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OS DESTEMIDOS GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO

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A situação é grave de todos os servidores da ex. Sucam dos Estados de Rondônia,Pará e Acre, que realizaram o exame toxicologicos, foram constatada a presença de compostos nocivos à saúde em níveis alarmantes. VEJA A NOSSA HISTÓRIA CONTEM FOTO E VÍDEO

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quarta-feira, 9 de março de 2011

Imitadores hormonais

Imitadores hormonais




Inimigos dentro e fora de casa
Uma das questões mais intrigantes no que diz respeito ao estudo da ecologia, e de como o ser humano vem interferindo no meio ambiente é o tema dos imitadores hormonais.
São chamados de imitadores, ou mais precisamente, disruptores hormonais um heterogêneo grupo de substâncias que se comporta como hormônios dentro dos organismos vivos. O mais importante tipo de imitador hormonal é denominado genericamente de xeno-estrogênio, pois se tem ação semelhante ao principal hormônio feminizante: o estradiol . Em princípio essas substâncias são consideradas substâncias de comportamento estrogênico não intencional. Ou seja, não foram produzidos com a intenção de reproduzir um comportamento hormonal. Mas o que importa é que assim o fazem. Esse tipo de produto inclui muito dos integrantes de um famoso grupo químico conhecido como POPs – poluentes orgânicos persistentes.
Quando se pergunta para pessoas mais velhas porque ficou proibido produzir DDT nos anos 70, muitas respondem que foi porque esse agrotóxico poderia gerar mal formações ou câncer. Poucas respondem que muito pior era o fato desse tipo de produto se fixar nos tecidos gordurosos dos animais, e do homem, e ali ficarem, por um prazo indefinido. Ao fixar nos tecidos, esses produtos entram na cadeia alimentar e vão participar da vida de qualquer ser vivo na Terra. Uma das provas desse triste predicado, foi a verificação em 1992, da presença de um grupo de substâncias, os PCBs (bifenilos policlorados) na gordura de ursos do pólo norte, que moram a milhares de quilômetros de fontes de produção industrial (a Monsanto produzia PCB no Alabama, EEUU). Na verdade pesquisas mostram quantias variáveis de PCB em organismo vivos, inclusive humanos, em qualquer local do planeta. Tais produtos interferem na capacidade reprodutiva de muitas espécies animais e pode estar relacionado com a diminuição das populações de focas, ursos, peixes e outras espécies animais.
Os enganos de um aparente sucesso da mente humana: os PCBs.
Foram lançados em 1929, e considerados, inicialmente, desprovidos de qualidades negativas. Compõem uma família de 209 compostos muito estáveis e não inflamáveis. Foi largamente usado na indústria elétrica (dentro de transformadores), como lubrificantes, fluidos hidráulicos, fluidos para resfriamento em equipamentos industriais. Entrou dentro dos lares tornando a madeira e o plástico não inflamáveis, protegendo reboco contra umidade, sendo ingrediente de tintas, vernizes, venenos domésticos e agrotóxicos, chegando a ser usado pela indústria do papel para cópias sem carbono. Seu estrondoso sucesso de consumo foi o melhor aliado para torná-lo um dos mais perigosos e difundidos poluentes do planeta que se têm notícia!

O DDT foi descoberto em 1938 por Paul Muller, que receberia um prêmio Nobel por tal feito em 1948. Um recente documentário (The Corporation) comenta que na verdade a ação hormonal do DDT não seria fruto do acaso. Produzir um veneno que atuasse no sistema reprodutor de agentes tidos como nocivos aos interesses da agricultura industrial, e que ficasse atuando por tempo indefinido no ciclo de vida desses seres vivos poderia ser o objetivo inicial da criação de um veneno com custos mais reduzidos como o DDT (a redução de custos seria baseada no fato de se diminuir a freqüência necessária do uso nas lavouras, por exemplo). Lamentavelmente, o criador tornou a criatura mais poderosa e fora de controle do que a mente humana inicialmente imaginava. Um dano perpétuo foi iniciado.


Outro grupo muito comum de substâncias que têm sido classificadas como disruptores endócrinos e que podem também ter um comportamento similar ao estradiol é composto pelas dioxinas. Há um e-mail muito mal traduzido e mal fundamentado que fala da associação de dioxina com câncer, que têm circulado pela Internet. Mas há, nele, uma verdade: as dioxinas são os produtos venenosos e cancerígenos mais poderosos jamais criados. São perigosos em qualquer quantia, e fogem da regra de que relaciona dose com potencial agressivo à vida. Em doses tradicionalmente consideradas como diluições homeopáticas, na ordem de 1/1000000, ainda mantêm ação daninha. Existe um consistente material que relaciona a endometriose com a presença de dioxina no organismo da mulher afetada. Pela sua atuação incondicional junto ao sistema endócrino a dioxina pode ser um fragilizador importante do sistema de defesa imunológico e afetar o comportamento de células hormônio-dependentes no que diz respeito à sua capacidade de multiplicação e crescimento.


Dioxinas - em todo lugar, sempre perigosas!

As dioxinas não são produtos naturais. São frutos genuínos da mente progressista do ser humano, que como crianças inconseqüentes, primeiro toma uma atitude e depois reconhece que as conseqüências podem estar além do seu controle. As dioxinas fazem parte de uma classe de produtos aromáticos (com anel de benzeno) com cloro em sua constituição. Compõe um grupo de 75 congêneres. A maior parte é produto não intencional de vários processos industriais que envolvem o cloro. As principais são: a produção de agrotóxicos e o branqueamento de papel e celulose. Além disso, virtualmente todos os processos de combustão podem produzir dioxinas, principalmente a incineração de lixo e resíduos industriais e a queima de combustível pelos veículos automotores. (As dioxinas eram componentes do agente laranja, veneno lançado criminosamente pelo exército americano na guerra do Vietnã, entre 1962 e 1971. Foram despejados mais de 19 milhões de galões sobre 14 milhões de quilômetros quadrados de florestas do sudeste asiático. Suas conseqüências são encontradas na população até os dias de hoje). As dioxinas, como os PCBs, são, virtualmente, encontrados em todos os locais do planeta.
Mas o mais surpreendente agente estrogênico da atualidade pertence a um grupo muito mais familiar de produtos da sociedade de consumo: os plásticos. Essa trágica particularidade foi descoberta relativamente há pouco tempo, pela estudiosa Ana Soto, em 1989, quando ela fazia estudos com células de câncer de mama. Suas pesquisas foram subitamente prejudicadas, apesar de todos os seus cuidados, por um agente invasor, que se comportava como estrogênio, induzindo as colônias celulares à intensa multiplicação. Depois de incansáveis investigações o inimigo foi descoberto: nonilfenol, um agente químico que fazia parte da resina de plástico que entrava na composição dos tubos de ensaio! Esse tipo de substância é usado como antioxidante no processo de fabricação de produtos de uso muito popular como o poliestireno e o PVC (é um agente que torna o plástico mais estável e menos quebradiço). Outro tipo de plástico, o policarbonato libera outro imitador hormonal, o bisfenol-A, principalmente quando exposto ao calor. Daí vem um conhecimento relativamente difundido entre os consumidores de que não se deve consumir alimentos quentes ou aquecidos em recipientes plásticos. Algumas rotisserias, dentro de supermercados, estão vendendo seus alimentos quentes em embalagens de isopor! Os famigerados copinhos descartáveis com café aquecido! Embalagens para a aquecer e descongelar alimentos dentro dos aparelhos de microondas! Provavelmente está na hora de você rever com sabedoria seus hábitos domésticos! Por medida de segurança o melhor mesmo é banir todos os utensílios de plástico de sua casa. (Os produtos de limpeza que tenham em sua composição tensoativos não iônicos também podem ser incluídos nesta lista).


Nomes químicos podem ser chatos, mas suas atividades são muito piores.
Bisfenil-A, nonilfenóis, são nomes exdrúxulos, mas que infelizmente fazem parte de nossas vidas sem nosso conhecimento. Estão nos plásticos que utilizamos, em preservativos, em produtos de higiene íntima ou detergentes domésticos e muitos outros produtos. Suas ações são de alta relevância nos organismos vivos. Não basta apenas sabermos de que se trata de poluentes do meio ambiente. Não basta sabermos que são produtos que se grudam nos tecidos gordurosos dos animais. São substâncias que se comportam como estrogênio, de fraca, mas praticamente eterna atividade fisiológica. Isso pode estar afetando a capacidade reprodutiva de inúmeras espécies de seres vivos, (por exemplo: diminuindo a contagem de espermatozóides dos homens) e levando ao aparecimento de inúmeros problemas de saúde, incluindo o câncer e malformações.


O estudo dos disruptores endócrinos é um dos mais novos temas de pesquisa da atualidade. Está deixando de ser um ponto desagradável do assunto de ecologistas para se transformar num tema comum de preocupação de muitas pessoas atentas aos problemas de saúde que estão se tornando comum ao nosso redor. O aumento da incidência de inúmeros problemas de saúde da mulher, como a endometriose e o câncer de mama ou o câncer de próstata no homem, começam a fazer as pessoas pesquisarem mais o funcionamento do corpo humano, que acabam ultrapassando o conhecimento médico comum que insiste em fazer de conta que esse tema é um capricho de pessoas que questionam os rumos dos progressos da sociedade de consumo.


Foi difícil parar com a produção do DDT. Custou muito tempo para que se parasse com o insano uso do dietilbestrol em mulheres grávidas entre os anos 50 e 70 (remédio para prevenir abortos, porém um poderoso agente estrogênico que trouxe terríveis efeitos os filhos das usuárias). A informação foi o início de um conjunto de atitudes saudáveis da sociedade. Não devemos temer o conhecimento. Por mais árduo que isso possa parecer! Por mais desmoralizador da virtuosidade do nosso festejado progresso tecnológico que a informação possa desnudar!

Disruptores hormonais também existem na natureza
A natureza também disponibiliza substâncias que se comportam como imitadores hormonais. No reino vegetal temos os fitoestrogênios. Muitas pessoas acreditam que isso não pode ser mais do que uma benção dos vegetais para a raça humana. Na verdade se trata de um pretensioso jeito de compreender as plantas. Ao contrário do que os "vegans" imaginam, a presença de fitohormônios no reino vegetal muito mais provavelmente se trata de uma interessante forma de proteção de seres vivos desprovidos de outras técnicas de defesa frente aos seus predadores - entre eles os seres humanos. Liberam substâncias que imitam estrogênio e assim limitam a fecundidade de quem deles se alimentam. O excesso de exposição aos fitoestrogênios que algumas crianças podem ser submetidas pelo consumo de leite de soja, por exemplo, pode ser altamente deletéria às suas funções reprodutivas, entre outros problemas.


José Carlos Brasil Peixoto (300406)
Não deixa de conhecer o site:


http://www.nossofuturoroubado.com.br/
onde se pode encontrar farto material sobre todos os disruptores hormonais! Imperdível!

Referências:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101999000500014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.brasilpnuma.org.br/pordentro/artigos_003.htm
Livro fundamental:
Colborn, T; Dumanoski, D; Myers, J P; “O futuro roubado” – Ed. L&PM, 2002.



DDT e Outras Histórias de Horror

AMBIENTE


DDT e Outras Histórias de Horror*

Clara Queiroz

Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa

1. As questões ambientais são-nos hoje tão familiares e parecem-nos tão óbvias quanto, na verdade, são obscurecidas por tão imbrincadas nas tecnicidades científicas, sociais, económicas, urbanísticas, alimentares, da saúde. Além do mais, ao tentar propor soluções para resolver problemas ambientais esbarramos noutros interesses, eles próprios de extrema importância, como os económicos, sociais, culturais ou os próprios rumos do desenvolvimento tecnocientífico,

Acresce que há, na verdade, nalguns países como Portugal, um défice acentuado de educação ambiental. Talvez valha a pena fazer uma breve incursão histórica que nos dê uma melhor noção dos contributos que conduziram ao nascimento dos movimentos ecologistas no mundo ocidental.

