Logomarca do portal

Logomarca do portal
Prezado leitor, o Portal do Servidor Publico do Brasil é um BLOG que seleciona e divulga notícias que são publicadas nos jornais e na internet, e que são de interesse dos servidores públicos de todo o Brasil. Todos os artigos e notícias publicados têm caráter meramente informativo e são de responsabilidade de seus autores e fontes, conforme citados nos links ao final de cada texto, não refletindo necessariamente a opinião deste site.

OS DESTEMIDOS GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO

OS DESTEMIDOS  GUARDAS DA EX. SUCAM / FUNASA / MS, CLAMA SOCORRO POR INTOXICAÇÃO
A situação é grave de todos os servidores da ex. Sucam dos Estados de Rondônia,Pará e Acre, que realizaram o exame toxicologicos, foram constatada a presença de compostos nocivos à saúde em níveis alarmantes. VEJA A NOSSA HISTÓRIA CONTEM FOTO E VÍDEO

SINDSEF RO

SINDSEF RO
SINDICATO DOS SERVIDORES PUBLICO DE RONDÔNIA

NOTÌCIAS DA CONDSEF

NOTÌCIAS DA CONDSEF
CONDSEF BRASIL

GRUPO DE VENDAS DE IMÓVEL

GRUPO DE VENDAS DE IMÓVEL
QUER COMPRAR OU VENDER É AQUI!!

CAPESAUDE/CAPESESP

CAPESAUDE/CAPESESP
FOMULÁRIOS

Fale com a CAPESESP

Fale com a CAPESESP
ATEDIAMENTO VIRTUAR

SELECIONE SEU IDIOMA AQUI.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Heróis da Amazônia e vítimas do DDT, agentes da Sucam morrem esquecidos

RIO BRANCO - A história da Amazônia foi feita através da abnegação de homens e mulheres que desafiaram a inóspita natureza selvagem para construir comunidades habitáveis na floresta. Esse é o caso dos ex-guardas da Sucam, que até o final dos anos 1990 (isso mesmo, há apenas uma década), chegavam a andar 32 horas por varadouros nas matas para lutar contra o mosquito anofelino transmissor da malária. Carregavam nas costas 60 quilos de equipamento para borrifar o pesticida DDT. Para se alimentar, dependiam da caridade dos moradores das colocações. Muitas vezes enfrentavam a fúria das donas de casa, que reclamavam da desarrumação provocada pela aplicação do pesticida. “Saiam no cabo da vassoura, jogavam água em cima da gente e nos chamavam de cabeças brancas e urubus. Nós éramos muito humilhados. Não houve trabalho mais degradante do que esse,” conta Aldo Moura da Silva, presidente da Comissão Luta pela Vida, que defende as vítimas do DDT.




Tempos heróicos, agora vergonhosamente esquecidos





Mas, apesar de tantas dificuldades, enfrentaram o flagelo da malária para salvar milhares de vidas nos recantos mais isolados da floresta. “Aqueles ex-guardas da Sucam que já faleceram levaram a certeza do dever cumprido porque salvaram milhares de vida na Amazônia. Não só com a borrifação e levando o antimalárico, mas salvando milhares de pessoas, doando o nosso próprio sangue quando era necessário. Se alguém caía num rio era a gente que salvava, se tivesse um incêndio éramos nós que íamos apagar. Nós que erradicamos a paralisia infantil dando o ponta-pé inicial para levar as vacinas dentro da floresta. Carregávamos as vacinas nas costas levando saúde e dignidade e dias melhores para aquela população que morava no interior da Amazônia e que produzia o ouro branco que sustentava a economia do país. Hoje, me sinto um homem envergonhado de ter trabalhado e contribuído tanto para o desenvolvimento desse Estado e da Amazônia e ver a situação em que meus companheiros se encontram”, conta Aldo - que trabalhou dez anos combatendo as endemias e contraiu dezenas de malária .



Procurador da FUNASA que nunca veio à Amazônia tenta ridicularizar o movimento social





O empenho desses homens lhes custou à contaminação com o altamente tóxico DDT. Como recompensa, padecem esquecidos pelas autoridades e têm seus fígados seriamente comprometidos. Desde o ano 2000, já morreram 59 ex-guardas da Sucam: a grande maioria por complicações hepáticas transformadas em cirrose. O presidente da Comissão Luta pela Vida, Aldo Moura da Silva, também vítima do DDT, reclama que a Funasa, além de não dar a assistência médicas adequada aos seus funcionários colocou um procurador jurídico que chamou recentemente os combatentes da malária de cachaceiros. “O Dr. Celso alega que contraímos a cirrose devido ao alto consumo de cachaça,” diz Aldo Moura.



A afirmação do procurador da Funasa soa como uma piada macabra. Mesmo que alguns ex-guardas da Sucam consumissem álcool ,isso não representaria a totalidade dos profissionais. Também não se pode fazer uma afirmação tão séria sem as devidas comprovações médicas. Será que os 59 ex-guardas que morreram eram todos alcoólatras? Isso é um absurdo que não se sustenta e só pode ser dito por quem não conhece a dura realidade da Amazônia.





Aldo Moura protesta contra o procurador. “Uma pessoa esclarecida como um procurador da Funasa devia saber que o DDT prejudicou os guardas que trabalhavam sem proteção. Todos os estudos que foram feitos apontam essas causas. A primeira denúncia da Raquel Cossom apontava que o DDT causava infecções no fígado que levava à cirrose. O procurador Celso Paiva, que nunca veio na Amazônia, com seu relatório, dificultou para nós recebermos o tratamento e o auxílio adequado. Uma viúva dos guardas da Sucam que nunca tomou uma dose de cachaça está contaminada porque lavava as roupas do marido. Aliás, são todas as esposas dos guardas que tiveram contato com o DDT. Porque a gente trazia alimentação nas embalagens desocupadas sujas de veneno. Mas entramos com uma representação na Câmara de Medicina para que eles se manifestem em relação ao parecer do Dr. Celso e julgue através dos exames, que comprovam que estamos intoxicados,” afirmou.



Assistência tardia



O Ministério Público Federal já determinou ações para ajudar no tratamento dos ex-guardas. O MPF sugeriu que o Ministério da Saúde e o Governo do Acre disponibilizem tratamentos adequados com médicos neurologistas, oncologistas e toxicologistas para todos os funcionários e familiares que tiveram o contato com o DDT. Mas parece que a determinação do MPF ainda não foi acatada. Os ex-guardas da Sucam e seus familiares continuam a se sentir discriminados e desassistidos.



Falta de apoio político à causa: ''Considero esse o maior genocídio da história contemporânea da Amazônia''



Uma das reclamações de Aldo Moura é falta de atenção da classe política ao problema. “A mobilização política é muito importante. Só quem teve a coragem de abraçar a causa foi deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC) e nós precisamos de uma mobilização maior na Câmara Federal. Considero esse o maior genocídio da história contemporânea da Amazônia. Estivemos, em Brasília, e apresentamos esses problemas à Comissão da Amazônia. Mas quero destacar que não sou político, não estou procurando a promoção de cargos, não quero ser nem presidente de bairro. Estou lutando pela minha vida e dos meus companheiros. Pegamos milhares de chuvas e alagações, dormindo em currais, em granjas de galinhas, em celeiros infestados de ratos. Hoje as pessoas que estão no poder não conhecem a realidade dos guardas da malária e a importância que eles tiveram. Viraram as costas pelo fato de não ser uma causa política. Nós não deveríamos andar atrás dos políticos, mas eles deveriam nos procurar para saber o que está acontecendo. Foi para isso que nós colocamos eles como nossos representantes. Quero fazer uma ressalva aos deputados estaduais que fizeram um levantamento que culminou com um relatório que apresentamos em Brasília. Os companheiros que faleceram deixaram suas marcas registrada elegendo deputados, senadores, governadores e presidente da República. Mas acredito que haja uma luz no final do túnel com a viagem que vou fazer à Suíça para buscar aliados. Enquanto eu não ver resultados não vou me calar. A não ser que alguém cale a minha boca. Mas, ainda assim, iria na certeza do meu dever cumprido. Porque se foi uma missão que Deus colocou na minha mão vou cumpri-la à risca. Nós não queremos dinheiro, mas a nossa saúde volta e a dignidade de sermos cidadãos brasileiros,” disse Aldo.



(Reportagem de Nelson Liano Jr para o Portal JuruáOnline - http://www.juruaonline.com.br)

Você pode reproduzir total ou parcialmente este material desde que cite a fonte e seu respectivo link, conforme colocado entre parêntesis acima.





Palavras-chave: ddt - saúde pública

Normas sobre uso de agrotóxicos

Maria de Lourdes Reis Duarte


Sumário

Início



Apresentação

Importância econômica

Clima

Solos

Adubação

Cultivares

Produção de mudas

Micorrizas

Plantio

Irrigação

Tratos culturais

Plantas daninhas

Sistema de cultivo sombreado

Doenças e métodos de controle

Pragas e métodos de controle

Normas sobre uso de agrotóxicos

Colheita e pós-colheita

Mercado e comercialização

Coeficientes técnicos, custos, rendimento e rentabilidade

Referências

Glossário

Autores

Expediente

Normas sobre uso de agrotóxicos

Introdução



Agrotóxicos são produtos e agentes químicos ou biológicos cuja finalidade é alterar a composição da flora e da fauna a fim de preserva-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Os agrotóxicos, principalmente os de origem orgânica vem sendo usados desde 40 a 90 D.C. (depois de Cristo). Entre os mais usados citam-se os produtos à base de enxofre e cobre. O primeiro inseticida sintetizado foi o DDT e, devido à baixa toxidez ao homem provocou a procura de novos produtos de origem orgânica com ação inseticida e acaricida. Entre os fungicidas, o mais antigo é a calda bordalesa, descoberto em 1874 na França, por Millardet e usada até hoje em muitos países devido a facilidade no preparo e alta eficiência contra doenças causadas fungos dos gêneros Phytophthora, Pythium, Peronospora, Bremia e outros.



Muitos ecologistas e biólogos discutem a validade do uso de produtos químicos nos pimentais devido a problemas de resíduo e toxidez para a flora, fauna e ao próprio homem; entretanto, os métodos de controle biológico, cultural e integrado nem sempre dão respostas imediatas. Grandes epidemias de pragas e patógenos têm de ser debeladas imediatamente e só o uso de agrotóxicos tem garantido a produção de alimentos. Entretanto, para que se consiga bons resultados no controle é necessário saber que tipo de patógeno, praga ou planta daninha está ocorrendo no pimental e o uso correto do agrotóxico a ser aplicado.



Escolha do agrotóxico



Na escolha do agrotóxico mais adequado deve-se considerar se: a) a incidência da doença ou praga justifica o uso de agrotóxico; b) a formulação do produto permite o uso no pulverizador ou outra máquina disponível; c) há possibilidade de se escolher um produto menos tóxico; d)o uso de agrotóxico não trará desequilíbrio na cultura; e) qual o intervalo mínimo entre a aplicação e a colheita; f) o agrotóxico é recomendado para aquela praga, doença ou erva daninha; g) no caso do uso de dois produtos se são compatíveis.



Tipos de agrotóxicos



De acordo com a especificação de sua ação tóxica podem ser classificadas como: Inseticidas quando combatem as pragas, matando-as por contato e ingestão; Fungicidas quando agem sobre os fungos impedindo a germinação, colonização ou erradicando o patógeno dos tecidos das plantas; Herbicidas quando agem sobre as ervas daninhas seja pré-emergência como pós-emergência; Acaricidas quando eliminam os acarinos; Nematicidas quando eliminam os nematóides do solo; Moluscidas quando controlam lesmas; Raticidas quando agem sobre os ratos; Bactericidas quando controlam as bactérias.



Cuidados especiais no uso e manuseio de agrotóxicos (inseticidas, fungicidas, bactericidas, herbicidas)



Embora seja uma ferramenta muito útil no controle de doenças, pragas e plantas daninhas, o uso de agrotóxico na propriedade exige que o proprietário e os aplicadores tenham um conhecimento básico sobre o modo de ação, doses recomendadas, hora e época da aplicação, formulação do produto (pó molhável, concentrado emulsionável, pó seco), classe toxicológica e os cuidados durante e após a aplicação nos pimentais e outras culturas.



Quando se usa agrotóxicos deve-se observar uma série de cuidados. A primeira coisa que deve ser feita quando compramos um produto químico para uso na lavoura é ler o rótulo. Todo produto químico, apresentado em diferentes formas de embalagem (vidro, tambor, lata, caixa, pacote) tem um rótulo que deve ser sempre mantido para que o agrônomo, técnico agrícola, capataz ou o operador saibam o seguinte:



Leitura do rótulo



a) Quais as culturas que podem ser tratadas com o produto.



b) Quais as doenças, pragas ou plantas daninhas que podem ser tratadas com o produto.



c) Qual a melhor época para controlar as doenças, pragas e plantas daninhas.



d) Qual a dose a ser usada.



e) Qual o intervalo entre uma aplicação e outra.



f) Qual o intervalo entre a última aplicação e a colheita para que o agrotóxico não contamine os alimentos (carência do produto).



g) Qual a possibilidade de se aplicar mais de um produto ao mesmo tempo (compatibilidade).



h) Que cuidados o aplicador deve tomar para não se contaminar.



i) Tipo de formulação do produto e princípio ativo.



Transporte



O transporte deve ser feito observando-se as normas da legislação específica vigente, que inclui o acompanhamento da ficha de emergência do produto. Bem como determina que os agrotóxicos não podem ser transportados junto de pessoas, animais, alimentos, rações, medicamentos ou outros animais.



Conforme estabelecido na legislação e pelas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), NBR 7503, NBR 7504 e NBR 8285, o transporte de todo defensivo agrícola de natureza química deve ser acompanhado de sua respectiva Ficha de Emergência (fornecida pelo fabricante ou expedidor), onde estão contidos todos os procedimentos em caso de acidente. Deve-se ter ainda os seguintes cuidados:



a) Antes de carregar, retirar os pregos e metais salientes ou lascas de madeira, porventura existentes nos veículos e que podem perfurar as embalagens e causar vazamentos.



b) Nunca colocar sobre as embalagens dos defensivos agrícolas volumes pesados que as possam danificar ou que as façam cair.



c) Não transportar embalagens abertas, furadas ou com vazamentos.



d) Em caminhões e outros meios de transporte sem cobertura própria, proteger os defensivos agrícolas com uma cobertura de lona.



e) Todas as pessoas envolvidas no carregamento, arrumação e descarga de defensivos agrícolas devem utilizar equipamento de proteção adequado (avental, camisa de manga comprida, chapéu, luvas) durante a operação citada.



f) Não transportar o produto junto com pessoas, animais, alimentos, ração animal, medicamento ou outros materiais.



g) Seguir as normas NBR 7500, com relação a Símbolos de Risco e Manuseio para Transporte e Armazenagem de Materiais e NBR 8286 para Emprego de Simbologia para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, da ABNT.



Armazenamento



No armazém é necessário observar os seguintes cuidados:



a) Guardar os produtos químicos longe do alcance de crianças e de animais.



b) Manter as embalagens sempre fechadas.



c) Evitar guardar o produto em lugares úmidos ou descobertos.



d) Evitar construir o depósito para guardar os agrotóxicos próximos das habitações.



e) Não deixar embalagens vazias espalhadas pela plantação ou no pasto. As embalagens, principalmente as de plástico têm causado a morte de muitos animais.



f) Manter os defensivos químicos na embalagem original, sem retirar o seu rótulo.



g) Não re-usar as embalagens de agrotóxicos.



Manuseio



Quando abrimos uma embalagem de um agrotóxico qualquer, seja uma barrica de pó, lata, vidro, tambor de plástico, caixa de papelão ou pacote, não se deve tocar no produto com as mãos desprotegidas. Se for preciso, usa-se luvas para tocar no produto e no caso de pó, o uso de máscara é indispensável pois esta evita que se respire o produto.



Embalagens



Muitas pessoas quando vão comprar um defensivo ficam mais interessadas na embalagem do que no produto pensando nas muitas utilidades que podem ter na propriedade. Embalagens têm causado a morte de muitos animais por isso deve-se tomar os seguintes cuidados:



a) Não usar embalagens de agrotóxicos para guardar leite, água, cereais ou outro alimento.



b) Inutilizar as embalagens de vidro, plásticos ou papel e lata, enterrando-os em locais adequados sempre longe de rios, fontes e igarapés.



c) Conservar em sacos de plásticos as embalagens abertas ou rasgadas, assim como, as embalagens vazias.



Contaminação



Os defensivos são valiosas ferramentas que o produtor dispõe, mas se forem usados incorretamente, podem contaminar a água, sal, leite, as rações, o ar que respiramos os animais e mesmo os pimentais e outras lavouras. A fim de reduzir os perigos da contaminação devemos ter os seguintes cuidados:



No abastecimento e lavagem dos pulverizadores



a) Evitar o abastecimento do pulverizador com resto de calda, com bombas de sucção em válvulas de segurança.



b) Ao encher o pulverizador até derramar.



c) Não jogar restos de defensivos em caixas d'águas, açudes, igarapés, ou qualquer tipo de água usada por pessoas e animais.



a) Não desentupir os bicos dos pulverizadores com a boca.



a) Não lavar os pulverizadores nem os bicos em rios e igarapés, usados por pessoas ou animais.



Na aplicação do produto



a) O pulverizador usado para herbicidas não deve ser usado para aplicação de outros defensivos.



b) Evitar contaminar as lavouras, pastagem e propriedades vizinhas.



c) Aplicar os defensivos agrícolas nas horas mais frescas do dia.



d) Fazer uma boa regulagem do equipamento.



e) Consertar os vazamentos do equipamento.



f) Durante as pulverizações, as crianças e pessoas que não estiverem com roupa adequada devem ficar afastadas para prevenir contaminações.



g) Evitar o uso de defensivos muito volátil perto de plantações sensíveis ao produto.



h) Não use menores de idade para aplicar agrotóxicos no pimental.



Cuidados com o aplicador



Os operários rurais responsáveis pela aplicação de defensivos devem tomar os cuidados para evitar que se contaminem:



Condições de saúde



O aplicador de defensivo agrícola deve ser uma pessoa bem alimentada e em boas condições de saúde. Não devemos usar neste serviço: a) pessoas mal alimentadas; b) pessoas com indisposição física como dor de cabeça, dor de estômago, gripe e outras; c) pessoas com ferimentos nas mãos, nos braços, pés e outras partes do corpo.



Vestuário e higiene



O administrador ou o proprietário do pimental deve orientar o aplicador nos seguintes pontos:



a) Trocar a roupa todos os dias.



b) Usar camisa de mangas compridas.



c) Usar máscara durante as aplicações.



d) Lavar as mãos, os braços e o rosto antes das refeições.



e) Manter a cabeça coberta com o chapéu.



f) Não trabalhar descalço.



g) Tomar banho frio todos os dias.



h) Usar óculos apropriados.



i) Não pulverizar contra o vento.



j) Se o produto a ser aplicado é na forma de gás, deve usar máscaras apropriadas. Ex. Expurgo de armazéns.



Alimentação e fumo



a) Não trabalhar de estômago vazio.



b) Evitar comer, beber ou fumar durante o manuseio do agrotóxico.



c) Não comer durante a aplicação dos defensivos.



d) Na hora das refeições, o serviço deve ser interrompido e tomado os cuidados de higiene.



