Autora do Texto: Marta Cabette e-mail: martacabette@uol.com.br
Pensei em não escrever mais nada sobre educação. Uma sensação de impotência e
inutilidade me assola cada vez que tento escrever sobre o tema.
Hoje pela manhã lendo um jornal de Santos me deparei com uma matéria (página
inteira!!!) sobre o estresse do profissional de educação, que hoje atinge em torno de 7% dos
motivos de afastamento destes profissionais da sala de aula.
A pesquisa divulgada diz respeito à rede pública estadual, uma vez que não foram
divulgados números da rede municipal de ensino. Mas a situação é bem próxima segundo
estimativas 5% dos professores afastados da sala de aula por motivo de estresse.
A 15 dias do reinicio das aulas me deparo com professores cansados, sofrendo com a
infraestrutura precária das salas de aulas neste verão escaldante.
Salas de aula lotadas, cada vez mais alunos com problemas sérios de aprendizagem
sem uma rede estruturada de apoio de outros profissionais como: psicólogos, assistentes
sociais, médicos. O professor se angustia desde o primeiro dia de aula.
Os professores auxiliares, tão alardeados, desapareceram da maioria das escolas.
Como há muito se vem propagando a profissão tão desprestigiada, não atrai mais aos jovens.
E aqueles que mesmo assim insistem por acharem ser sua vocação, se deparam com um
abismo ao perceberem que as teorias pedagógicas avançadas que aprenderam nos cursos
de pedagogia (sic) não são nem de longe aplicadas nas escola e desistem logo em busca de
melhores praias. Afinal quase R$ 9,00 por hora aula é um salário bem fácil de desprezar.
Crianças de cinco anos estão sendo aceitas no ensino fundamental em escolas que
não possuem áreas de lazer, parquinhos ou mesmo uma brinquedoteca. Será que era isso que
a lei determinava ao ser implantado o ensino fundamental de nove anos?
Resta o aprisionamento destes pequenos em salas de aulas não adaptadas para o
seu tamanho por 5 horas diárias. Por que será que os alunos tornam-se indisciplinados e o
professor cada vez mais estressado ?
O professor não precisa de ginástica laboral, nem de pena pelo seu sofrimento.
Precisa é de respeito como profissional, salário compatível com a responsabilidade de seu
cargo, que lhe assegure a possibilidade de arcar com as despesas de atividade física orientada,
lazer e cultura indispensáveis para saúde física e mental.
Necessita ao ser afastado de suas funções, como acontece algumas vezes não ser
tratado como sujeito de quinta categoria, que perde até os mínimos benefícios do magistério,
como trabalhar por hora aula, recesso escolar em julho e aposentadoria especial. Doente,
tendo que abrir mão de sua profissão é penalizado ao ser readaptado por problemas na
maioria das vezes decorrentes do exercício profissional.
Nosso sistema distorcido paga salários astronômicos a juízes, que vão penalizar lá
na frente aqueles que foram criados ou não foram amparados pelo sistema no início de suas
vidas. Nossos jovens são frutos da educação e do valor que se dá a elas, ou alguém tem dúvida
sobre isso?
Ao rever o texto me dei conta do excesso de interrogações. Não acredito que
os políticos que elegemos vão mudar algo nem em um milhão de anos. Quem precisa ser
questionada é a população. A luta por mudanças só podem vir dos cidadãos. Em alguns países
a mobilização derruba até ditaduras.
A má qualidade da educação perpetua no poder aqueles que apostam na ignorância.
O aprimoramento educacional dos indivíduos é a única via para melhores escolhas na hora de
nosso voto. Parece um círculo eternamente vicioso este.
Mas aqueles que estão insistindo em sua profissão de educadores neste, nesta
cidade acreditam que é possível e precisam de mais e mais cidadãos acreditando e
efetivamente lutando por isso.
Santos, 27/02/2011.
Marta Cabette e-mail: martacabette@uol.com.br
professora e psicóloga
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