É certamente controverso atribuir uma data para o ‘acordar de uma consciência ética ecológica’ pública alargada, mas eu arriscaria apontar uma data tão recente como 1962. Penso que a consciência mais generalizada de que na Natureza tudo está interligado e em interacção, de que nós humanos somos parte integrante da Natureza e de que as perturbações causadas num pequeno sector podem ter repercussões em larga escala surgiu com o trabalho da naturalista americana Rachel Carson exposto no livro Silent Spring1, publicado em 1962. É certo que o cientista Svante Arrhenius tinha, já em 1908, alertado para o aquecimento do Planeta que o ‘efeito de estufa’, causado pela utilização do carvão e do petróleo, provocaria e que outros sinais de alarme tinham soado como, por exemplo, a morte de quatro mil pessoas em Londres, em 1952, devido ao smog, uma mistura de fumos e nevoeiro. Mas a contradição entre o modelo de desenvolvimento adoptado pelos países

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industrializados e os interesses das populações não tinha sido verdadeiramente entendida na sua globalidade.

A bióloga Rachel Carson, funcionária do United States Department of Fish and Wildlife, fez um estudo profundo sobre as consequências do DDT e de outros insecticidas de acção semelhante e mostrou que, ao exterminar massivamente insectos ‘indesejáveis’, se quebrava um equilíbrio na natureza, com efeitos em cadeia a longo prazo. Primeiro, esses insecticidas são dificilmente degradáveis e permanecem por longo tempo nos locais tratados, acumulando-se; depois, eles entram na cadeia alimentar de muitas espécies, incluíndo a humana, com consequências letais ou provocando várias doenças como o cancro. Ela comparou o efeito das pulverizações maciças de DDT ao de uma nova bomba atómica.

O livro causou um profundo abalo nos Estados Unidos e houve repercussões a nível tão elevado como o Congresso e o próprio Presidente, na altura John Kennedy. Ao impacto causado não foi alheia a violenta reacção da indústria química, das sociedades de agricultores e da própria comunidade científica. Apesar de Carson ser uma escritora com muitos trabalhos publicados sobre a vida selvagem, entre os quais, dois livros best-seller, acusaram-na de incompetente, obscurantista, conservadora, alarmista, incapaz de entender o progresso científico, a modernidade. O grosseiro insulto machista foi um dos mais utilizados nos media. Chamaram-lhe solteirona histérica que, não tendo filhos, não se percebia porque estava tão preocupada com as gerações futuras. A um jornalista que lhe perguntou porque não se casara, respondeu ‘por falta de tempo’; estava demasiadamente ocupada a tentar impedir os erros causados por profissões esmagadoramente dominadas por homens, acrescentaria eu.

O DDT, produzido nos Estados Unidos desde 1943, (a fórmula química fora determinada pelo alemão Othmar Zeider em 1873) tinha sido utilizado durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45) para combater a vaga de piolhos que atacava os soldados. Com resultado; mas sem que as implicações desse tratamento tivessem sido devidamente estudadas. Terminada a Guerra, a indústria química procurou

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uma nova utilização para as toneladas do pesticida que tinha em stock: os insectos que atacavam as produções agrícolas foram o alvo escolhido. O entusiasmo foi imediato. Os agricultores aumentavam a produção, o Governo viu na utilização do DDT um factor de desenvolvimento económico, a indústria química viu um meio de escoar stocks e de continuar uma produção rentável, a comunidade científica viu o seu prestígio engrandecido e uma oportunidade para demonstrar a sua importância no desenvolvimento económico e social e estreitar a sua ligação à indústria. A ‘eliminação da fome e da miséria’ foi, obviamente, evocada. Na altura, só Rachel Carson teve a coragem de falar contra a corrente que via nos pesticidas um indiscutível bem para a humanidade.2

Vale a pena lembrar esta história porque, além de ser fundadora de uma posição ética generalizada em relação à Natureza e de um movimento que hoje é comum, é um caso exemplar de como interesses sectoriais e económicos precipitam a utilização de drogas ou a implementação de tecnologias sem ter havido um estudo sério prévio de todas as suas implicações. É também um caso exemplar do ataque violento que os detentores desses interesses disparam sobre quem ousa denunciar as suas consequências negativas.

O movimento que Rachel Carson desencadeou tornar-se-ia imparável e inúmeros foram os seus apoiantes na população assustada. Contudo, só dez anos mais tarde a utilização do DDT nos Estados Unidos foi banida. Em 1982, dezasseis anos após a sua morte, o Presidente Jimmy Carter atribuiu-lhe postumamente a mais alta condecoração civil americana: a Presidential Medal for Freedom. Mas isso não significou o fim da poluição nem impediu a entrada em cena de novas actividades poluidoras e atentatórias da saúde pública tão devastadoras como nem Rachel Carson sonhara.

2. Hoje, a lista dos estragos é aterradora. Rios poluídos devido às descargas criminosas de detritos fabris que matam a fauna e a flora e impedem as várias formas da sua fruição, destruição sectorial da camada de ozono atmosférico pelas emanações de CFCs (clorofluorcarbonetos), destruição das florestas e da

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consequente capacidade de absorpção do dióxido de carbono, ausência de zonas verdes nos aglomerados populacionais, construção maciça e, frequentemente, sem garantia do cumprimento das regras de segurança, janelas com vidros espelhados que contribuem para o aquecimento das cidades, campos de golfe e piscinas, em zonas secas como o Algarve, e destruição da zona costeira em nome do turismo, emanação em larga escala de gases poluentes não só pelos complexos industriais, mas também pela excessiva circulação de veículos e pelos combustíveis utilizados, cimenteiras implantadas em zonas protegidas, lixos provenientes de embalagens construídas com materiais de difícil degradação, lixos hospitalares tratados sem os devidos cuidados sanitários, lixos provenientes da utilização da energia nuclear. Isto para só lembrar alguns, pois poderíamos continuar por aí fora.

Os medicamentos constituem outro sector de insegurança. Com que frequência somos informados de medicamentos retirados do mercado porque estudos posteriores à sua utilização durante anos, e receitados por médicos, revelaram que têm ‘efeitos secundários’ altamente prejudiciais.

E que dizer dos alimentos? Vacas loucas, frutos e vegetais contaminados por pesticidas e adubos, frangos e porcos engordados com hormonas e defendidos das pragas por antibióticos ministrados preventivamente, peixes com mercúrio, etc. A ameaça mais recente e que, a meu ver, pode ter efeitos incalculáveis vem agora dos organismos geneticamente modificados, de que gostaria de falar um pouco mais adiante.

Parece-me aconselhável esclarecer que a crítica às alterações ambientais não pressupõe o sonho idílico de retorno a um qualquer paraíso perdido, inalterável. Ao contrário, o universo e o nosso Planeta são entidades dinâmicas em permanente alteração. As suas massas geológicas movem-se, transformam-se e reajustam-se, os seres vivos que o habitam têm-no transformado no decorrer dos tempos; a humanidade, desde que existe, tem usado o seu poder de intervenção na Natureza de uma forma bem destruidora. Mas essa destruição jamais se tinha dado de forma tão devastadora nem à escala planetária, como agora acontece. Os cataclismos

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anteriores, quer ‘naturais’ quer de origem humana, tinham causado desequilíbrios reajustáveis num novo equilíbrio. Hoje, estamos perante um fenómeno novo em escala e poder devastador de que conhecemos as principais causas e algumas soluções, ainda que seja difícil pô-las em prática. É por isso que o Ambiente é uma questão que vale a pena e deve ser discutida.

Perante o perigo ambiental eminente, Immanuel Wallerstein formulou duas perguntas: “para quem é que o perigo existe? E o que explica esse perigo acrescido? A questão do ‘perigo para quem’ tem, por seu turno, duas componentes: quem, entre os seres humanos, e quem entre os [outros] seres vivos. A primeira questão invoca a comparação das atitudes Norte-Sul em questões ecológicas; a segunda é um tema da ecologia profunda. Ambas, de facto, envolvem problemáticas sobre a natureza da civilização capitalista e sobre o funcionamento da economia mundial capitalista, o que significa que antes de tratar o tema de ‘para quem’, nós tenhamos que analisar a origem do perigo acrescido.”3

Para responder a estas perguntas, Wallerstein analisa as duas características fundamentais do capitalismo histórico: primeiro, a necessidade imperativa de expansão em termos de produção total, com a consequente expansão geográfica e a infindeavel acumulação de capital; depois, no processo de acumulação de capital, os principais capitalistas não têm o hábito de pagar as suas contas.

Para preservar o ambiente, podemos considerar, desde já, dois tipos diferentes de medidas: um tem a ver com a posterior eliminação e tratamento dos produtos poluentes resultantes da actividade produtiva (toxinas, lixos industriais); o outro prende-se com investimento na renovação dos recursos naturais (replantação de árvores, por exemplo) e na aposta em encontrar fontes de energia ‘limpas’. Mas as variadas medidas que os movimentos ecologistas têm proposto acarretam custos elevados e deparam com uma feroz resistência por parte da indústria que não está disposta a perder a taxa média de lucros que obtém mundialmente.

Face a esta situação, ficamos confrontados com duas possibilidades: ou os governos obrigariam as empresas a assumir essas despesas, o que lhes diminuiria os lucros,

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ou os próprios governos as assumiriam e, para isso, teriam que subir os impostos. Impostos sobre as empresas tinha o mesmo resultado que a primeira hipótese – a redução dos seus lucros – e elas resistem por todos os meios; impostos sobre os trabalhadores é impopular e, nalguns países, resultaria em revolta. Mas há uma terceira alternativa que é, na verdade, o que tem ocorrido mais frequentemente: não fazer absolutamente nada, o que conduz às catástrofes ecológicas a que temos assistido. (O protocolo de Quioto só agora vai começar a ser implementado por alguns países e o maior poluente, os Estados Unidos, não o assinou.)

3. A 2 de Dezembro de 1984, fez agora vinte anos, um gás letal – o isocianeto de metilo – escapou-se de uma fábrica de pesticidas em Bhopal, na Índia, espalhando-se por uma área de quarenta quilómetros quadrados. Sob a forma de nuvem rasteira, o gás avançou pelas ruas e entrou pelas casas. Morreram imediatamente mais de oito mil pessoas; posteriormente, das quinhentas mil pessoas expostas, o número de mortos atingiu os vinte mil; outras cento e vinte mil ficaram com doenças crónicas. A fábrica era a Union Carbide, propriedade da empresa norte-americana Dow Chemical; um slogan dava conta do que ali se produzia: “Uma substância milagrosa para salvar os agricultores do mundo”.

Depois do acidente, Warren Andersen, Presidente da Union Carbide, regressa a Bhopal onde inaugurara a fábrica cinco anos antes. O chefe da polícia local prende-o. Por pouco tempo: pressões dos Estados Unidos sobre o governo indiano conseguem a sua rápida libertação e regresso à sua luxuosa casa na Florida. Não voltará à Índia, onde o espera um julgamento. Tanto ele como a Union Carbide, que fechou em Bhopal em 1985, são acusados de assassínio. A empresa alega sabotagem, mas a realidade é bem diferente. Na verdade, até existia um relatório secreto, desconhecido dos trabalhadores locais, que mencionava a hipótese de um desastre e das suas consequências.

Antes do acidente, com o pretexto de dificuldades financeiras, a Union Carbide tinha reduzido o número de trabalhadores, incluindo supervisores da segurança; os próprios sistemas de segurança ou funcionavam já deficientemente ou tinham sido

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desligados. Na altura do acidente, o alarme foi desligado pela administração para ‘não assustar’ a população e a empresa comunicou aos médicos que o gás era meramente irritante. Foram os próprios patologistas quem, depois das autópsias, revelaria a natureza e os efeitos do isocianeto de metilo.