Destino final dos resíduos e embalagens



As embalagens não podem ser deixadas expostas ao meio ambiente. A dificuldade de re-utilizar essas embalagens e o número de embalagens distribuídas pelas propriedades alertou as autoridades ambientalistas para o problema. As seguintes Normas foram estabelecidas para dispor as embalagens de defensivos agrícolas:



a) Não reutilizar as embalagens vazias;



b) Embalagens metálicas, plásticas rígidas e de vidro, que contiveram defensivos agrícolas, devem ser enxaguadas três (3) vezes (Tríplice lavagem) e a calda resultante acrescentada à preparação para ser pulverizada. Este método não se aplica aos produtos embalados em recipiente não rígidos, como: sacos hidrossolúveis, sacos plásticos, sacos aluminizados e sacos multifoliados;



c) As embalagens devem ser destruídas e enterradas em fosso para lixo tóxico.



d) Mesmo após a Tríplice lavagem as embalagens não poderão ser reutilizadas para armazenar água, bebidas, alimentos, rações e medicamentos.



e) O local para construção do fosso de ser distante de casas, instalações ou de qualquer fonte de água, fora do trânsito de pessoas e animais, porém de fácil acesso e onde não se preveja o aproveitamento agrícola, mesmo em longo prazo.



f) O local não deve estar sujeito a inundações ou acúmulo de água.



g) O solo deve ser profundo, e de permeabilidade média para permitir uma percolação lenta e a degradação biológica do agrotóxico.



h) Abrir um fosso de 1 a 2 m de profundidade, comprimento e largura não devendo exceder a 3 m, de acordo com as necessidades.



i) Distribuir no fundo do fosso uma camada de pedras irregulares e uma camada de brita.



j) Ao redor do fosso, cavar uma valeta, com escoadouro, para impedir a penetração de enxurradas.



k) Reservar uma área suficiente para construção de mais fossos, de acordo com a necessidade.



l) Isolar a área com cerca de tela, para impedir a entrada de animais e dificultar a entrada de pessoas.



m) Colocar uma placa de advertência (CAVEIRA), com os dizeres: CUIDADO LIXO TÓXICO.



n) Antes de iniciar o uso do fosso e após cada 15 cm de material descartado, intercalar com camada de cal virgem ou calcário para ajudar a neutralização.



o) Completada a capacidade do fosso, cobrir com uma camada de 50 cm de terra e compactar bem. Uma camada adicional de 30 cm de terra deve ser colocada sobre o aterro, para que este fique bem acima do nível do terreno.



p) Quando não for possível adotar nenhuma das recomendações acima, o material contaminado poderá ser incinerado em um incinerador aprovado para produtos fitossanitários, à temperatura de 1.200 °C.



q) Observar a legislação municipal e estadual específica.



r) Fica proibido o enterro de embalagens em áreas inadequadas, consulte o Órgão Estadual de Meio Ambiente.



s) Saco aluminizados: danificar o saco e descartar. Se autorizado pelas autoridades municipais ou estaduais, colocar num aterro sanitário específico, ou em fosso seco, ou incinerar, ou queimar. Neste último caso, manter pessoas e animais domésticos afastados da fumaça.



t) Caixa de embarque: se autorizado pelas autoridades municipais ou estaduais, e se não contaminada, danificar e colocar em aterro sanitário ou queimar. Se estiver contaminada, danificar e descartar em aterro sanitário específico ou fosso seco, ou por incineração, ou por queima. Neste último caso manter pessoas e animais domésticos afastados da fumaça.



Técnicas de aplicação



Os defensivos químicos são as armas mais perigosas e eficazes que o agricultor dispões na sua luta diária contra as doenças e pragas das culturas. O uso abusivo tem causado danos ao meio ambiente com sérias conseqüências até mesmo para o homem. A falta de conhecimento sobre o uso correto dos defensivos associado à técnica inadequada de aplicação tem contribuído para agravar os efeitos maléficos ao meio ambiente.



Os produtos químicos usados na proteção das lavouras em geral, são muito eficazes sendo necessários poucos gramas de ingrediente ativo por hectare para controlar a doença ou praga.



Formulações e modos de aplicação



Os defensivos são comercializados nas formulações sólidas, líquidas e gasosas. De acordo com a formulação do produto, os métodos de aplicação podem ser classificados como aplicação de sólidos, aplicação de líquidos e aplicação de gases. Atualmente a aplicação de gases tem uso bastante restrito.



Aplicação de formulações sólidas



As formulações sólidas são apresentadas na forma de pó e de grânulos. O pó seco contém 0,5% a 10% de ingrediente ativo e a aplicação é feita com polvilhadoras ou polvilhadeiras. Devido o produto ser comercializado a baixa concentração o custo da aplicação por unidade de área é maior. O polvilhamento apresenta como desvantagens: a) as partículas são levadas pelo vento para locais distantes; b) a baixa aderência das partículas facilita a lavagem pela chuva e vento; c) alto risco de inalação das partículas pelos aplicadores. Por isso esta formulação tem sido pouco usada. Na formulação granular, o defenssivo é aplicado a lanço ou com granuladoras. Esta formulação é a que oferece maior segurança aos aplicadores, por isso, os produtos de maior toxidade são comercializados na forma de grânulos. Os grânulos também contem baixa concentração de ingrediente ativo sendo portanto de custo mais alto como ocorre com os pós-secos. Existe no mercado poucos produtos comercializados na forma de grânulos e por apresentarem problemas na deposição, a maioria tem ação sistêmica. Encontra-se em desenvolvimento produtos microencapsulados de liberação lenta que reduz ainda mais os riscos de contaminação do aplicador.



Aplicação de formulações líquidas



A aplicação de formulações líquidas, pó molhável ou concentrado emulsionável, é feita com pulverizadores. O pulverizador é constituído de um tanque, uma bomba de pressão e o bico do pulverizador. O bico é a parte mais importante do pulverizador. Não existem bicos universais por isso deve-se usar diferentes tipos para se conseguir o espectro de gotas desejado. Para fracionar o líquido em gotas, os bicos se classificam de acordo com a energia utilizada (Tabela 1.)



Tabela 1. Tipos de bicos usados na aplicação de formulações líquidas de acordo com a energia utilizada e indicações de uso.

Energia utilizada

Tipo de bico

Indicações de uso



Hidráulica

ImpactoLequeCone

Baixa pressão, gotas grandes

(herbicidas)Superfície plana

(solos e paredes)Folhagem



Gasosa

PneumáticoVertical

Folhagem em arbustos e árvores

Aplicação espacial de aerossóis



Centrífuga

Disco rotativo e gaiolas

(Micronair)

Volumes pequenos com gotas de

tamanho quase uniformes (herbicidas)



Cinética

Vibratório

Produz gotas grandes (herbicidas)



Térmica



Produz neblina ou fumaça, uso em

recinto fechado ou floresta.



Elétrica

Eletrohidrodinâmica

Produtos oleosos, volumes reduzidos

(0,5 L a 1,5 L/ha.





Fonte: Adaptado de Chain, 1989



Dosagem



A dosagem dos agrotóxicos usados nas lavouras pode ser expressa em:



a) Quantidade do produto por hectare (ha) ou por alqueire (alq.)



Ex: 20 kg/ha ou 48,4 kg/alq.



b) Quantidade do produto por 100 litros de água



Ex. 300 g/100 L



150 mL/100 L ou 150 cc/100 L



Volume da aplicação



O volume usado para aplicar defensivos químicos nas plantações é variável devendo ser levado em consideração o porte da cultura. De acordo com Matthew (1982) existe pelo menos cinco tipos de aplicação de acordo com o volume gasto por hectare (Tabela 2).



Tabela 2. Tipos de aplicação de acordo com o volume gasto para cobrir um hectare de cultivo

Tipo de aplicação Volume usado (L/ha)

Planta rasteira Arbustos e árvores

Alto volume 600 1000

Médio volume 200 - 600 500 - 1000

Baixo volume 50 - 200 500 - 500

Muito baixo volume 5 - 50 50 - 200

Ultra baixo volume 5 5



Fonte: adaptado de Matthew (1982)



Tamanho das gotas



O tamanho das gotas têm grande importância quando se deseja uma aplicação eficiente dos diferentes defensivos com um mínimo de contaminação ambiental. O tipo de pulverização, de acordo com o tamanho das gotas, são definidos pela Organização Mundial de Saúde (1976) como:



a) Aerossol _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume inferior a 50 micrômetros (1 micrômetro = 0,001 milímetro).



b) Nebulização _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume, inferior a 50 micrômetros.



c) Pulverização fina _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume entre 50 e 100 micrômetros.



d) Pulverização grossa _ distribuição de gotas com diâmetro médio do volume superior 400 micrômetros.



Preparo da calda



O preparo da calda é uma operação perigosa para o aplicador e o meio ambiente porque o defensivo químico está concentrado. Geralmente a calda é preparada próximo de poços, rios e igarapés, podendo ocorrer escorrimentos e respingos que atingem o aplicador, pulverizador, solo e a fonte de água resultando em contaminação principalmente daqueles que usarão a água para sua sobrevivência. Alguns cuidados devem ser tomados durante o preparo da calda:



a) Não colocar o pó diretamente no tanque do pulverizador.



b) Misturar o pó com um pouco de água em um balde ou outro tipo de vasilha para obter uma mistura melhor e evitar a deposição do produto no fundo do tanque do pulverizador, o que poderá entupir os bicos e provocar desgastes no equipamento.



c) Não colocar o defensivo no pulverizador vazio. Fazer antes, o abastecimento com água.



d) Usar sempre água limpa na mistura com o defensivo para evitar entupimentos e desgaste do equipamento.



e) Adicionar o espalhante-adesivo após o preparo da calda para evitar a formação de espuma.



f) Aplicar a mistura no mesmo dia em que for preparada.



Regulagem do equipamento



Antes da aplicação do agrotóxico, deve-se fazer a regulagem do pulverizador com água. Os procedimentos dependem do tipo do equipamento usado.



Pulverizador costal (manual ou motorizado)



Medir a quantidade de água gasta em uma área ou a quantidade de água gasta para cobrir um determinado número de pés da planta que vai ser pulverizada. Com base na quantidade de água gasta, faz-se o cálculo para a área ou número de plantas desejado. Por exemplo, se gastamos 2 litros de água para pulverizar 20 pés de pimenta, para pulverizar 1000 pés gasta-se 200 litros.



Pulverizador de barra



As firmas de defensivos químicos geralmente fornecem sacos de plástico graduados que permitem a regulagem ou possuem uma tabela que permite a leitura direta. Na falta de sacos de plástico pode-se usar um recipiente graduado ou, por ser mais fácil de encontrar, recomenda-se uma mangueira de plástico.



Atomizador



Para regular esta máquina pode-se usar o mesmo processo do pulverizador costal.



Bicos



São peças fundamentais para o êxito da pulverização e, da escolha correta e da manutenção depende o sucesso das pulverizações. Os tipos de bicos mais usados são:



1) leque _ pulveriza formando um jato em forma de leque. São mais usados na aplicação de herbicidas. Possuem várias séries porém as mais utilizadas são as séries 80° e 110°. A numeração 80.04 significa que 80° é o ângulo de abertura do leque e 0,4 indica a vazão expressa em galão/minuto e trabalha geralmente com a pressão no bico de 30 a 60 lb/pol2 (1 galão = 3,7 litros).



2) cônico _ assim chamado porque pulveriza formando um jato em forma de cone, sendo indicados para aplicação de fungicidas e inseticidas. As série mais usadas são as D e X. Da série D o bico mais usado é o D2-25 para pulverizar pó em suspensão. Da série X, o mais usado é o bico X2. São indicados para pulverizações com baixo volume de água por produzirem um jato muito fino.



Desgaste dos bicos



Durante as pulverizações deve-se verificar se a saída do líquido está correta. Após um certo número de horas de trabalho, os bicos sofrem desgastes e precisam ser trocados para não prejudicar a pulverização.



Receituário Agronômico



A venda de agrotóxicos e produtos afins deve ser feito por meio de receituário próprio, prescrito por profissional legalmente habilitado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, de acordo com o ATO Nº 008, datado de 6/6/1995 que estabelece critérios e parâmetros para fiscalização do exercício da atividade profissional, no cumprimento da legislação que regula o uso e a comercialização de agrotóxico, seus componentes e afins.



A adoção do Receituário Agronômico trará benefícios diretos no controle fitossanitário, pelo uso racional da aplicação de agrotóxicos, com reflexos na preservação dos recursos naturais dos ecossistemas e no meio ambiente, na saúde do trabalhador, do produtor e do consumidor de alimentos.



A impressão dos formulários do Receituário Agronômico é de responsabilidade do CREA-PA, dos profissionais interessados ou das empresas a estes vinculadas sempre obedecendo o modelo próprio (Anexo 1).



O Receituário Agronômico será emitido em cinco vias, assim discriminadas:



a) Primeira via _ destina-se ao estabelecimento comercial;



b) Segunda via _ destina-se ao usuário;



c) Terceira via _ permanece com o profissional que a prescreveu;



d) Quarta e quinta vias _ serão encaminhadas pelo estabelecimento comercial até o 5º dia útil do mês subsequente ao orgão de Fiscalização Estadual e ao CREA-PA, respectivamente.



A cada 20 Receituários emitidos, o profissional deverá efetuar uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). A aplicação do Receituário Agronômico prevê responsabilidades e penalidades.



Responsabilidade



São responsáveis administrativa, civil e penalmente, pelos danos causados à saúde humana e ao meio ambiente, as seguintes pessoas:



a) o profissional, quando comprovada receita errada, displicente e indevida (casos de imperícia, imprudência ou negligência);



b o usuário ou o prestador de serviços quando não obedecer o receituário;



c) o comerciante que vender o produto sem o receituário próprio ou em desacordo com o receituário;



d) o registrante, ou seja, aquele que tiver feito o registro do produto e que por dolo ou culpa, omitir informações ou fornecer informações incorretas;



e) o fabricante que produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes do registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto ou da propaganda;



f) o empregador que não fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados e não fizer a sua manutenção, necessários à proteção da saúde dos trabalhadores ou não fornecer os equipamentos necessários à produção, distribuição e aplicação dos produtos.



Penalidades



Quem produzir, comercializar, transportar, aplicar ou prestar serviços na aplicação de agrotóxicos, seus componentes ou afins, ao descumprir as normas legais e regulamentares constantes do art. 15 da Lei 7.802, ficará sujeito à pena de reclusão de 2(dois) a 4 (quatro) anos além da multa no valor de 100 MVR (Maior Valor de Referência). No caso de culpa, a pena de reclusão será de 1 (um) a 3 (três) anos, além da multa de 50 a 500 MVR.



Do mesmo modo, de acordo com o art. 16 da mesma Lei, o empregador, profissional responsável ou prestador de serviços que deixar de promover as medidas necessárias à proteção da saúde e do meio ambiente, estará sujeito à pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além da multa de 50 a 500 MVR.



A Lei 7.802 prevê ainda as seguintes sansões administrativas:



a) o embargo do estabelecimento e apreensão do produto ou alimento contaminado;



b) advertência



c) multa de 1.000 (mil) vezes o MRV aplicável em dobro, no caso de reincidência;



d) condenação do produto;



e) inutilização do produto;



f) suspensão da autorização, registro ou licença;



g) interdição temporária ou definitiva do estabelecimento;



h) destruição de vegetais, parte de vegetais, e alimentos que contiverem resíduos acima do permitido;



i) destruição de vegetais, partes de vegetais, nos quais tenha havido aplicação de agrotóxico de uso não autorizado, a critério do orgão competente





O FUTURO ROUBADO



O documentário relata e acompanha estudos científicos que demonstram como contaminantes como os pesticidas da classe “organoclorados”, detergentes e componentes de embalagens plásticas causam sérios problemas ambientais e de saúde na população. A palestra e debate teve medição da engenheira química com doutorado e pós-doutorado e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sonia Hess.

Os estudos científicos e testes em laboratório registrados pelo documentário provam que substâncias chamadas estrogênicas, que imitam o efeito do estrógeno (hormônio feminino) no organismo humano afetam a reprodução e a saúde de animais e seres humanos. Pesticidas como o DDT, detergentes e todas as embalagens plásticas possuem estas substâncias. O mais alarmante é que os estrogênios contaminam alimentos acondicionados em embalagens plásticas ou em latas com revestimento interno plástico. De cada 10 latas com… alimentos revestidas internamente por plástico, 7 apresentaram contaminação e todos os alimentos embalados em plástico testados estavam contaminados.



Nos seres humanos do sexo masculino as substâncias estrogênicas como o Bisfenol A (presente nos plásticos e também em resinas e selantes amplamente utilizados no tratamento odontológico, principalmente em crianças) e os Ftalatos (presentes nas embalagens plásticas) afetam os testículos, diminuindo seu tamanho em até 20%, e diminuem a produção de espermatozóides. Nas mulheres, cresce o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Em um dos testes divulgados pelo filme, as mulheres que viviam em condições de exposição de cerca de 10% do pesticida DDT sofreram quatro vezes mais risco de terem câncer de mama em relação a outras mulheres que não tinham contato com a substância. Testes em animais revelaram mudanças mais catastróficas como a feminilização de peixes e o hermafroditismo com o desenvolvimento de órgão sexual oposto ao sexo do animal.



“Estamos hoje numa escala de contaminação avassaladora por causa do modelo de desenvolvimento da indústria e economia mundial. As indústrias não param de produzir estas substâncias porque há o lucro e porque as pessoas estão gostando de comer veneno”, afirma a engenheira química Sonia Hess, que acredita que o Brasil ainda é privilegiado por ter espaço para consumo e produção de alimentos orgânicos. Mas segundo a professora, no país não existem pesquisas nem diagnósticos que possam indicar o nível e o grau de contaminação no meio ambiente e em brasileiros das substâncias estrogênicas.



DDT na água de Dourados (MS) e venenos do gás natural boliviano



Muitas das pessoas que assistiram ao documentário agradeceram a professora por estar democratizando informações tão importantes e a preocupação com o meio ambiente local também fez surgir preocupações com contaminantes nos Estados de MS e MT. Sonia Hess expressou grande preocupação com a água de abastecimento de Dourados (MS), que hoje está contaminada com DDT. A pesquisadora também alertou para os perigos da continuidade de queima de gás natural boliviano, principalmente nas termelétricas. “Até agora a gente (cientistas e pesquisadores) tem sido chamada de louca, querendo barrar o desenvolvimento de MS com as termelétricas, mas o que a população toda não sabe é que somente a usina termelétrica de Campo Grande está jogando, diariamente, toneladas de venenos sobre a gente. Recentemente descobrimos que existe mercúrio no gás natural boliviano e que este metal pesado está contaminando o ar”, disse Sonia preocupada.



Várias outras informações foram repassadas para o público, como evitar consumo de qualquer tipo de embutido (salsicha, mortadela, presunto, lingüiça etc) industrializado. “As indústrias sabem que os conservantes PVII e PVII (nitritos e nitratos), descritos nas embalagens, podem causar câncer, mas mesmo assim usam para manter a cor avermelhada e realçar o sabor. E é isso que damos para as crianças, ao acreditarmos que estes produtos têm o ’s’ de sadios, como mostrados na televisão”, critica a professora. A tentativa do prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, em trazer para a capital uma usina de queima de lixo também revoltou a engenheira química, que advertiu que “a usina de queima de lixo é mais perigosa ainda, já que seria muito difícil evitar a contaminação durante a queima de materiais heterogêneos, que contém até metais pesados”.



Além da necessidade de mudança nos hábitos alimentares e nos produtos consumidos, a vídeo-palestra mostra como é difícil acabar com o mercado plástico no mundo, que tem hoje grande influência econômica. “Não é possível nos livrarmos da contaminação porque seria necessário fazer uma revolução no mundo, mas como consumidores, temos de mudar essa realidade, exigir alimentos que não contenham veneno, que sejam orgânicos e cobrar de nossos representantes políticos mudanças para garantir qualidade de vida para os seres humanos”.



Agrotóxicos ou Praguicidas ou Pesticidas ou Defensivos Agrícolas são substâncias químicas

Definição – Histórico

Agrotóxicos ou Praguicidas ou Pesticidas ou Defensivos Agrícolas são substâncias químicas utilizadas para prevenir , combater ou controlar uma praga.

Pela definição citada, incluem-se nas pragas: insetos, carrapatos, aracnídeos, roedores, fungos, bactérias, ervas daninhas ou qualquer outra forma de vida animal ou vegetal danosa a saúde e ao bem estar do homem, a lavoura, a pecuária e seus produtos e a outras matérias primas alimentares. Incluem-se ainda os agentes desfolhantes, os dessecantes e as substâncias reguladoras do crescimento vegetal.



Excluem-se: vacinas, medicamentos, antibióticos de uso humano e veterinário e os agentes usados para o controle biológico das pragas

De acordo com Decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002 que regulamenta a lei 7802/1989 DECRETO Nº 4.074, DE 4 DE JANEIRO DE 2002

Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Os defensivos agrícolas ou agrotóxicos, são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da fauna ou da flora, a fim de preserva-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias de produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento

1. Inseticidas:

a - Organoclorados

Ex. DDT, BHC, Aldrin, Heptacloro, etc...

b - Organofosforados

Ex. Dissulfoton, Malation, Paration, etc...

c - Carbamatos

Ex. Aldicarb, Carbaril, etc...

d - Piretróides

Ex. Permetrina, Deltametrina, etc...

e - Fumigantes

Ex. brometo de metila, fosfina

2. Fungicidas :

a - Compostos Inorgânicos de Cobre (oxicloreto de cobre)

b - Mercuriais Orgânicos (aretan – tilex)

c - Dimetil-ditio Carbamatos (ferban – ziran)

d - Derivados da Tiouréia (tiofanato)

e - Compostos Fenólicos dinitrofenóis(dinozeb – DNOC) Clorofenóis (pentaclorofenol)

f - Fumigantes (brometo de metila)

g - Compostos orgânicos de estanho(brestan – duter)

h - Etileno-bis-ditio carbamatos (maneb – mancozeb)

i - Outros grupos químicos (captan – difolatan – óleo mineral)

3. Herbicidas:

a - Arsenicais Inorgânicos (arsenito de sódio)

b - Carbamatos (clorprofan)

c - Compostos Fenólicos (dinitrofenóis e clorofenóis)

d - Derivados do Ácido Fenoxiaceticos(2,4-D e 2,4,5-T)

e - Triazinas (ametrina – simazina)

f - Triazólios (amino triazol)

g - Derivados da Anilina (trifluralina – nitralina)

h - Dipiridílios (diquat – paraquat)

i - Tiol carbamatos (bentio carbe, butilato)

j - Derivados da uréia ( carbutilato – diuron)

k - Agentes desfolhantes ( DEF – Merfós – folex)

4. Raticidas:

a - de uso restrito (fluoracéticos, fosfatos metálicos, cianeto de cálcio e brometo de metila)

b - produtos de venda ao público: norbormida – cila vermelha e anticoagulantes (cumarínicos e indandiona).

D. CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA

Toxidades

Classe 1 A: Extremamente tóxico. Algumas gotas podem matar uma pessoa. DL 50 oral (mg/Kg) < 5

Classe 1 B: Altamente tóxico. Algumas gotas a uma colher de chá podem matar uma pessoa. DL 50 oral (mg/Kg) 5 - 50

Classe 2: Regularmente tóxico. Uma colher de chá a duas colheres de sopa podem matar. DL 50 oral (mg/Kg) 50-500

Classe 3: Pouco tóxico. Há necessidade de duas colheres de sopa a dois copos para serem letais a uma pessoa. DL 50 oral (mg/Kg) 500-5000

Classe 4: Muito pouco tóxicos. Há necessidade de dois copos a um litro para serem letais. DL 50 oral (mg/Kg) > 5000

A classe toxicológica das substâncias químicas também deve ser observada conforme normalização vigente. Ela vem em forma de faixas coloridas na embalagem e é sempre bom advertir que, mesmo sendo um pouco tóxico, ela continua sendo uma substância venenosa de qualquer maneira ( Veja o quadro abaixo da classe toxicológica das substâncias químicas ) .



CLASSE TOXICOLÓGICA COR DA FAIXA

I ESTREMAMENTE TÓXICO VERMELHA

II ALTAMENTE TÓXICO AMARELA

III TOXIDADE MÉDIA AZUL

IV POUCO TÓXICO VERDE



Tipos de intoxicação causadas pelos agrotóxicos

Aguda - onde os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos altamente tóxicos. Podem ocorrer de forma branda, moderada ou grave, dependendo da quantidade do veneno absorvido. Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos.

Subaguda - ocasionada por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos. Tem aparecimento mais lento e os principais sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência

Crônica - caracteriza-se por ser de surgimento tardio, após meses ou anos de exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis como paralisias e neoplasias.

Tempo de desativação do agrotóxico

DDT: 4 a 30 anos

Aldrin: 1 a 6 anos

Heptacloro: 3 a 5 anos

Lindano: 3 a 10 anos

Clordano: 3 a 5 anos



Classificação de alguns agrotóxicos em relação a toxicidade aguda:



Organoclorado:

Pouco tóxico medianamente altamente

Dodocacloro BHC aldrin

DDT dieldrin



Organofosforados:

Pouco tóxico medianamente altamente

Bromofós diclorvós paration

fention dissulfoton



Carbamatos:

Pouco tóxico medianamente altamente

Carbaril ropoxur(baygon) carbofuran(furadan) aldicarb(temik)

Piretróides:

Pouco tóxico medianamente altamente

Permetrina

aletrina

deltametrina



Acaricidas :

pouco tóxico medianamente altamente

omite dicofol

dinocap



Fungicidas:

Pouco tóxico medianamente altamente

Sais de cobre tiran compostos mercuriais

Herbicidas :

Pouco tóxico medianamente altamente

Ametrina bentiocarb arsenito de sódio

Simazina 2,4-D e 2,4,5-T paraquat



Raticidas:

Pouco tóxico medianamente altamente

Cila vermelha cumafeno cianogás

Norbormida pindona fluoracetato Na

Sulfato de tálio



E - QUADRO CLÍNICO E ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O USO DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE AGROTÓXICOS UTILIZADOS NO BRASIL

Quadro Clínico – Diagnóstico – Tratamento de alguns grupos de Agrotóxicos

Informações sobre uso – restrição do uso – principais grupos de Agrotóxicos

ORGANOCLORADOS:

Usos do produto:

Inseticida e acaricida

Vias de absorção usual: oral, respiratória e dérmica

ATUAM SOBRE A MEMBRANA NEURONAL,AXONAL,PRINCIPALMENTE,LENTIFICANDO O FECHAMENTO DOS CANAIS DE SÓDIO

INTERFEREM NO METABOLISMO DE SEROTONINA,NORADRENALINA E ACETILCOLINA DE MANEIRA AINDA NÃO ESCLARECIDA

aspectos toxicológicos : ação sobre o sistema nervoso central em casos agudos.

Estimulante das enzimas microssomias hepáticas em casos crônicos

Armazenamento em tecidos adiposos e venenos altamente cumulativos.

ORGANOCLORADOS QUADRO CLÍNICO

CONVULSÕES SÃO AS MANIFESTAÇÕES MAIS IMPORTANTES

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

FRAQUEZA MUSCULAR, AGITAÇÃO, MIOCLONIAS, PARESTESIAS, CONFUSÃO MENTAL

Cefaléia persistente, contrações musculares, tremores, convulsões. Parestesias ( língua, lábio, face e mãos), perturbações no equilíbrio. Perda do apetite, mal-estar geral. Hepatomegalia, lesões hepáticas e renais. Pneumonite química.

ORGANOCLORADOS: EXAME LABORATORIAL E TRATAMENTO

NÃO É VIÁVEL A DOSAGEM SÉRICA, RADIOGRAFIA DO ABDOME REVELA MATERIAL RADIOPACO

TRATAMENTO: COLESTIRAMINA É MAIS EFICIENTE DO QUE O CARVÃO ATIVADO

TRATAMENTO DAS CONVULSÕES COMO SE FAZ HABITUALMENTE

dosagem poderia ser feita por cromatografia – como exame rotineiro haveriam dificuldades – obtenção do exame – custos

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Doseamento do teor no sangue por cromatografia de fase gasosa

TRATAMENTOS

Tratamento sintomático.

Nos casos de excitação neurológica, Diazepínicos e fenitoína.

Antibióticos e costicosteróides nas paneumonites químicas.



Algumas informações sobre os produtos organoclorados

grande persistência no meio ambiente

armazenam-se por toda a vida no organismo vivo em tecido adiposo devido sua lipossolibilidade

planeta foi inundado por DDT e BHC tanto na agricultura como em campanhas de saúde pública no mundo inteiro como estratégia de combate e erradicação de grandes endemias como a malária e particularmente no Brasil Doença de Chagas

já em 1948 estudos constatavam presença de DDT em tecido adiposo humano

DDT e BHC encontram-se amplamente distribuídos pelo meio ambiente e podem ser encontrados freqüentemente como contaminantes de alimentos

questões ambientais como a magnificação alimentar, transferência do tóxico através de vários elos da cadeia alimentar

leis que impuseram restrição a uso desses produtos no país portaria 329 de 02-09-85, tendo o mesmo ocorrido no Estado de São Paulo com lei 4002 de 05-01-84

estudo clínico epidemiológico em trabalhadores de campanhas de saúde pública expostos cronicamente aos inseticidas organoclorados evidenciou no exame citogenético freqüências aumentadas de certos tipos de aberrações cromossômicas estruturais no grupo exposto em relação ao controle

ORGANOFOSFORADOS

CARBAMATOS:

Usos: inseticidas e acaridas

Vias de absorção: oral, respiratória e dérmica.

Aspectos toxicológicos: inibidores da colinesterase.

ORGANOFOSFORADOS

INIBIDORES IRREVERSÍVEIS DA ACETILCOLINESTERASE

ACÚMULO DE ACETIL COLINA

ESTIMULAÇÃO MUSCARÍNINICA

ESTIMULAÇÃO NICOTÍNICA

ESTIMULAÇÃO DO S.N.C.

ORGANOFOSFORADOS QUADRO CLÍNICO

MUSCARÍNICO - MIOSE, HIPERSECREÇÃO LACRIMAL, SUDORESE, PILOEREÇÃO, BRADICARDIA, VÔMITOS.

NICOTÍNICO - FASCICULAÇÕES, ABALOS MUSCULARES, TAQUICARDIA RARA

S.N.C. - GRANDE ESTIMULAÇÃO

Sintomas e sinais clínicos :

Síndrome colinérgica : sudorese – sialorréia – miose – hiper secreção brônquica – bronco espasmo – tosse – vômitos – cólicas – diarréia

Síndrome nicotínica : câimbras – fasciculação muscular – hipertensão arterial transitória

Síndrome Neurológica : confusão mental – ataxia – convulsões depressão centros cárdio - respiratórios

ORGANOFOSFORADOS-EXAME LABORATORIAL E TRATAMENTO

EXAME: DOSAGEM DE ACETILCOLINESTERASE QUE ESTÁ DIMINUÍDA.

TRATAMENTO: ATROPINA EM DOSE VARIÁVEL POR TEMPO INDETERMINADO, RETIRADA LENTA, GRADUAL.

PRALIDOXIMA EM DOSE FIXA POR 3 DIAS EM MÉDIA.

Medicações contra indicadas: morfínicos, aminofilina e tranquilizantes

CARBAMATOS

INIBIDORES REVERSÍVEIS DA ACETILCOLINESTERASE

ACÚMULO DE ACETILCOLINA

ESTIMULAÇÃO MUSCARÍNICA

ESTIMULAÇÃO NICOTÍNICA

ESTIMULAÇÃO DO S.N.C.

DA MESMA FORMA QUE OS ORGANOFOSFORADOS

CARBAMATOS QUADRO CLÍNICO

AS MESMAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS, PORÉM QUADRO CLÍNICO DE MENOR DURAÇÃO, RARAMENTE ULTRAPASSANDO 3 DIAS.

EMBORA DE CURTA DURAÇÃO AS INTOXICAÇÕES PODEM SER TÃO GRAVES QUANTO AQUELAS DO ORGANOFOSFORADOS

CARBAMATOS-EXAME LABORATORIAL E TRATAMENTO

EXAME: DOSAGEM DE ACETILCOLINESTERASE QUE ESTÁ DIMINUÍDA

TRATAMENTO: ATROPINA EM DOSE VARIÁVEL POR TEMPO INDETERMINADO, RETIRADA LENTA GRADUAL.

NÃO USAR PRALIDOXIMA

Alguns dados sobre Organofosforados e Carbamatos:

Grupos de inseticidas muito utilizados

Causam graves intoxicações agudas, sendo os inseticidas que maior número de óbitos causam devido a intoxicação

Trabalhos mostram que trabalhadores rurais expostos a estes inseticidas apresentam atividade enzimática de acetil colinesterase rebaixada Ex.: Trabalho rural e fatores de risco associados ao regime de uso de agrotóxicos em Minas Gerais, Brasil. W. SoaresI; R. Moritz V. R. AlmeidaII; S. MoroIICentro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais. IIPrograma de Engenharia Biomédica, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. C. P. 68510, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ 21945-970, Brasil

RESUMO: O objetivo deste artigo foi caracterizar o processo do trabalho rural em nove municípios de Minas Gerais, considerando indicadores sócio-demográficos, a estrutura agrária dos estabelecimentos rurais, práticas de trabalho relacionadas ao uso de agrotóxicos e, a intoxicação associada a seu uso. Os dados foram obtidos de uma pesquisa realizada pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho, que aplicou um questionário a 1.064 trabalhadores rurais, entre os anos de 1991 a 2000

Prevenir os danos causados à saúde humana decorrente do uso indiscriminado do inseticida malation


Prevenir os danos causados à saúde humana decorrente do uso indiscriminado do inseticida malation através das ações de enfermagem.



O malation é um inseticida organofosforado amplamente utilizado no Brasil e é responsável por inúmeros casos de intoxicações por agrotóxicos no país. A partir daí, torna-se importante o estudo de suas características, mecanismo farmacológico e toxicológico, manifestações clínicas por exposição, os tipos de diagnósticos e tratamentos disponíveis. Dentro desse contexto, este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica que tem como objetivo verificar não somente os possíveis danos à saúde humana causado pelo uso indiscriminado do inseticida malation como também, reunir informações sobre agrotóxicos, identificar locais e grupos expostos a estes agentes tóxicos, analisar a epidemiologia de intoxicação por agrotóxico no Brasil, expor os tipos de intoxicação, verificar as medidas preventivas e de pronto-socorro de intoxicação descrevendo as ações do enfermeiro na prevenção, promoção e vigilância das intoxicações por malation.

Palavras-chave: Malation. Organofosforado. Inseticida. Intoxicação. Saúde Ocupacional. Saúde pública. Prevenção.



1 INTRODUÇÃO



O Brasil é o terceiro maior consumidor de agrotóxico do mundo. E dentro deste contexto, está o inseticida malation que é amplamente utilizado no combate às inúmeras pragas na agricultura, no combate a insetos nas residências, na saúde pública e nas indústrias (RAMOS & FILHO, 2004; DELGADO, 2006).



O malation é um composto químico tóxico pertencente à classe dos organofosforados que tem como mecanismo agir no organismo inibindo a acetilcolinesterase (AChE) que é uma enzima que hidrolisa a acetilcolina. A presença continuada da acetilcolina nas terminações nervosas interfere no mecanismo de transmissão neural ocasionando diversos efeitos neurotóxicos. Dentre os efeitos estão: convulsões, tontura, cefaléia, anorexia, vômito, diarréia, distúrbios cardiorrespiratórios e coma (PÓVOA et al, 1997; RODRIGUEZ et al, 2003).



Estudos demonstram ainda, que o malation tem potencial capacidade de alterar o ciclo celular e produzir distorções em nível de replicação do DNA Celular, aberrações cromossômicas e associam-se sua ação a diversas patologias como o câncer, Arteriosclerose, Parkinson, Alzheimer, malformações congênitas, infertilidade e esterilidade (PÓVOA et al, 1997; RODRIGUEZ et al, 2003).



O consumo de malation no Brasil, no período compreendido entre 1991 e 2001, passou de 1.850 para 7.627 toneladas cúbicas devido às políticas governamentais para a agricultura e hoje, como resultado de uma vasta utilização indiscriminada em vários ambientes, torna o malation um dos organofosforados que mais causa intoxicações (DELGADO, 2006).



Esses dados, juntamente, com a inexistência de uma política de controle e fiscalização das vendas e uso dos agrotóxicos, o limitado registro de intoxicação por malation no Brasil, a carência de conscientização e informação da população e dos trabalhadores quanto ao uso correto dos agrotóxicos, o deficiente conhecimento da extensão da carga química de exposição ocupacional (RAMOS & FILHO, 2004; DELGADO, 2006; FARIA et al, 2007) e a importância do conhecimento, pelo enfermeiro, dos efeitos nocivos do inseticida malation decorrente do uso indiscriminado dessa substância, torna relevante esse tema.



Entretanto, evidencia-se uma limitada publicação específica e estudos atuais sobre o inseticida malation.Frente a essa escassez, foi preciso incluir e contextualizar informações sobre os agrotóxicos de modo geral para servir de embasamento.A partir daí, percebe-se que a construção deste trabalho é desafiadora e inovadora.



Do mesmo modo, verifica-se a escassez de estudos disponível sobre as ações do enfermeiro frente à exposição e intoxicação por agrotóxicos e mais raro ainda, quando particulariza-se essas ações no uso indiscriminado do inseticida malation. Sendo assim, dentro da necessidade de construção do trabalho sob uma metodologia cientifica, foi necessário constantemente buscar e correlacionar bibliografias sobre as atribuições do enfermeiro na Saúde Pública e na Saúde do Trabalhador.



A motivação para o estudo foi o incidente ocorrido no Posto de Saúde de Carapina no município da Serra – ES. Conforme Espírito Santo (2001) e Santos (2001), no período entre janeiro e maio de 1996, foi realizado, pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), uma série de controle de pragas com o inseticida malation em todos os ambientes de trabalho do posto de saúde. As aplicações do inseticida sempre ocorriam de madrugada, poucas horas antes do início das atividades dos funcionários, sem qualquer alerta às pessoas que ali trabalhavam e aos pacientes atendidos. Como resultado, os funcionários e pacientes passaram a reclamar do odor insuportável e constante e vários profissionais, inclusive enfermeiros, foram intoxicados, resultando em agravos à saúde.



Em junho de 1997 a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) emitiu um laudo técnico confirmando a contaminação generalizada dos funcionários (ESPÍRITO SANTO, 2001). Entretanto, não foram obtidos maiores esclarecimentos sobre o episódio, pois, de acordo com os coordenadores do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (TOXCEN), os dados são confidenciais.



Considera-se que esse incidente, ocorrido no próprio ambiente de trabalho do enfermeiro, poderia ter sido evitado se a equipe de enfermagem estivesse preparada e atenta para identificar o risco de intoxicação nessa circunstância.



Portanto, reconhecendo o enfermeiro como educador e interventor permanente através do estudo de Silveira (2001), são abordados neste trabalho as ações preventivas e investigativas da enfermagem na exposição e intoxicação por inseticida malation.



2 Objetivo



2.1 Objetivo Geral



Descrever os danos causados à saúde humana devido ao uso indiscriminado do inseticida malation.



2.2 Objetivo Específico



Prevenir os danos causados à saúde humana decorrente do uso indiscriminado do inseticida malation através das ações de enfermagem.



3 METODOLOGIA



Esta investigação constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa que visa fornecer conhecimento aprofundado sobre os danos a saúde humana causados pelo uso indiscriminado do inseticida malation.



Entende-se que uma abordagem bibliográfica e qualitativa proporciona uma valorização das percepções quanto às manifestações clínicas decorrentes do uso indiscriminado do inseticida malation, revela a problemática da grande incidência de casos de intoxicação no Brasil, a falta de um controle eficaz sobre a venda e uso deste produto e a ausência de registros sobre intoxicações por malation. E, não menos importante, permite demonstrar a importância da ação do enfermeiro na promoção da saúde nesse processo.



Sendo assim, foi preciso partir em busca de uma literatura especializada: publicações de artigos científicos, livros, manuais e protocolos publicados por instituições públicas redigidos em língua portuguesa, espanhola e inglesa. Essa literatura está disponibilizada na web, principalmente na biblioteca virtual da BIREME e do Scielo, na biblioteca da Universidade Federal do Espírito Santo, na Faculdade Novo Milênio, no acervo do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (TOXCEN/ES) e em acervos particulares.



A partir dessa seleção iniciamos a leitura aprofundada que resultou nessa compilação bibliográfica que está dividido em partes que incluem: classificações dos agrotóxicos, principais grupos expostos aos agrotóxicos, tipos de intoxicação, normas e medidas ocupacionais para prevenção e controle de intoxicações por agrotóxico, ações preventivas do enfermeiro frente à exposição e intoxicação por malation, características e apresentação do produto malation, manifestações clínicas por exposição ao malation e tratamento das intoxicações.



Pode-se afirmar que a metodologia foi construída a partir do pensamento e conhecimento que se tem sobre o tema. E que esse método se consolidou ao longo da realização, aprofundamento e conclusão do trabalho.



4 agrotóxico



4.1 Definição



De acordo com a Lei Federal nº 7802, de 11/07/89 e regulamentada pelo Decreto nº 4074, de 04/01/2002, definem-se agrotóxicos como sendo (BRASIL, 1989):



Produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.



Não estão incluídos nessa definição, os medicamentos, vacinas, antibióticos de uso humano ou veterinário, fertilizantes e químicos administrados a animais para estimular crescimento ou modificar comportamento reprodutivo (MENDES, 2005; OPAS, 1997).



Para serem vendidos ou expostos à venda (Figura 1) em todo o território brasileiro os agrotóxicos devem ter embalagens, rótulo e bula que atendam as especificações e dizeres aprovados pelos órgãos federais dos setores da agricultura, da saúde e do meio ambiente (BRASIL, 2005).



Figura 1 – Diversos produtos agrotóxicos à venda.



Fonte: Os autores.



Entre outras informações, o produto deve conter no rótulo a classificação toxicológica, instruções de uso, possíveis efeitos prejudiciais sobre a saúde do homem, precauções para evitar danos, instruções para casos de acidente, incluindo sintomas de alarme, primeiros socorros e antídotos (BRASIL, 1989).



