Ray Melo
A morte de mais um ex-guarda, da extinta Sucam, chamou a atenção da população do Acre. No domingo, 15 de fevereiro, morreu Darcy Alves Junqueira, 52 anos, o ex-funcionário travava uma incessante luta contra os maléficos efeitos do pesticida DDT, chegando a gastar até 50% de sua renda para custeio do tratamento dos vários problemas que acumulou nos anos que fez o manuseio da substância.
O sentido de revolta tomou conta dos parentes e colegas que dividiram por anos a tarefa de combater com disposição a malária, febre amarela e outras doenças endêmicas nas florestas e municípios amazônicos. O descaso que a Funasa trata os ex-funcionários é de impressionar, mesmo com as provas documentais, colhidas pela comissão de sindicância da Assembleia Legislativa, a entidade em nenhum momento se pronunciou ou providenciou qualquer assistência para os ex-guardas.A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão executivo do Ministério da Saúde, é uma das instituições do Governo Federal responsável em promover a inclusão social por meio de ações de saneamento. As atribuições da Sucam foram repassadas a Funasa após sua extinção, herdando todo o corpo funcional e serviços inerentes ao órgão. E por conseqüência os problemas que a instituição possuía, mas que até o momento tem se omitido das responsabilidades.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Aleac, deputado Walter Prado (PSB), responsável pela comissão de sindicância que apurou as condições dos ex-guardas, colhendo provas documentais e depoimento dos infectados, se manifestou sobre o problema e disse que a situação chegou ao limite. Segundo o deputado o desrespeito da Funasa com os ex-funcionários é evidente e proposital, requerendo medidas mais severas para que a instituição pública assuma as responsabilidades no tratamento médico e indenizações por danos causados pelo DDT.
“A Funasa age com total covardia e desrespeito aos ex-guardas. A situação chegou ao limite. Não podemos admitir que as pessoas que por anos dedicaram suas vidas ao bem da comunidade, pereçam de maneira tão covarde, sem assistência do órgão que deveria responder pela integridade e tratamento de seus funcionários. Vou mobilizar nossos representantes no cenário federal e promover um movimento entre a população para garantir que estes homens e suas famílias, recebam o tratamento que merecem. Medidas severas precisam ser adotadas para punir o descaso desta entidade”, comenta com indignação o deputado.
O parlamentar também vai cobrar posição do Governo do Estado, que se comprometeu em fornecer os reagentes para exames, que seriam realizados pela Polícia Federal, mas que até o momento não sinalizou com o cumprimento da palavra empenhada pelo secretário Osvaldo Leal, em audiência no setembro de 2008, com a presença dos ex-guardas e familiares. Na oportunidade ficou acordado entre a comissão de sindicância, representantes do movimento dos ex-guardas e Secretaria Estadual de Saúde que o Estado, forneceria os insumos para a realização de 50 exames de Cromatografia Gasosa, exame capaz de detectar com precisão a contaminação dos ex-guardas. “Passado quase cinco meses o governo parece ter esquecido o compromisso firmado. Isso caracteriza comportamento semelhante ao da Funasa”, lamenta Walter Prado, que sinalizou com a possibilidade de montar “banquinhas” em praça pública para arrecadar os R$ 17 mil para comprar dos reagentes químicos para a realização dos exames.
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