A Dow Chemical tem, de resto, um negro historial de agressão das populações. Foi esta empresa que produziu o napalm utilizado no Vietnam, conta com um longo rol de destruições ambientais, uma delas Rocky Flats, um local ultra-secreto no Estado do Colorado nos Estados Unidos, onde teve fábricas entre 1952 e 1975, que é hoje um pesadelo ambiental. Verificou-se que um pesticida utilizado em larga escala e produzido pela mesma empresa – com o nome comercial de Dursban ou Lorsban - tem fortes efeitos tóxicos no sistema nervoso e foi banido pela Agência de Protecção do Ambiente americana em 2000. A sua saída do mercado seria faseada. No passado dia 20 de Dezembro de 2004, a mesma Agência concedeu à empresa mais três anos para a comercialização deste veneno. Ironicamente, foi este pesticida que, em 1972, substituíu no mercado o DDT depois de banido nos Estados Unidos.

Falei só de alguns casos exemplares, mas ninguém duvida de que a contaminação química e radioactiva se espalhou por todo o lado e nos afecta a todos. Trazemo-la nos nossos próprios corpos. Quanto aos acidentes com reactores nucleares, temos todos bem presentes os acontecimentos de Three Miles Island nos Estados Unidos e Chernobyl na União Soviética. E quanto não haveria a dizer sobre a poluição provocada pelas guerras actuais que interessam à indústria de armamento e às estratégias económicas de alguns governos?

É claro que as empresas não estão sozinhas na sua acção de destruição ambiental. Existem cumplicidades a muitos níveis: governos com interesses coincidentes, ou mesmo empresários participantes em governos, cientistas, médicos. Como exemplo, e para continuar a falar da Dow Chemical, o pesticida Dursban foi testado em prisioneiros de Nova Iorque entre 1971 e 1998, através de um laboratório de Lincoln, no Estado de Nebraska; um outro insecticida, o DBCP, foi estudado por

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médicos nos próprios trabalhadores da fábrica e verificaram que muitos tinham ficado estéreis.

4. Desde há uns anos, enfrentamos uma nova questão que deve ser discutida – a das novas biotecnologias. Nas palavras de Jeremy Rifkin, “É previsível que o nosso modo de vida sofra alterações mais fundamentais nas próximas décadas do que as que sofreu nos últimos mil anos.”4 Mas, como há pouco disse, são os organismos geneticamente modificados, ou para simplificar, os OGMs, que gostaria, agora, de discutir, na medida em que eles constituem um novo tipo de poluição: a poluição genética. Existem actualmente nos Estados Unidos e noutros países extensas plantações de soja, milho, arroz, batata, algodão, colza geneticamente modificados.

Na Natureza, os seres vivos ‘acasalam-se’ e produzem descendência; nesse processo, em que as espécies se perpetuam, ocorrem trocas genéticas – os descendentes contêm uma nova combinação das moléculas genéticas que os progenitores possuíam, mas não adquirem novos genes. Todos os indivíduos da mesma espécie partilham, em princípio, o mesmo conjunto de genes; no entanto, existe um grande número de variações moleculares de cada gene: chamamos-lhes alelos e são eles os principais responsáveis pela enorme variabilidade dos seres vivos. Na Natureza, há barreiras biológicas muito fortes: estas trocas, ou recombinações genéticas, só ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, ou, em casos raros, de espécies próximas. Portanto, essas trocas ocorrem entre formas diferentes de genes que, digamos, são próprios dessas espécies.

Mas a biotecnologia permite hoje, por exemplo, isolar um gene de um peixe do Ártico, que confere resistência a temperaturas baixas, e colocá-lo no genoma do morango para que ele resista a temperaturas baixas ou introduzir no tomate um gene de escorpião, para lhe conferir resistência a insectos. Hoje, é virtualmente possível introduzir qualquer gene proveniente de vegetais, animais ou seres humanos em qualquer outro organismo. Genes relacionados com resistência a temperaturas altas ou baixas, a metais no solo, à seca ou ao alagamento, genes com efeitos antibióticos ou insecticidas, genes que incrementam ou retardam o

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crescimento, etc., podem ser utilizados nesta engenharia biológica. Está-se, assim, a introduzir um gene estranho, completamente novo, que não fazia parte do genoma daquela espécie. Há vários aspectos preocupantes de que mencionarei alguns.

Os genes introduzidos nos OGMs são frequentemente provenientes de bactérias ou de espécies não utilizadas como alimento e, geralmente, praticam-se tecnologias que impõem uma actividade intensa e contínua ao gene introduzido que, no organismo dador, ele não tinha. Na prática, isto significa que todas as espécies que interagem com essas culturas geneticamente modificadas – desde organismos degradadores, minhocas, insectos do solo, pequenos mamíferos, pássaros e seres humanos – serão expostos a vastas quantidades do produto do gene introduzido (proteinas), novos para a sua fisiologia. Respostas imunológicas ou alérgicas podem ter consequências graves e, em muitos casos, foram já detectadas. Soja geneticamente modificada da multinacional Monsanto e aprovada no Reino Unido em 1996 revelou provocar efeitos alérgicos e, nos ratos, efeitos inibidores do crescimento. Outra consequência já verificada é a do enorme aumento de insectos resistentes às substâncias insecticidas. Há, portanto, aspectos preocupantes não só para as espécies animais e vegetais, mas também para a espécie humana.

Há ainda a possibilidade – e ela temse verificado em vários casos – de contaminação entre OGMs e culturas convencionais. Ou seja, que plantas de uma cultura geneticamente modificada se cruzem com plantas de culturas convencionais, introduzindo-lhes – agora, por um meio ‘natural’ – o gene estranho. Estudos sobre esses cruzamentos mostram que o comportamento das plantas é muito diferente em laboratório (ou em pequenos terrenos de teste) e em vastas áreas. A contaminação é muito maior em grandes extensões de cultivo ao ar livre e pode ocorrer entre plantas situadas a quilómetros de distância. Torna-se, assim, impossível garantir que uma plantação convencional não contenha organismos geneticamente modificados; pode também acontecer que ervas daninhas, invasoras de culturas, adquiram um gene de resistência a algum agente agressor, tornando-se ‘super ervas daninhas’, uma praga difícil de combater; se as plantas modificadas tiverem um elevado poder de propagação, as plantas convencionais podem vir a ser

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exterminadas. Todos conhecemos os perigos das monoculturas e, em particular os biólogos, os perigos inerentes à diminuição da biodiversidade.

Um outro aspecto preocupante prende-se com a imprevisibilidade da reacção do organismo modificado. Os biólogos e os geneticistas, em particular, sabem que a actividade dos genes de um qualquer organismo está dependente de contextos internos e externos; há mesmo genes que, durante toda a vida de um organismo, podem nunca funcionar. Quer isto dizer que os genes de um qualquer ser vivo não funcionam permanentemente: a sua actividade está dependente de factores internos e externos à própria célula. Ora, a introdução de genes estranhos pode perturbar o funcionamento genético do organismo modificado e desencadear uma actividade anómala – por excesso ou inibição. Genes que antes funcionavam podem ficar ‘silenciados’; uma molécula celular que se encontrasse antes num estado ‘dormente’ pode entrar em actividade e causar doenças graves.

Os especialistas que levantam estas e outras questões alertam para o perigo da libertação de OGMs na Natureza sem ter havido estudos convenientes que nos garantam a sua segurança. Apelam a que os países adoptem o princípio da precaução, ou seja, que, para permitir a sua expansão, é preciso demonstrar primeiro a sua inoquidade. As grandes companhias que produzem os OGMs e os países que os adoptaram defendem o princípio inverso, afirmando que não devem ser banidos até que se prove a sua perigosidade. Seria o mesmo que dizer que deveríamos ter esperado pelo nascimento de oito mil bébés com os membros reduzidos antes da utilização da talidomida em grávidas ter sido proíbida. Como diz Jeremy Rifkin, as aplicações tecnocientíficas avançam mais depressa do que a ciência fundamental. A verdade é que não existe uma ciência para estudar estes novos fenómenos.

Porquê, então, tanta pressa na introdução e expansão a nível mundial dos OMGs? Evidentemente que se trata de um imenso negócio. Companhias como a Dupont, Monsanto, Novartis, Hoesch Chemical venderam parte ou todas as suas divisões químicas para se transformarem em empresas das tecnociências da vida. Estão no

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comércio genético. Tal como acontece com a indústria química, a luta é feroz, o infindável lucro é o objectivo.

Em 1998, o Dr. Arpad Pusztai deu uma entrevista ao programa ‘World in Action’ de uma televisão britânica, onde mencionava os efeitos dramáticos que observou em ratos jovens depois de alimentados durante dez dias com batatas onde se introduzira um gene de uma planta, que em inglês se chama snowdrops e que em português se pode chamar campânula-branca. Esta batata transgénica passa a produzir uma substância (lectina GNA) que a protege de insectos e vermes. A maioria dos ratos apresentava alterações significativas de peso e anomalias em vários orgão vitais: fígado, baço, estômago, timo. A resistência imunológica tinha baixado. Um grupo semelhante de ratos em número e idade, mantidos e alimentados exactamente da mesma forma, mas sem a batata geneticamente modificada, não apresentava qualquer anomalia. O Professor Philip James, director do Rowett Research Institute, em Aberdeen, na Escócia, onde o Dr. Pusztai trabalhava, acusou-o de divulgar informação enganosa, confiscou-lhe todos os seus dados científicos e notas para proceder a uma auditoria sobre a hipótese de fraude e ameaçou-o com um processo legal se ele fizesse declarações públicas. O Dr. Pusztai tomou a atitude que lhe restava: demitiu-se.

A Monsanto era um dos maiores patrocinadores dos projectos de investigação do Rowett Research Institute.

É claro que a Comissão que procederia à auditoria nunca emitiu qualquer relatório. Em contrapartida, um grupo de cientistas de diversos países voluntarizou-se para fazer uma revisão do trabalho de Pusztai e publicou uma declaração confirmando o rigor do seu trabalho e a validade dos resultados que ele tinha obtido sobre o efeito da batata transgénica nos ratos. Tudo o que Pusztai queria era continuar e alargar o trabalho até perceber melhor todo o processo da origem das anomalias nos ratos. Aparentemente, o Instituto não queria. Ou não podia.

Esta história levanta-nos outra questão. A do envolvimento das empresas na investigação científica e na universidade. Recentemente, tem-se falado muito na

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relação empresas/universidades como algo desejável e inquestionável. O único lamento centra-se no facto de as empresas portuguesas não se terem lançado nesse investimento. Julgo tratar-se de um assunto que merece a nossa atenção e que deve ser também discutido. Ainda que aparentemente lateral às problemáticas do ambiente, há interesses que se confundem.

Não estou só a pensar nos cientistas que trabalham directamente para as empresas e que se deparam com a hipótese de vir a perder o emprego se ‘desagradarem ao patrão’. Em todos os países desenvolvidos, existem hoje cientistas universitários que só desenvolvem projectos de investigação que interessam às empresas, pondo de lado temas de investigação que interessariam às populações em geral e, muitos deles, têm fundado as suas próprias empresas. Entraram no big business. A essa nova atitude de certos cientistas dos grandes centros de investigação está ligada a nova prática das patentes. Hoje, em muitos países, os cientistas que estudam as sequências dos genes ou um organismo que possa vir a ter interesse comercial pedem uma patente sobre a molécula genética ou sobre o organismo. Isto é, trata-se como ‘invenção’ matéria viva, que levou milénios de evolução até chegar à forma que hoje apresenta.

