câncer.
Os anofelinos adquiriram resistência aos pesticidas, entre eles, os organoclorados. Isso explicaria porque os casos de malária voltaram a crescer durante os anos 707.
O controle sistemático de combate aos vetores da doença iniciou-se na Amazônia, em 1945, nas localidades de Breves e Santa Mônica, Pará. Em setembro de 1947 já havia sido utilizado em outras localidades do estado, no estado do Amazonas e em Guaporé (atual Rondônia) e Amapá, territórios federais na época68. Segundo Roberts5, o reaparecimento da malária na América do Sul deve-se ao fato de os países terem deixados de utilizar DDT nos programas de controle. Os dois únicos países onde a malária não reapareceu foram Venezuela e Equador, devido ao fato de o DDT não ter sido proibido.
Alguns malariologistas argumentam que a aplicação dentro de residências, que seria prejudicial à saúde humana, não é convincente. E que em vários países, o uso de inseticidas organoclorados é o único meio economicamente viável de controle, assim como para a leishmaniose. Seus escassos orçamentos para as campanhas de saúde não possibilitariam substituir satisfatoriamente os inseticidas organoclorados, tendo em vista os preços mais elevados de possíveis alternativas69.
Os custos mais elevados de controle por meio de outros pesticidas superariam os eventuais riscos à saúde, se houver. Os autores argumentam que são inconsistentes os indícios de malefícios à saúde causados por DDT e organoclorados, bem como que a aplicação dentro das casas não causa riscos ao meio ambiente69.
Durante a Conferência das Nações Unidas, realizada entre 4 e 10 de dezembro de 2000, ficou declarado que oito pesticidas considerados nocivos ao ambiente e à saúde serão proscritos pelos países signatários, a saber: hexaclorobenzeno, endrin, dodecacloro, toxafeno, clordano, heptaclor, aldrin e dieldrin. Mas propôs-se que o DDT ainda seja utilizado no controle de malária, pois países que o utilizam para este propósito, ainda necessitam de recursos e tempo para definir e implementar alternativas. O DDT será utilizado somente dentro do interior de residências, e não mais para a agricultura70.

AGRADECIMENTOS
Esse trabalho teve o apoio da CAPES (bolsa de doutorado: MSc. C. D'Amato) e do CNPq (PRONEX 0877). O laboratório cromatográfico foi construido durante a cooperação internacional C*11-CT93-0055 (Comunidade Européia). O Dr. J. Torres é `Selikoff Fellow' da Mount Sinai School of Medicine (Grant 1 D43 TW00640 - Fogarty International Center of the National Institutes of Health).

CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS DDT


CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS
O DDT já era contra-indicado no tratamento de ectoparasitos do gado leiteiro, antes de ser proibido, porque é eliminado pelo leite, além de armazenar-se no tecido adiposo. A ocorrência de níveis tóxicos na carne e no leite concorreu para a proibição de sua fabricação e comercialização4.
Já foi registrada contaminação por DDT e outros organoclorados na América Latina em carne bovina, carne de aves, leite, frutas, hortaliças, legumes, cacau, arroz e até mesmo em óleos, de milho, soja, girassol e oliva. No caso dos produtos de origem vegetal, este pode ser contaminado tanto por absorção foliar após aspersão, quanto por translocação através do solo3.
Estimou-se que cerca de 90 % do DDT e metabólitos retidos no organismo dos seres humanos é proveniente da alimentação. Em 1965, quando ainda não era proibido, a absorção pelos cidadãos americanos era de aproximadamente 0,04 mg/ dia dos alimentos, e de 4,6 x 10-5 mg/dia da água, de menos de 6,0 x 10-5 do ar urbano e de menos de 5,0 x 10-4 do ar em regiões agrícolas, com uso constante do DDT61. Outros investigadores62, 63 chegaram à mesma conclusão: a de que a ingestão de alimentos é a principal fonte de exposição ao DDT e outros compostos organoclorados para a maioria da população.
Analisando 44 amostras de leite comercializado na cidade de São Paulo, coletadas de fevereiro a dezembro de 1979, para determinação de pesticidas organoclorados, Lara et al.64 encontraram p,p'- DDE em 95,4 % das amostras, sendo que em apenas 15,9 % das amostras havia p,p'- DDT e o,p'- DDT. A média foi de 0,03 (mg/kg de gordura do leite) ppm, com um máximo de 0,21 ppm.
Os mesmos autores fizeram trabalho semelhante entre 1980 e 1981, desta vez com três marcas comerciais de leite tipo B, em 36 amostras em 1980 e 12 amostras em 1981. Esses valores variaram de 0 a 0,22 mg/kg em 1980 e de 0 a 0,10 mg/kg em 1981. Desta vez revelou-se um novo contaminante ambiental: o dieldrin, que é utilizado como inseticida, e é também um metabólito do aldrin. Este variou de 0 a 0,04 mg/kg (gordura de leite) em ambos os anos65.
Baseados em estudos toxicológicos e epidemiológicos, Mariën e Laflamme66 recomendam uma concentração máxima de ingestão diária tolerável de DDT, para proteção à saúde de populações especialmente sensíveis (ex: neonatos e lactentes), de 0,005 mg/kg/dia. Neste mesmo trabalho, os autores concluíram, que as mães que se alimentavam regularmente de duas espécies de peixes do rio Yakima, estado de Washington - EUA, tinham concentrações de DDT no leite suficientemente altas (2,4 mg/kg) para exporem seus filhos a dosagens de DDT acima da ingestão diária aceitável. A ingestão pelos filhos lactentes foi calculada em 0,02 mg/kg dia. As concentrações médias nos peixes eram de 0,84 mg/kg e 1,63 mg/kg.
De acordo com Vieira40, a concentração média de åDDT encontrado em ovos de galinha apresentou-se em torno de 1,98 mg/kg (ppm) de lipídios extraíveis, na gema, sendo 82% de p,p'-DDE e 16% de p,p'-DDT.
Segundo a Comissão do Codex Alimentarius21, os limites máximos permitidos (tolerados) são 0,05 mg/kg para o leite, 0,1 mg/kg para grãos, 5,0 mg/kg para carnes e 0,5 mg/kg para ovos. A USFDA recomenda um máximo de 2,0 mg/kg para peixes (apud Bressa et al.17).
Kalantzi et al.67 usaram a manteiga como indicador para refletir as escalas global e regional de PCBs e outros organoclorados (entre eles o DDT) no ar. Isto foi baseado no fato de que estes poluentes se concentram na gordura do leite bovino, onde as concentrações estão relacionadas pela ingestão de pastos ou silagens, que por sua vez sofrem a ação da deposição atmosférica. As concentrações de åDDT e HCH nas amostras variaram em várias ordens de magnitude, com os maiores níveis sendo encontrados em áreas de uso comum, como Índia e zonas específicas das Américas do Sul e Central. Os autores consideraram a manteiga como um indicador eficaz, mas ainda faltam dados quanto a fatores climáticos e de manejo do gado, que influenciam o processo de transferência ar-pasto/silagem-gordura do leite.