No Brasil, para aquisição de agrotóxicos, é obrigatório que haja receituário agronômico[1], entretanto, o que se vê muitas vezes, é a venda livre de produtos altamente tóxicos em muitos locais, resultando assim, em uso abusivo, numa falta de cuidados em desconhecimento sobre os perigos desses produtos e conseqüentemente, numerosos casos de intoxicações, muitas vezes fatais (MENDES, 2005).



4.2 CLASSIFICAÇÃO



Existem no Brasil, mais de 300 princípios ativos, cerca de 572 produtos técnicos e 1.079 agrotóxicos formulados no mercado brasileiro para o uso na agricultura, domissanitários e na saúde pública. Tornando assim, útil a classificação destes produtos (OPAS, 1997; SUCEN, 2000; MENDES, 2005; BRASIL, 2006).



E segundo SUCEN (2000), a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) do Ministério da Saúde e a Secretaria de Defesa Vegetal (SDV) do Ministério da Agricultura são os órgãos responsáveis por regular e fiscalizar a distribuição e comercialização desses produtos.



4.2.1 Classificação quanto às pragas que atuam



4.2.1.1 Inseticidas



São substâncias que possuem a ação de combater insetos e são divididos em quatro grupos distintos, conforme característica química: organofosforados, carbamatos, organoclorados e piretróides (OPAS, 1997; ITHO, 2002; MENDES, 2005; SANTOS et al, 2007).



4.2.1.2 Fungicidas



Como o próprio nome sugere, são agrotóxicos que combatem fungos. Atualmente há diversos fungicidas disponíveis no mercado. Os principais grupos são: etileno-bis-ditiocarbonatos, trifenil estânico, hexaclorobenzeno, compostos mercuriais e O-etil-S, S-difenilditiofosfato (LARINI, 1997; OPAS, 1997).



4.2.1.3 Herbicidas



Combatem ervas daninhas. Nas últimas duas décadas, este grupo tem tido uma utilização crescente na agricultura. Seus principais representantes são: paraguat, glifosato, pentacloofenol, derivados do ácido fenoxiacético e dinitrofenóis (OPAS, 1997).



4.2.1.4 Outros grupos importantes (LARINI, 1997; SUCEN, 2000):



- Rodenticidas (dicumarínicos): utilizados no combate a roedores.



- Acaricidas: ação de combate a ácaros diversos.



- Nematicidas: ação de combate a nematóides.



- Moluscicidas: ação de combate a moluscos, basicamente contra o caramujo da esquistossomose.



- Fundigantes: ação de combate a insetos, bactérias, fosfetos metálicos (fosfina) e brometo de metila.



- Escorpionicidas: utilizado no combate aos escorpiões.



- Vampiricidas: ação de combate aos morcegos.



4.2.2 Classificação quanto à toxicidade do agrotóxico



Esta classificação é feita a partir do poder tóxico que o agrotóxico possui. É uma classificação importante, pois permite determinar a toxicidade de um produto, do ponto de vista de seus efeitos agudos. No Brasil, o Ministério da Saúde é responsável por essa classificação (OPAS, 1997).



A verdade é que todas as substâncias químicas podem ser tóxicas que são determinadas pela dose que é absorvida ou que, de qualquer modo, são introduzidas no organismo (MENDES, 2005).



A Tabela 1 apresenta os diferentes grupos de perigo das substâncias químicas, a dose letal de 50% (DL50[2]), comparando-as com as doses mortais, aproximadas, para o homem (OPAS, 1997).



Tabela 1 – Classificação toxicológica dos agrotóxicos segundo a DL50.



GRUPOS

DL50 (MG/Kg)

DOSES CAPAZES DE MATAR UMA PESSOA ADULTA



Extremamente tóxicos

≤ 5

1 pitada – algumas gotas



Altamente tóxicos

5-50

1 colher de chá – algumas gotas



Medianamente tóxicos

50 –500

1 colher de chá – 2 colheres de sopa



Pouco tóxicos

500-5000

2 colheres de sopa – 1 copo



Muito pouco tóxicos

5000 ou +

1 copo – 1 litro





Fonte: OPAS (1997).



De acordo com OPAS (1997) por lei, todos os produtos agrotóxicos devem apresentar nos rótulos uma faixa colorida indicando sua classe toxicológica (Figura 2).



Figura 2 – Classe toxicológica e cor da faixa no rótulo de produto agrotóxico.



Fonte: Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF).



Vale salientar que a classificação toxicológica reflete essencialmente a toxicidade aguda e não indica os riscos de doenças de evolução prolongada como, por exemplo, câncer, neuropatias, hepatopatias e problemas respiratórios crônicos (FARIA et al, 2007).



5 LOCAIS DE USO DE AGROTÓXICOS



5.1 Uso Domiciliar



O Ministério da Saúde autoriza que alguns inseticidas possam ser empregados nas residências, no peridomicílio, como jardins e quintais. Estes produtos apresentam toxicidade relativamente baixa, principalmente nas diluições em que são permitidos (MENDES, 2005).



Entretanto, como resultado de uma fiscalização deficiente, ocorre a venda indiscriminada de produtos altamente tóxicos licenciados apenas para uso agrícola em supermercados e em lojas ou até mesmo, por ambulantes em vias públicas. Sem contar a existência de contrabando que possibilita a entrada e venda de produtos já proibidos ou nunca licenciados (MENDES, 2005; BRASIL, 2006).



5.2 Uso em Saúde Pública



O Ministério da Saúde e a Organização Mundial em Saúde (OMS) são as instituições responsáveis pela avaliação e aprovação dos agrotóxicos que são empregados na saúde pública. Esses produtos são utilizados para controlar ou erradicar vetores e hospedeiros transmissores de diversas enfermidades, como por exemplo, Dengue, Malária e Doença de Chagas (SUCEN, 2000; MENDES, 2005; LIMA et al, 2007).



De acordo com Lima (2007), os organofosforados, carbamatos, piretróides e organoclorados são alguns dos grupos químicos de inseticidas utilizados em campanhas de saúde pública. Sendo que o Diclorodifenil Tricloroetano (DDT), apesar de seu comprovado acúmulo nos tecidos orgânicos e seu potencial efeito cancerígeno em animais de laboratório, ainda é permitido nos programas de controle vetorial.



No estado de São Paulo, por exemplo, os principais ingredientes ativos usados na saúde pública são: fenitrotion, malation, temefos, cipermetrina, deltametrina, Bacillus thuingiensis, pertencente ao grupo biológico dos agrotóxicos, e o sal de niclosamida etanolamina, usado no combate aos moluscos (SUCEN, 2000).



5.3 Uso Agropecuário



No Brasil, o consumo de agrotóxico no período compreendido entre 1990 e 2001, passou de 1.850 para 7.627 toneladas cúbicas. Esse dado reflete a intensidade de consumo de agrotóxicos principalmente na agropecuária para o combate e prevenção de pragas. Tal necessidade é atribuída à homogeneização do ambiente, o que transforma muitos predadores naturais em pragas (BRASIL, 2006; DELGADO, 2006).



Há uma diversidade de agrotóxicos sendo usados na agricultura. Esses agrotóxicos são registrados e licenciados pelo Ministério da Agricultura e avaliados pelo Ministério da Saúde, quanto à toxicidade para o homem e pelo Instituto Brasileiro para o Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) quantos aos aspectos ambientais (MENDES, 2005).



Conforme TOXCEN (2001) predominaram, no período de 1992 a 2001, intoxicações humanas por produtos de uso agrícola (72,5%) em relação aos usos domésticos (27,5%) (Tabela 2).



Tabela 2 – Casos registrados de intoxicações humanas por agrotóxicos.



AGENTE

TOTAL

%



Agrotóxico de uso agrícola

2145

72,5



Agrotóxico de uso doméstico

815

27,5



TOTAL

2960

100





Fonte: TOXCEN (2001).



Além disso, os agrotóxicos são utilizados na construção e manutenção de estradas, tratamentos de madeiras para a construção e indústrias moveleiras. Enfim, os usos dos agrotóxicos excedem muito aquilo que comumente se reconhece (BRASIL, 2006).



6 Principais Grupos expostos a agrotóxicos



Uma das principais formas de exposição aos inseticidas ocorre no trabalho. Entre os grupos de profissionais que têm contato com os agrotóxicos, destacam-se os trabalhadores da agricultura e pecuária, da saúde pública, de empresas de controle de pragas, de transporte, comércio e produção de agrotóxicos (RAMOS & FILHO, 2004; BRASIL, 2006).



6.1 TRABALHADORES DA AGROPECUÁRIA



Os trabalhadores da agricultura (Figura 3) e pecuária representam o grupo mais exposto aos agrotóxicos. No plantio, roçado, colheitas, nos cuidados com os animais, no preparo e manipulação do agrotóxico, no armazenamento inadequado e no aproveitamento das embalagens vazias ficam em contato direto com o toxicante (MELO et al, 1985; RAMOS & FILHO, 2004).



As intoxicações vão desde sintomas leves, como sudorese, náusea, mal estar e sialorréia até intoxicações graves, principalmente nos trabalhadores que fazem as pulverizações nas plantações e trabalham na colheita e poda. Esse quadro é agravado pelo baixo nível socioeconômico e cultural da maioria dos trabalhadores (MELO et al, 1985; RAMOS & FILHO, 2004, RIBEIRO & MELLA, 2007).



Figura 3 – Trabalhador da agricultura sem EPI.



Fonte:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).



É preciso destacar que a maioria da população da zona rural está exposta aos agrotóxicos, seja diretamente porque trabalha com eles, seja indiretamente porque trabalha ou reside em áreas onde estes produtos são usados. Este quadro, somado ao pouco preparo dos aplicadores e a falta de informações que deveriam ser dadas pelos engenheiros-agrônomos ou pelos capatazes, chefes ou fazendeiros resultam em um grande número de casos de intoxicação em meio rural (MENDES, 2005).



6.2 TRABALHADORES DA SAÚDE PÚBLICA



Os trabalhadores sanitaristas que realizam a aplicação de inseticidas, nos programas de saúde pública (Figura 4), para o controle ou combate de vetores e hospedeiros intermediários de agentes causadores de doenças e também no combate de animais peçonhentos e roedores, continuamente ficam expostos aos produtos cuja toxicidade vai de muito pouco a medianamente tóxico (SUCEN, 2000; RAMOS & FILHO, 2004; LIMA, 2007).



Esses trabalhadores podem absorver o produto pela via dérmica e área, principalmente entre aqueles que realizam pulverização. Os riscos de intoxicação estão principalmente na falta de equipamentos de proteção individual (EPI) ou desconhecimento da forma correta de manipulação do agrotóxico (LIMA, 2007).



Figura 4 – Trabalhadores realizando controle de vetores na saúde pública.



Fonte: Globo.



Lima (2007) cita que no estado de Pernambuco, foi realizado um estudo com trabalhadores sanitaristas expostos a OF e piretróides, com objetivo de avaliar as alterações auditivas periféricas. O estudo revelou que, entre os trabalhadores expostos somente aos inseticidas, havia 63,8% com alterações auditivas.



Esse resultado indica que a aplicação de agrotóxicos em lugares públicos deva ser realizada por uma equipe especializada, treinada e supervisionada, pois apresenta riscos não somente para os aplicadores como também, para a população (MENDES, 2005; LIMA, 2007).



6.3 OUTROS PROFISSIONAIS



Outros profissionais que freqüentemente são acometidos por intoxicações agudas são os das firmas do controle de pragas e de transporte e comércio dos agrotóxicos Esses últimos, ficam expostos aos agrotóxicos durante a manipulação e manuseio dos produtos. (RAMOS & FILHO, 2004).



Com relação aos trabalhadores de indústrias de formulação de agrotóxicos, estes têm contato direto com a formulação do agrotóxico, entretanto, os casos de intoxicação aguda nestes grupos são raros devido ao controle maior no ambiente de trabalho. Por outro lado, as intoxicações crônicas são os grandes riscos que correm (RAMOS & FILHO, 2004).



A equipe de saúde, inclusive a enfermagem, que faz o atendimento emergencial e intensivo do paciente intoxicado, também é um grupo de risco à intoxicação principalmente quando realiza procedimentos de descontaminação do paciente (ITHO, 2002).



Além da exposição ocupacional, Filla & Vestena (2008) consideram que a população geral também constitui um grupo exposto aos efeitos nocivos de produtos agrotóxicos sob a forma de exposição intencional ou acidental, incluindo ingestão de resíduos contidos nos alimentos.



7 NOTIFICAÇÃO, Epidemiologiae CENTROS DE CONTROLE DE INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS



7.1 nOTIFICAÇÕES



No Brasil, devem ser notificados os casos suspeitos de efeitos nocivos à saúde humana decorrentes de exposição aos agrotóxicos. Essa notificação deve ser registrada pelo setor de Vigilância em Saúde ou nas Unidades de Saúde do município. O instrumento de notificação é o Sinan-NET (Figura 5) - um sistema informatizado que considera de forma conjunta as intoxicações exógenas, ou seja, não é específico para as intoxicações por agrotóxicos. É composto pelas fichas de notificação (ANEXO A) e de investigação de intoxicação por agrotóxico (ANEXO B) (POSSAMAI, 2005; BRASIL, 2006; BRASIL, 2007).



Figura 5: Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan-NET.



Fonte: Brasil (2007).



A enfermagem tem papel importante na notificação e contribui ativamente no registro epidemiológico de intoxicação no Brasil. Além de estimular à população a notificar, realiza visitas a locais em que ocorreram intoxicações, notifica os casos à vigilância e identifica a notificação através de esclarecimentos sobre a importância e objetivos, para outros profissionais da saúde, pacientes e população em geral,revisa as fichas de notificação dos pacientes atendidos, avaliando os dados coletados e a qualidade do atendimento prestado, codificando-as para informatização e compilação estatística (FONSECA, 1996; KAWAMOTO et al, 1995).



7.2 EPIDEMIOLOGIA



Os registros de casos de intoxicações por agrotóxicos no Brasil ainda são limitados porque não há notificação compulsória. Porém, os dados sobre intoxicações, disponíveis nos centros de controle, existentes na maioria dos estados, permitem avaliar a gravidade deste problema. Estes dados são repassados à Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro) que publica um relatório anual com a consolidação dessas informações (RAMOS & FILHO, 2004; MENDES, 2005).



É importante salientar que esses dados representam apenas uma pequena parte das intoxicações ocorridas no país. A grande maioria dos casos leves não é reportada e os casos mais graves, tratados em hospitais, também não costumam ser notificados. De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, estima-se que para cada caso de intoxicação notificado existam 50 outros não notificados (ITHO, 2002; MENDES, 2005).



Além disso, quando ocorre a procura por registros precisos de intoxicação por inseticida malation, verifica-se que não há, nos sistemas oficiais de registros, números de casos referidos a uma única sustância, somente há registros englobando todas as intoxicações ocorridas por organofosforados e/ou outros produtos agrupados sob o termo agrotóxico (BRASIL, 2006).



Para Brasil (2006), o fato de os trabalhadores não registrarem dados referentes à freqüência, dose e tempo de exposição, torna mais limitado os registros e a análise de risco por exposição. Nestas condições, dados como número de aplicações por mês, número de horas de aplicação por dia, mês e ano, assim como dose empregada, produtos utilizados etc. não são sistematicamente registrados.



Para agravar o quadro, a maioria das pequenas propriedades rurais realiza misturas de produtos, com características químicas e toxicológicas distintas, cujos efeitos para a saúde são pouco conhecidos pela ciência (BRASIL, 2006).



Segundo TOXCEN (2006) foram registrados, somente em 2006, 663 casos de intoxicação humana por agrotóxicos de uso agrícola e domiciliar ocorridos somente no Estado do Espírito Santo. Isso significa 13% de todas as notificações. Dentre essas, foram registrados um total de 20 óbitos decorrentes do uso dos agrotóxicos.



Já os dados estatísticos dos Centros de Toxicologia de Belo Horizonte, Campinas, Florianópolis, Ribeirão Preto, Londrina e Maringá mostram que de 495 casos de intoxicações ocupacionais, cerca de 34,9% foram devidos a organofosforados; de 622 casos de tentativas de suicídio, 38,1% resultaram do uso de compostos deste grupo; de 38 casos de óbitos, 44,7% foram devidos a organofosforados. Esses dados constatam que os compostos organofosforados são responsáveis pela maioria das intoxicações por agrotóxicos no país (UNICAMP/ANDEF/SINDAG, 1994 apud CAVALIERE 1996).



Somente no Estado de Santa Catarina, foram registrados 186 casos de intoxicação por agrotóxico, no ano de 2004. Desses, 149 dos casos, ou seja, 80% correspondem à intoxicação por organofosforados, resultando em seis óbitos (POSSAMAI, 2005 apud INCA, 2005).



No âmbito nacional, o SINITOX (2003) registrou no Brasil, no ano de 2003, 14.064 notificações referentesa casos intoxicação humana por agrotóxicos de uso agrícola, uso doméstico e produtos veterinários e raticidas.



De acordo com o TOXCEN (2001), dos 172 casos de óbitos por intoxicação ocorridos entre 1999 e 2001, 93 casos foram decorrentes do uso de agrotóxicos na agricultura e em domicilio (Tabela 3).



Tabela 3 – Óbitos registrados de intoxicação humana segundo agente tóxico.



AGENTE

Nº CASOS



Medicamentos

36



Agrotóxico-Agrícola

88



Agrotóxico-Domiciliar

5



Produto veterinário

1



Raticidas

2



Domissanitários

4



Produto químico

4



Droga Abuso

2



Plantas

4



Animais peçonhento-escorpião

5



Outros animais peçonhentos

11



Desconhecido

10



TOTAL

172





Fonte: TOXCEN (2001).



A Tabela 4 apresenta uma visão dos números casos de intoxicação por agrotóxicos ocorridos em diversas circunstâncias no Brasil em 2003 (FARIA et al, 2007):



Tabela 4 – Intoxicação por agrotóxicos em diversas circunstâncias em âmbito nacional.



Intoxicações por agrotóxicos

SINITOX BR 2003

%



Total de casos

14064

100%



Circunstâncias:



Acidental



Ocupacional



Tentativa de suicídio



Outras/ ignorada

5354



2196



5706



808

38,1%



15,6%



40,6%



5,8%



Proporção de agrotóxicos/ total de intoxicações

17,0%



Coeficiente/ 100.000

8,0





Fonte: Dados adaptados de Faria et al (2007).



7.3 CENTROS DE CONTROLE DE INTOXICAÇÃO



Os Centros de Controle de Intoxicação (CCIs) são centros que realizam atendimento de pessoas que sofreram intoxicações agudas e crônicas, de origem acidental, ocupacional ou por suicídio (FONSECA, 1996; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Há cerca de 32 CCIs distribuídos pelo Brasil e são formados por equipes multiprofissionais, como médicos e enfermeiros (RIBEIRO & MELLA, 2007). O Estado do Espírito Santo conta com o Centro de Atendimento Toxicológico (TOXCEN) instalado no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória localizado no município de Vitória (ITHO, 2001).



Segundo Fonseca (1996) no Brasil a participação da enfermagem nos CCIs ainda é pouco representada, ao contrário de outros países aonde o enfermeiro chega ser o principal profissional atuante e especializado.



Para ter uma visão da potencialidade do trabalho da enfermagem nos CCIs, pode-se citar algumas das muitas funções deste profissional no Centro de Controle de Intoxicação da UNICAMP (FONSECA, 1996): presta assistência de enfermagem especializada em toxicologia, realiza visitas aos pacientes internados por intoxicações, realiza visitas a locais em que ocorreram intoxicações, avaliando o risco envolvido e sugerindo mudanças para prevenir novas ocorrências, realizae revisa as fichas de notificação dos pacientes atendidos, administração de reuniões, cursos e palestras referentes à intoxicação em geral e,juntamente com a equipe e outros órgãos, elabora projetos de monitoramento biológico e clínico de trabalhadores expostos a determinados riscos (FONSECA, 1996).



8 INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICO



Os agrotóxicos são considerados agentes tóxicos por apresentarem diferentes graus de toxicidade produzindo uma resposta prejudicial ao organismo (SUCEN, 2000).



A alteração no estado de saúde do individuo por exposição ao agrotóxico vai depender da característica química, toxicidade e quantidade do produto, a concentração ambiental, o tempo e freqüência da exposição, a via de absorção e sensibilidade do organismo exposto (SUCEN, 2000; FUNASA, 2001; BRASIL; 2006).