É exactamente o que as multinacionais também fazem com os organismos geneticamente modificados, com as sementes em particular. Desde que a humanidade começou a domesticar as plantas, aprendeu a não consumir toda a colheita; parte ficaria guardada para a sementeira do ano seguinte. As empresas das ciências da vida querem deter o poder sobre as sementes. Seguem várias estratégias para esse fim. Plantas ‘maravilha’ que se vendem aos agricultores juntamente com um pesticida, porque nessas plantas foi introduzido um gene que resiste a esse pesticida que a Companhia também lhes vende; plantas cujas sementes, mesmo que o agricultor as guarde e semeie, não se desenvolverão, porque contêm um gene que, a partir de certa fase da germinação, faz parar o desenvolvimento, etc. De resto, as empresas detêm a patente das sementes geneticamente modificadas. Como não ter urgência em que o negócio prospere?

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5. Toda esta problemática vai muito para além da defesa de interesses imediatos, corrupções, venalidades (embora os inclua). Está-lhe subjacente uma visão do mundo mais abrangente que perpassa muitas áreas de conhecimento e que, sem dúvida, de há umas décadas para cá, impregnou a ciência. Essa visão do mundo denuncia-se em certa terminologia utilizada. Por exemplo, a noção de ‘organismos indesejáveis’ é circunstancial e definida a partir de interesses humanos e sectoriais; não existem na Natureza organismos desejáveis ou indesejáveis. Que entidade suprema teria determinado que gatos e cães são desejáveis e pulgas e carraças não o são? Outra noção, a de ‘efeitos secundários’ aplicada a medicamentos ou a intervenções na agricultura é igualmente sugestiva. No caso dos medicamentos, por vezes, a bula que os acompanha informa-nos de que um qualquer medicamento actua, por hipótese, na cólica renal mas pode ter ‘efeitos secundários’, como perturbações cardíacas, reacções alérgicas, seja o que for. A leitura desses folhetos sugere que alguns farmacologistas encaram uma pessoa (ou qualquer outro ser vivo) como uma entidade composta por partes isoladas (orgãos, tecidos, células, genes), sem relação umas com as outras: o medicamento deveria dirigir-se para os rins mas, às vezes, engana-se e instala-se-nos no coração. Na verdade, qualquer medicamento ou qualquer intervenção médica, ainda que se destine a resolver um problema específico e o resolva, actua no organismo como um todo e cada organismo terá reacções próprias, específicas a essa intervenção.

Esta visão reducionista não se circunscreve à medicina; está presente nas práticas da engenharia genética quando vê o gene como uma entidade isolada que deve produzir na célula uma determinada substância, esquecendo que as células, os organismos, os ecossistemas, etc., são, ao seu nível, unidades, entidades interactuantes e interdependentes. A mesma noção está também presente na economia quando se encara o desemprego como um ‘efeito secundário’ de uma qualquer política económica ‘altamente benéfica para o país’. ‘Benéfica’, é claro, para um país hipotético onde cada pessoa que perdesse o emprego também deixasse de ser cidadão. Noções como estas sugerem um paralelo arrepiante com as recentes

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expressões ‘bombardeamentos cirúrgicos’ e ‘danos colaterais’, tão utilizadas pelos governos que se entretêm a fazer guerras pelo mundo fora.

A Europa tem resistido à introdução dos OGMs. Recentemente, pressões dos Estados Unidos da América, da Argentina e do Canadá têm levado a um recuo dessa posição. No entanto, muitas regiões de países europeus recusam a entrada desses organismos; o Algarve é uma delas. O Parlamento alemão aprovou recentemente (26 de Novembro passado) uma lei que obriga os agricultores de OGMs a registarem oficialmente os locais exactos dos seus campos e a um conjunto de regras que protegem as culturas convencionais; torna-os legalmente responsáveis por danos económicos que possam causar aos outros agricultores de culturas convencionais na vizinhança. Claro que já houve reacções contra a lei e reacções de regozijo, apesar das limitações de que esta lei ainda enferma.

6. Rifkin adverte-nos para os perigos inerentes à política das grandes companhias transnacionais que implica a prática de patentes: “As repercursões da passagem da mudança de relações de vendedor-comprador para as de fornecedor-utilizador já se fazem sentir, particularmente, na agricultura. As companhias transnacionais de ciências da vida têm vindo, nos recentes anos, silenciosamente a comprar as companhias independentes de sementes, permitindo-lhes um grande controlo sobre a semente da qual a produção agrícola depende. As companhias, então, modificam ligeiramente as sementes, ou retiram-lhes alguns genes, ou recombinam alguns genes que lhes garantem a patente sobre as suas ‘invenções’. O objectivo é controlar, sob a forma de propriedade intelectual, todo o stock de sementes do planeta.”5


Considerando as questões ambientais com que nos defrontamos, Immanuel Wallerstein é pessimista: não existe qualquer saída no contexto do presente sistema histórico. Mas o tom muda quando afirma que o actual sistema capitalista está em processo de falência. Para Wallerstein, estamos já num caminho de saída do própiro sistema. “A verdadeira questão com que estamos defrontados é qual será o resultado que iremos atingir. É aqui e agora que devemos levantar a bandeira da

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racionalidade substantiva, ao redor da qual nos devemos reunir. É necessário ter consciência de que uma vez aceite a importância de percorrer o caminho da racionalidade substantiva, este caminho é longo e árduo. Ele envolve, não só um novo sistema social, mas novas estruturas de conhecimento, nas quais a filosofia e as ciências não estejam jamais divorciadas (…). Se começarmos a percorrer esse caminho, ao mesmo tempo em termos do sistema social em que vivemos e das estruturas de conhecimento que usamos para o interpretar, temos de ter uma consciência clara de que estamos num início e de modo nenhum num final. Os começos são incertos, aventurosos e difíceis, mas promissores, que é o melhor que se pode alguma vez esperar. ”6

As pressões da sociedade civil são indispensáveis para o impedimento das práticas poluidoras contra a Natureza e contra os interesses das populações. Em Portugal, embora existam movimentos ecologistas e ONGs que lutam por muitos desses interesses, a população em geral continua largamente desinformada. É urgente promover o debate alargado entre a população e os especialistas, técnicos, cientistas. O envolvimento destes é indispensável. No entanto, as decisões nunca deverão ser técnicas: terão que ser políticas.

Referências

1. Carson, Rachel. Silent Spring. Boston: Houghton Mifflin, 1962.

2. Lear, Linda. Rachel Carson. Witness for Nature. London: Allen Lane. The Penguin Press, 1997.

3. Wallerstein, Immanuel. “Ecology and Capitalist Costs of Production: No Exit”. Keynote address at PEWS XXI, The Global Environment and the World-System. Univ. of California, Santa Cruz, Apr. 3-5, 1997.

4. Rifkin, Jeremy. The Biotech Century.New York: Tarcher/Putnam, 1998, p. 1.

5. Rifkin, Jeremy. The Age of Access. The New Culture of Hypercapitalism where All of Life is a Paid-for Experience. New York: Tarcher/Putnam, 2000, p. 66.

6. Wallerstein, Immanuel. Op. cit.

* O conteúdo deste texto foi objecto de uma comunicação apresentada ao Forum Alternativa para a Mudança, que se realizou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa a 15 de Janeiro de 2005

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Heróis da Amazônia e vítimas do DDT, agentes da Sucam morrem esquecidos

RIO BRANCO - A história da Amazônia foi feita através da abnegação de homens e mulheres que desafiaram a inóspita natureza selvagem para construir comunidades habitáveis na floresta. Esse é o caso dos ex-guardas da Sucam, que até o final dos anos 1990 (isso mesmo, há apenas uma década), chegavam a andar 32 horas por varadouros nas matas para lutar contra o mosquito anofelino transmissor da malária. Carregavam nas costas 60 quilos de equipamento para borrifar o pesticida DDT. Para se alimentar, dependiam da caridade dos moradores das colocações. Muitas vezes enfrentavam a fúria das donas de casa, que reclamavam da desarrumação provocada pela aplicação do pesticida. “Saiam no cabo da vassoura, jogavam água em cima da gente e nos chamavam de cabeças brancas e urubus. Nós éramos muito humilhados. Não houve trabalho mais degradante do que esse,” conta Aldo Moura da Silva, presidente da Comissão Luta pela Vida, que defende as vítimas do DDT.




Tempos heróicos, agora vergonhosamente esquecidos





Mas, apesar de tantas dificuldades, enfrentaram o flagelo da malária para salvar milhares de vidas nos recantos mais isolados da floresta. “Aqueles ex-guardas da Sucam que já faleceram levaram a certeza do dever cumprido porque salvaram milhares de vida na Amazônia. Não só com a borrifação e levando o antimalárico, mas salvando milhares de pessoas, doando o nosso próprio sangue quando era necessário. Se alguém caía num rio era a gente que salvava, se tivesse um incêndio éramos nós que íamos apagar. Nós que erradicamos a paralisia infantil dando o ponta-pé inicial para levar as vacinas dentro da floresta. Carregávamos as vacinas nas costas levando saúde e dignidade e dias melhores para aquela população que morava no interior da Amazônia e que produzia o ouro branco que sustentava a economia do país. Hoje, me sinto um homem envergonhado de ter trabalhado e contribuído tanto para o desenvolvimento desse Estado e da Amazônia e ver a situação em que meus companheiros se encontram”, conta Aldo - que trabalhou dez anos combatendo as endemias e contraiu dezenas de malária .



Procurador da FUNASA que nunca veio à Amazônia tenta ridicularizar o movimento social





O empenho desses homens lhes custou à contaminação com o altamente tóxico DDT. Como recompensa, padecem esquecidos pelas autoridades e têm seus fígados seriamente comprometidos. Desde o ano 2000, já morreram 59 ex-guardas da Sucam: a grande maioria por complicações hepáticas transformadas em cirrose. O presidente da Comissão Luta pela Vida, Aldo Moura da Silva, também vítima do DDT, reclama que a Funasa, além de não dar a assistência médicas adequada aos seus funcionários colocou um procurador jurídico que chamou recentemente os combatentes da malária de cachaceiros. “O Dr. Celso alega que contraímos a cirrose devido ao alto consumo de cachaça,” diz Aldo Moura.



A afirmação do procurador da Funasa soa como uma piada macabra. Mesmo que alguns ex-guardas da Sucam consumissem álcool ,isso não representaria a totalidade dos profissionais. Também não se pode fazer uma afirmação tão séria sem as devidas comprovações médicas. Será que os 59 ex-guardas que morreram eram todos alcoólatras? Isso é um absurdo que não se sustenta e só pode ser dito por quem não conhece a dura realidade da Amazônia.





Aldo Moura protesta contra o procurador. “Uma pessoa esclarecida como um procurador da Funasa devia saber que o DDT prejudicou os guardas que trabalhavam sem proteção. Todos os estudos que foram feitos apontam essas causas. A primeira denúncia da Raquel Cossom apontava que o DDT causava infecções no fígado que levava à cirrose. O procurador Celso Paiva, que nunca veio na Amazônia, com seu relatório, dificultou para nós recebermos o tratamento e o auxílio adequado. Uma viúva dos guardas da Sucam que nunca tomou uma dose de cachaça está contaminada porque lavava as roupas do marido. Aliás, são todas as esposas dos guardas que tiveram contato com o DDT. Porque a gente trazia alimentação nas embalagens desocupadas sujas de veneno. Mas entramos com uma representação na Câmara de Medicina para que eles se manifestem em relação ao parecer do Dr. Celso e julgue através dos exames, que comprovam que estamos intoxicados,” afirmou.



Assistência tardia



O Ministério Público Federal já determinou ações para ajudar no tratamento dos ex-guardas. O MPF sugeriu que o Ministério da Saúde e o Governo do Acre disponibilizem tratamentos adequados com médicos neurologistas, oncologistas e toxicologistas para todos os funcionários e familiares que tiveram o contato com o DDT. Mas parece que a determinação do MPF ainda não foi acatada. Os ex-guardas da Sucam e seus familiares continuam a se sentir discriminados e desassistidos.