MONITORAMENTO DE DDT E OUTROS PESTICIDAS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS


MONITORAMENTO DE DDT E OUTROS PESTICIDAS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS
O monitoramento de DDT e outros pesticidas em águas superficiais é pobre em várias partes do mundo, especialmente em países em desenvolvimento. Embora pesticidas estejam incluídos em vários programas governamentais, há falta de verba, e dificuldades de aplicá-los no exato momento do ano em que os pesticidas são utilizados, na agricultura ou em programas de saúde, por exemplo. Além disso, países subdesenvolvidos têm dificuldade de realizar as análises, devido a problemas de falta de profissionais, reagentes e técnicas adequadas. Novas técnicas utilizando procedimentos de imunoensaios, para detectar presença de pesticidas, poderiam reduzir os custos e aumentar a eficiência59.
Existem problemas que podem influenciar nas análises de água, como a presença de sólidos em suspensão. Suas concentrações na água de rios podem variar de 10 a 10000 mg/L, e serem ainda maiores em certas ocasiões, como lixiviação em época de chuvas fortes. Segundo Ongley et al.60, 67 % do DDT é transportado em associação com a matéria em suspensão, quando a concentração dos sólidos em suspensão está em torno de 100 mg/L, e aumenta para 93 % quando sobe para 1000 mg/L. E foi detectada em 100 % quando a concentração está em 10000 mg/L.
Segundo a FAO/ASFA59, problemas analíticos como quantidades abaixo do limite de detecção, controle de qualidade deficiente e análises de recuperação que podem variar de 50 a 150 %, para compostos orgânicos, significa que os dados de monitoramento podem ser indicadores deficientes de poluição por pesticidas, quando estes estão adsorvidos aos sólidos em suspensão. Considera-se que o valor denominado "Não detectável" pode ser devido a procedimentos inadequados de amostragem e/ou análise. Considera-se que valores associados a sedimentos sejam, em geral, muito maiores que os registrados, e que valores ditos "Não detectáveis" podem não corresponder à realidade59 .
Claramente, isto causa dificuldades na avaliação de pesticidas em várias partes do mundo. Algumas agências de controle de água usam vários tipos de amostras (água + sedimento + biota), a fim de obter resultados mais acurados59.
Não obstante técnicas analíticas adequadas de água e/ou sedimentos, a presença de um pesticida persistente como o DDT não é fácil de interpretar. Sua presença pode tanto indicar que foi despejado recentemente no local, ou transportado por longas distâncias pela atmosfera, ou é um resíduo remanescente de seu uso em uma época passada. Por exemplo, DDT é encontrado frequentemente no território dos EUA, apesar de seu uso ter sido abolido há vários anos.

DDT e organoclorados em peixes


DDT e organoclorados em peixes
A biota aquática é um importante reservatório de DDT, metabólitos e outros organoclorados no ambiente, porque está bem documentado o processo de biomagnificação através da cadeia alimentar, apresentando as maiores concentrações nos organismos de nível trófico mais elevado, como os peixes carnívoros. Assim, além dos efeitos tóxicos dos pesticidas organoclorados para a exposição humana, a possibilidade das espécies de níveis tróficos elevados serem afetados pode acarretar desequilíbrio na estrutura das comunidades15. Ainda há os peixes que não estão em níveis tróficos superiores, mas que poderão atingir altos níveis de contaminação, ao absorverem nutrientes que possuirem grande carga de poluentes, por estes se associarem aos sedimentos de fundo42,17.
Bressa et al.17 estudaram os níveis de compostos organoclorados e åDDT em enguias (Anguilla anguilla, L.) oriundos do delta do Rio Pó, Itália. Esta espécie possui um considerável conteúdo de tecido adiposo, o que predispõe ao acúmulo destes contaminantes, além de ter como hábito alimentar, a ingestão de matéria orgânica em decomposição que está em contato com os sedimentos do fundo (detritívora). As capturas foram feitas em março (primavera) e outubro (outono). Os principais compostos identificados foram PCBs, HCB, p,p'- DDT e seus metabólitos p,p'- DDE e p,p'- DDD. As concentrações foram maiores nos peixes capturados na primavera, e se correlacionaram com a concentração de gordura presente.
Ainda segundo Bressa et al.17, o metabólito de DDT mais abundante foi o p,p'-DDE, que chegou a uma concentração máxima de 36,45 µg/kg (ppb) de peso seco, com média de 29,65 ± 6,80 ppb. As concentrações dep,p'- DDT e p,p'- DDD foram, respectivamente, 4,48 ± 0,45 e 21,42 ± 5,66, nas amostras coletadas na primavera. Os autores concluíram que não havia risco para a saúde pública, pois os níveis de organoclorados detectados estavam em níveis abaixo de serem considerados perigosos, que é de 2000 ng/g (2 ppm), segundo a U.S. Food and Drug Administration (USFDA) (apud Bressa et al.)17, mas poderia ser perigoso para os animais predadores, como aves, o que configuraria um risco ambiental.
A fim de avaliar a exposição das populações ribeirinhas, Viganò et al.57 pesquisaram níveis de PCBs, DDTs (p,p'-DDT + p,p'- DDE), e equivalentes de tetraclorodibenzeno-para-dioxinas (TCDD) em sedimentos do fundo e em três espécies de peixes ciprinídeos dos rio Pó, Itália, tendo como referência para os dois pontos de coleta a confluência de outro rio, Rio Lambro. As duas espécies carnívoras revelaram-se as mais contaminadas, e uma delas (Leuciscus cephalus) mostrou nível de contaminação superior, em mais de 2 vezes, em relação ao ponto de coleta situado abaixo da confluência do rio Lambro. Esta área do rio está exposta a uma complexa mistura de poluentes químicos industriais e de atividades agrícolas, situadas nas margens de ambos os rios, apresentando uma contaminação que influenciou os níveis de poluição dos pontos de coleta. A concentração média de DDT encontrada nas 3 espécies (Chondrostoma söeta, Leuciscus cephalus e Barbus plebejus) foi, respectivamente, 871, 856 e 2.204 ppb (ou ng por grama de peso de tecido adiposo), acima da confluência do rio Lambro, e 1.137, 2.296 e 4.029 ppb abaixo da confluência. Verificou-se a influência, tanto da posição na cadeia alimentar, quanto da quantidade de poluentes, na concentração destas substâncias retidas nos organismos. Neste caso, os níveis de organoclorados detectados estavam em níveis superiores aos considerados perigosos, que é de 2000 ng/g (2 ppm) (U.S. Food and Drug Administration [USFDA] apud Bressa et al.17).
Na Argentina, Menone et al.2 analisaram as concentrações de PCBs e diversos pesticidas organoclorados, incluindo DDT e metabólitos, no organismo de peixes de água doce da espécie Odontesthes bonariensis, na lagoa de Mar Chiquita. Os compostos foram detectados em concentrações na ordem de ng/g (ppb), com níveis em tecidos na ordem decrescente: tecido adiposo > fígado > gônadas > gordura mesentérica > músculos, refletindo a diferença no conteúdo de gordura. Os pesticidas predominantes foram DDT e metabólitos, lindano e ciclodienos, refletindo o uso passado e presente destes pesticidas na região. A proporção de pesticidas organoclorados para PCBs foi maior que 1, sendo consistente com a contaminação da região por pesticidas. No entanto, as concentrações dos compostos estavam abaixo dos limites máximos toleráveis para consumo humano.
Lara et al.58 detectaram isômeros de BHC e DDT e metabólitos, principalmente p,p'- DDE, em peixes do litoral de Santos, SP. Em uma amostragem de 50 peixes, os isômeros de BHC foram detectados em 84 % das amostras, variando de 10 a 940 µg/kg (ppb) de BHC total; e DDT e metabólitos (å DDT) foram detectados no organismo de três tainhas e uma salteira (8% das amostras), variando de 20 a 41 µg/kg (ppb).
Matsushita e Souza42 encontraram 8 tipos diferentes de organoclorados em três espécies de peixes no Rio Paraná, situado na divisa de estados PR/MS. Entre eles estavam p,p'- DDT e p,p'- DDE. Os autores mencionam a importância da quantidade de tecido adiposo, a posição na cadeia trófica e o hábito alimentar como determinantes da quantidade no organismo. Os autores citam trabalhos anteriores que haviam detectado os pesticidas nos vegetais que serviam de alimento para uma das espécies, e terminam o trabalho declarando que a contaminação dos peixes por estes resíduos organoclorados é preocupante, porque fazem parte da alimentação da população ribeirinha e são comercializados nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