Em contato com o homem, podem ser absorvidos através da via dérmica, gastrintestinal e respiratória, acarretando diversos sinais e sintomas específicos de intoxicação aguda, subaguda e crônica que poderão se manifestar de forma leve, moderada ou grave (PASSAMAI, 2005; INCA, 2006;RIBEIRO & MELLA, 2007).



8.1 Intoxicação Aguda



Na intoxicação aguda por agrotóxico ocorre o aparecimento de diversos sinais e sintomas (Tabela 5), que se apresentam de forma súbita, alguns minutos ou algumas horas após intensa exposição. Essa exposição pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave (BRASIL, 2006; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Tabela 5 – Classificação do tipo de intoxicação aguda por agrotóxico.



TIPO DE INTOXICAÇÃO AGUDA

QUADRO CLÍNICO



Aguda leve

Cefaléia, irritação, cutâneo-mucosa, dermatite de contato irritativa ou por hipersensibilização, náusea e discreta tontura.



Aguda Moderada

Cefaléia intensa, náusea, vômito, cólicas abdominais, tontura mais intensa, fraqueza generalizada, parestesia, dispnéia, salivação e sudorese aumentada.



Aguda Grave

Miose, hipotensão, arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, edema agudo de pulmão, pneumonite química, convulsões, alterações da consciência, choque, coma, podendo evoluir para óbito.





Fonte: Silva et al (2006).



8.2 Intoxicação subaguda



A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos e tem evolução sintomática lenta. Os sinais costumam ser subjetivos e vagos, como: cefaléia, fraqueza, mal-estar e dores abdominais (RIBEIRO & MELLA, 2007; FILLA & VESTENA, 2008).



8.3 Intoxicação Crônica



Na intoxicação crônica os efeitos na saúde humana têm surgimento tardio (meses ou anos) e surgem no decorrer de repetidas exposições a produtos tóxicos ou múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis. Como resultado, os quadros clínicos são indefinidos, levando a uma maior dificuldade de ser realizar um diagnóstico, de se estabelecer causa e efeito além de ocasionar tratamentos equivocados. (RAMOS & FILHO, 2004; BRASIL, 2006; FILLA & VESTENA, 2008).



A dificuldade de se estabelecer um diagnóstico se torna ainda maior quando analisamos a situação do trabalhador rural brasileiro. Este, freqüentemente se expõe a diversos produtos, por longos períodos, resultando em quadros sintomatológicos combinados, mais ou menos específicos que se confundem com outras doenças comuns em nosso meio (OPAS, 1997; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Tanto RAMOS & FILHO (2004) quanto Brasil (2006) descrevem que intoxicação crônica pode atingir vários órgãos e sistemas e pode ocasionar diversas patologias reversíveis e irreversíveis (Tabela 6).



Tabela 6 – Patologias ocasionadas por intoxicações crônicas de acordo com tipo de exposição ao agrotóxico.



TIPO DE EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO

PATOLOGIAS



Exposição única ou por curto período

Paresia e paralisia reversível, ação neurotôxica retardada irreversível, Pancitopenia e distúrbios neuropsicológicos.



Exposição continuada por longo período

Lesão cerebral irreversível, tumores malignos, atrofia testicular, esterilidade masculina, alterações neurocomportamentais, Neurites periféricas, Dermatites de contato, atrofia de catarata, atrofia de nervo óptico, Lesbes hepáticas, etc.





Fonte: OPAS (1997).



9 NORMAS E medidas PrevenTIVAS e DE Controle DE INTOXICAÇÃO POR agrotóxicos



Para Mendes (2005) e Itho (2002) as causas mais freqüentes das intoxicações agudas são:



- Falta de informações e orientações adequadas sobre os perigos decorrentes do uso dos agrotóxicos.



- Falta de acesso às informações de prevenção.



- A venda e uso não controlado dos produtos altamente tóxicos.



- A ineficiente fiscalização no controle das vendas e utilização dos agrotóxicos.



- O não cumprimento das medidas higiênicas fundamentais como, por exemplo, lavar as mãos e o rosto antes de comer, beber ou fumar.



- Falta do equipamento de proteção individual (EPI).



- Falhas nos equipamentos.



- Condições orgânicas adversas: exposições repetidas; intoxicações subclínicas, deficiência renal; irritação cutânea, insuficiência hepática, anemia, exaustão, alimentação hipoprotéica e desnutrição.



- A atividade perigosa sendo realizada por indivíduos menores de idade.



- Condições climáticas e topográficas desfavoráveis para aplicação do produto.



- Manipulação e/ou aplicação de produtos altamente tóxicos e concentrados sem precauções de segurança.



- Pilotos agrícolas que efetuam as operações de carga e descarga dos aviões e que voam sem respeitarem os requisitos de segurança.



- Contaminação de alimentos por estarem armazenados ou expostos à venda no mesmo local.



- Venda parcelada de agrotóxicos, em embalagens inadequadas.



- Transporte de embalagens de agrotóxicos e de alimentos em um mesmo veículo.



9.1 MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO



A entrada do trabalhador em qualquer entidade que envolva o manuseio de agrotóxico exige que este faça exame médico pré-admissional e se submeta aos exames de saúde periódicos. Em caso de contato com os inseticidas organofosforados, efetuar o exame de dosagem periódica da colinesterase sanguínea no mínimo, semestralmente e dependendo do resultado, o trabalhador deve ser afastado temporariamente ou definitivamente da atividade (LIMA, 2007).



É necessário assegurar que a formulação tóxica contenha embalagem, rótulo e bula ou folheto de acordo com a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989: apresente grau de toxicidade, simbologia de perigo, pictograma (diagrama ilustrado de figura), medidas de proteção necessárias, dosagem estipulada e demais dados de ordem toxicológica (SUCEN, 2000; MENDES, 2005).



Além de o produto conter informações relevantes na embalagem, é imprescindível que o profissional tenha um nível de instrução que o permita ler e compreender as informações sobre a manipulação correta do agrotóxico e medidas de segurança para não ficar suscetível aos riscos de acidentes (RIBEIRO & MELLA, 2007), pois como defendem Filla & Vestena (2008), o nível educacional é um fator socioeconômico importante para a redução de contaminação por agrotóxicos.



Para a segurança, tanto do aplicador como de toda a comunidade, é importante usar os agrotóxicos onde e quando absolutamente necessários, fazer a adequada seleção do produto para praga que se quer controlar e efetuar cálculo correto da mistura a ser aplicada. Não contaminar as águas, os alimentos, nem os utensílios de cozinha e não permitir que animais domésticos, curiosos, pessoas doentes, idosos e gestantes permaneçam nos locais de preparo e aplicação de agrotóxicos. Obedecer à compra de produtos de extrema e altamente perigosos apenas com receita agronômica (SUCEN, 2000; MENDES, 2005,).



Ao manusear o agrotóxico, utilizar corretamente o EPI (Figura 6), conforme estado físico e indicação do produto utilizado: calça e camisa de mangas compridas, avental, capa impermeável, botas, luvas, chapéu impermeável, máscara, óculos protetores e respiradores com filtro adequado.Não aplicar o produto nas horas mais quentes do dia, trabalhar longe do fogo, não aplicar contra o vento e na presença de ventos fortes. Nunca desentupir bicos, orifícios e válvulas dos equipamentos com a boca e nunca tocar o rosto ou qualquer parte da pele com as mãos ou luvas sujas (FUNASA, 2001; GARCIA, 2005; INCA, 2006).



Figura 6 – Trabalhador de controle de vetores com EPI.



Fonte: Os autores.



Em hipótese alguma o aplicador deve comer, fumar e beber durante as aplicações. No caso dos inseticidas OF e carbamatos, a interação de bebida alcoólica com estes compostos pode acarretar em uma queda acentuada no valor da colinesterase sanguínea aumentando o risco de intoxicação aguda (SUCEN, 2000; GARCIA, 2005; INCA, 2006).



Deve-se obedecer a limitação da jornada diária de trabalho: o número das horas diárias trabalhadas com formulações tóxicas deve ser inversamente proporcional ao grau de toxicidade do produto; isto é, quanto mais perigosa a formulação, menos número de horas diárias de possível contato, a fim de evitar que o teor absorvido, mesmo por via cutânea e alcance uma concentração letal no organismo humano (MENDES, 2005).



Após o manuseio do produto, imediatamente retirar as roupas de proteção e tomar banho com água corrente e sabão em pedra (alcalino). Não se esquecer de efetuar a lavagem das roupas de proteção separadamente de outras roupas não contaminadas (GARCIA, 2005; INCA, 2006).



Os agrotóxicos devem ser mantidos unicamente em recipientes fechados. Nunca deixar recipientes ou embalagens com praguicidas em local acessível a crianças ou animais domésticos. Jamais reutilizá-las para armazenar alimentos ou água (Figura 7) e as embalagens vazias4 devem ser encaminhadas aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridas, observando as instruções de rótulos e bula (MENDES, 2005; INCA, 2006).



Figura 7 – Criança bebendo água em embalagem de agrotóxico.



Fonte: Portalms.



É importante salientar, que a maneira mais eficaz de prevenção de acidentes por agrotóxicos seria reduzir, ou até mesmo, eliminar o uso destes compostos. Uma alternativa seria a utilização de produtos menos tóxicos ou a adoção de métodos alternativos não químicos que geram menor impacto negativo para a saúde e o meio ambiente (DOMINGUES et al, 2004; GARCIA, 2005).



9.2 normas e MEDIDAS para Prevenção dos Acidentes nas Indústrias DE AGROTÓXICOS



Segundo Mendes (2005) as medidas preventivas nas indústrias de agrotóxicos são as seguintes:



- Conscientizar os diretores das firmas e os coordenadores dos serviços para os problemas toxicológicos dos agrotóxicos e a importância da adoção das medidas e normas de segurança, como o uso do EPI.



- Facilitar o banho diárioe que as roupas sejam trocadas e lavadas diariamente.



- Estimular as reuniões freqüentes das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAS), formadas pelos próprios operários.



- Manter atendimento de profissionais de saúde em instalação adequada para as medidas de primeiros socorros em caso de acidentes.



- Estabelecer contato com hospital mais próximo para atendimento rápido nos casos de acidente.



9.3 normas e MEDIDAS para Prevenção dos Acidentes nas Lavouras, na saúde pública e nas firmas DE CONTROLE DE PRAGAS



É importante conscientizar os agropecuários, o pessoal das cooperativas agrícolas, os gestores públicos e os empresários do ramo de controle de pragas para os problemas toxicológicos dos agrotóxicos, da necessidade de manter instalações adequadas para atendimento de pronto-socorro e contato facilitado com o centro de intoxicação da localidade e hospital mais próximo (MENDES, 2005).



Mendes (2005) lembra ainda, que na agricultura deve-se observar rigorosamente o período de segurança para reentrada de agrotóxico nas culturas tratadas, usar o produto recomendado na dosagem indicada, durante a aplicação não respirar os pós, vapores ou névoas; não pulverizar contra o vento e nem ao lado de outros pulverizadores.



No controle de vetores, as aplicações de agrotóxico, com bomba motorizada, devem ser cessadas quando a viatura estiver parada no trânsito, próximo aos estabelecimentos de comércio de gênero alimentícios, estação de tratamento de água, prontos-socorros, hospitais, asilos, creches, locais de grande aglomeração de pessoas ou sempre que a velocidade da viatura for menor que o limite estabelecido (SUCEN, 2000; FUNASA 2001).



Obedecer às precauções na preparação do produto: abrir com cuidado e não furar as embalagens para retirar o produto. Se o produto estiver sem rótulo, não cheirar o produto e nem provar. Preparar o produto em locais isolados, bem iluminados, frescos e ventilados, de preferência ao ar livre (GARCIA, 2005).



Obedecer às precauções na aplicação do produto: a aplicação de agrotóxico deve ser realizada apenas por pessoas capacitadas e treinadas. Comunicar sempre, à pessoa responsável pelo local tratado, o tipo de agrotóxico em uso e as precauções que devem ser adotadas em relação ao mesmo (SUCEN, 2000).



Atentar para os equipamentos de aplicação (Figura 8): antes de iniciar o trabalho, verificar as condições dos equipamentos. Não utilizar equipamentos com defeitos, em mau estado de funcionamento. Na manutenção dos aparelhos de aplicação, torna-se necessário proceder a lavagem rotineira dos mesmos (SUCEN, 2000; GARCIA, 2005).



Figura 8 – Equipamentos de aplicação de agrotóxicos.



Fonte: Os autores.



Obedecer às precauções após a aplicação: o operador e outras pessoas não devem circular por áreas já tratadas. Para embalagens de formulações líquidas, imediatamente após o esvaziamento, deverão ser mantidas voltadas para baixo, sobre a abertura do tanque do pulverizador ou sobre o vasilhame que está sendo utilizado para o preparo da calda até o esgotamento do produto da embalagem. Realizar a lavagem tríplice[3]. Eventuais restos dos produtos devem ser recolhidos e o local de preparação e manuseio de agrotóxicos, materiais e EPI devem ser rigorosamente limpos após cada jornada de trabalho (SUCEN, 2000; FUNASA, 2001).



10 Medidas Gerais de PRONTO-SOCORRO



A qualidade e rapidez do atendimento de pronto socorro são determinantes na recuperação de um trabalhador intoxicado por agrotóxico. Para isso, o profissional de saúde, incluído o enfermeiro, deve estar atento para identificar uma intoxicação por esses compostos, seus efeitos nocivos à saúde humana e antídotos, indagar sobre a existência de outras enfermidades não relacionadas com os agrotóxicos e realizar um histórico ocupacional e ambiental com todos os pacientes que apresentem sinais e sintomas sugestivos (SUCEN, 2000; MENDES, 2005; BRASIL, 2006; INCA, 2006).



10.1 PRIMEIROS SOCORROS



O enfermeiro do trabalho tem, como uma das atribuições na saúde ocupacional, prestar os primeiros socorros no local de trabalho e providenciar sucessivo atendimento hospitalar. Para tanto, é imprescindível que esse profissional esteja treinado e utilize equipamentos de proteção apropriados para evitar contato com as roupas contaminadas e com vômito do paciente (CARVALHO, 2001; DOMINGUES et al, 2004)



Caso ocorra acidente é preciso avaliar a vítima para determinar se está consciente, contar com ajuda de outras pessoas e afastar curiosos. Se o intoxicado estiver consciente, acalmá-lo retirando-o para um local fresco e arejado. Se estiver em choque (pálido e com pulso rápido e fraco), afrouxar toda a roupa que estiver apertada e elevar as pernas mais alto que o corpo. Se a vítima apresentar calafrios, envolver o corpo com cobertores e se estiver vomitando, deixá-la sentada ou em decúbito lateral, para evitar a ingestão do vomito (SUCEN, 2000).



Se a vítima estiver inconsciente, não respirando, o pulso não sentido e não apresentando batimentos cardíacos, retirar, se for o caso, dentadura, alimentos, excesso de saliva ou qualquer obstrução mecânica da boca da vítima e não dar nenhum líquido para beber e jamais provocar vomito. Nesse caso, realizar imediatamente reanimação cardiopulmonar (RCP), seguindo o protocolo ABC (em inglês: airway, breathing e circulation): abertura da via respiratória, restabelecimento da respiração e em seguida, restabelecimento da circulação. (SUCEN, 2000; ARCHER et al, 2005).



10.2 Remoção do Agente Tóxico



Em caso de intoxicação dérmica e o paciente estiver consciente, retirar imediatamente o paciente do local onde ocorreu o acidente, retirar toda a roupa contaminada, tomar banho com água corrente, sabão e xampu, para remover o produto da pele e cabelos. Se os olhos foram atingido, lavá-los com água corrente abundante por cerca de 10 a 15 minutos e vestir roupas limpas. Não se deve esquecer que as roupas removidas devem ser adequadamente lavadas, enquanto vestuário de couro como calçados, devem ser descartados (DOMINGUES, et al, 2004; MENDES, 2005; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Segundo SUCEN (2000) e Mendes (2005) caso ocorra à ingestão de agrotóxico, impedir ou retardar a absorção dos componentes tóxicos pelo organismo. Se o paciente estiver consciente, fazer com que enxágüe a boca com bastante água, mas nunca fazê-lo beber água, bebida alcoólica e nem leite (o leite tende a promover a absorção de produtos lipossolúveis pelo organismo).



Pode-se realizar indução de vômito e lavagem gástrica se a vítima estive plenamente consciente, o acidente ter ocorrido menos de uma hora da ingestão do agrotóxico e houver indicação no rótulo, bula ou folheto explicativo do produto toxicante. O vômito pode ser provocado com a introdução do dedo na garganta, ou pela ingestão de medicamento emético[4]. Porém, é preciso ressaltar que embora o xarope de ipeca seja utilizado como emético desde 1950, não é mais recomendado nessa conjuntura. Em caso de dúvida, não provocar vômito, pois além da eficácia e utilidade relativamente pequenas, a relação risco/benefício é bastante elevada e até inaceitável em determinadas circunstâncias (SUCEN, 2000; DOMINGUES et al, 2004).



SUCEN (2000) atenta que nunca se deve provocar vômito em pacientes inconscientes, quando ingeriu um produto cáustico, de forte reação ácida ou alcalinidade, bem como produtos cujo solvente seja um derivado de petróleo porque tendem afetar as mucosas.



A lavagem gástrica é preferível à indução do vômito e deve ser executada nos primeiros 60 minutos após a ingestão dos produtos tóxicos. Entretanto, esse procedimento não deve ser usado como método de rotina em intoxicação (DOMINGUES et al, 2004)



Também pode-se provocar evacuação por meio de laxativos, entretanto, não administrar laxantes oleosos vegetais nos casos deintoxicações por organofosforados, carbamatos, arsenicais, paraquat e diquat (SUCEN, 2000).



Seguindo a descontaminação gastrintestinal, poderá ser administrado carvão ativado[5] na quantidade de 25 a 100 gramas para cada quilo de massa corpórea para adultos com função absorvente do agrotóxico (ITHO, 2002; DOMINGUES et al, 2004).



Se a vítima sofreu intoxicação pelo nariz, colocá-la deitada confortavelmente em local onde exista ar fresco e boa ventilação. Não há necessidade de provocar vômito (SUCEN, 2000).



10.3 Cuidados comPLEMENTARES



Subseqüentemente a ocorrência de uma suspeita de intoxicação ou nos casos em que as medidas de socorros tenham sido tomadas, o paciente deve ser encaminhado à rede de saúde para receber cuidados complementares, pois, intoxicações por certos agrotóxicos podem apresentar efeitos retardados ou levar novamente a um quadro de crise aguda algumas horas depois de contornada a primeira crise (SUCEN, 2000; FUNASA, 2001; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Também se pode recorrer aos Centros de Controle de Intoxicação (CCIs) vinculados ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). Esses CCIs podem ser consultados a qualquer hora, por telefone, indicado no rótulo, caixa ou folheto do produto (SUCEN, 2000).



Antes de iniciar o tratamento, a equipe de saúde, com inclusão do enfermeiro que, diversas vezes, é o primeiro contato do paciente na instituição de saúde, deve procurar determinar quais os tóxicos responsáveis pela intoxicação, sendo então, importante levar o rótulo ou embalagem do produto para a identificação e assim, evitar tratamentos desnecessários (SUCEN, 2000; MENDES, 2005).



Segundo Domingues et al (2004) e Mendes (2005) é importante examinar a boca, língua e a garganta para verificar se houve irritação, assegurar que as vias aéreas estão desobstruídas e observar se a respiração espontânea é adequada. Em caso do paciente apresentar depressão respiratória, embotamento ou alterações neurológicas, realizar imediatamente respiração artificial e oxigenoterapia.



A oxigenoterapia é contra-indicada nas intoxicações por paraquat e diquat, por favorecer o desenvolvimento de processos tóxicos que resultam na proliferação rápida de fibroblastos na luz dos alvéolos pulmonares. Entretanto, é necessária sua aplicação antes da administração de atropina no caso de intoxicação por organofosforados e carbamatos (DOMINGUES et al, 2004).



Em geral, os tóxicos são eliminados em grande parte por via renal; por este motivo é necessário assegurar um fluxo urinário abundante, de cerca de oito litros por dia. Isto pode ser conseguido pela administração de manitol a 20% por via intravenosa lenta, utilizando-se cerca de 500ml em 24 horas. O manitol a 20% pode se adicionado a solução glicosada para administração gota a gota na veia, a fim de manter o fluxo urinário no nível desejado (MENDES, 2005).



11 INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS



11.1 HISTÓRICO



Hoje, historicamente, postula-se que os agrotóxicos OF tenham surgido na década de 40, mas os principais representantes desta classe foram introduzidos na década de 60 e 80 e em 1999 representavam 40% do mercado mundial de agrotóxicos (SANTOS et al, 2007).