Falta de apoio político à causa: ''Considero esse o maior genocídio da história contemporânea da Amazônia''



Uma das reclamações de Aldo Moura é falta de atenção da classe política ao problema. “A mobilização política é muito importante. Só quem teve a coragem de abraçar a causa foi deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC) e nós precisamos de uma mobilização maior na Câmara Federal. Considero esse o maior genocídio da história contemporânea da Amazônia. Estivemos, em Brasília, e apresentamos esses problemas à Comissão da Amazônia. Mas quero destacar que não sou político, não estou procurando a promoção de cargos, não quero ser nem presidente de bairro. Estou lutando pela minha vida e dos meus companheiros. Pegamos milhares de chuvas e alagações, dormindo em currais, em granjas de galinhas, em celeiros infestados de ratos. Hoje as pessoas que estão no poder não conhecem a realidade dos guardas da malária e a importância que eles tiveram. Viraram as costas pelo fato de não ser uma causa política. Nós não deveríamos andar atrás dos políticos, mas eles deveriam nos procurar para saber o que está acontecendo. Foi para isso que nós colocamos eles como nossos representantes. Quero fazer uma ressalva aos deputados estaduais que fizeram um levantamento que culminou com um relatório que apresentamos em Brasília. Os companheiros que faleceram deixaram suas marcas registrada elegendo deputados, senadores, governadores e presidente da República. Mas acredito que haja uma luz no final do túnel com a viagem que vou fazer à Suíça para buscar aliados. Enquanto eu não ver resultados não vou me calar. A não ser que alguém cale a minha boca. Mas, ainda assim, iria na certeza do meu dever cumprido. Porque se foi uma missão que Deus colocou na minha mão vou cumpri-la à risca. Nós não queremos dinheiro, mas a nossa saúde volta e a dignidade de sermos cidadãos brasileiros,” disse Aldo.



(Reportagem de Nelson Liano Jr para o Portal JuruáOnline - http://www.juruaonline.com.br)

Você pode reproduzir total ou parcialmente este material desde que cite a fonte e seu respectivo link, conforme colocado entre parêntesis acima.





Palavras-chave: ddt - saúde pública

Normas sobre uso de agrotóxicos

Maria de Lourdes Reis Duarte


Sumário

Início



Apresentação

Importância econômica

Clima

Solos

Adubação

Cultivares

Produção de mudas

Micorrizas

Plantio

Irrigação

Tratos culturais

Plantas daninhas

Sistema de cultivo sombreado

Doenças e métodos de controle

Pragas e métodos de controle

Normas sobre uso de agrotóxicos

Colheita e pós-colheita

Mercado e comercialização

Coeficientes técnicos, custos, rendimento e rentabilidade

Referências

Glossário

Autores

Expediente

Normas sobre uso de agrotóxicos

Introdução



Agrotóxicos são produtos e agentes químicos ou biológicos cuja finalidade é alterar a composição da flora e da fauna a fim de preserva-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Os agrotóxicos, principalmente os de origem orgânica vem sendo usados desde 40 a 90 D.C. (depois de Cristo). Entre os mais usados citam-se os produtos à base de enxofre e cobre. O primeiro inseticida sintetizado foi o DDT e, devido à baixa toxidez ao homem provocou a procura de novos produtos de origem orgânica com ação inseticida e acaricida. Entre os fungicidas, o mais antigo é a calda bordalesa, descoberto em 1874 na França, por Millardet e usada até hoje em muitos países devido a facilidade no preparo e alta eficiência contra doenças causadas fungos dos gêneros Phytophthora, Pythium, Peronospora, Bremia e outros.



Muitos ecologistas e biólogos discutem a validade do uso de produtos químicos nos pimentais devido a problemas de resíduo e toxidez para a flora, fauna e ao próprio homem; entretanto, os métodos de controle biológico, cultural e integrado nem sempre dão respostas imediatas. Grandes epidemias de pragas e patógenos têm de ser debeladas imediatamente e só o uso de agrotóxicos tem garantido a produção de alimentos. Entretanto, para que se consiga bons resultados no controle é necessário saber que tipo de patógeno, praga ou planta daninha está ocorrendo no pimental e o uso correto do agrotóxico a ser aplicado.



Escolha do agrotóxico



Na escolha do agrotóxico mais adequado deve-se considerar se: a) a incidência da doença ou praga justifica o uso de agrotóxico; b) a formulação do produto permite o uso no pulverizador ou outra máquina disponível; c) há possibilidade de se escolher um produto menos tóxico; d)o uso de agrotóxico não trará desequilíbrio na cultura; e) qual o intervalo mínimo entre a aplicação e a colheita; f) o agrotóxico é recomendado para aquela praga, doença ou erva daninha; g) no caso do uso de dois produtos se são compatíveis.



Tipos de agrotóxicos



De acordo com a especificação de sua ação tóxica podem ser classificadas como: Inseticidas quando combatem as pragas, matando-as por contato e ingestão; Fungicidas quando agem sobre os fungos impedindo a germinação, colonização ou erradicando o patógeno dos tecidos das plantas; Herbicidas quando agem sobre as ervas daninhas seja pré-emergência como pós-emergência; Acaricidas quando eliminam os acarinos; Nematicidas quando eliminam os nematóides do solo; Moluscidas quando controlam lesmas; Raticidas quando agem sobre os ratos; Bactericidas quando controlam as bactérias.



Cuidados especiais no uso e manuseio de agrotóxicos (inseticidas, fungicidas, bactericidas, herbicidas)



Embora seja uma ferramenta muito útil no controle de doenças, pragas e plantas daninhas, o uso de agrotóxico na propriedade exige que o proprietário e os aplicadores tenham um conhecimento básico sobre o modo de ação, doses recomendadas, hora e época da aplicação, formulação do produto (pó molhável, concentrado emulsionável, pó seco), classe toxicológica e os cuidados durante e após a aplicação nos pimentais e outras culturas.



Quando se usa agrotóxicos deve-se observar uma série de cuidados. A primeira coisa que deve ser feita quando compramos um produto químico para uso na lavoura é ler o rótulo. Todo produto químico, apresentado em diferentes formas de embalagem (vidro, tambor, lata, caixa, pacote) tem um rótulo que deve ser sempre mantido para que o agrônomo, técnico agrícola, capataz ou o operador saibam o seguinte:



Leitura do rótulo



a) Quais as culturas que podem ser tratadas com o produto.



b) Quais as doenças, pragas ou plantas daninhas que podem ser tratadas com o produto.



c) Qual a melhor época para controlar as doenças, pragas e plantas daninhas.



d) Qual a dose a ser usada.



e) Qual o intervalo entre uma aplicação e outra.



f) Qual o intervalo entre a última aplicação e a colheita para que o agrotóxico não contamine os alimentos (carência do produto).



g) Qual a possibilidade de se aplicar mais de um produto ao mesmo tempo (compatibilidade).



h) Que cuidados o aplicador deve tomar para não se contaminar.



i) Tipo de formulação do produto e princípio ativo.



Transporte



O transporte deve ser feito observando-se as normas da legislação específica vigente, que inclui o acompanhamento da ficha de emergência do produto. Bem como determina que os agrotóxicos não podem ser transportados junto de pessoas, animais, alimentos, rações, medicamentos ou outros animais.



Conforme estabelecido na legislação e pelas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), NBR 7503, NBR 7504 e NBR 8285, o transporte de todo defensivo agrícola de natureza química deve ser acompanhado de sua respectiva Ficha de Emergência (fornecida pelo fabricante ou expedidor), onde estão contidos todos os procedimentos em caso de acidente. Deve-se ter ainda os seguintes cuidados:



a) Antes de carregar, retirar os pregos e metais salientes ou lascas de madeira, porventura existentes nos veículos e que podem perfurar as embalagens e causar vazamentos.



b) Nunca colocar sobre as embalagens dos defensivos agrícolas volumes pesados que as possam danificar ou que as façam cair.



c) Não transportar embalagens abertas, furadas ou com vazamentos.



d) Em caminhões e outros meios de transporte sem cobertura própria, proteger os defensivos agrícolas com uma cobertura de lona.



e) Todas as pessoas envolvidas no carregamento, arrumação e descarga de defensivos agrícolas devem utilizar equipamento de proteção adequado (avental, camisa de manga comprida, chapéu, luvas) durante a operação citada.



f) Não transportar o produto junto com pessoas, animais, alimentos, ração animal, medicamento ou outros materiais.



g) Seguir as normas NBR 7500, com relação a Símbolos de Risco e Manuseio para Transporte e Armazenagem de Materiais e NBR 8286 para Emprego de Simbologia para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, da ABNT.



Armazenamento



No armazém é necessário observar os seguintes cuidados:



a) Guardar os produtos químicos longe do alcance de crianças e de animais.



b) Manter as embalagens sempre fechadas.



c) Evitar guardar o produto em lugares úmidos ou descobertos.



d) Evitar construir o depósito para guardar os agrotóxicos próximos das habitações.



e) Não deixar embalagens vazias espalhadas pela plantação ou no pasto. As embalagens, principalmente as de plástico têm causado a morte de muitos animais.



f) Manter os defensivos químicos na embalagem original, sem retirar o seu rótulo.



g) Não re-usar as embalagens de agrotóxicos.



Manuseio



Quando abrimos uma embalagem de um agrotóxico qualquer, seja uma barrica de pó, lata, vidro, tambor de plástico, caixa de papelão ou pacote, não se deve tocar no produto com as mãos desprotegidas. Se for preciso, usa-se luvas para tocar no produto e no caso de pó, o uso de máscara é indispensável pois esta evita que se respire o produto.



Embalagens



Muitas pessoas quando vão comprar um defensivo ficam mais interessadas na embalagem do que no produto pensando nas muitas utilidades que podem ter na propriedade. Embalagens têm causado a morte de muitos animais por isso deve-se tomar os seguintes cuidados:



a) Não usar embalagens de agrotóxicos para guardar leite, água, cereais ou outro alimento.



b) Inutilizar as embalagens de vidro, plásticos ou papel e lata, enterrando-os em locais adequados sempre longe de rios, fontes e igarapés.



c) Conservar em sacos de plásticos as embalagens abertas ou rasgadas, assim como, as embalagens vazias.



Contaminação



Os defensivos são valiosas ferramentas que o produtor dispõe, mas se forem usados incorretamente, podem contaminar a água, sal, leite, as rações, o ar que respiramos os animais e mesmo os pimentais e outras lavouras. A fim de reduzir os perigos da contaminação devemos ter os seguintes cuidados:



No abastecimento e lavagem dos pulverizadores



a) Evitar o abastecimento do pulverizador com resto de calda, com bombas de sucção em válvulas de segurança.



b) Ao encher o pulverizador até derramar.



c) Não jogar restos de defensivos em caixas d'águas, açudes, igarapés, ou qualquer tipo de água usada por pessoas e animais.



a) Não desentupir os bicos dos pulverizadores com a boca.



a) Não lavar os pulverizadores nem os bicos em rios e igarapés, usados por pessoas ou animais.



Na aplicação do produto



a) O pulverizador usado para herbicidas não deve ser usado para aplicação de outros defensivos.



b) Evitar contaminar as lavouras, pastagem e propriedades vizinhas.



c) Aplicar os defensivos agrícolas nas horas mais frescas do dia.



d) Fazer uma boa regulagem do equipamento.



e) Consertar os vazamentos do equipamento.



f) Durante as pulverizações, as crianças e pessoas que não estiverem com roupa adequada devem ficar afastadas para prevenir contaminações.



g) Evitar o uso de defensivos muito volátil perto de plantações sensíveis ao produto.



h) Não use menores de idade para aplicar agrotóxicos no pimental.



