Nos relatórios governamentais há uma constante nas últimas décadas relacionada ao crescimento da oferta devagas nas escolas de ensino básico (fundamental e médio). Contudo, pouco ou nada se fala dos aspectos não quantitativos que estão na base desse processo. A qualidade do ensino é fundamental para que a educação seja assegurada como direito humano, caso contrári a escola passa a ser somente um lugar onde se guarda crianças por algumas horas no dia, um depósito, um almoxarifado. E não é possível pensar em qualidade sem resolver junto o pilar básico dessa qualidade que é o tratamento dados soas docentes (professoras e professores). Hoje, além de desvalorizados socialmente, recebem baixíssimos salários, são obrigados a duplas ou triplas jornadas de trabalho, convivem com violência extrema e nenhum apoio de formação e atualização profissional dos governos.
Entrevista com Carlos Ramiro Castro, professor e presidente da Apeoesp
(5´29´´ / 1´25 Mb) - ENTREVISTA - Em todo o país, os professores da rede pública de ensino sofrem com a falta de condições de trabalho, escolas sem infra-estrutura, governos que não aplicam uma política educacional de qualidade. Isso cria descontentamento entre os profissionais da educação que se reflete na formação do aluno. Segundo pesquisa do Sindicado dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), 46% dos profissionais estão sofrendo de stress.
E no final do ano passado, o Ministério da Educação realizou a Prova Brasil para medir o desempenho da educação municipal das 26 capitais brasileira. Foi constatado que a 4ª série do ensino municipal da cidade de São Paulo está entre as sete piores do país. Para entender melhor a situação dos professores e da educação no estado de São Paulo, a Agência Notícias do Planalto entrevistou Carlos Ramiro Castro, professor e presidente da Apeoesp. Ouça agora a entrevista.
Agência Notícias do Planalto: Carlos, qual o principal ponto de desvalorização do professor e quais são as conseqüências disso?
Carlos Ramiro: A desvalorização do professor em relação aos seus salários faz com que ele tenha uma jornada dupla ou mesmo tripla, fazendo com que ele trabalhe em outro setor. Isso conseqüentemente traz problemas a sua saúde e gera faltas e licenças. Além do que as próprias condições de trabalho são adversas: salas superlotadas, falta de infra-estrutura adequada, que traz uma desânimo. Uma pesquisa da Apeoesp nos mostra que 46% dos profissionais estão em processo de stress. Isso faz com que o professor entre em um processo de apatia. Já é preocupante a falta de profissionais na área de Física, Química Biologia, Matemática e Geografia, principalmente nas regiões mais periféricas da cidade de São Paulo.
ANP Qual o piso salarial de um professor? E como ele é reajustado?:
CR: O piso salarial está em R$ 668, com gratificações ele chega a R$ 930. Nesses 12 últimos anos, o governo teve uma prática de gratificação de bônus e abonos e não reajuste propriamente dito nos salários. Então, a perda salarial foi muito grande. As gratificações são um problema porque primeiro os aposentados não recebem e, em segundo, não contemplam a evolução do professor na carreira. O problema reside aí, na política salarial que o governo do estado de São Paulo implantou nesses últimos 12 anos. Em 2006, não tivemos nenhum reajuste. Estamos no zero. Isso é faz com que o professor procure outros setores ou faça uma jornada que tem conseqüência direta na qualidade do ensino.
ANP: E Carlos, além da questão salarial, quais problemas você acredita que são um entrave a uma educação de qualidade no estado de São Paulo?
CR: As salas superlotadas, a aprovação automática, a carga horária muito pequena. Temos escolas até hoje na rede estadual que dão menos de quatro horas de aula diária para o aluno, ninguém consegue educar uma criança ou jovem, com uma carga menor que quatro horas. Temos que caminhar para uma escola de tempo integral. De outro lado temos escolas que funcionam de tempo integral com nove horas, mas não têm condições nem estrutura. Com isso ela acaba se transformando em depósitos de criança, sem salas de informática, sem materiais pedagógicos adequados para um ensino de qualidade. Isso tudo é conseqüência direta por não termos um ensino de qualidade. Agora o que falta nesse campo é uma educação continuada do professor para sua atualização, aperfeiçoamento e especialização. Isso é responsabilidade do governo.
ANP: Sabemos que a violência das ruas já entrou em escolas, ameaçando alunos e professores. O que deve ser feito para resolver este problema?
CR: Estamos muito preocupados. Não somente na sala de aula, mas também em torno da escola. E não só o professor, mas alunos também sofrem ameaças. E o professor conseqüentemente recebe mais violência por trabalhar com pessoas. Agora temos que resolver esse problema com melhoria da educação. Não vamos resolver somente com mediadas de segurança. A violência que temos na escola é a mesma que nos temos na sociedade. Quando se investe em educação, você acaba resolvendo uma série de problemas sociais.