A aplicação industrial e comercial de compostos OF na agricultura começou com Gerhard Schrader e seus colaboradores. A equipe sintetizou aproximadamente 2.000 compostos e definiu as exigências estruturais para atividade inseticida e, conforme se soube posteriormente, para a atividade anti-ChE. Descobriram, em 1941, o inseticida ostametilpirofosforamida que foi chamado de Scharadan (GILMAN et al, 2003).



Depois desse, um grande número de inseticidas ésteres organofosforados também foram descobertos, incluindo o primeiro com práticas inseticidas chamado de Bladan, que continha tetraetilpirofosfato, ou TEEP, preparado na Alemanha em 1944. Na verdade, a síntese dos TEEP foi realizada pela primeira vez por Moschine, e então por De Clemont em 1854 e por vários outros autores, incluindo Nilén em 1930 (GILMAN et al, 2003; SANTOS et al, 2007).



O grande avanço dos inseticidas organofosforados na agricultura e de seu conhecimento científico na relação estrutura-atividade deu-se pela descoberta do composto parathion (um fosforotioato) por Gerhard Schrader em 1952, um dos compostos da série inicial que se tornou mais tarde o inseticida mais amplamente utilizado e usado até hoje. Apesar de sua toxidez relativa, outros inseticidas menos tóxicos tinham sido desenvolvidos com poucas modificações estruturais; por exemplo, clorthion, fenthion e fenitrothion. Foram desenvolvidos outros compostos importantes com toxicidade ainda baixa, como é o caso do malation (GILMAN et al, 2003; SANTOS et al, 2007).



É preciso destacar, que o grupo Shrader tinha como objetivo desenvolver OF para o combate a pragas, porém, os OF acabaram sendo usados durante a 2º Guerra Mundial contra adversários e ficaram conhecidos como "gases dos nervos" (RAMOS & FILHO, 2004).



Visando a menor toxidez, é crescente o número de pesquisas buscando a obtenção de novos agentes pesticidas, que sejam cada vez inibidores mais fracos da acetilcolinesterase (AChE) para mamíferos, como é o caso de fosforamidatos sintetizados por Hudson, em 1995 (SANTOS et al, 2007).



11.2 CONCEITOS DOS ORGANOFOSFORADOS



Segundo Larini (1997) e Santos et al (2007) e são ésteres ou tióis derivados de ácidos fosfóricos, ditionofosfóricos, tionofosfórico, pirofosfórico ou ditionopirofosfórico e possuem a estrutura química conforme a Figura 9. Os radicais R1 e R2 são grupos arilas ou alquilas que são ligados diretamente ao átomo de fósforo, formando fosfinatos, ou através de um átomo de oxigênio ou de enxofre, formando fosfatos e fosforotioatos. Em outros casos, R1 está diretamente ligado ao átomo de fósforo e R2 está ligado por um átomo de oxigênio ou de enxofre, formando fosfonatos ou tiofosfonatos.



Os átomos que podem formar ligação dupla com o fósforo podem ser oxigênio, enxofre ou selênio e o grupo L pode pertencer a uma variedade de grupos, tais como halogênios, alquila, arila ou heterocíclicos. O grupo –L, ligado através de um oxigênio ou átomo de enxofre ligado ao átomo de fósforo, é chamado de grupo de saída, que é liberado pelo átomo de fósforo quando o mesmo é hidrolisado pela fosfotriesterase (PTE), ou pela interação com o sítio da AChE (LARINI, 1997; SANTOS et al, 2007).



X= O,S e Se



R1; R2= alquil, SR,OR ou NHR



L= halogênios; alquil ou heterocíclicos





Figura 9: Representação da Estrutura química básica do inseticida organofosforado.



Fonte: Adaptado de Santos et al (2007).



Os principais motivos do amplo uso dos compostos OF, como inseticidas no controle de insetos, são devido a sua forte atividade biológica acoplada com sua baixa estabilidade na biosfera (possui uma meia-vida em plantas da ordem de 2 até 10 dias), ao baixo custo, à síntese fácil, baixa toxidez para muitos organismos tratados e acumulação limitada em organismos vivos, sendo que 80 a 90% dos compostos são eliminados após 48 h do contato (SANTOS et al, 2007).



Atuam como inseticidas e acaricidas. Podem ser absorvidos pelas vias oral, respiratória e dérmica. Tem uso amplo na agricultura e os compostos pouco tóxicos são permitidos em formulações de inseticidas para uso doméstico (MENDES, 2005).



Os inseticidas OF fazem competição com a ACh inibindo a AChE, aumentando assim, a concentração de ACh nas sinapses. Essa alta concentração de ACh ocasiona no mamífero, principalmente, lagrimejamento, salivação, sudorese, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios decorrentes de broncoconstrição, aumento das secreções brônquicas e bradicardia, depressão do sistema nervoso central, sendo as principais causas de morbidade e mortalidade por uso do produto (CAVALIERE et al, 1996; FUNASA, 2001)



11.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ORGANOFOSFORADOS



11.3.1 Quanto à toxidade



Conforme Possamai (2005), quanto a sua a toxicidade aguda, os OF possui a seguinte classificação (Tabela 7):



Tabela 7 – Classificação toxicológica dos organofosforados.



CLASSE

TOXICIDADE DO ORGANOFOSFORADO



Classe IA

Extremamente perigosos



Classe IB

altamente perigosos



Classe II

Moderadamente perigosos



Classe III

pouco perigosos





Fonte: Possamai (2005).



11.3.2 Quanto à estrutura química



11.3.2.1 Fosforados



São derivados de ácido fosfórico ou ácido pirofosfórico. Seus Representantes são (LARINI, 1997): paraoxon etílico e TEPP (Tetraetilpirofosfato).



11.3.2.2 Tiofosforados



11.3.2.2.1 Monotiofosforados



São derivados do ácido tionofosfórico. Seus representantes são: paration etílico, paration metílico, sumition, fention e diazinon (LARINI, 1997).



11.3.2.2.2 Ditiofosforados



São derivados do ácido ditionofosfórico. Seus representantes são: dimetoato, formotion, malation, ekatin, disyston e gusation (LARINI, 1997).



11.3.2.2.3 Clorofosforados



Seus representantes são: DDVP, dipterex, trition, bromophos e fenclorfós (LARINI, 1997).



12 INSETICIDAS Malation



12.1 IDENTIFICAÇÃO DO MALATION



O malation (0,0-dimetil S1-2-di (etoxicarbonil) etilfosfoditioato) é um inseticida tóxico pertencente à classe dos organofosforados (MELO et al, 1985), os quais, segundo Larini (1997) e Santos et al (2007): são ésteres derivados de ácidos ditionofosfórico. No caso da estrutura química do malation, há dois radicais que são grupos alquilas (duas metilas) ligados diretamente ao átomo de oxigênio e estes por sua vez, estão ligados a um átomo fósforo formando fosfatos. O grupo fosforamidato faz ligação dupla com um átomo de enxofre, o qual é liberado pelo átomo de fósforo quando o mesmo é hidrolisado pela fosfotriesterase (PTE) ou quando faz interação com o sítio da proteína (AChE). Finalmente, um grupo heterocíclico completa a ligação com o fósforo, formando a unidade química do malation (Figura 10).



Figura 10 - Representação estrutural do malation.



Fonte: Adaptado de Santos (2007).



12.2 pROPRIEDADES e apresentação do produto Malation



O malation, Malathion (Figura 11), Malatox, Malaton, MLT, nomes comuns e comerciais do inseticida, apresenta-se líquido e de cor amarelada quando puro e quando o produto técnico apresenta 95% a 98% da substância ativa, o líquido apresenta-se marrom escuro com forte odor. Sua solubilidade na água é pequena (145 ppm a 20-25 ºC) e solúvel na maioria dos solventes orgânicos, tal como álcool, éter, cetona, hidrocarbonatos aromáticos e óleos vegetais.Sua decomposição é fácil em meio alcalino e em meio ácido. A sua taxa de hidrólise (meia-vida) em pH 7,4, numa temperatura de 37,5 C, é aproximadamente 32 horas. Um dos grandes problemas de armazenamento do malation é que ele sofre decomposição quando armazenado em condições inadequadas (PROFETA, 1983; LARINI,1997; POSSAMAI, 2005).



Figura 11 – Malathion 500 CE, exemplo de marca registrada do malation.



Fonte: Pikapau.





Segundo Melo et al, (1985) e Possamai (2005), o inseticida malation é comercializado sob formas diversas: líquidos, oleosos, viscosos, pouco densos, pó seco, pó molhado, concentrado emulsionável e U.B.V. (Ultra baixo volume) de cor ou incolores, com odor variado, principalmente, odor de gambá; são empregados em variados tipos de formulações e concentrações e centenas de marcas registradas (APÊNDICE A).



12.3 farmacologia do Malation



12.3.1 Mecanismo e transmissão do impulso nervoso



A transmissão sináptica química exige várias etapas e a presença da acetilcolina (ACh) que é responsável pela neurotransmissão nas fibras pré-ganglionares simpáticas e parassimpáticas, nas pós-ganglionares parassimpáticas e na placa mioneural (ITHO, 2002; LUNDY-EKMAN, 2004).



Segundo Itho (2002) e Lundy-Ekman (2004) é necessário que a ACh seja sintetizada no neurônio a partir da acetilcoenzima A e da colina, armazenada, liberada do neurônio terminal e difundida através da fenda sináptica, ligando-se a um receptor pós-sináptico, transmitindo assim, o impulso nervoso (Figura 12).



Reabsorção de colina





Liberação de ACh





Fluxo



de íons





AChE





ACh





Receptor ACh





Figura 12 – Representação da transmissão sináptica.



Fonte: Os autores.



Para cessar a estimulação e restabelecer a sensibilidade do receptor a ACh precisa ser inativada continuamente e quem faz esse papel é AChE. Na superfície da AChE existe um centro ativo, que permite uma interação enzima-substrato, para inativação (inativação por hidrólise) de ACh, com formação de colina e ácido acético (LARINI, 1997; ITHO, 2002).



Em suma, a ACh liga-se a receptores na membrana pós-sináptica, permitindo íons fluir para dentro dela e a ACh é rompida pela AChE. Finalmente, colina é reutilizada pela célula pré-sináptica para produzir nova ACh (ITHO, 2002).



12.3.2 Mecanismo colinérgico do malation



O malation, como todos os compostos organofosforados, é uma substância colinérgica indireta, ou seja, é inibidora da AChE presente nas hemácias, nervos, sinapses e músculos esqueléticos e da AChE presente no fígado e no plasma (RODRÍGUES et al, 2003; POSSAMAI, 2005; RIBEIRO & MELLA, 2007).



No organismo do mamífero, ocorre a inibição da AChE (Figura 13) pela presença do tóxico em seu sítio ativo, a tornando incapaz de exercer desnaturação da ACh, ou seja, a AChE fosforizada não promove o desdobramento da ACh em colina e ácido acético e como conseqüência, ocorre o acúmulo de ACh no sítio colinérgico (LARINI, 1997; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Acúmulo de ACh









Inativação da AChE





Malation



(inibidor de AChE)





ACh





Figura 13 – Representação da inibição da AChE.



Fonte: Os autores.



A inibição da AChE é mais ou menos irreversível, com ligação frouxa inicial entre o OF e o sítio ativo da AChE, tornando-se, com o tempo, ligação cada vez mais forte (PROFETA, 1983; SANTOS et al, 2007). Há atuação de acetilcolina em excesso até que a atividade tissular e do sangue das colinesterases seja restabelecida por reversão medicamentosa ou regeneração de novas enzimas A regeneração é um processo lento, a AChE plasmática pode permanecer por um mês e das hemácias por cerca de dois meses, permanecendo o paciente com atividade reduzida de colinesterase, sendo, portanto, suscetível a novas exposições (PROFETA, 1983; RIBEIRO & MELO, 2007).



Desta forma, ocorre estímulo e depois depressão da transmissão, tanto parassimpática quanto pré-ganglionar, e dos tratos colinérgicos centrais, bem como das poucas transmissões colinérgicas pós-ganglionares. Com a atuação sobre as placas neuromusculares há síndrome nicotínica, e, sobre o sistema nervoso central, a síndrome neurológica (RAMOS & FILHO, 2004; POSSAMAI, 2005).



Outros efeitos podem ocorrem: desde efeito tóxico direto, como pneumonite química à alteração do metabolismo enzimático, principalmente quanto a metabolismo independem da oxidação a agentes ativos, malaoxon e paraoxon. Deve-se considerar que podem potencializar efeitos tóxicos de outras substâncias e há registro de casos, em número significativo, em que ocorrem distúrbios da coagulação (PROFETA, 1983).



12.4 MECANISMO TOXICOLÓGICO DO MALATION



De acordo com Possamai (2005) o malation, conforme a classificação da toxicidade dos organofosforados, é um inseticida de uso agrotóxico, domiciliar e sanitário da classe III (medianamente tóxico).



Quanto à dose letal do malation, para um homem adulto foram encontrados diferentes valores entre diversos autores, por exemplo, Rodriguez et al (2003) sugere 24 mg/Kg, Itho (2002) descreve 100 mg/Kg e Melo et al (1985) defende dose letal de 1.375 mg/ Kg.



De qualquer forma, quando armazenado de forma inadequada sofre biotransformação por processo enzimático, onde um átomo de enxofre é substituído por oxigênio e metaboliza compostos de elevada toxicidade, entre eles, o malaoxon e isomalation (Tabela 8). O malaoxon apresenta uma atividade anticolinesterásica superior à do malation enquanto que o isomalation, além de apresentar uma ligação P=O que condiciona uma maior inibição da AChE, é um efetivo inibidor da carboxiesterase provocando uma diminuição prejudicial da hidrólise do malation no organismo humano (PROFETA, 1983; LARINI, 1997; FUNASA, 2001; POSSAMAI, 2005).



Tabela 8 – Toxicidade aguda oral do malation e de suas impurezas.



NOME E ESTRUTURA QUÍMICA

DL50 ORAL RATOS (mg.kg-1)



Malation (quimicamente puro)



C2H5OC(O)CH{SP(S)(OCH3)2}CH2C(O)OC2H5

10.700



Malation técnico

1.000-2.000



Malaoxon



C2H5OC(O)CH{SP(O)(OCH3)2}CH2C(O)OC2H5

158



Isomalation



C2H5OC(O)CH{SP(O)(OCH3)}CH2C(O)OC2H5

113



0,0,S-Trimetilfosforaditioato



(CH3O)2P(S)SCH3

638



0,S,S-Trimetilfosforoditioato



(CH3O)2P(O)OCH3

26



0,S,S-Trimetilfosforoditioato



(CH3O)2P(O)SCH3

60





Fonte: Larini (1997).



O malation, devido sua lipossolubilidade é bem absorvido pela via digestiva, respiratória, dérmica e outras vias (ITHO, 2002; RAMOS & FILHO, 2004). No composto, o solvente orgânico intensifica a absorção, e sua toxicidade está relacionada à formação de radicais livres5, ou seja, a transformação da ligação P=S (tion) em P=O (oxon) através de enzimas oxidases e citocromo P-450. Condiciona, portanto, numa maior inibição da colinesterase, provocando uma diminuição prejudicial da hidrólise do malation no organismo humano e, como conseqüência, um aumento acentuado da toxicidade do composto (POSSAMAI, 2005; DELGADO, 2006).



A absorção por via oral ocorre nas intoxicações agudas acidentais e nas tentativas por suicídio, que já registraram casos fatais. A via dérmica é a via mais comum de intoxicações ocupacionais, seguidas da via respiratória, segundo Possamai (2005).



Ocorre a distribuição do malation no corpo humano em diversos tecidos e fluidos corporais, atingindo concentrações maiores em fígado e rins. Além disso, o malation é altamente lipofílico, depositando-se por mais tempo no tecido adiposo, sendo liberado gradualmente durante vários dias após exposição. Somente uma pequena fração é absorvida pelos tecidos. O tempo de exposição é um fator determinante na absorção do malation nos tecidos biológicos (ITHO, 2002; POSSAMAI, 2005).



A eliminação do malation, nos seres humanos, ocorre principalmente por via urinária, tanto os metabólitos ativos quanto os inativos.Uma menor quantidade é eliminadanas fezes e no ar expirado. A excreção máxima ocorre em dois dias (ITHO, 2002).



Há vários fatores influem na toxicidade do malation: concentração do produto, dose, tempo e via de exposição; condições prévias de saúde do paciente (algumas doenças alteram níveis de AChE), idade (recém-nascidos e grávidas tem baixa atividade colinesterásica) desnutrição, déficit protéico eleva risco na intoxicação, etc (POSSAMAI, 2005; FARIA et al, 2007).



Com relação à duração da intoxicação, pode ser prolongada, havendo registros de casos de até 3 semanas (NAMBA6, 1970 apud PROFETA, 1983).



12.5 Manifestações Clínicas por exposição ao Malation



As manifestações clínicas por exposição ao malation dependerão de numerosos fatores, tais como: a dose ingerida, tipo de exposição (Tabela 9), as características do produto consumido, a conduta terapêutica, do tipo intoxicação, duração, tempoeda via de exposição ao produto. As manifestações clínicas podem surgir em 1 a 2 horas da exposição e podem ser retardados em 12 até 24 horas. Nos pacientes que ingeriram grandes quantidades de produto, as manifestações podem iniciar em poucos minutos (PROFETA, 1983; PÓVOA et al, 1997; ITHO, 2002).



Tabela 9 – Correlação entre a gravidade e quadro clínico das intoxicações por inibidores da colinesterase.



GRAVIDADE

QUADRO CLÍNICO



Exposição rápida

Sem sinais ou sintomas.



Intoxicação Leve

Náuseas, fadiga, mal-estar, miose, sialorréia discreta, deambulação normal, fraqueza muscular mínima, cólicas abdominais sem diarréia.



Intoxicação Moderada

Salivação, lacrimejamento, miose, broncorréia, broncoespasmo; bradicardia, vômitos, sudorese, fraqueza, não deambula, fasciculações, confusão, letargia, ansiedade.



Intoxicação Grave

Agravamento do quadro descrito na intoxicação moderada; insuficiência respiratória, pupilas puntiformes, arritmias cardíacas, paralisias, coma e convulsões.





Fonte: Itho (2002).



Sintomas que surgem após 24 horas de exposição devem alertar para a possibilidade de presença de outro tóxico atuando, ou de intercorrência clínica, mas e devemos ressaltar que algumas manifestações do SNC podem ser tardias, bem como pode haver recorrência dos sinais e sintomas após recuperação inicial (PROFETA, 1983).



As manifestações clínicas da intoxicação aguda são os resultados da hiperestimulação colinérgica nos receptores em que a ACh atua (periféricos ou no SNC) podendo os sinais e sintomas se manifestar conforme os locais afetados (ITHO, 2002).



De acordo com Profeta (1983), Póvoa et al (1997) e Itho (2002), os pacientes intoxicados por inibidores da colinesterase apresentam, inicialmente, manifestações muscarínicas. Após o acúmulo da acetilcolina nas terminações nervosas, ocorrem manifestações clínicas secundárias com efeitos nicotínicos e do SNC.Essas manifestações indicam gravidade.



12.5.1 Síndrome colinérgica, muscarínica ou parassimpaticomimética



Como já mencionado, os pacientes intoxicados inicialmente apresenta manifestações muscarínicas, que são os primeiros sintomas de intoxicação que incluem: miose, sialorréia, vômito e diarréia (MENDES, 1995; ITHO, 2002; RODRÍGUEZ et al, 2003).



Além desses primeiros sintomas, Povoa et al (1997) e Mendes (2005) descrevem outros efeitos muscarínicos que compreendem: visão borrada, tosse, anorexia, náuseas, dores abdominais, aumento da amplitude das contrações e do peristaltismo gastrintestinal, aumento da secreção das glândulas exócrinas com sudorese excessiva e lacrimejamento. Há distúrbios respiratórios com dispnéia, cianose e acúmulo de secreções brônquicas (as secreções brônquicas podem ser tão abundantes de modo a levar, clinicamente, à confusão com edema pulmonar).



A miose, que pode ser observada algumas horas após uma midríase inicial, é um dos sinais mais importante e relativamente comum em uma intoxicação por malation (PÓVOA et al, 1997).



12.5.2 Síndrome nicotínica



Os efeitos nicotínicos (simpático e motor) são expressos por tremores de língua, olhos e pálpebras, cãibras, paralisia e fraquezas musculares (LARINI, 1997; ITHO, 2002).