CONTAMINAÇÃO DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS, MARINHOS E DE ÁGUA DOCE DDT


CONTAMINAÇÃO DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS, MARINHOS E DE ÁGUA DOCE
Análise de amostras de água, partículas e suspensão e sedimentos de fundo, coletadas na Baía de Daya, China47, indicou contaminação por organoclorados. Os perfis de distribuição destes poluentes sugerem que há várias fontes contribuindo para a contaminação da baía, incluindo lixiviação de solos, descarga de águas contaminadas por lixo e esgoto e detritos de indústria naval. A faixa de DDT foi de 26,8 a 975,9 ng/L na água e de 0,14 a 20,27 ng/g (peso seco) nos sedimentos. E a proporção DDT/DDE + DDD indica fontes recentes, o que aponta para a necessidade se tomar medidas urgentes para deter o uso de pesticidas como DDT e lindano.
Também na China, foram analisadas amostras de sedimentos de três estuários da costa sudeste, para a presença de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, PCB e pesticidas organoclorados48. As altas concentrações de åDDT (2,5-24,7 ng/g) encontradas devem-se ao uso indiscriminado de DDT, o que se sabe ter ocorridos nos anos 60 e 70, contaminando os estuários consideravelmente, a partir de rios e lixiviação de solos. Atualmente, as altas proporções DDT/DDD e DDT/DDE indicam lenta degradação, adição recente de DDT ou fatores ambientais excepcionais. A predominância de DDD sobre DDE em dois dos estuários implica em degradação em condições anaeróbicas, devido à baixa taxa de circulação de água para o mar aberto. No estuário onde havia mais intercâmbio com a água do mar, o DDE predominava sobre o DDD. As concentrações dos outros inseticidas e PCBs estavam baixas.
Em um monitoramento de ecossistema marinho de águas profundas, determinou-se a presença de organoclorados em peixes e outros organismos da Baía de Suruga, Japão, e comparou-os com espécimes coletadas de águas rasas, na mesma baía. Congêneres de PCB foram os predominantes, seguidos de congêneres de DDT. Não houve diferença significativa em relação às concentrações presentes nos organismos de águas rasas, exceto para HCH, onde foram maiores. Também não foi verificada correlação com a cadeia alimentar, sendo as concentrações atribuíveis a uma partição de equilíbrio com a fração de lipídios corporais. Em todos os organismos, o composto deåDDT predominante foi o DDE, exceto em uma espécie de lagosta. Por último, os autores declaram que os níveis encontrados foram menores que os verificados por outros autores, em outros oceanos e mares do mundo32.
Nas regiões tropicais, radiação solar e altas temperaturas podem influenciar favoravelmente na remoção dos organoclorados do ambiente, ao gerar volatilização e degradação. Foi o que sugeriu o estudo empreendido por Kumblad et al.49 no lago Songkhla, Tailândia, ao determinar as concentrações de åDDT em quatro espécies de peixes. A alta produtividade biológica também contribuiu para as baixas concentrações encontradas, por resultar em um efeito diluente, ao distribuir pela grande quantidade de matéria orgânica presente. A magnitude de åDDT nos peixes foi similar às concentrações encontradas em estudos anteriores, citados no texto, em outras partes da Tailândia, e inferior ao que se verificara anteriormente no Mar Báltico, localizado no norte da Europa50.
O trabalho de Kumblad et al.49 fornece dados para um melhor entendimento do comportamento do DDT em ecossistemas aquáticos tropicais. As baixas concentrações de åDDT encontradas nos peixes do lago acima devem-se à diluição biótica e processos de degradação. Isto demonstra a necessidade de novos estudos sobre o comportamento do DDT e outros organoclorados nos trópicos, a fim de se compreender melhor sua distribuição global.
Trabalho similar já havia sido feito em 199045, em peixes da represa do Lago Kariba, fronteira de Zimbabwe com Zâmbia. Os níveis encontrados eram similares aos vistos em peixes da Suécia e outros locais de clima temperado, onde o DDT fora proibido há mais tempo. Os autores postularam que isso era devido a degradações biológica e química, radiação ultra-violeta e temperatura.
Torres51 pesquisou a presença de DDT e metabólitos, bem como outros pesticidas organoclorados, bifenilas policloradas (PCBs) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nos sedimentos dos rios brasileiros Guandú e Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, e Rio Rato, afluente do Rio Tapajós, estado do Pará. Os dois primeiros situam-se em locais de poluição de origem industrial ou zonas agrícolas, enquanto que o Rio Rato situa-se em local endêmico para malária e febre amarela, que são combatidas com o uso de inseticidas. A presença de 0,2 a 0,8 ppb de DDT em sedimentos de fundo pode estar relacionada ao uso agrícola nos rios Guandú e Paraíba do Sul. No caso do Rio Rato, onde o DDT fora aspergido dentro de casas, encontrou-se até 68 ppb nos sedimentos. No solo, os níveis ultrapassavam 1 ppm.