Cuidados com o aplicador



Os operários rurais responsáveis pela aplicação de defensivos devem tomar os cuidados para evitar que se contaminem:



Condições de saúde



O aplicador de defensivo agrícola deve ser uma pessoa bem alimentada e em boas condições de saúde. Não devemos usar neste serviço: a) pessoas mal alimentadas; b) pessoas com indisposição física como dor de cabeça, dor de estômago, gripe e outras; c) pessoas com ferimentos nas mãos, nos braços, pés e outras partes do corpo.



Vestuário e higiene



O administrador ou o proprietário do pimental deve orientar o aplicador nos seguintes pontos:



a) Trocar a roupa todos os dias.



b) Usar camisa de mangas compridas.



c) Usar máscara durante as aplicações.



d) Lavar as mãos, os braços e o rosto antes das refeições.



e) Manter a cabeça coberta com o chapéu.



f) Não trabalhar descalço.



g) Tomar banho frio todos os dias.



h) Usar óculos apropriados.



i) Não pulverizar contra o vento.



j) Se o produto a ser aplicado é na forma de gás, deve usar máscaras apropriadas. Ex. Expurgo de armazéns.



Alimentação e fumo



a) Não trabalhar de estômago vazio.



b) Evitar comer, beber ou fumar durante o manuseio do agrotóxico.



c) Não comer durante a aplicação dos defensivos.



d) Na hora das refeições, o serviço deve ser interrompido e tomado os cuidados de higiene.



Destino final dos resíduos e embalagens



As embalagens não podem ser deixadas expostas ao meio ambiente. A dificuldade de re-utilizar essas embalagens e o número de embalagens distribuídas pelas propriedades alertou as autoridades ambientalistas para o problema. As seguintes Normas foram estabelecidas para dispor as embalagens de defensivos agrícolas:



a) Não reutilizar as embalagens vazias;



b) Embalagens metálicas, plásticas rígidas e de vidro, que contiveram defensivos agrícolas, devem ser enxaguadas três (3) vezes (Tríplice lavagem) e a calda resultante acrescentada à preparação para ser pulverizada. Este método não se aplica aos produtos embalados em recipiente não rígidos, como: sacos hidrossolúveis, sacos plásticos, sacos aluminizados e sacos multifoliados;



c) As embalagens devem ser destruídas e enterradas em fosso para lixo tóxico.



d) Mesmo após a Tríplice lavagem as embalagens não poderão ser reutilizadas para armazenar água, bebidas, alimentos, rações e medicamentos.



e) O local para construção do fosso de ser distante de casas, instalações ou de qualquer fonte de água, fora do trânsito de pessoas e animais, porém de fácil acesso e onde não se preveja o aproveitamento agrícola, mesmo em longo prazo.



f) O local não deve estar sujeito a inundações ou acúmulo de água.



g) O solo deve ser profundo, e de permeabilidade média para permitir uma percolação lenta e a degradação biológica do agrotóxico.



h) Abrir um fosso de 1 a 2 m de profundidade, comprimento e largura não devendo exceder a 3 m, de acordo com as necessidades.



i) Distribuir no fundo do fosso uma camada de pedras irregulares e uma camada de brita.



j) Ao redor do fosso, cavar uma valeta, com escoadouro, para impedir a penetração de enxurradas.



k) Reservar uma área suficiente para construção de mais fossos, de acordo com a necessidade.



l) Isolar a área com cerca de tela, para impedir a entrada de animais e dificultar a entrada de pessoas.



m) Colocar uma placa de advertência (CAVEIRA), com os dizeres: CUIDADO LIXO TÓXICO.



n) Antes de iniciar o uso do fosso e após cada 15 cm de material descartado, intercalar com camada de cal virgem ou calcário para ajudar a neutralização.



o) Completada a capacidade do fosso, cobrir com uma camada de 50 cm de terra e compactar bem. Uma camada adicional de 30 cm de terra deve ser colocada sobre o aterro, para que este fique bem acima do nível do terreno.



p) Quando não for possível adotar nenhuma das recomendações acima, o material contaminado poderá ser incinerado em um incinerador aprovado para produtos fitossanitários, à temperatura de 1.200 °C.



q) Observar a legislação municipal e estadual específica.



r) Fica proibido o enterro de embalagens em áreas inadequadas, consulte o Órgão Estadual de Meio Ambiente.



s) Saco aluminizados: danificar o saco e descartar. Se autorizado pelas autoridades municipais ou estaduais, colocar num aterro sanitário específico, ou em fosso seco, ou incinerar, ou queimar. Neste último caso, manter pessoas e animais domésticos afastados da fumaça.



t) Caixa de embarque: se autorizado pelas autoridades municipais ou estaduais, e se não contaminada, danificar e colocar em aterro sanitário ou queimar. Se estiver contaminada, danificar e descartar em aterro sanitário específico ou fosso seco, ou por incineração, ou por queima. Neste último caso manter pessoas e animais domésticos afastados da fumaça.



Técnicas de aplicação



Os defensivos químicos são as armas mais perigosas e eficazes que o agricultor dispões na sua luta diária contra as doenças e pragas das culturas. O uso abusivo tem causado danos ao meio ambiente com sérias conseqüências até mesmo para o homem. A falta de conhecimento sobre o uso correto dos defensivos associado à técnica inadequada de aplicação tem contribuído para agravar os efeitos maléficos ao meio ambiente.



Os produtos químicos usados na proteção das lavouras em geral, são muito eficazes sendo necessários poucos gramas de ingrediente ativo por hectare para controlar a doença ou praga.



Formulações e modos de aplicação



Os defensivos são comercializados nas formulações sólidas, líquidas e gasosas. De acordo com a formulação do produto, os métodos de aplicação podem ser classificados como aplicação de sólidos, aplicação de líquidos e aplicação de gases. Atualmente a aplicação de gases tem uso bastante restrito.



Aplicação de formulações sólidas



As formulações sólidas são apresentadas na forma de pó e de grânulos. O pó seco contém 0,5% a 10% de ingrediente ativo e a aplicação é feita com polvilhadoras ou polvilhadeiras. Devido o produto ser comercializado a baixa concentração o custo da aplicação por unidade de área é maior. O polvilhamento apresenta como desvantagens: a) as partículas são levadas pelo vento para locais distantes; b) a baixa aderência das partículas facilita a lavagem pela chuva e vento; c) alto risco de inalação das partículas pelos aplicadores. Por isso esta formulação tem sido pouco usada. Na formulação granular, o defenssivo é aplicado a lanço ou com granuladoras. Esta formulação é a que oferece maior segurança aos aplicadores, por isso, os produtos de maior toxidade são comercializados na forma de grânulos. Os grânulos também contem baixa concentração de ingrediente ativo sendo portanto de custo mais alto como ocorre com os pós-secos. Existe no mercado poucos produtos comercializados na forma de grânulos e por apresentarem problemas na deposição, a maioria tem ação sistêmica. Encontra-se em desenvolvimento produtos microencapsulados de liberação lenta que reduz ainda mais os riscos de contaminação do aplicador.



Aplicação de formulações líquidas



A aplicação de formulações líquidas, pó molhável ou concentrado emulsionável, é feita com pulverizadores. O pulverizador é constituído de um tanque, uma bomba de pressão e o bico do pulverizador. O bico é a parte mais importante do pulverizador. Não existem bicos universais por isso deve-se usar diferentes tipos para se conseguir o espectro de gotas desejado. Para fracionar o líquido em gotas, os bicos se classificam de acordo com a energia utilizada (Tabela 1.)



Tabela 1. Tipos de bicos usados na aplicação de formulações líquidas de acordo com a energia utilizada e indicações de uso.

Energia utilizada

Tipo de bico

Indicações de uso



Hidráulica

ImpactoLequeCone

Baixa pressão, gotas grandes

(herbicidas)Superfície plana

(solos e paredes)Folhagem



Gasosa

PneumáticoVertical

Folhagem em arbustos e árvores

Aplicação espacial de aerossóis



Centrífuga

Disco rotativo e gaiolas

(Micronair)

Volumes pequenos com gotas de

tamanho quase uniformes (herbicidas)



Cinética

Vibratório

Produz gotas grandes (herbicidas)



Térmica



Produz neblina ou fumaça, uso em

recinto fechado ou floresta.



Elétrica

Eletrohidrodinâmica

Produtos oleosos, volumes reduzidos

(0,5 L a 1,5 L/ha.





Fonte: Adaptado de Chain, 1989



Dosagem



A dosagem dos agrotóxicos usados nas lavouras pode ser expressa em:



a) Quantidade do produto por hectare (ha) ou por alqueire (alq.)



Ex: 20 kg/ha ou 48,4 kg/alq.



b) Quantidade do produto por 100 litros de água



Ex. 300 g/100 L



150 mL/100 L ou 150 cc/100 L



Volume da aplicação



O volume usado para aplicar defensivos químicos nas plantações é variável devendo ser levado em consideração o porte da cultura. De acordo com Matthew (1982) existe pelo menos cinco tipos de aplicação de acordo com o volume gasto por hectare (Tabela 2).



Tabela 2. Tipos de aplicação de acordo com o volume gasto para cobrir um hectare de cultivo

Tipo de aplicação Volume usado (L/ha)

Planta rasteira Arbustos e árvores

Alto volume 600 1000

Médio volume 200 - 600 500 - 1000

Baixo volume 50 - 200 500 - 500

Muito baixo volume 5 - 50 50 - 200

Ultra baixo volume 5 5



Fonte: adaptado de Matthew (1982)



Tamanho das gotas



O tamanho das gotas têm grande importância quando se deseja uma aplicação eficiente dos diferentes defensivos com um mínimo de contaminação ambiental. O tipo de pulverização, de acordo com o tamanho das gotas, são definidos pela Organização Mundial de Saúde (1976) como:



a) Aerossol _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume inferior a 50 micrômetros (1 micrômetro = 0,001 milímetro).



b) Nebulização _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume, inferior a 50 micrômetros.



c) Pulverização fina _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume entre 50 e 100 micrômetros.



d) Pulverização grossa _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume superior 400 micrômetros.



Preparo da calda



O preparo da calda é uma operação perigosa para o aplicador e o meio ambiente porque o defensivo químico está concentrado. Geralmente a calda é preparada próximo de poços, rios e igarapés, podendo ocorrer escorrimentos e respingos que atingem o aplicador, pulverizador, solo e a fonte de água resultando em contaminação principalmente daqueles que usarão a água para sua sobrevivência. Alguns cuidados devem ser tomados durante o preparo da calda:



a) Não colocar o pó diretamente no tanque do pulverizador.



b) Misturar o pó com um pouco de água em um balde ou outro tipo de vasilha para obter uma mistura melhor e evitar a deposição do produto no fundo do tanque do pulverizador, o que poderá entupir os bicos e provocar desgastes no equipamento.



c) Não colocar o defensivo no pulverizador vazio. Fazer antes, o abastecimento com água.



d) Usar sempre água limpa na mistura com o defensivo para evitar entupimentos e desgaste do equipamento.



e) Adicionar o espalhante-adesivo após o preparo da calda para evitar a formação de espuma.



f) Aplicar a mistura no mesmo dia em que for preparada.



Regulagem do equipamento



Antes da aplicação do agrotóxico, deve-se fazer a regulagem do pulverizador com água. Os procedimentos dependem do tipo do equipamento usado.



Pulverizador costal (manual ou motorizado)



Medir a quantidade de água gasta em uma área ou a quantidade de água gasta para cobrir um determinado número de pés da planta que vai ser pulverizada. Com base na quantidade de água gasta, faz-se o cálculo para a área ou número de plantas desejado. Por exemplo, se gastamos 2 litros de água para pulverizar 20 pés de pimenta, para pulverizar 1000 pés gasta-se 200 litros.