12.5.3 Efeitos no SNC



As manifestações do sistema nervoso central incluem: cefaléia, tontura, tremores, ataxia, distúrbios da palavra, sonolência, disartria, fraqueza generalizada, respiração de Cheyne Stokes, depressão do centro respiratório e do vasomotor, manifestações extrapiramidais (tremores involuntários, marcha atáxica e incoordenação dos movimentos), rigidez de nuca, opistótono, febre central, convulsões tônico-clônica e coma (PROFETA, 1983; LARINI, 1997; POVOA et al, 1997; ITHO, 2002).



As manifestações no sistema circulatório mais citadas na literatura compreendem principalmente: pulso diminuído, bradicardia, bloqueio auriculoventricular e parada cardíaca (LARINI, 1997).



A intoxicação por organofosforado pode ainda levar à morte, usualmente por insuficiência respiratória resultante de fraqueza muscular e depressão respiratória no SNC, agravados por broncoconstrição e excessiva secreção brônquica. Entretanto, a morte, na maioria dos casos, é por falta de diagnóstico correto, tratamento correto ou quando correto, aplicado tardia ou insuficientemente (PROFETA, 1983; PASSAMAI, 2005).



12.5.4 Manifestações tardias



Segundo Itho (2002) as manifestações tardias são sequelasneurocomportamentais, cognitivos e funcionais neuromusculares de intoxicação aguda caracterizadas por: ansiedade, inquietação, insônia, cefaléia, instabilidade emocional, neurose, irritabilidade, confusão mental, depressão, dificuldade de concentração, da fala e julgamento, déficit de memória, depressão, fraqueza muscular, fadiga, anorexia, distúrbios visuais, alterações eletroencefalográficas, câimbras dolorosas nos membros inferiores, parestesias e dificuldade locomotora.



12.5.5 Efeito cancerígeno do malation



Os efeitos tóxicos imediatos do malation são bem definidos, porém, quando é abordado o efeito cancerígeno dessa substância ainda há controvérsias, pois o câncer é uma doença que em geral, demanda longo tempo entre a exposição ao agente cancerígeno e o início dos sintomas clínicos. Estabelecer o nexo causal entre a exposição aos agrotóxicos potencialmente cancerígenos e o desenvolvimento de câncer nem sempre é possível e, em muitos casos, a doença instalada pode simplesmente não ser relacionada ao agente causador no momento do diagnóstico (KUMAR et al, 2004; INCA, 2006).



Contudo, segundo Rodríguez et al (2003) estudos realizados pela National Câncer Institute (NCL) dos Estados Unidos, demonstraram respostas cancerígenas positivas pelos compostos OF.



A exposição ao malation pode ser considerada como uma das condições potencialmente associadas ao desenvolvimento do câncer, por sua possível capacidade de alterar o DNA de uma célula e de estimular a célula alterada a se dividir de forma desorganizada (INCA, 2006).Essa potencial capacidade de alterações mutagênicas e genotóxicas do malation foram pesquisadas por alguns estudiosos em ratos de laboratórios, como por exemplo, Arevaloet al (1987). Eles verificaram que houve malformação congênita à administração do inseticida malation e Rodríguez et al (2003) observaram que o malationcausou alterações sobre as células do epitélio do duodeno de ratos machos adultos, inclusivedistorções no DNA, interferindo no processo de replicação e reparação.



12.5.6 Imunotoxicidade do malation



O malation está relacionado com efeitos imunossupressores em diversos níveis. Pode causar interferências fisiológicas e patológicas, no estado nutricional, função hormonal, metabolismo hepático e de outros mecanismos imunorregulatórios. Pode atuar diretamente ou indiretamente sobre células linfóides, no metabolismo das imunoglobulinas, células T, macrófagos e na biossíntese macromolecular (POSSAMAI, 2005).



12.5.7 Neuropatia Tardiados Organofosforados (NTOF)



Por ser um OF, é importante descrever que o malation também pode causarneuropatia tardia que é uma condição clínica incomum de intoxicações agudas, seguindo-se a fase de hiperestimulação colinérgica. Pode produzir um axonopatia distal de inicio tardio acometendo tanto o SNP como o SNC. O quadro clínico é caracterizado por déficit motor distal nos membros inferiores associado a sintomas sensitivos. (VASCONCELLOS et al, 2002; RAMOS & FILHO, 2004).



12.5.8 Outras Patologias associadas ao uso do malation



De acordo com Povoa et al (1997), a Arteriosclerose, Parkinson, Alzheimer, malformações congênitas, infertilidade e esterilidade são patologias potencialmente associadas à intoxicação crônica por inseticida malation.



Na tentativa de atestar a capacidade de malformação congênitas do malation, Arevalo et al (1987) analisou o número de malformações congênitas dos recém nascidos e natimortos dos partos registrados no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Dr. Gustavo Fricke de Viña Del Mar no Chile em um período cuja concepção e embriogenese ocorreram durante a aplicação de malation, no controle de vetores, na cidade de Viña Del Mar. O estudo revelou uma alta porcentagem de malformações congênitas e natimortos.



12.6 Diagnósticos e testes laboratoriais de INTOXICAÇÃO



O diagnóstico das intoxicações por inseticida OF é uma forma prevenção que se faz por meio da história de exposição, sinais e sintomas característicos e por monitoramento laboratorial do nível de AChE noplasma, nas hemácias ou sangue total, sendo considerado como valor de referência a atividade pré-ocupacional ou quando esse valor foi anteriormente estabelecido (OPAS, 1997; GILMAN et al, 2003).



Mas é preciso registrar que no Brasil há um despreparo dos profissionais da saúde em relação ao diagnóstico dos efeitos danosos e doenças ocupacionais, inclusive de intoxicação, que dificultam a fidelidade dos casos estatísticos impedindo a ação preventiva de forma mais eficaz (KAWAMOTO et al, 1995).



INCA (2006) e Itho (2002) defendem que para o profissional de saúde estabelecer um diagnóstico correto de intoxicação deve estar atento para aos sinais e sintomas sugestivos, como hálito com odor similar ao alho, característico em muitos OF e como descreve Larini (1997), deve obter informações ocupacionais e ambientais, como por exemplo, o local de envenenamento e a caracterização de vestígios tóxicos em frasco ou embalagens que contém resíduos do produto.



Quando existem dúvidas sobre o diagnóstico deve-se administrar cerca de 1mg de sulfato de atropina. Se o indivíduo apresentar efeitos característicos da atropina como secura da boca, sede, dilatação da pupila e certo embaçamento da visão próxima e aceleração do coração, precedida algumas vezes por lentidão, pode considerá-lo não intoxicado por inseticida inibidor da colinesterase. Também a administração depralidoxima, observando a recuperação da atividade da AChE, é um método bastante eficaz no diagnóstico (LARINI, 1997).



A determinação dos níveis basais da colinesterase é certamente o mecanismo fundamental na identificação de intoxicação por inseticida malation (Larini, 1997). Entretanto, como atenta Itho (2002) os testes para determinação da atividade da AChE não estão disponíveis para a grande maioria dos serviços de saúde que prestam assistência aos pacientes intoxicados.



Além disso, em boa parte dos casos, os trabalhadores crescem e vivem no local de trabalho, sendo impossível definir os limites geográficos ou temporais da exposição ocupacional. A variabilidade do valor de referência e os outros problemas de saúde que alteram as colinesterases levantam questionamento sobre este exame como indicador de intoxicação.Além destas limitações, o uso deste exame só estaria indicando em exposições recentes (no máximo duas semanas no caso de organofosforados). Apesar disso, a determinação da acetilcolinesterase eritrocitária (Ache) e/ou da butirilcolinesterase plasmática (BChE) continua sendo o indicador biológico de escolha para indivíduos expostos aos inseticidas organofosforados (FARIA et al, 2007).



Na intoxicação aguda, as manifestações geralmente ocorrem somente após a inibição da colinesterase em mais de 50% e este nível de inibição é que vai determinar a gravidade da intoxicação, conforme Tabela 10 (ITHO, 2002).



Tabela 10 – A relação entre a gravidade da intoxicação e atividade da AChE.



GRAVIDADE

ATIVIDADE DA COLINESTERASE PLASMÁTICA



Exposição rápida

50-90%



Intoxicação leve

20-50%



Intoxicação moderada

10-20%



Intoxicação grave

10% ou menos





Fonte: Itho (2002).



Para determinar os níveis basais da AChE, através detestes laboratoriais de intoxicação por malation, Ramos & Filho (2004) citam que os principais métodos utilizados são: método potenciométrico de Michel (plasma e eritrócitos), método espectrofotométrico de Ellman (eritrócitos), método espectofotométrico com reativo de Merk (plasma e soro), método colorimétrico com kit portátil Lovibond (sangue e total) e método de fitas reativas – marcas Pharmatest (plasma).



O método espectrofotométrico de Ellman, usado para avaliação das intoxicações pelos inseticidas OF, é atualmente um dos métodos mais utilizados devido sua precisão, simplicidade e rapidez e permite análise das colinesterases dos dois grupos separadamente. É indicado para monitoramento de pacientes com intoxicação aguda ou crônica. Utiliza amostra de 1ml de sangue heparinizado que, adicionado ao substrato acetiltiocolina, libera um composto de cor amarelo. Tem estabilidade por 48 horas em geladeira. A amostra deve ser colhida, quando possível, antes que o tratamento seja instituído. Se a amostra não for analisada logo após a coleta, ela poderá ser congelada (ITHO, 2002; FARIA et al, 2007).



Algumas pesquisas brasileiras usaram o método colorimétrico, através do kit de Lovibond. Ele é um kit portátil que facilita trabalho de campo em área rural. Usando esse kit, foram examinados 1.064 trabalhadores de Minas Gerais (MG): 50% dos trabalhadores estavam no mínimo moderadamente intoxicados (redução de pelo menos 25% da colinesterase) e 1,3% teve redução de 50% da colinesterase (FARIA et al, 2007).



Não se deve esquecer-se de realizar outros examese, particularmente, seria conveniente a monitorização do coagulograma (PROFETA, 1983, ITHO, 2002):



- Hemograma completo,ionograma, gases arteriais, uréia, creatinina, glicemia.



- Eletrocardiograma, RX de tórax.



- Creatinofosfoquinase (CPK): normalmente encontra-se elevada.



- Estudo eletromiográfico: pode ser utilizado na fase aguda e na crônica.



12.7 TRATAMENTOS das INTOXICAÇÕES



As intoxicações representam um fenômeno complexo, exigindo assim, uma ação interdisciplinar. Dentro dessa equipe interdisciplinar está o enfermeiro que tem o papel de identificar a intoxicação e participar ativamente do tratamento da intoxicação agudapor agrotóxico (SILVA, (?); BRASIL, 2006).



Para o tratamento da crise colinérgica por organofosforados primeiramente deve-se realizar a manutenção da função cardiorrespiratória, estabelecendo vias aéreas permeáveis e usar ventilação artificial para otimizar trocas gasosas e oxigenação (PROFETA, 1983; ITHO, 2002).



A próxima medida é abortar a exposição e absorção através da remoção de roupas contaminadas, lavagem corporal abundante com água corrente e sabão, por cerca de 15 minutos e lavagem cuidadosa dos olhos com água corrente por 10 a 15 minutos, tendo o profissional de saúde, o cuidado de usar luvas e máscara (ITHO, 2002, RIBEIRO & MELLA, 2007).



Ainda no processo de descontaminação, deve-se proceder à indução do vômito ou lavagem gástrica, de preferência até 1 hora da ingestão do agente tóxico seguida da administração de carvão ativado em doses múltiplas e administração de sulfato de sódio ou magnésio (ITHO, 2002).



Para o tratamento sintomático das intoxicações causadas pelo inseticida malation utiliza-se sulfato de atropina. Essa droga é um anticolinérgico que tem como mecanismo inibir a ACh na junção do sistema parassimpático, bloqueando o efeito no nódulo sino-atrial (AS), o que aumenta a condução através do nódulo átrio-ventricular (AV) e o batimento cardíaco. Entretanto, o sulfato de atropina não tem efeito sobre a fraqueza muscular ou falência respiratória nas intoxicações severas devido o medicamento não reativar a enzima AChE (ITHO, 2002; RAMOS & FILHO, 2004;GOLDENZWAG, 2007).



Segundo Itho (2002), foi proposto, para substituir o sulfato de atropina no tratamento da intoxicação colinérgica, o glicopirrolato, uma amônia quartenária. Algumas de suas características são de controlar melhor as secreções, proporcionar menos taquicardia, poucos efeitos colaterais no SNC e de não atravessar a barreira hematoencefálica.



Dentre os vários cuidados de enfermagem na administração do sulfato de atropina estão (GOLDENZWAG, 2007):



- Observar taquicardia em paciente cardíaco, pois, pode precipitar fibrilação ventricular.



- Monitorar balanço hídrico. A droga pode causar retenção urinária. Oriente o paciente para urinar antes de usar a droga.



- Monitorar retenção urinária em paciente idoso com hipertrofia benigna de próstata.



- Quando administrar a droga intravenosa (IV), pode ocorrer início de bradicardia paroxística, especialmente em pequenas doses (0,4mg a 0,6mg); é um efeito no SNC que normalmente desaparece em 2 minutos.



- Uso exclusivo hospitalar, necessita de monitorização cardíaca e neurológica.



Na continuação do tratamento, utiliza-se os derivados de oxinas – a pralidoxima (ContrathionTM)– um antídoto químico de uso exclusivamente hospitalar. A pralidoxima possui a atividade de liberar a ligação das colinesterases com os fosforados orgânicos, ou seja, reativa as AChE revertendo os efeitos neuromusculares periféricos (RAMOS & FILHO, 2004; RIBEIRO & MELLA, 2007).



Cavaliere et al (1996) defendem que a pralidoxima é capaz de reativar a colinesterase por um período que varia de 24 a 36 horas após a intoxição.



Com relação aos cuidados de enfermagem na administração da pralidoxima, pode-se citar (SOUZA et al, 2004):



- O enfermeiro, como toda a equipe envolvida na assistência de cuidados ao paciente deverá usar proteção adequada (avental, luva, máscara) para evitar contaminação.



- Em uma intoxicação pela pele, as roupas do paciente deverão ser imediatamente removidas e o corpo e os cabelos deverão ser bem lavados com água e sabão, álcool e bicarbonato de sódio.



- Recomendar ao paciente que solicite auxílio para sua deambulação e evite praticar atividades que requerem estado de alerta até que a resposta à medicação seja conhecida pois este pode causar tontura e sonolência.



- Durante a terapia, o paciente não deve consumir nenhum alimento gorduroso e nem leite e seus derivados.



- Orientar também ao cliente que não faça, durante o tratamento, uso de qualquer outra droga ou medicação sem o conhecimento do médico.



- Antes do início do tratamento manter disponível equipamento de ressuscitação cardiopulmonar. Se o paciente apresentar convulsões, jamais administrar barbituratos [6], pois este potencializa os efeitos da pralidoxima.



- durante a terapia monitorar rigorosamente o balanço hídrico, os eletrólitos, a pressão arterial (PA), PVC e a freqüência cardíaca.



- O enfermeiro deve ainda, ter atenção rigorosa durante o uso concomitante de outras drogas com a pralidoxima, principalmente a succiolcolina, pois aumenta o risco de parada respiratória e a xantina, como aminofilina, cafeína e teofilina, ou depressores do SNC por potencializarem os efeitos.



12.8 aÇÕES PREVENTIVAS Do enfermeiro frente à exposição e intoxicação por Malation



Como defende Itho (2002) a prevenção é a chave para diminuir a taxa de intoxicação e mortalidade por inseticida anticolineterásicos, inclusive por inseticida malation.



Para se definir as ações preventivas do enfermeiro frente à exposição e intoxicação por malation é necessário buscar ações de enfermagem na Saúde do Trabalhador e na Saúde Pública, visto, como defende OPAS (1997), que os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde não dizem respeito apenas aos trabalhadores expostos, mas também à população em geral.



Portanto, o enfermeiro deve enfatizar sua atuação nos níveis de prevenção, ou seja, nas ações educativas, através da orientação e conscientização, evitando fatores de risco de intoxicação, no diagnóstico e intervenção precoce e na assistência contínua, contribuindo assim, para a melhoria das condições de trabalho e também das condições de saúde de toda a comunidade (KAWAMOTO et al, 1995;SILVEIRA, 2001).



12.8.1 Enfermagem na saúde pública



Fortes (2002) define que as ações de Saúde Pública são voltadas para a manutenção da saúde a fim de evitar doenças através, principalmente, dos esforços da população e dos profissionais de saúde (enfermeiros, médicos, técnico de enfermagem, etc). Como propõe, essa manutenção pode ser assegurada pelas ações preventivas e a permanente vigilância epidemiológica.



Dentro dessa conjuntura, o enfermeiro pode usar, de instrumentos preventivos na exposição e intoxicação por malation, as seguintes ações de enfermagem descritas por Kawamoto et al (1995):



- Motivar e conduzir a comunidade a utilizar das medidas de promoção de saúde e proteção específica.



- Educar para a saúde quanto aos aspectos da saúde e doença através de palestras, cursos, grupos, atividades em escolas, associações de bairro etc.



- Participar na execução de exames de saúde periódicos.



- Participar nos programas de saúde do trabalhador, visando à proteção contra os riscos e acidentes de trabalho.



- Identificar casos de notificação, estimular a notificação de doenças e aplicar as medidas preventivas específicas.



- Colaborar no desenvolvimento de programas para detectação precoce de distúrbios e doenças.



- Alertar a população, orientando sobre sinais e sintomas da doença e por em prática medidas profiláticas e notificar novos casos suspeitos.



- Prestar assistência de enfermagem de acordo com as condutas terapêuticas imediatas e de limitação de incapacidade, de recurso de saúde (hospital, pronto-soco, centros de saúde) ou no domicílio, através das visitas domiciliares.



- Orientar e supervisionar os cuidados ao paciente, prestados pela família ou realizado pelo próprio indivíduo.



- Participar no processo de reabilitação do individuo com algum tipo de incapacidade.



- Realizar estudos e pesquisas, a fim de contribuir nas medidas e controle dos agravos à saúde humana, como forma de melhorar as intervenções de enfermagem na saúde pública.



12.8.2 Enfermagem Saúde do Trabalhador



As ações na saúde do trabalhador são realizadas por uma equipe multidisciplinar composta, dentre vários profissionais especializados, por enfermeiro do trabalho, tendo sido inserido nesta equipe somente por volta de 1975 (IAMADA et al, 2007).



O trabalho do enfermeiro na assistência da saúde ocupacional abrange os níveis de prevenção, manutenção e reabilitação do trabalhador (CARVALHO, 2001), no entanto, como afirma Silveira (2001) este profissional atinge alto grau de abrangência e responsabilidade como educador, buscando identificar, avaliar, controlar e planejar as melhores maneiras para prevenir transtornos à saúde do trabalhador.



Portanto, o objetivo é educar em nível individual ou coletivo de modo pertinente estimulando o trabalhador a cuidar da própria saúde e seguindo princípios básicos para evitar intoxicação por inseticida malation. Em nível individual as intervenções de enfermagem contemplam o uso adequado de equipamentos de proteção ou afastamento, nos casos de exposição a fatores nocivos e orientação para o respeito às regras de segurança física. E em nível coletivo, o enfermeiro intervém através depalestras educativas orientando os trabalhadores sobre os fatores que levam aos acidentes e as doenças profissionais e a importância de exames e consultas de saúde periódicas (CARVALHO, 2001; SILVEIRA, 2001; IAMADA et al, 2007).



13 CONCLUSÕES



Através desta pesquisa verificamos que o malation é um agrotóxico organofosforado que, no organismo humano, age inibindo a acetilcolinesterase, interferindo no mecanismo de transmissão neural e conseqüentemente, ocasionando diversos efeitos danosos como: visão borrada, tosse, anorexia, náuseas, vômitos, dores abdominais, aumento da amplitude das contrações e do peristaltismo gastrintestinal, diarréia, sudorese excessiva, sialorréia, dispnéia, cianose, acúmulo de secreções brônquicas, lacrimejamento, miose, midríase, tremores de língua, olhos e pálpebras, cãibras, paralisia, fraquezas musculares, cefaléia, tontura, tremores, ataxia, distúrbios da palavra, sonolência, disartria, rigidez de nuca, depressão do centro respiratório e do vasomotor, rigidez na nuca, convulsões e coma.



Além dessas manifestações, verificamos que o malation pode ocasionar efeitos imunossupressores em diversos níveis, gerar manifestações tardias e neuropatia tardia, tem capacidade de alterar o DNA de uma célula e de estimular a célula alterada a se dividir de forma desorganizada, revelando uma possível capacidade de desenvolvimento do câncer e associam-se sua ação a Arteriosclerose, Parkinson, Alzheimer, malformação congênitas, infertilidade e esterilidade.