Nas regiões polares, a degradação dos organoclorados da biosfera é ainda mais baixa que nos trópicos, o que faz com que sua remoção seja ainda menor, e a bioacumulação e a biomagnificação continuam ocorrendo. Strachanet al.52 participaram da expedição russo-americana aos mares de Bering e Chukchi, organizada pelo Instituto Russo de Clima e Ecologia Global e pelo US Fish and Wildlife Service, em agosto-setembro de 1993. As coletas de amostras de águas foram realizadas em 21 pontos distintos e pesquisadas quanto à presença de 19 pesticidas organoclorados, 11 clorobenzenos e 113 congêneres de PCB.
A maioria dos organoclorados foi encontrada em maior concentração na coluna d'água que nos sedimentos em suspensão, sendo a-HCH e g-HCH os encontrados em maior quantidade. Todas as amostras tiveram p,p'-DDTcomo principal resíduo de åDDT. Isto indica uso recente, embora não necessariamente na região estudada. Os níveis decresciam no sentido sul-norte.
Uma pesquisa foi realizada no Canadá, em amostras de água coletadas mensalmente no Rio São Lourenço e quatro de seus estuários, de agosto de 1990 a novembro de 199153. As análises de determinação de åDDT, indicaram que as maiores concentrações ocorreram no mês de abril, durante o degelo de primavera (média de 3,02 ng/L), e decresceram logo em seguida. Segundo os autores, as duas fontes mais prováveis, para o Rio São Lourenço, são, a absorção do åDDT atmosférico, carreado pela neve, e a água contaminada proveniente dos Grandes Lagos. Nos tributários, o aumento da concentração em abril é atribuída ao derretimento da neve e à lixiviação dos solos contaminados. Também foi verificado, nas águas dos tributários, que as razões DDT/DDE + DDD diminuem no período de abril a setembro, indicando um ciclo anual tempo/temperatura dependente sobre as concentrações ambientais. Esta tendência não ocorreu no Rio São Lourenço, sendo atribuído a um uso então recente de Dicofol, inseticida que contém resíduos de DDT como impureza, mantendo, com isso, as razões DDT/DDE + DDD constantes.
A queda de neve carreia contaminantes orgânicos da atmosfera e os concentra rente ao solo, ao formar as calotas de neve. Durante o degelo, os contaminantes podem alcançar os ambientes aquático e terrestre, ou se volatilizarem e retornarem à atmosfera. Wania54 apresentou um esquema para descrever este processo, com cálculos de natureza físico-química, com DDT e outros organoclorados. Concluiu que o DDT, diferente dos demais, tende a ser retido no solo pela matéria orgânica, até ser carreado por ação mecânica de lixiviação.
Em um estudo sobre interação entre eutrofização e contaminantes, Gunnarsson et al.55 citam que contaminantes bioacumulativos, como organoclorados se diluem onde há uma grande biomassa, ou grande quantidade de matéria orgânica presente, o que ocorre nos ambientes aquáticos eutrofizados.
Mas, segundo Bignert et al.50, o decréscimo das concentrações de organoclorados em ecossistemas de águas doce e marinha da Suécia, constatado num monitoramento de 28 anos (1967-1995), o principal fator para a redução dos níveis deveu-se, provavelmente, às medidas governamentais que foram tomadas para reduzir a poluição. Os decréscimos nas concentrações ocorreram similarmente em todos os ambientes, mesmo nos lagos mais remotos, não eutrofizados, e situados longe de fontes poluentes. Além disso, houve diferenças marcantes no tempo de depuração dos outros organoclorados, como HCH e PCB. Os autores ainda apontam um súbito aumento, seguido de uma súbita redução, da concentração no período 1983-1986, após uma campanha de controle de insetos ter sido realizada na antiga Alemanha Oriental, por meio de DDT.
As variações nas concentrações de organoclorados em peixes de lagos de regiões árticas, que são contaminadas somente por transporte atmosférico por longas distâncias até serem lá depositados, podem ser devidas a concentrações variáveis, presentes na precipitação, ar, água e sedimentos. Estes fatores, por sua vez, variam com a localização geográfica e as características da água do lago ou cursos de água que o alimentam. Em um estudo realizado em um lago remoto, não eutrofizado, no norte canadense56, foram determinados os níveis de organoclorados presentes na água, sedimentos e biota, para examinar a participação da atmosfera na deposição de organoclorados e sua transferência de compartimentos abióticos para bióticos por bioacumulação. Os resultados sugerem que a absorção dos organoclorados presentes na atmosfera é uma rota muito importante, bem como a precipitação. Avaliações das trocas água - ar sugeriram que as águas do lago estavam próximas do equilíbrio com a atmosfera, para p,p'- DDE, a-HCH e trans-nonaclor. Em relação à cadeia alimentar, houve correlação com o nível trófico de cada um, bem como com a quantidade lipídica de cada ser vivo.