Vocês acabaram de ouvir a entrevista com, o professor Carlo Ramiro Castro, presidente do Sindicado dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp).
Fonte: De São Paulo, da Agência Notícias do Planalto, Danilo Augusto.
Entrevista com Carlos Ramiro Castro, professor e presidente da Apeoesp
(5´29´´ / 1´25 Mb) - ENTREVISTA - Em todo o país, os professores da rede pública de ensino sofrem com a falta de condições de trabalho, escolas sem infra-estrutura, governos que não aplicam uma política educacional de qualidade. Isso cria descontentamento entre os profissionais da educação que se reflete na formação do aluno. Segundo pesquisa do Sindicado dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), 46% dos profissionais estão sofrendo de stress.
E no final do ano passado, o Ministério da Educação realizou a Prova Brasil para medir o desempenho da educação municipal das 26 capitais brasileira. Foi constatado que a 4ª série do ensino municipal da cidade de São Paulo está entre as sete piores do país. Para entender melhor a situação dos professores e da educação no estado de São Paulo, a Agência Notícias do Planalto entrevistou Carlos Ramiro Castro, professor e presidente da Apeoesp. Ouça agora a entrevista.
Agência Notícias do Planalto: Carlos, qual o principal ponto de desvalorização do professor e quais são as conseqüências disso?
Carlos Ramiro: A desvalorização do professor em relação aos seus salários faz com que ele tenha uma jornada dupla ou mesmo tripla, fazendo com que ele trabalhe em outro setor. Isso conseqüentemente traz problemas a sua saúde e gera faltas e licenças. Além do que as próprias condições de trabalho são adversas: salas superlotadas, falta de infra-estrutura adequada, que traz uma desânimo. Uma pesquisa da Apeoesp nos mostra que 46% dos profissionais estão em processo de stress. Isso faz com que o professor entre em um processo de apatia. Já é preocupante a falta de profissionais na área de Física, Química Biologia, Matemática e Geografia, principalmente nas regiões mais periféricas da cidade de São Paulo.
ANP Qual o piso salarial de um professor? E como ele é reajustado?:
CR: O piso salarial está em R$ 668, com gratificações ele chega a R$ 930. Nesses 12 últimos anos, o governo teve uma prática de gratificação de bônus e abonos e não reajuste propriamente dito nos salários. Então, a perda salarial foi muito grande. As gratificações são um problema porque primeiro os aposentados não recebem e, em segundo, não contemplam a evolução do professor na carreira. O problema reside aí, na política salarial que o governo do estado de São Paulo implantou nesses últimos 12 anos. Em 2006, não tivemos nenhum reajuste. Estamos no zero. Isso é faz com que o professor procure outros setores ou faça uma jornada que tem conseqüência direta na qualidade do ensino.
ANP: E Carlos, além da questão salarial, quais problemas você acredita que são um entrave a uma educação de qualidade no estado de São Paulo?
CR: As salas superlotadas, a aprovação automática, a carga horária muito pequena. Temos escolas até hoje na rede estadual que dão menos de quatro horas de aula diária para o aluno, ninguém consegue educar uma criança ou jovem, com uma carga menor que quatro horas. Temos que caminhar para uma escola de tempo integral. De outro lado temos escolas que funcionam de tempo integral com nove horas, mas não têm condições nem estrutura. Com isso ela acaba se transformando em depósitos de criança, sem salas de informática, sem materiais pedagógicos adequados para um ensino de qualidade. Isso tudo é conseqüência direta por não termos um ensino de qualidade. Agora o que falta nesse campo é uma educação continuada do professor para sua atualização, aperfeiçoamento e especialização. Isso é responsabilidade do governo.
ANP: Sabemos que a violência das ruas já entrou em escolas, ameaçando alunos e professores. O que deve ser feito para resolver este problema?
CR: Estamos muito preocupados. Não somente na sala de aula, mas também em torno da escola. E não só o professor, mas alunos também sofrem ameaças. E o professor conseqüentemente recebe mais violência por trabalhar com pessoas. Agora temos que resolver esse problema com melhoria da educação. Não vamos resolver somente com mediadas de segurança. A violência que temos na escola é a mesma que nos temos na sociedade. Quando se investe em educação, você acaba resolvendo uma série de problemas sociais.
Vocês acabaram de ouvir a entrevista com, o professor Carlo Ramiro Castro, presidente do Sindicado dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp).
Fonte: De São Paulo, da Agência Notícias do Planalto, Danilo Augusto.
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