A verdade sobre os contaminados do DDT
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso." Bertolt Brecht
*Walter Prado
A vinda de técnico da Funasa a Rio Branco faz parte de um plano orquestrado pelos seus dirigentes, para tentar eximir a entidade da culpa e custeio do tratamento dos ex-guardas, contaminados pelo inseticida DDT. Todas as medidas anunciadas pela médica Maria José, já foram realizadas várias vezes, e nem mesmo assim os ex-funcionários que vivem em estado de penúria receberam a assistência médica e financeira por parte da Funasa.
Segundo a médica enviada pela Funasa, Maria José, após os exames e entrevistas os ex-guardas receberão o tratamento adequado, mas este tratamento só será feito se confirmada a contaminação, fato que não poderá ser comprovado com exames feitos no Laboratório Central, o Lacen, de Rio Branco, pela entidade não possuir a capacidade técnica para a realização dos exames necessários. Mais uma vez é usada a estratégia da enganação para prolatar a situação do ex-guardas da Sucam.
Outra mentira alardeada como verdade, pela médica, é que a Funasa sempre prestou assistência aos ex-funcionários. Acompanhei por meses a situação dos ex-guardas, colhi depoimentos, visitei residências, onde constatei que esta afirmação da médica, é mentirosa. Os ex-funcionários vivem uma situação de miséria e abandono, dependendo de parentes, vizinhos e amigos para custeio dos medicamentos e das consultas médicas.
Toda a movimentação e divulgação na mídia, sobre esta visita, ocorrem pela recomendação da Procuradoria da República no Acre. As medidas judiciais assustam e muitas vezes provocam este tipo de correria, mas o que podemos perceber é que após toda a movimentação a causa dos ex-guardas, pode voltar ao mesmo ponto que estava antes, ou seja, após o burburinho tudo pode ser esquecido e nenhum benefício ser concedido a estes homens que dedicaram suas vidas a defender a saúde dos acrianos.
Os relatados da médica já indicam no que vai dar esta visita. Segundo Maria José, estudos sobre a contaminação, foram realizados há alguns anos, no Estado do Pará, com servidores que alegavam contaminação pelo DDT, dos 119 servidores que realizaram os exames recomendados pelos técnicos da Funasa, em apenas um se manifestou a presença do veneno. Esta previa já indica que dentro dos aproximadamente 400, doentes do Acre, será constatada a contaminação de quatro, se for levada em consideração a proporção do Estado do Pará.
É lamentável, mas provavelmente os ex-guardas, serão esquecidos e morrerão a míngua, com a certeza do dever cumprida, mas esquecidos pelo País e pelas entidades a quais prestaram seus serviços durante anos.
O tempo que os técnicos da Funasa, alegam precisar, é o tempo que os ex-guardas não dispõem. As mortes continuarão, enquanto as tão aclamadas providências não chegam. Alegar a necessidade de estudos é mais uma desculpa para ganhar tempo. Existem evidencias suficiente, documentadas e anexadas no relatório da comissão de sindicância da Assembleia Legislativa, que trabalhou durante 60 dias, percorrendo municípios e vendo de perto a situação degradante do ex-guardas.
Vou continuar denunciando esta situação. A falta de respeito da entidade pública com seus ex-funcionários é flagrante, admitir a culpa pode ser o primeiro passo para a valorização dos bravos homens, prestadores de serviços da extinta Sucam, que permaneciam nas florestas e localidades mais remotas de nosso Estado, durante meses, longe de suas famílias, dormindo muitas vezes ao relento, sobre os sacos do veneno que hoje tira impiedosamente suas vidas.
Quero deixar claro meu protesto, levarei esta causa até entidades internacionais se for preciso. Sei que estas medidas anunciadas são paliativas, o verdadeiro motivo da vinda dos técnicos é resguardar a imagem da Funasa, perante a opinião pública, esquecendo o compromisso e a responsabilidade que toda entidade é obrigada a ter com seus funcionários, principalmente quando os danos causados a estes funcionários foram causados no exercício de suas atividades profissionais.
As mentiras cairão por terra. Esta briga, agora, também é minha, farei o possível para ver os direitos dos ex-guardas respeitados. Presidi a comissão de sindicância da Aleac, presenciei de perto convulsões, dor, lágrimas, sofrimento das famílias e a necessidade de um socorro imediato. Tempo é tudo que os ex-funcionários não têm. A burocracia e a má vontade da Funasa tiraram a vida de vários esposos, deixando muitos filhos órfãos, privados da companhia e orientação de um chefe de família.
Estes órfãos, em situação de risco social podem engrossar as estatísticas da criminalidade. Sem a orientação e o amparo proporcionado pelo chefe de família e a má vontade da Funasa em reconhecer suas responsabilidades, o sofrimento das famílias do ex-guardas pode ser prolongado. Nossa luta é conjunta, queremos uma sociedade justa, com direitos dos trabalhadores reconhecidos e culpados por crimes como a contaminação do pesticida DDT, punidos.
*Walter Prado – deputado estadual pelo Partido Socialista Brasileiro.
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