CONTAMINAÇÃO DA BIOTA físico-químicas e biológicas do DDT


CONTAMINAÇÃO DA BIOTA
As propriedades físico-químicas e biológicas do DDT e seus metabólitos, e demais organoclorados, fazem com que estes compostos sejam rapidamente absorvidos pelos organismos. As taxas de acumulação variam entre as espécies, e de acordo com a concentração, as condições ambientais e o tempo de exposição.
Os organismos acumulam estes compostos a partir do meio circundante ou pelos alimentos. No meio aquático, a absorção a partir do meio é mais rápida, enquanto que para os animais terrestres, a alimentação, seja carnívora, herbívora ou detritívora, é a via principal15.
Diferentes organismos metabolizam o DDT por diferentes vias. Dos principais metabólitos, DDE é o mais persistente, embora nem todos os organismos o produzam a partir do DDT15.
Denomina-se bioconcentração a absorção do composto diretamente do meio abiótico, resultando em uma concentração do composto no organismo maior que no meio abiótico que o cerca41. A proporção entre a concentração do composto no organismo e a concentração externa consiste no fator de bioconcentração. Os fatores de bioconcentração para peixes são geralmente maiores que os de seres vivos invertebrados, em relação aos organoclorados15. Muitos destes constituem suas presas.
Bioacumulação é a absorção do composto pelo organismo do meio abiótico ou biótico, podendo ou não a concentração exceder a da fonte41. A maioria do DDT presente nos peixes é absorvida a partir do corpo dos organismos que eles consomem. A maioria do DDT e metabólitos são retidos (bioacumulados) nos tecidos ricos em lipídios42,43.
A posição do organismo na cadeia biológica tem importante influência sobre se a substância apresenta elevada absorção e baixa eliminação. A isto chama-se biomagnificação, onde a concentração do composto aumenta ao longo da cadeia alimentar. Ocorre biomagnificação quando as concentrações de um poluente nos tecidos de um organismo excedem as concentrações do nível trófico adjacente inferior em mais de 100%. É bem conhecida, por exemplo, a biomagnificação de metilmercúrio em ecossistemas aquáticos44.
Em geral, seres vivos situados nos níveis tróficos mais altos tendem a conter mais organoclorados no organismo15, mas isso não é uma regra, podendo ser grandemente influenciada pelos hábitos alimentares, como por exemplo, em peixes detritívoros ou iliófagos, como o curimba (Prochilodus lineatus) que se alimentam de matéria orgânica em decomposição depositada no fundo42.
A biomagnificação do DDT foi demonstrada no Zimbabwe por Berg et al.45, em uma área endêmica da doença do sono, transmitida pelas moscas tsé-tsé, e malária, transmitida por mosquitos, onde estes vetores eram combatidos com o uso do DDT. As concentrações de åDDT encontravam-se elevadas nos peixes carnívoros da represa do Lago Kariba (até 0,08 mg/kg, ou ppm) e na aves (0,09 ppm). Embora estes níveis estivessem abaixo da concentração considerada perigosa para seres humanos, os autores sugeriram que podem ocorrer diversos efeitos no meio ambiente, como diminuição da população das aves e de peixes predadores, causando um desequilíbrio no ecossistema.
Ruus et al.46, em estudo sobre biomagnificação de cinco grupos distintos de organoclorados (PCBs, åDDT, clordanos, HCHs e HCB), em uma cadeia alimentar de um fiorde no norte norueguês, que envolvia os peixesAmmodytes marinus e Gadus morhua (bacalhau), e as focas Phoca vitulina e Halichoerus grypus, verificaram que o maior fator de biomagnificação encontrado foi o do åDDT (36,9), da Phoca vitulina para o Ammodytes marinus. As concentrações dos poluentes geralmente aumentaram de acordo com o nível trófico. Os padrões de composição dos organoclorados também diferiam entre as espécies; dentre os compostos de åDDT, as proporções de p,p'- DDE aumentaram de acordo com o maior nível trófico, enquanto que os de DDD decresceram. Segundo os autores, os dados sugeriram que os mecanismos de bioacumulação nos níveis tróficos mais baixos dependem principalmente de fatores físico-químicos, como a solubilidade dos poluentes, enquanto que nos superiores, são afetados por fatores bioquímicos, como o metabolismo corporal.

CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL (DDT e metabólitos, BHC, aldrin, heptacloro e outros),


CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL
Resíduos de pesticidas, especialmente organoclorados (DDT e metabólitos, BHC, aldrin, heptacloro e outros), estão presentes nas áreas mais remotas da Terra. Podem ser transportados por grandes distâncias através do mundo, retidos no organismo de animais migrantes marinhos32,33, por correntes de ar e oceânicas12. Já foram detectados nos Andes chilenos, em altitudes elevadas34.
Pesquisadores especulam que os poluentes se movem pela atmosfera, a partir de suas fontes em locais quentes do globo, e se condensam ao atingirem regiões mais frias, precipitando-se sobre solos, vegetações e cursos de água, processo este conhecido por destilação global35, 36. Isto pode ser a causa das altas concentrações de DDT e outros organoclorados encontradas nas regiões polares, após serem transportados por longas distâncias13.
Os padrões de distribuição do DDT e outras substâncias classificadas como poluentes orgânicas persistentes (POPs) ou contaminantes lipofílicos persistentes, sugerem que estas substâncias são transportadas através da atmosfera por longas distâncias. Uma comparação sistemática entre os hemisférios norte e sul indica que aquele encontra-se mais poluído. E o processo de equilíbrio entre ambos é relativamente lento. No entanto, os níveis de DDT, assim como o dos HCBs e PCBs (este último grupo não tem origem como pesticida, mas seus componentes possuem o mesmo comportamento ambiental, na condição de persistência e capacidade de se acumular em organismos vivos), encontram-se mais altos próximos às fontes devido à sua menor volatitlidade em comparação com os demais organoclorados13.
Os pesticidas aplicados em lavouras, terrenos ou em processos de reflorestamento ligam-se aos sedimentos do solo e sofrem ação de lixiviação e contaminação de águas, volatilização e contaminação do ar ou são absorvidos por microorganismos, vegetais ou animais37.
A contaminação pode alcançar águas subterrâneas38 e águas tratadas para consumo humano39, embora nesses estudos estivesse em níveis considerados seguros.
Em geral, os lençóis freáticos apresentam riscos moderados de contaminação, porém as cargas contaminantes variam, dependendo de condições locais (temperatura, acidez, salinidade, etc)15. Avaliou-se a carga contaminante, resultante de atividades agropecuárias no estado de São Paulo, e concluiu-se que os maiores riscos estão associados a locais onde há uso intensivo de herbicidas, principalmente em áreas de cultivo de cana-de-açúcar37.
Ao pesquisar a presença de DDT em solos e paredes de uma propriedade em Jacarepaguá, RJ, entre abril de 1997 e março de 1999, Vieira et al.40 verificou que os solos ainda apresentavam contaminação com DDT. A última aplicação pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) fora em 1990, para controle de leishmaniose. Porém, os valores relativos aos solos, de 1999, reduziram-se em relação aos valores encontrados em 1997, tendo diminuído de 351 µg/kg (ppb) em 1997 (åDDT) para 112 µg/kg (åDDT) em 1999.