Essas manifestações dependerão de diversos fatores como, por exemplo, duração, tempo e a via de exposição ao produto, concentrações do malation na formulação do produto, quantidade consumida e sensibilidade do organismo exposto.



Os trabalhadores da agropecuária, principalmente os que fazem as pulverizações nas plantações, os da saúde pública, no controle e combate de vetores causadores de doenças, de firmas de dedetização, no controle de pragas em residência e indústrias, do transporte, comércio e fabricação do inseticida representam os grupos mais suscetíveis à contaminação pelo inseticida malation. Podemos afirmar ainda, que o uso indiscriminado do inseticida representa um risco à população em geral.



Com o conhecimento epidemiológico das intoxicações por agrotóxicos no Brasil e sabendo que o malation é um dos agrotóxicos mais consumidos no país, podemos considerar que este produto é responsável por inúmeros casos de intoxicações por agrotóxicos notificados.



Esse fato nos leva a perceber a limitação dos registros oficiais de informações por não haver discriminação dos tipos de agrotóxicos que causaram as contaminações. Sempre há referência ao termo genérico "agrotóxico". Isso dificulta identificar o quanto o malation é responsável pelas intoxicações e realizar a análise de risco por exposição a este agente.



Quanto às condições gerais de notificação de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, identificamos que diversos autores atentam que muitos casos leves e até mesmo graves não são registrados. Consideramos que o enfermeiro possa contribuir potencialmente para reverter essa situação se estiver atento para identificar uma exposição e intoxicação, através do diagnóstico correto e estimular a notificação à vigilância em qualquer instituição de saúde que atue.



Além disso, o enfermeiro deve ter conhecimento sobre prevenção de intoxicação e juntamente com uma equipe multidisciplinar, está pronto para prestar medidas emergenciais e tratamento adequado em caso decontaminação.



Dentro dessas condições, é importante que os efeitos nocivos, não somente do malation, como de todos os agrotóxicos, mereçam ser estudados, numa concepção de educação permanente, com mais rigor pelo enfermeiro e que na grade curricular do curso de graduação deste profissional possa ser incluída uma formação em toxicologia.



A par do conhecimento dos danos causados à saúde humana, e das medidas e normas preventivas neste processo, propomos que o enfermeiro deva inserir na Anamnese de Enfermagem questões de provável exposição a produtos agrotóxicos (duração, período e local de exposição, tipo de contato e de produto utilizado, uso de EPI, disposição de resíduos) e fatores que atentam para sinais e sintomas característicos de uma intoxicação por agrotóxicos. Por exemplo, no caso dos inseticidas inibidores de AChE, inclusive o malation, sejam observadas manifestações como: salivação, sudorese, tontura, diarréia, convulsões, miose e distúrbios cardiorrespiratórios.



Essas ações, com certeza, irão facilitar um diagnóstico de enfermagem preciso eevitar tratamentos inadequados e complicações à saúde humana. Ademais, que o risco de intoxicação seja tratado, pela enfermagem, de forma rotineira na atenção à saúde do trabalhador e da comunidade.



Quando se trata de intoxicações crônicas, o enfermeiro pode, através do Histórico de Enfermagem, contribuir para estabelecer uma conexão mais clara entre a causa e o efeito nocivo, ou seja, entre a exposição ao agrotóxico e o surgimento da doença, como o câncer, por exemplo, e assim, ajudar a comprovar os efeitos genotóxicos e mutagênicos de diversos agrotóxicos.



Ao analisamos as causas que levam aos acidentes por agrotóxicos no Brasil, observamos que, na maioria das vezes, são decorrentes da falta de conhecimento, orientação e conscientização adequada sobre os perigos do uso indiscriminado destes produtos, os agravos à saúde humana e as medidas preventivas de exposição e intoxicação.Portanto, é essencial que o enfermeiro exerça seu papel de educador na comunidade, orientando os trabalhadores rurais, os agentes da FUNASA e os controladores de pragas, que atuam tanto no interior quanto nas cidades, sobre as medidas de segurança que devem ser seguidas quando do manuseio do malation e demais agrotóxicos.



Por fim, é preciso dizer que a formulação deste estudo é uma tentativa de reunirinformações que sirvam de ferramenta para o exercício do enfermeiro frente ao uso indiscriminado, não somente do inseticida malation como de todos por agrotóxicos. E que se trata de um trabalho que não se torna acabado em nenhum instante, uma vez que veio para ampliar as reflexões sobre a maior participação da enfermagem no atendimento toxicológico, pois, como afirma Fonseca (1996):



"A atuação do enfermeiro não se restringe à execução de técnicas de enfermagem, mas pode desenvolver funções ampliadas de avaliação, ensino e assessoria em toxicologia, amparadas legalmente, desde que haja uma formação adequada"



14 REFERÊNCIAS



ARCHER, E. (Org.). Procedimentos e protocolos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.



ARÉVALO, E.; MESTRE, J.; UGARTE, E. Malformaciones congénitas en relación a fumigación con malatión. Revista Médica do Chile, Valparaíso, v.115, n.1, p. 37-39, 1987.



Brasil. Lei nº7. 802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização... Ministério da Saúde, Brasília, 1989.Disponível em: legis.anvisa.gov.br//leisref/public/showAct. php?mode=PRINT_VERSION&id=306>. Acesso em: 14 de mar. de 2008.



______. Decreto-lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000. Altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Ministério da Saúde. Brasília, 2000.Disponível em: legis.anvisa.gov.br//leisref/public/showAct. php?mode=PRINT_VERSION&id=382>. Acesso em: 14 de mar. de 2008.



______. Decreto-lei nº 5.549, de 22 de setembro de 2005. Dá nova redação e revoga dispositivos do Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei 7.802, de 11 de julho de 1989. Ministério da Saúde. Brasília, 2005. Disponível em: legis.anvisa.gov.br//leisref/public/showAct. php?mode=PRINT_VERSION&id=261>. Acesso em: 14 de mar. de 2008.



______. Protocolo de atenção à saúde dos trabalhadores expostos a agrotóxico. Ministério da Saúde, Brasília, ago. 2006. Disponível em: saude.gov.br/portal/arquivos/pd/integra_agrotoxicos.pdf> Acesso em: 17 de abr. de 2008.



______. Sistema de informação de agravos de notificação – Sinan-NET. Ministério da Saúde, Brasília, 2007. Disponível em:



saude.ba.gov.br/dis/arquivos_pdf/Manual%20SinanNet.pdf>. Acesso em: 03 de jun. de 2008.



CARVALHO, G. M. de. Enfermagem do trabalho. São Paulo: EPU, 2001.



CAVALIERE, M. J.; CALORE, E. E.; PEREZ, N. M.; PUGA, F. R. Miotoxidade por organofosforados. Revista Saúde Pública, São Paulo, v.3, n.3, p.267-272, 1996. Disponível em: scielo.br/pdf/rsp/v30n3/5072.pdf >. Acesso em: 14 de out. de 2007.



DELGADO, E. H. B. Disfunção respiratória mitocondrial e estresse oxidativo após exposição crônica ao malation. Criciúma: Universidade do Extremo Sul Catarinense, [2006]. 1CD-ROM.



DOMINGUES, M. R.; BERNARDI, M. R.; ONO, E. Y. S.; ONO, M.A. Agrotóxicos: risco à saúde do trabalhador rural. Semina: Ciência Biológica e da Saúde, Londrina, v.25, n.1, p. 45-54, 2004.



Espírito Santo. Ação civil pública: com pedido de liminar. Ministério Público Federal, Vitória, 2001. Disponível em: pres.mpf.gov.br/prdc/matresidual/acpMalathion.htm > Acesso em: 28 de set. de 2006.



FARIA, N. M. X.; FASSA, A. de G.; FACCHINI, L. A. Intoxicação por agrotóxicos no Brasil: os sistemas oficiais de informação e desafios para realização de estudos epidemiológicos. Revista Ciência & Saúde Coletiva – Agrotóxicos Saúde e Ambiente, São Paulo, v.2, n.1, p. 25-37, 2007.



FILLA, G.; VESTENA, L. R. Percepção do risco de intoxicação pelo uso de agrotóxicos em Irati/PR. Revista Eletrônica Latu Sensu, Curitiba, v.4, n.1, 2008. Disponível em: < http://web03.unicentro.br/especializacao/revista/edicao4/humanas/CH_Percepc.pdf>.Acessado em: 10 de Nov. de 2008.



FONSECA, M. R. C. C. da. A enfermeira como integrante da equipe multiprofissional em centro de informação e atendimento toxicológico. Campinas: UNICAMP, 1996. Disponível em: hospvirt.org.br/enfermagem/port/toxicolo.htm>. Acesso em: 25 de jun. 2007.



FORTES, M. R. S. Enfermagem na promoção dos cuidados primários na saúde pública. São Paulo, Livraria Everest Editora Pimenta e CIA, 2002.



FUNASA – Fundação Nacional de Saúde. Controle de vetores: procedimentos de segurança. Ministério da Saúde, Brasília, 2001.



GARCIA, E. G. Aspectos de prevenção e controle de acidentes no trabalho com agrotóxico. São Paulo: Fundacentro, 2005.



GOLDENZWAIG, N. R. S. C. Administração de medicamentos na enfermagem. 6ª ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.



GILMAN, A. G. (Ed.). As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2003.



IAMADA, C. O.; SANTOS, F. S.; SOLER, Z. A. S. G.; BARBOSA, D. B. Perfil da equipe de enfermagem que atua em saúde ocupacional em São José do Rio Preto. Revista Arquivos de Ciência da Saúde, São José do Rio Preto, v.14, n.1, p.30-34,



2007. Disponível em: cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol/vol-14-1/ID208.pdf>. Acesso em: 3 de mar. de 2008.



INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Vigilância do câncer relacionado ao trabalho e ao meio ambiente. Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: gov.br/vigilancia/docs/ex_ocup_ambient2006.pdf>. Acesso em: 25 de out. de 2007.



ITHO, S. de F. Intoxicação por inseticidas inibidores da colinesterase organofosforados e carbamatos: diagnóstico e tratamento. Vitória: Da Ação à Reação, 2002.



LARINI, L. Toxicologia. 3a ed. São Paulo: Manole, 1997.



LIMA, E. P.; LOPES, S. M. B.; AMORIM, M. I. M. de; ARAÚJO, L. H. S.; NEVES, K. R. T.; MAIA, E. R. Exposição a pesticidas e repercussão na saúde de agentes sanitaristas no estado do Ceará-Brasil. Rio de Janeiro: Revista Ciência e Saúde Coletiva para a Sociedade, 2007.



LUNDY-EKMAN, L. Neurociência – Fundamentos para a reabilitação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.



KATO, K. (Ed.). Termos técnicos de saúde. São Paulo: Conexão, 2008.



KAWAMOTO, E. E.; SANTOS, M. C. H. dos; MATTOS, T. M. de. Enfermagem comunitária. São Paulo: EPU, 1995.



KUMAR, C. S. Evaluation of cholinesterase level in an endemic population exposed to malathion suspension formulation as a vector control measure. Instituto Osvaldo Cruz, Rio de janeiro, v. 99, n. 2, p. 219-221, 2004.



MELO, M. de F. B. T. de; LIMA, S. dos S.; RIVERA, F. A. Pesquisa de resíduos de malation em alimentos naturais e industrializados comercializados em João Pessoa. CCS, João Pessoa, v. 7, n. 2, p. 50-54, 1985.



MENDES, R. Patologia do trabalho. 2a ed. Rio de Janeiro: Editora Ateneu Rio, 2005.



POSSAMAI, F. P.. Estudo do estresse oxidativo em órgãos de ratos wistar adultos induzidos à intoxicação por malation. Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, [2005]. 1 CD-ROM.



PÓVOA, R.; CARDOSO, S. H.; F., B. L.; F., C. F.; FERREIRA, M.; FERREIRA, C. Intoxicação por organo-fosforado e necrose miocárdica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia,São Paulo, v. 68, n. 5, p. 377-380, 1997. Disponível em: cardiol.Br/abc/1997/6805/68050012.pdf>. Acesso em: 25 de out. de 2007.



PROFETA, R. G. Intoxicação por organofosforados. Ars Cvrandi, Belo Horizonte, v.16, n.1, p. 72-84, 1983. Disponível em: scad.bireme.br/delivere/pedidoele.php> Acesso em: 25 de fev. de 2008.



RAMOS, A.; FILHO, J. F. da S. Exposição a pesticidas, atividades laborativas e agravos à saúde. Revista Médica de Minas Gerais, Belo Horizonte, v.14, n. 1, p. 41-45, 2004. Disponível em: coopmed.com.br/uploads/revistas_materiais_61.pdf>. Acesso em: 3 de nov. de 2007.



RIBEIRO, A.C.C.; MELLA, E.A.C. Intoxicação ocupacional por organofosforados – a importância da dosagem de colinesterase. Cesumar, Maringá, v.09, n.02, p.125-134,2007. Disponível em: cerumar.br/pesquisa/periodicos/index.php/iccesumar/article/view/File/553/468>. Acesso em: 23 de fev. de 2008.



RODRÍGUEZ. H.; ESQUIEL, C.; FIGUEROA, F.; LABRÍN, C.; ARAYA, J. C.; LAYME, D.; ESPINOZA, O. Efectos Del malatión sobre la reorganización nuclear em el epitélio de duodeno: presencia de microcuerpos cromatínicos citoplasmáticos. Revista Chilena de Tecnologia Médica, Santiago, v23, n.1, p. 1029-1042, 2003.



SANTOS, A. P. L. dos. Entre o imediatismo e o planejamento: o desafio da construção da vigilância em saúde do trabalhador no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Espírito Santo (CRST/ES). Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: ENSP/ FIOCRUZ, 2001. Disponível em: cirt.fiocruz.br/pdf/santossaplm.pdf> Acesso em: 5 de jun. de 2008.



SANTOS, V. M. R. dos; DONNICI, C. L.; DA COSTA, J. B. N.; CAIXEIRO, J. M. R. Compostos organofosforados pentavalentes: histórico, métodos sintéticos de preparo e aplicação como inseticidas e agentes antitumorais. Química Nova, São Paulo, v.30,n.1, p.159-170, 2007.



SILVEIRA. D.T. Consulta-ação: uma metodologia de ação em enfermagem na área da saúde do trabalhador. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v.22, n.1, p.6-19, 2001. Disponível em: seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4348/2296>. Acesso em: 10 de jun. de 2008.



SINITOX - Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológicas. Casos registrados de intoxicação humana por agrotóxicos de uso agrícola, agrotóxicos de uso doméstico, produtos veterinários e raticidas. Ministério da Saúde, Brasília, 2003. Disponível em: fiocruz.br/sinitox/agrotoxicos/tabelas_casos/agrotoxicos_geral_casos.pdf>. Acesso em: 05 de jun. de 2008.



SOUZA, L. C. A. de. (Ed.). Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem - AME 2005/2006. Rio de Janeiro: EPUB, 2004.



SUCEN – Superintendência de controle de endemias. Segurança em controle químico de vetores.Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo, São Paulo, 2000. Disponível em: cepis.ops-oms.org/bvsapud/p/fulltext/plagui/plagui.pdf>. Acesso em: 15 de jan. de 2008.



OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Manual de vigilância de saúde de populações expostas a agrotóxicos. Ministério da Saúde, Brasília, 1997.



TOXCEN - Centro de atendimento toxicológico do Espírito Santo. Dados estatísticos.Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Espírito Santo, Vitória, 2006. Disponível em: saude.es.gov.br/download/TOXCEN_dasosestatisticos_2006.pdf> Acesso em: 28 de set. de 2008.



VASCONCELLOS L. F. R.; LEITE, A.; NASCIMENTO, O. M. Organophosphate-induced delayed neuropathy: case report. Arquivos de Neuropsiquiatria, São Paulo, v.60, n.4, p.1003-1007, 2002. Disponível em: scielo.br/pdf/anp/v60n4/a22v60n4.pdf> Acesso em: 5 de nov. de 2007.



ANEXO A – Ficha Individual de Notificação.



ANEXO b - Ficha Individual de Investigação de Intoxicação por Agrotóxico.



APÊNDICE - Algumas marcas registradas de formulações de malation.



MARCAS REGISTRADAS



Agridion 500



Ambithion 730. L.V.C.



Ambithion 4.000



Carbofós



Cistion (malation + leptofos)



Cygard – 750 E



Cythion 100



Cythion L Vê



Cythion 1000



Cythion U.V.B



Delagran



Dimethyson



Expurgocidol



Expurgran



Fenatol



Fenathion (malation + camfeclor)



Fosfeno 500 ED Bico amarelo



Gesaverol 40



Imunosan



Malafog



Malagran Super



Malathion 1000 CE Cheminova (malation + leptofos)



Malathion 50 CE (malation + leptofos)



Malathion 500 CE Calais (malation + leptofos)



Malathion 500 CE Pikapau (malation + leptofos)



Malathion 500 CE Sultox (malation + leptofos)



Malationol (malation + leptofos)



Malatol 1000 CE (malation + leptofos)



Malatol 20 P (malation + leptofos)



Malatol 250 PM (malation + leptofos)



Malatol 40 P (malation + leptofos)



Malatol 500 E (malation + leptofos)



Malatol U.V.B ( malation + leptofos)



Malatol 25 M



Malatol 4 S



Malatol 50 E



Malatol 100 E



Malatol 25 S Malatol 50 E



Malatol 100 E



Mata Gorgulhos



Men Gran 40



Mercaptothion



Sanagran



Seington – Malation



Shellgran



Sipcation



Solatol



Swintox Malatol 600 CE



Toxamalan (malation + camfeclor)



Toxatiol (malation + camfeclor)





Fonte: Dados adaptados de Melo et al (1985) e Itho (2002).













--------------------------------------------------------------------------------



[1] Lei nº 7802/PR – de 11 de Junho de 1989, no Artigo 13º: "A venda de agrotóxicos e afins aos usuários será feita através de receituário próprio, prescrito por profissionais legalmente habilitados salvo casos excepcionais que forem previstos na regulamentação desta lei".



[2] DL50 é a dose necessária para provocar a morte de 50% de um lote de animais submetidos ao protocolo experimental (FARIA et al, 2007).



4Decreto nº 9.974, de 6 de Junho de 2000, em seu Artigo 1º, Incivo I, parágrafo 2º, que regulamenta a Lei 7.802 de 11 de julho de 1989: "As embalagens, seus componentes e afins deverão efetuar a devolução das embalagens vazias dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contando da data da compra, ou prazo superior, se autorizado pelo órgão registrante, podendo a devolução ser intermediada por postos ou centros de recolhimento, salvo se autorizado e fiscalizados pelo órgão competente".



[3] Tríplice lavagem significa enxaguar três vezes a embalagem vazia para reduzir consideravelmente os resíduos nela contido, evitar que os restos do produto sequem dentro da embalagem e de forma que a embalagem não represente perigo ao ambiente (SUCEN, 2000).



[4] Agente que provoca vômito. Podem agir diretamente no trato gastrointestinal provocando êmese através de um efeito irritante local ou, indiretamente, atuando sobre a zona de disparo do quimioreceptor na área postrema próximo à medula (KATO et al, 2008).



[5] "O carvão ativado é um eficiente absorvente em vários tipos de intoxicação. Recomenda-se sua administração até uma hora após a ingestão do produto" (DOMINGUES et al, 2004).



5 Radicais livres (RL) são espécies altamente reativas devido apresentarem um ou mais elétrons não emparelhados em seu orbital mais externo, Dada a sua alta reatividade estas substâncias podem causar danos a diversas biomoléculas como lipídios, proteínas e os ácidos nucléicos (DELGADO, 2006).



6 NAMBA, T. e allii: Malathion poisonig: a fatal case with cardic manifestations – Arch. Environm. Hltd. 21: 533, 1970.



[6] São medicamentos capazes de exercer ação hipnótica, induzindo um estado semelhante ao sono fisiológico. E dependendo da dose e da via de administração podem exercer efeito sedativo, anticonvulsivo e anestésico geral (KATO et al, 2008).





Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:

A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DOS EFEITOS NOCIVOS CAUSADOS PELO USO INDISCRIMINADO DO INSETICIDA MALATION publicado 21/02/2010 por Ana Cláudia de Sena Firmino, Robson Luis Barbosa em http://www.webartigos.com




Fonte: http://www.webartigos.com/articles/33010/1/A-ATUACAO-DO-ENFERMEIRO-NA-PREVENCAO-DOS-EFEITOS-NOCIVOS-CAUSADOS-PELO-USO-INDISCRIMINADO-DO-INSETICIDA-MALATION/pagina1.html#ixzz1G70oFmF0