Pulverizador de barra



As firmas de defensivos químicos geralmente fornecem sacos de plástico graduados que permitem a regulagem ou possuem uma tabela que permite a leitura direta. Na falta de sacos de plástico pode-se usar um recipiente graduado ou, por ser mais fácil de encontrar, recomenda-se uma mangueira de plástico.



Atomizador



Para regular esta máquina pode-se usar o mesmo processo do pulverizador costal.



Bicos



São peças fundamentais para o êxito da pulverização e, da escolha correta e da manutenção depende o sucesso das pulverizações. Os tipos de bicos mais usados são:



1) leque _ pulveriza formando um jato em forma de leque. São mais usados na aplicação de herbicidas. Possuem várias séries porém as mais utilizadas são as séries 80° e 110°. A numeração 80.04 significa que 80° é o ângulo de abertura do leque e 0,4 indica a vazão expressa em galão/minuto e trabalha geralmente com a pressão no bico de 30 a 60 lb/pol2 (1 galão = 3,7 litros).



2) cônico _ assim chamado porque pulveriza formando um jato em forma de cone, sendo indicados para aplicação de fungicidas e inseticidas. As série mais usadas são as D e X. Da série D o bico mais usado é o D2-25 para pulverizar pó em suspensão. Da série X, o mais usado é o bico X2. São indicados para pulverizações com baixo volume de água por produzirem um jato muito fino.



Desgaste dos bicos



Durante as pulverizações deve-se verificar se a saída do líquido está correta. Após um certo número de horas de trabalho, os bicos sofrem desgastes e precisam ser trocados para não prejudicar a pulverização.



Receituário Agronômico



A venda de agrotóxicos e produtos afins deve ser feito por meio de receituário próprio, prescrito por profissional legalmente habilitado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, de acordo com o ATO Nº 008, datado de 6/6/1995 que estabelece critérios e parâmetros para fiscalização do exercício da atividade profissional, no cumprimento da legislação que regula o uso e a comercialização de agrotóxico, seus componentes e afins.



A adoção do Receituário Agronômico trará benefícios diretos no controle fitossanitário, pelo uso racional da aplicação de agrotóxicos, com reflexos na preservação dos recursos naturais dos ecossistemas e no meio ambiente, na saúde do trabalhador, do produtor e do consumidor de alimentos.



A impressão dos formulários do Receituário Agronômico é de responsabilidade do CREA-PA, dos profissionais interessados ou das empresas a estes vinculadas sempre obedecendo o modelo próprio (Anexo 1).



O Receituário Agronômico será emitido em cinco vias, assim discriminadas:



a) Primeira via _ destina-se ao estabelecimento comercial;



b) Segunda via _ destina-se ao usuário;



c) Terceira via _ permanece com o profissional que a prescreveu;



d) Quarta e quinta vias _ serão encaminhadas pelo estabelecimento comercial até o 5º dia útil do mês subsequente ao orgão de Fiscalização Estadual e ao CREA-PA, respectivamente.



A cada 20 Receituários emitidos, o profissional deverá efetuar uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). A aplicação do Receituário Agronômico prevê responsabilidades e penalidades.



Responsabilidade



São responsáveis administrativa, civil e penalmente, pelos danos causados à saúde humana e ao meio ambiente, as seguintes pessoas:



a) o profissional, quando comprovada receita errada, displicente e indevida (casos de imperícia, imprudência ou negligência);



b o usuário ou o prestador de serviços quando não obedecer o receituário;



c) o comerciante que vender o produto sem o receituário próprio ou em desacordo com o receituário;



d) o registrante, ou seja, aquele que tiver feito o registro do produto e que por dolo ou culpa, omitir informações ou fornecer informações incorretas;



e) o fabricante que produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes do registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto ou da propaganda;



f) o empregador que não fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados e não fizer a sua manutenção, necessários à proteção da saúde dos trabalhadores ou não fornecer os equipamentos necessários à produção, distribuição e aplicação dos produtos.



Penalidades



Quem produzir, comercializar, transportar, aplicar ou prestar serviços na aplicação de agrotóxicos, seus componentes ou afins, ao descumprir as normas legais e regulamentares constantes do art. 15 da Lei 7.802, ficará sujeito à pena de reclusão de 2(dois) a 4 (quatro) anos além da multa no valor de 100 MVR (Maior Valor de Referência). No caso de culpa, a pena de reclusão será de 1 (um) a 3 (três) anos, além da multa de 50 a 500 MVR.



Do mesmo modo, de acordo com o art. 16 da mesma Lei, o empregador, profissional responsável ou prestador de serviços que deixar de promover as medidas necessárias à proteção da saúde e do meio ambiente, estará sujeito à pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além da multa de 50 a 500 MVR.



A Lei 7.802 prevê ainda as seguintes sansões administrativas:



a) o embargo do estabelecimento e apreensão do produto ou alimento contaminado;



b) advertência



c) multa de 1.000 (mil) vezes o MRV aplicável em dobro, no caso de reincidência;



d) condenação do produto;



e) inutilização do produto;



f) suspensão da autorização, registro ou licença;



g) interdição temporária ou definitiva do estabelecimento;



h) destruição de vegetais, parte de vegetais, e alimentos que contiverem resíduos acima do permitido;



i) destruição de vegetais, partes de vegetais, nos quais tenha havido aplicação de agrotóxico de uso não autorizado, a critério do orgão competente





O FUTURO ROUBADO



O documentário relata e acompanha estudos científicos que demonstram como contaminantes como os pesticidas da classe “organoclorados”, detergentes e componentes de embalagens plásticas causam sérios problemas ambientais e de saúde na população. A palestra e debate teve medição da engenheira química com doutorado e pós-doutorado e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sonia Hess.

Os estudos científicos e testes em laboratório registrados pelo documentário provam que substâncias chamadas estrogênicas, que imitam o efeito do estrógeno (hormônio feminino) no organismo humano afetam a reprodução e a saúde de animais e seres humanos. Pesticidas como o DDT, detergentes e todas as embalagens plásticas possuem estas substâncias. O mais alarmante é que os estrogênios contaminam alimentos acondicionados em embalagens plásticas ou em latas com revestimento interno plástico. De cada 10 latas com… alimentos revestidas internamente por plástico, 7 apresentaram contaminação e todos os alimentos embalados em plástico testados estavam contaminados.



Nos seres humanos do sexo masculino as substâncias estrogênicas como o Bisfenol A (presente nos plásticos e também em resinas e selantes amplamente utilizados no tratamento odontológico, principalmente em crianças) e os Ftalatos (presentes nas embalagens plásticas) afetam os testículos, diminuindo seu tamanho em até 20%, e diminuem a produção de espermatozóides. Nas mulheres, cresce o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Em um dos testes divulgados pelo filme, as mulheres que viviam em condições de exposição de cerca de 10% do pesticida DDT sofreram quatro vezes mais risco de terem câncer de mama em relação a outras mulheres que não tinham contato com a substância. Testes em animais revelaram mudanças mais catastróficas como a feminilização de peixes e o hermafroditismo com o desenvolvimento de órgão sexual oposto ao sexo do animal.



“Estamos hoje numa escala de contaminação avassaladora por causa do modelo de desenvolvimento da indústria e economia mundial. As indústrias não param de produzir estas substâncias porque há o lucro e porque as pessoas estão gostando de comer veneno”, afirma a engenheira química Sonia Hess, que acredita que o Brasil ainda é privilegiado por ter espaço para consumo e produção de alimentos orgânicos. Mas segundo a professora, no país não existem pesquisas nem diagnósticos que possam indicar o nível e o grau de contaminação no meio ambiente e em brasileiros das substâncias estrogênicas.



DDT na água de Dourados (MS) e venenos do gás natural boliviano



Muitas das pessoas que assistiram ao documentário agradeceram a professora por estar democratizando informações tão importantes e a preocupação com o meio ambiente local também fez surgir preocupações com contaminantes nos Estados de MS e MT. Sonia Hess expressou grande preocupação com a água de abastecimento de Dourados (MS), que hoje está contaminada com DDT. A pesquisadora também alertou para os perigos da continuidade de queima de gás natural boliviano, principalmente nas termelétricas. “Até agora a gente (cientistas e pesquisadores) tem sido chamada de louca, querendo barrar o desenvolvimento de MS com as termelétricas, mas o que a população toda não sabe é que somente a usina termelétrica de Campo Grande está jogando, diariamente, toneladas de venenos sobre a gente. Recentemente descobrimos que existe mercúrio no gás natural boliviano e que este metal pesado está contaminando o ar”, disse Sonia preocupada.



Várias outras informações foram repassadas para o público, como evitar consumo de qualquer tipo de embutido (salsicha, mortadela, presunto, lingüiça etc) industrializado. “As indústrias sabem que os conservantes PVII e PVII (nitritos e nitratos), descritos nas embalagens, podem causar câncer, mas mesmo assim usam para manter a cor avermelhada e realçar o sabor. E é isso que damos para as crianças, ao acreditarmos que estes produtos têm o ’s’ de sadios, como mostrados na televisão”, critica a professora. A tentativa do prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, em trazer para a capital uma usina de queima de lixo também revoltou a engenheira química, que advertiu que “a usina de queima de lixo é mais perigosa ainda, já que seria muito difícil evitar a contaminação durante a queima de materiais heterogêneos, que contém até metais pesados”.



Além da necessidade de mudança nos hábitos alimentares e nos produtos consumidos, a vídeo-palestra mostra como é difícil acabar com o mercado plástico no mundo, que tem hoje grande influência econômica. “Não é possível nos livrarmos da contaminação porque seria necessário fazer uma revolução no mundo, mas como consumidores, temos de mudar essa realidade, exigir alimentos que não contenham veneno, que sejam orgânicos e cobrar de nossos representantes políticos mudanças para garantir qualidade de vida para os seres humanos”.



Agrotóxicos ou Praguicidas ou Pesticidas ou Defensivos Agrícolas são substâncias químicas

Definição – Histórico

Agrotóxicos ou Praguicidas ou Pesticidas ou Defensivos Agrícolas são substâncias químicas utilizadas para prevenir , combater ou controlar uma praga.

Pela definição citada, incluem-se nas pragas: insetos, carrapatos, aracnídeos, roedores, fungos, bactérias, ervas daninhas ou qualquer outra forma de vida animal ou vegetal danosa a saúde e ao bem estar do homem, a lavoura, a pecuária e seus produtos e a outras matérias primas alimentares. Incluem-se ainda os agentes desfolhantes, os dessecantes e as substâncias reguladoras do crescimento vegetal.



Excluem-se: vacinas, medicamentos, antibióticos de uso humano e veterinário e os agentes usados para o controle biológico das pragas

De acordo com Decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002 que regulamenta a lei 7802/1989 DECRETO Nº 4.074, DE 4 DE JANEIRO DE 2002

Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Os defensivos agrícolas ou agrotóxicos, são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da fauna ou da flora, a fim de preserva-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias de produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento

1. Inseticidas:

a - Organoclorados

Ex. DDT, BHC, Aldrin, Heptacloro, etc...

b - Organofosforados

Ex. Dissulfoton, Malation, Paration, etc...

c - Carbamatos

Ex. Aldicarb, Carbaril, etc...

d - Piretróides

Ex. Permetrina, Deltametrina, etc...

e - Fumigantes

Ex. brometo de metila, fosfina

2. Fungicidas :

a - Compostos Inorgânicos de Cobre (oxicloreto de cobre)

b - Mercuriais Orgânicos (aretan – tilex)

c - Dimetil-ditio Carbamatos (ferban – ziran)

d - Derivados da Tiouréia (tiofanato)

e - Compostos Fenólicos dinitrofenóis(dinozeb – DNOC) Clorofenóis (pentaclorofenol)

f - Fumigantes (brometo de metila)

g - Compostos orgânicos de estanho(brestan – duter)

h - Etileno-bis-ditio carbamatos (maneb – mancozeb)

i - Outros grupos químicos (captan – difolatan – óleo mineral)

3. Herbicidas:

a - Arsenicais Inorgânicos (arsenito de sódio)

b - Carbamatos (clorprofan)

c - Compostos Fenólicos (dinitrofenóis e clorofenóis)

d - Derivados do Ácido Fenoxiaceticos(2,4-D e 2,4,5-T)

e - Triazinas (ametrina – simazina)

f - Triazólios (amino triazol)

g - Derivados da Anilina (trifluralina – nitralina)

h - Dipiridílios (diquat – paraquat)

i - Tiol carbamatos (bentio carbe, butilato)

j - Derivados da uréia ( carbutilato – diuron)

k - Agentes desfolhantes ( DEF – Merfós – folex)

4. Raticidas:

a - de uso restrito (fluoracéticos, fosfatos metálicos, cianeto de cálcio e brometo de metila)

b - produtos de venda ao público: norbormida – cila vermelha e anticoagulantes (cumarínicos e indandiona).

D. CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA

Toxidades

Classe 1 A: Extremamente tóxico. Algumas gotas podem matar uma pessoa. DL 50 oral (mg/Kg) < 5

Classe 1 B: Altamente tóxico. Algumas gotas a uma colher de chá podem matar uma pessoa. DL 50 oral (mg/Kg) 5 - 50

Classe 2: Regularmente tóxico. Uma colher de chá a duas colheres de sopa podem matar. DL 50 oral (mg/Kg) 50-500

Classe 3: Pouco tóxico. Há necessidade de duas colheres de sopa a dois copos para serem letais a uma pessoa. DL 50 oral (mg/Kg) 500-5000

Classe 4: Muito pouco tóxicos. Há necessidade de dois copos a um litro para serem letais. DL 50 oral (mg/Kg) > 5000

A classe toxicológica das substâncias químicas também deve ser observada conforme normalização vigente. Ela vem em forma de faixas coloridas na embalagem e é sempre bom advertir que, mesmo sendo um pouco tóxico, ela continua sendo uma substância venenosa de qualquer maneira ( Veja o quadro abaixo da classe toxicológica das substâncias químicas ) .



CLASSE TOXICOLÓGICA COR DA FAIXA

I ESTREMAMENTE TÓXICO VERMELHA

II ALTAMENTE TÓXICO AMARELA

III TOXIDADE MÉDIA AZUL

IV POUCO TÓXICO VERDE



Tipos de intoxicação causadas pelos agrotóxicos

Aguda - onde os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos altamente tóxicos. Podem ocorrer de forma branda, moderada ou grave, dependendo da quantidade do veneno absorvido. Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos.

Subaguda - ocasionada por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos. Tem aparecimento mais lento e os principais sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência

Crônica - caracteriza-se por ser de surgimento tardio, após meses ou anos de exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis como paralisias e neoplasias.

Tempo de desativação do agrotóxico

DDT: 4 a 30 anos

Aldrin: 1 a 6 anos

Heptacloro: 3 a 5 anos

Lindano: 3 a 10 anos

Clordano: 3 a 5 anos



Classificação de alguns agrotóxicos em relação a toxicidade aguda:



Organoclorado:

Pouco tóxico medianamente altamente

Dodocacloro BHC aldrin

DDT dieldrin



Organofosforados:

Pouco tóxico medianamente altamente

Bromofós diclorvós paration

fention dissulfoton



Carbamatos:

Pouco tóxico medianamente altamente

Carbaril ropoxur(baygon) carbofuran(furadan) aldicarb(temik)

Piretróides:

Pouco tóxico medianamente altamente

Permetrina

aletrina

deltametrina



Acaricidas :

pouco tóxico medianamente altamente

omite dicofol

dinocap



Fungicidas:

Pouco tóxico medianamente altamente

Sais de cobre tiran compostos mercuriais

Herbicidas :

Pouco tóxico medianamente altamente

Ametrina bentiocarb arsenito de sódio

Simazina 2,4-D e 2,4,5-T paraquat



Raticidas:

Pouco tóxico medianamente altamente

Cila vermelha cumafeno cianogás

Norbormida pindona fluoracetato Na

Sulfato de tálio



E - QUADRO CLÍNICO E ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O USO DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE AGROTÓXICOS UTILIZADOS NO BRASIL

Quadro Clínico – Diagnóstico – Tratamento de alguns grupos de Agrotóxicos

Informações sobre uso – restrição do uso – principais grupos de Agrotóxicos

ORGANOCLORADOS:

Usos do produto:

Inseticida e acaricida

Vias de absorção usual: oral, respiratória e dérmica

ATUAM SOBRE A MEMBRANA NEURONAL,AXONAL,PRINCIPALMENTE,LENTIFICANDO O FECHAMENTO DOS CANAIS DE SÓDIO

INTERFEREM NO METABOLISMO DE SEROTONINA,NORADRENALINA E ACETILCOLINA DE MANEIRA AINDA NÃO ESCLARECIDA

aspectos toxicológicos : ação sobre o sistema nervoso central em casos agudos.

Estimulante das enzimas microssomias hepáticas em casos crônicos

Armazenamento em tecidos adiposos e venenos altamente cumulativos.

ORGANOCLORADOS QUADRO CLÍNICO

CONVULSÕES SÃO AS MANIFESTAÇÕES MAIS IMPORTANTES

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

FRAQUEZA MUSCULAR, AGITAÇÃO, MIOCLONIAS, PARESTESIAS, CONFUSÃO MENTAL

Cefaléia persistente, contrações musculares, tremores, convulsões. Parestesias ( língua, lábio, face e mãos), perturbações no equilíbrio. Perda do apetite, mal-estar geral. Hepatomegalia, lesões hepáticas e renais. Pneumonite química.

ORGANOCLORADOS: EXAME LABORATORIAL E TRATAMENTO

NÃO É VIÁVEL A DOSAGEM SÉRICA, RADIOGRAFIA DO ABDOME REVELA MATERIAL RADIOPACO

TRATAMENTO: COLESTIRAMINA É MAIS EFICIENTE DO QUE O CARVÃO ATIVADO

TRATAMENTO DAS CONVULSÕES COMO SE FAZ HABITUALMENTE

dosagem poderia ser feita por cromatografia – como exame rotineiro haveriam dificuldades – obtenção do exame – custos

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Doseamento do teor no sangue por cromatografia de fase gasosa

TRATAMENTOS

Tratamento sintomático.

Nos casos de excitação neurológica, Diazepínicos e fenitoína.

Antibióticos e costicosteróides nas paneumonites químicas.



Algumas informações sobre os produtos organoclorados

grande persistência no meio ambiente

armazenam-se por toda a vida no organismo vivo em tecido adiposo devido sua lipossolibilidade

planeta foi inundado por DDT e BHC tanto na agricultura como em campanhas de saúde pública no mundo inteiro como estratégia de combate e erradicação de grandes endemias como a malária e particularmente no Brasil Doença de Chagas

já em 1948 estudos constatavam presença de DDT em tecido adiposo humano

DDT e BHC encontram-se amplamente distribuídos pelo meio ambiente e podem ser encontrados freqüentemente como contaminantes de alimentos

questões ambientais como a magnificação alimentar, transferência do tóxico através de vários elos da cadeia alimentar

leis que impuseram restrição a uso desses produtos no país portaria 329 de 02-09-85, tendo o mesmo ocorrido no Estado de São Paulo com lei 4002 de 05-01-84

estudo clínico epidemiológico em trabalhadores de campanhas de saúde pública expostos cronicamente aos inseticidas organoclorados evidenciou no exame citogenético freqüências aumentadas de certos tipos de aberrações cromossômicas estruturais no grupo exposto em relação ao controle

ORGANOFOSFORADOS

CARBAMATOS:

Usos: inseticidas e acaridas

Vias de absorção: oral, respiratória e dérmica.

Aspectos toxicológicos: inibidores da colinesterase.

ORGANOFOSFORADOS

INIBIDORES IRREVERSÍVEIS DA ACETILCOLINESTERASE

ACÚMULO DE ACETIL COLINA

ESTIMULAÇÃO MUSCARÍNINICA

ESTIMULAÇÃO NICOTÍNICA

ESTIMULAÇÃO DO S.N.C.

ORGANOFOSFORADOS QUADRO CLÍNICO

MUSCARÍNICO - MIOSE, HIPERSECREÇÃO LACRIMAL, SUDORESE, PILOEREÇÃO, BRADICARDIA, VÔMITOS.

NICOTÍNICO - FASCICULAÇÕES, ABALOS MUSCULARES, TAQUICARDIA RARA

S.N.C. - GRANDE ESTIMULAÇÃO

Sintomas e sinais clínicos :

Síndrome colinérgica : sudorese – sialorréia – miose – hiper secreção brônquica – bronco espasmo – tosse – vômitos – cólicas – diarréia

Síndrome nicotínica : câimbras – fasciculação muscular – hipertensão arterial transitória

Síndrome Neurológica : confusão mental – ataxia – convulsões depressão centros cárdio - respiratórios

ORGANOFOSFORADOS-EXAME LABORATORIAL E TRATAMENTO

EXAME: DOSAGEM DE ACETILCOLINESTERASE QUE ESTÁ DIMINUÍDA.

TRATAMENTO: ATROPINA EM DOSE VARIÁVEL POR TEMPO INDETERMINADO, RETIRADA LENTA, GRADUAL.

PRALIDOXIMA EM DOSE FIXA POR 3 DIAS EM MÉDIA.

Medicações contra indicadas: morfínicos, aminofilina e tranquilizantes

CARBAMATOS

INIBIDORES REVERSÍVEIS DA ACETILCOLINESTERASE

ACÚMULO DE ACETILCOLINA

ESTIMULAÇÃO MUSCARÍNICA

ESTIMULAÇÃO NICOTÍNICA

ESTIMULAÇÃO DO S.N.C.

DA MESMA FORMA QUE OS ORGANOFOSFORADOS

CARBAMATOS QUADRO CLÍNICO

AS MESMAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS, PORÉM QUADRO CLÍNICO DE MENOR DURAÇÃO, RARAMENTE ULTRAPASSANDO 3 DIAS.

EMBORA DE CURTA DURAÇÃO AS INTOXICAÇÕES PODEM SER TÃO GRAVES QUANTO AQUELAS DO ORGANOFOSFORADOS

CARBAMATOS-EXAME LABORATORIAL E TRATAMENTO

EXAME: DOSAGEM DE ACETILCOLINESTERASE QUE ESTÁ DIMINUÍDA

TRATAMENTO: ATROPINA EM DOSE VARIÁVEL POR TEMPO INDETERMINADO, RETIRADA LENTA GRADUAL.

NÃO USAR PRALIDOXIMA

Alguns dados sobre Organofosforados e Carbamatos:

Grupos de inseticidas muito utilizados

Causam graves intoxicações agudas, sendo os inseticidas que maior número de óbitos causam devido a intoxicação

Trabalhos mostram que trabalhadores rurais expostos a estes inseticidas apresentam atividade enzimática de acetil colinesterase rebaixada Ex.: Trabalho rural e fatores de risco associados ao regime de uso de agrotóxicos em Minas Gerais, Brasil. W. SoaresI; R. Moritz V. R. AlmeidaII; S. MoroIICentro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais. IIPrograma de Engenharia Biomédica, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. C. P. 68510, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ 21945-970, Brasil

RESUMO: O objetivo deste artigo foi caracterizar o processo do trabalho rural em nove municípios de Minas Gerais, considerando indicadores sócio-demográficos, a estrutura agrária dos estabelecimentos rurais, práticas de trabalho relacionadas ao uso de agrotóxicos e, a intoxicação associada a seu uso. Os dados foram obtidos de uma pesquisa realizada pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho, que aplicou um questionário a 1.064 trabalhadores rurais, entre os anos de 1991 a 2000