feito hormonal DDT


feito hormonal
O metabólito DDD foi, além de inseticida, utilizado como droga no controle da produção de corticóides pela glândula adrenal3.
Acreditava-se que o DDT e seus outros metabólitos não possuíam efeitos endócrinos, mas no final dos anos 80 os estudos de Bryan et al.26 sugeriram que o DDT era um mimetizador de estrógenos, isto é, possuía propriedades farmacológicas semelhantes, e então começou-se a verificar o efeito hormonal da exposição ao DDT e seus derivados.
Estes compostos realmente podem atuar semelhantemente a hormônios como o estrogênio, ao ligarem-se a receptores específicos e induzirem efeitos estrogênicos. Os hidrocarbonetos clorados, especialmente o o,p'- DDT exercem estes efeitos em répteis, aves e mamíferos. A possibilidade que eles tenham um efeito complexo, ao interagir com diferentes receptores de hormônios esteróides, em diferentes níveis, com conseqüências bioquímicas e fisiológicas ainda desconhecidas, precisa ser verificada27.
Em mamíferos, um dos efeitos estrogênicos induzidos pelo o,p'- DDT é o aumento do peso uterino em fêmeas. Nos machos, também bloqueia os receptores andrógenos. Já o metabólito p,p'- DDE possui pouca capacidade de se ligar ao receptor estrógeno, mas inibe a ligação entre o receptor andrógeno e a testosterona. Seus efeitos em experimentos com ratos de laboratório causaram manutenção de mamilos torácicos, atraso na separação do prepúcio no pênis e diminuição da vesícula seminal e próstata28.
Hayes et al.29, em estudo com o anfíbio africano Kassina senegalensis, chegaram a resultados sugestivos de que o DDT mimetiza corticosterona ou atua como agente estressante, causando um aumento da corticosterona endógena.
Beard et al.30 examinaram a relação entre os níveis plasmáticos de DDE e densidade mineral óssea em 68 mulheres, sedentárias, que declararam ter aporte nutricional adequado de cálcio, e encontraram resultados sugestivos de que exposições a DDT podem estar associadas à redução da densidade mineral óssea.
Romieu et al.31 analisaram a relação entre histórico de lactação, níveis plasmáticos de DDT e DDE e risco de câncer de mama, em um estudo conduzido entre mulheres residentes da Cidade do México, entre 1990 e 1995. A quantidade de DDT no soro não foi associado a risco de câncer, mas a presença de níveis altos de DDE, principalmente entre mulheres pós-menopausa, pode aumentar os riscos de câncer de mama.

OXICIDADE DO DDT


OXICIDADE DO DDT
Embora o DDT atravesse facilmente o exoesqueleto quitinoso dos insetos, ele é pouco absorvido pela pele humana, o que explica sua relativa baixa toxicidade a nível tópico. O ser humano pode ser contaminado por exposição direta (inalação) ou por alimentos contaminados com DDT e outros pesticidas organoclorados. Sendo lipossolúveis, possuem apreciável absorção tecidual. São facilmente absorvidos pelas vias digestiva e respiratória. Devido à grande lipossolubilidade e à lenta metabolização, os organoclorados acumulam-se na cadeia alimentar e no tecido adiposo18.
Os pesticidas organoclorados, entre os quais inclui-se o DDT, atuam sobre o sistema nervoso central, resultando em alterações de comportamento, distúrbios sensoriais, do equilíbrio, da atividade da musculatura involuntária e depressão dos centros vitais, particularmente da respiração18.
Os efeitos do DDT no organismo ocorrem depois de atuarem sobre o equilíbrio de sódio/potássio nas membranas dos axônios, provocando impulsos nervosos constantes, que levam à contração muscular, convulsões, paralisia e morte. A intoxicação aguda nos seres humanos caracteriza-se por cloracnes, na pele, e por sintomas inespecíficos, como dor de cabeça, tonturas, convulsões, insuficiência respiratória e até morte, dependendo da dose e do tempo de exposição3.
Em casos de intoxicação aguda, após 2 h surgem os sintomas neurológicos de hiperexcitabilidade, parestesia na língua, lábios e membros inferiores, desconforto, desorientação, fotofobia, cefaléias persistentes, fraqueza, vertigem, alterações de equilíbrio, tremores, ataxia, convulsões tônico - clônicas, depressão central severa, coma e morte18.
Os sintomas específicos podem ocorrer em caso de inalação ou absorção respiratória, como tosse, rouquidão, edema pulmonar, irritação laringotraqueal, rinorréia, bradipnéia, hipertensão e broncopneumonia (esta última uma complicação freqüente)18.
Os pacientes atendidos no Centro de Controle de Intoxicações (CCI) do Hospital Universitário da UNICAMP, no período de janeiro de 1984 a junho de 1985, devido a intoxicações por inseticidas, atingiram 30% do total, equivalendo a 592 casos. Dentro deste grupo, 141 casos (23,8%) eram por pesticidas organoclorados19. Isto ocorreu antes da proibição da comercialização e uso de inseticidas organoclorados pelo Governo Federal11.
As manifestações crônicas consistem em neuropatias periféricas, incluindo paralisias, discrasias sangüíneas diversas que podem até ser consequências de aplasia medular, lesões hepáticas com alteração das enzimas transaminases e fosfatase alcalina, lesões renais e arritmias18.
Foi verificado em camundongos uma incidência aumentada de tumores hepáticos, após uma exposição a altas doses, por longo prazo. Embora não tenha se verificado o mesmo com outros animais como ratos, cães, hamsters ou macacos20. O DDT é um promotor de tumores, isto é, ele não causa os efeitos genéticos que culminam com o surgimento das neoplasias, mas potencializa a divisão das células neoplásicas que já tenham surgido. Também foi demonstrada, a nível celular, inibição das comunicações intercelulares em forma de placa, denominadas junções "gap", presentes na membrana das células normais20. Estas junções não se encontram em células tumorais. Ao perdê-las, as células não são mais inibidas em sua divisão ao entrar em contato com outros tecidos, replicando-se então indefinidamente21.
Em um estudo sobre a associação da presença do metabólito DDE no tecido adiposo de pacientes com 6 tipos de câncer (fígado, pâncreas, seio, útero, mieloma múltiplo e linfoma não Hodgkin), os resultados encontrados por Cocco et al.22 não indicaram correlação para a maioria deles. Mas, embora não se tenha encontrado correlação positiva entre câncer hepático e DDT, em pessoas negras esta correlação apareceu no segmento formado por indivíduos brancos. Com base neste achado e na já conhecida associação entre câncer hepático e DDT em camundongos, os autores afirmam que novos estudos devam ser feitos sobre o assunto, a fim de confirmar ou rejeitar a hipótese de associação.
DDT é também um potente indutor das enzimas hepáticas do citocromo P 450, que promovem a ativação de outras substâncias carcinogênicas, como a Aflatoxina B1 e a ciclofosfamida. A presença de DDT potencializa, portanto, os efeitos destes carcinógenos20.
A eliminação se dá pela urina, cabendo destacar também a importante via de eliminação pelo leite materno18, colocando em exposição elevada bebês lactentes. Vannuchi23 observou em Londrina, em 1984, uma contaminação de leite materno de 0,142 mg/kg de p,p'- DDT + p,p'- DDE, indicando que os bebês estavam ingerindo uma concentração maior que o estipulado posteriormente pelo Codex Alimentarius24, para leite de vaca (0,05 mg/kg [ppm]). O que indica que a situação destas crianças era crítica.
Beretta e Dick25, em um levantamento realizado em mulheres lactantes da zona urbana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, entre 1987 e 1988, encontraram valores médios de 2,98 ppm (µg/g de gordura do leite), de åDDT (DDT + DDE + DDD) variando entre 0,32 e 12,4 ppm. Das amostras analisadas, 73% excediam o limite de 1,25 ppm. E dentre os constituintes de åDDT, p,p'- DDE chegava à proporção de 95%, com uma concentração média de 2,53 ppm. Segundo as autoras, a lei federal promulgada em 198511 não estava sendo obedecida.

