O documentário relata e acompanha estudos científicos que demonstram como contaminantes como os pesticidas da classe “organoclorados”, detergentes e componentes de embalagens plásticas causam sérios problemas ambientais e de saúde na população. A palestra e debate teve medição da engenheira química com doutorado e pós-doutorado e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sonia Hess.
Os estudos científicos e testes em laboratório registrados pelo documentário provam que substâncias chamadas estrogênicas, que imitam o efeito do estrógeno (hormônio feminino) no organismo humano afetam a reprodução e a saúde de animais e seres humanos. Pesticidas como o DDT, detergentes e todas as embalagens plásticas possuem estas substâncias. O mais alarmante é que os estrogênios contaminam alimentos acondicionados em embalagens plásticas ou em latas com revestimento interno plástico. De cada 10 latas com… alimentos revestidas internamente por plástico, 7 apresentaram contaminação e todos os alimentos embalados em plástico testados estavam contaminados.
Nos seres humanos do sexo masculino as substâncias estrogênicas como o Bisfenol A (presente nos plásticos e também em resinas e selantes amplamente utilizados no tratamento odontológico, principalmente em crianças) e os Ftalatos (presentes nas embalagens plásticas) afetam os testículos, diminuindo seu tamanho em até 20%, e diminuem a produção de espermatozóides. Nas mulheres, cresce o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Em um dos testes divulgados pelo filme, as mulheres que viviam em condições de exposição de cerca de 10% do pesticida DDT sofreram quatro vezes mais risco de terem câncer de mama em relação a outras mulheres que não tinham contato com a substância. Testes em animais revelaram mudanças mais catastróficas como a feminilização de peixes e o hermafroditismo com o desenvolvimento de órgão sexual oposto ao sexo do animal.
“Estamos hoje numa escala de contaminação avassaladora por causa do modelo de desenvolvimento da indústria e economia mundial. As indústrias não param de produzir estas substâncias porque há o lucro e porque as pessoas estão gostando de comer veneno”, afirma a engenheira química Sonia Hess, que acredita que o Brasil ainda é privilegiado por ter espaço para consumo e produção de alimentos orgânicos. Mas segundo a professora, no país não existem pesquisas nem diagnósticos que possam indicar o nível e o grau de contaminação no meio ambiente e em brasileiros das substâncias estrogênicas.
DDT na água de Dourados (MS) e venenos do gás natural boliviano
Muitas das pessoas que assistiram ao documentário agradeceram a professora por estar democratizando informações tão importantes e a preocupação com o meio ambiente local também fez surgir preocupações com contaminantes nos Estados de MS e MT. Sonia Hess expressou grande preocupação com a água de abastecimento de Dourados (MS), que hoje está contaminada com DDT. A pesquisadora também alertou para os perigos da continuidade de queima de gás natural boliviano, principalmente nas termelétricas. “Até agora a gente (cientistas e pesquisadores) tem sido chamada de louca, querendo barrar o desenvolvimento de MS com as termelétricas, mas o que a população toda não sabe é que somente a usina termelétrica de Campo Grande está jogando, diariamente, toneladas de venenos sobre a gente. Recentemente descobrimos que existe mercúrio no gás natural boliviano e que este metal pesado está contaminando o ar”, disse Sonia preocupada.
Várias outras informações foram repassadas para o público, como evitar consumo de qualquer tipo de embutido (salsicha, mortadela, presunto, lingüiça etc) industrializado. “As indústrias sabem que os conservantes PVII e PVII (nitritos e nitratos), descritos nas embalagens, podem causar câncer, mas mesmo assim usam para manter a cor avermelhada e realçar o sabor. E é isso que damos para as crianças, ao acreditarmos que estes produtos têm o ’s’ de sadios, como mostrados na televisão”, critica a professora. A tentativa do prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, em trazer para a capital uma usina de queima de lixo também revoltou a engenheira química, que advertiu que “a usina de queima de lixo é mais perigosa ainda, já que seria muito difícil evitar a contaminação durante a queima de materiais heterogêneos, que contém até metais pesados”.
Além da necessidade de mudança nos hábitos alimentares e nos produtos consumidos, a vídeo-palestra mostra como é difícil acabar com o mercado plástico no mundo, que tem hoje grande influência econômica. “Não é possível nos livrarmos da contaminação porque seria necessário fazer uma revolução no mundo, mas como consumidores, temos de mudar essa realidade, exigir alimentos que não contenham veneno, que sejam orgânicos e cobrar de nossos representantes políticos mudanças para garantir qualidade de vida para os seres humanos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AGRADECEMOS A GENTILEZA DOS AUTORES QUE NOS BRINDAM COM OS SEUS PRECIOSOS COMENTÁRIOS.
##############PORTAL DO SERVIDOR PÚBLICO DO BRASIL##############