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DDT


PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS
O termo DDT refere-se ao produto 1,1'-(2,2,2-tricloroetilideno) bis[4-clorobenzeno]), ou 1,1,1-tricloro-2,2-bis-(p-clorofenil) etano14. O termo também é aplicado a produtos comerciais constituídos principalmente pelo isômerop,p'- DDT, com proporções menores de outros análogos. O inseticida DDT é constituído, em geral, pela seguinte formulação: p,p'- DDT (77,1%), o,p'- DDT (14,9%), p,p'- DDD (0,3%), o,p'- DDD (0,1%) e impurezas (3,5%). Todos os isômeros são substâncias sólidas, brancas, inodoras e insípidas, com a fórmula empírica C14H9Cl515 .
O ponto de fusão do p,p'- DDT é 109 ºC, com pressão de vapor 2,53 x 10-5 Pa (1,9 x 10-7 mmHg) a 20 ºC 15. Possui hidrossolubilidade bastante baixa, na ordem de 1µg/L, tendo porém elevada lipossolubilidade, com coeficiente de partição octanol/água (Kow) igual a 9,6 x 105 16. A solubilidade em solventes orgânicos encontra-se na seguinte proporção (g/100 mL): benzeno (106), ciclohexanona (100), clorofórmio (96), éter de petróleo (10), etanol (1,5)15.
Ao perder uma molécula de HCl, por degradação biológica ou ambiental, o p.p'-DDT forma o metabólito 2,2-bis-p-clorofenil-1,1-dicloroetileno, conhecido como DDE. Este composto é ainda mais resistente às degradações que o DDT. Outro metabólito importante formado é o DDD, 2,2-bis-p-clorofenil-1,1-dicloroetano. Há ainda outros: DDMU, DDMS, DDNU, DDOH e DDA3. Este último metabólito é o único que não é lipossolúvel, sendo eliminado pela urina dos seres vivos. O DDE, por ser o mais persistente em organismos vivos, pode servir como indicador de exposição dos seres vivos ao DDT como, por exemplo, peixes de um rio contaminado17.

Histórico O Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT)


HISTÓRICO
As propriedades inseticidas do DDT foram descobertas em 1939 pelo entomologista suíço Paul Müller, o que lhe valeu posteriormente o Prêmio Nobel da Medicina devido ao uso do DDT no combate à malária3.
O DDT foi utilizado na Segunda Guerra Mundial para prevenção de tifo em soldados, que o utilizavam na pele para combate a piolhos. Posteriormente foi usado na agropecuária, no Brasil e no mundo, dado seu baixo preço e elevada eficiência4.
A produção em grande escala iniciou-se em 1945, e foi muito utilizado na agricultura como pesticida, por cerca de 25 a 30 anos. Tanta foi a quantidade que se estimou que cada cidadão norte-americano ingeriu, através dos alimentos, uma média de 0,28 mg por dia em 19505. Outra função para seu uso foi em programas de controle de doenças tropicais, inclusive no Brasil, como malária e leishmaniose visceral6.
Foi a descoberta do DDT que revolucionou os conceitos de luta contra a malária. Sua eficácia contra formas adultas dos mosquitos e seu prolongado efeito residual fizeram com que no período de 1946-1970 todos os programas de controle se apoiassem quase que totalmente em seu emprego7.
Em 1962, Rachel Carson sugeriu em seu livro "Primavera Silenciosa", que o amplo uso do DDT poderia ser a principal causa da redução populacional de diversas aves; muitas delas seriam as de topo de cadeia alimentar, como o falcão peregrino, e a águia calva ("bald eagle"- Haliaeetus leucocephalus), animal símbolo dos EUA. Este livro é considerado a primeira manifestação ecológica contra o uso indiscriminado do DDT8.
Nos EUA, o uso cresceu, chegando a até 35.771 toneladas produzidas em 1959, principalmente para exportação, chegando a 81.154 toneladas em 1963. Então a produção começou a declinar, sendo que a quantidade produzida para uso no país em 1969 não passou de 13.724 toneladas; entretanto, continuou sendo fabricado em outros países, sendo sua produção mundial, em 1974, de 60.000 toneladas3.
A Suécia foi o primeiro país do mundo a banir o DDT e outros inseticidas organoclorados, em 1º de janeiro de 1970, com base em estudos ecológicos. Pouco depois foi seguida por outros países, excetuando-se o uso em programas de controle de doenças3.
No Brasil, as primeiras medidas restritivas se deram em 19719, com a Portaria n.o 356/71, que proibiu a fabricação e comercialização de DDT e BHC para combate de ectoparasitos em animais domésticos no país, obrigando os fabricantes a recolherem os produtos, mas isentou os produtos comerciais indicados como larvicidas e repelentes de uso tópico; e com a Portaria nº 357/7110, que proibiu em todo o território nacional o uso de inseticidas organoclorados em controle de pragas em pastagens.
Estes atos fundamentaram-se:
- na formação de resíduos tóxicos na carne e no leite de animais domésticos;
- sua acumulação após tratamentos repetidos;
- no prejuízo que a ocorrência destes resíduos acarretava às exportações de produtos de origem animal devido a medidas restritivas impostas por países importadores;
- e nas recomendações da FAO e OMS para que o uso de DDT e BHC fosse substituído por outros produtos.
Em 1985 proibiu-se em todo o território nacional a comercialização, o uso e a distribuição de produtos organoclorados destinados à agropecuária. Mas os inseticidas organoclorados continuaram sendo permitidos em campanhas de saúde pública no combate a vetores de agentes etiológicos de moléstias (malária e leishmaniose), bem como em uso emergencial na agricultura, a critério do Ministério da Agricultura. Também manteve-se a permissão do uso de iscas formicidas à base de aldrin e dodecacloro, e do uso de cupinicidas à base de aldrin para reflorestamento11.
No Brasil, seu uso em saúde pública ficou sob responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde (atual FUNASA), em seu Programa Nacional de Controle de Vetores. A última compra efetuada pelo órgão foi um lote de 3 mil toneladas em 1991, para o controle de Anopheles darlingi na Amazônia6.
Em 1995, foi publicado pela OMS um informe técnico declarando que o DDT pode continuar sendo utilizado no controle dos mosquitos vetores de malária e outras doenças transmitidas por artrópodes, desde que se cumpram as seguintes condições:
- seja empregado unicamente em interiores;
- seja eficaz;
- sejam adotadas as regras de segurança necessárias;
- sejam levados em conta o custo do produto a ser utilizado; a disponibilidade de inseticidas alternativos e a possibilidade do aparecimento de insetos resistentes12.
Historicamente, a América do Sul é considerado o continente em que houve o mais pesado uso de DDT, além de toxafeno e lindano13.

Histórico O Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT)

Histórico

O Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) é um pesticida que em todo o mundo foi muito usado após a Segunda Guerra Mundial na agricultura e no combate aos mosquitos transmissores de doenças, como a malária. Não existe comprovação científica de que o pesticida cause dano à saúde dos seres humanos, se manuseado de forma correta. No entanto, em função de seus riscos reais ao meio ambiente, em 1985 o Brasil proibiu o uso do produto na agricultura, permanecendo liberado para aplicação em saúde pública.

A decisão de manter o DDT no combate às endemias antecipava, inclusive, o resultado de um estudo patrocinado em 1995 pela Organização Mundial de Saúde. A pesquisa concluiu que “em decorrência de falta de evidência suficiente e convincente acerca dos efeitos adversos da exposição ao DDT pelas aplicações residuais para controle de vetores, não existe justificativa toxicológica ou epidemiológica para alterar a política do uso do produto no controle da malária e da leishmaniose”.

Mesmo assim, o governo brasileiro decidiu, em 1998, suspender o uso do DDT nas ações de saúde pública, deixando de considerá-lo como único “inseticida de escolha”. A partir daí, portanto, cessou completamente a exposição ocupacional dos trabalhadores àquela substância. Vale destacar que a Funasa já havia se antecipado à decisão do governo federal e, em 1997, excluiu o DDT do trabalho de combate às endemias que foi realizado pela Fundação até 2003, quando esse serviço passou a ser coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde. A partir daquele ano os servidores da Funasa foram cedidos aos estados e municípios, que são os responsáveis pela execução das ações coordenadas pela SVS.

Recomendação A Fundação Nacional de Saúde sempre prestou atendimento a funcionários e ex-funcionários da ex sucam

Recomendação

A Fundação Nacional de Saúde sempre prestou atendimento a funcionários e ex-funcionários que vêm alegando problemas de saúde em função do trabalho com o DDT. O atual procedimento que está sendo realizado no Estado acata também Recomendação da Procuradoria da República no Acre encaminhada em setembro de 2008 ao Ministério da Saúde, à própria 
Funasa e à Secretaria Estadual de Saúde (SES), solicitando uma série de medidas em atendimento a reivindicações dos servidores da Fundação.

Entre as medidas adotadas está a realização dos exames toxicológicos. Para tanto, a 
Funasa firmou uma parceria com o Instituto Evandro Chagas para a realização de exames de cromatografia em camada gasosa no sangue de cerca de 460 servidores e ex-servidores. Já foram encaminhadas ao IEC 221 coletas. O Instituto é reconhecido internacionalmente por seu trabalho na área.

Também está em andamento o processo de contratação do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, para fazer, por amostragem, a contraprova em 72 funcionários. Foi dada prioridade aos servidores constantes da relação encaminhada pela Procuradoria da República, incluindo aqueles que apresentaram resultados de exames realizados no Centro de Atendimento Toxicológico “Dr. Brasil”, de Brasília. O custo de cada exame é de R$ 200.

Ainda atendendo à Recomendação da Procuradoria, a partir de abril será contratado um toxicologista que fará parte do estudo sobre as reais consequências do uso do DDT na saúde dos servidores. Este especialista também auxiliará a Comissão Estadual – a ser criada por recomendação da Procuradoria da República –, na análise dos exames e encaminhamentos necessários.

Caso haja constatação de doença relacionada ao uso do DDT, a 
Funasa, como responsável pela saúde ocupacional, acompanhará o tratamento do servidor. Pela própria Recomendação da Procuradoria da República, diante da necessidade de tratamento médico de doenças não relacionadas ao uso do DDT, a Secretaria Estadual de Saúde do Acre, como órgão executor do SUS, deverá disponibilizar o tratamento. 

Equipe da Funasa volta ao Acre para entrevistar servidores que alegam contaminação por DDT



A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) enviará semana que vem ao Acre uma equipe formada por duas médicas e uma enfermeira, para dar continuidade ao levantamento do histórico médico e social (anamneses) de servidores da instituição que alegam suspeita de contaminação por DDT. Esses servidores atuavam, até 1997, no combate ao mosquito transmissor da malária. O histórico médico e social é o primeiro procedimento a ser feito antes do encaminhamento dos servidores para a realização de exame toxicológico de cromatografia em camada gasosa, que detecta a presença no sangue do pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano.

Os técnicos da 
Funasa chegarão ao Acre na segunda-feira (9) e até sexta-feira (13) vão entrevistar cerca de 150 servidores, ativos e inativos, residentes em municípios do Vale do Juruá, entre eles Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó e Mâncio Lima. Todos os servidores da Fundação que trabalharam direta e indiretamente com o DDT farão os exames.

Depois das entrevistas, os servidores serão encaminhados ao Laboratório Central (Lacen), da Secretaria Estadual de Saúde, em Rio Branco, para a coleta do sangue. Em seguida, o material será enviado ao Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, que fará a análise técnica das amostras.