É dramática a situação dos servidores da antiga Sucam, hoje Fundação Nacional de Saúde (Funasa), contaminados durante dez anos por Dicloro-Difenil-Tricloroetano, o famigerado DDT, quando borrifavam residências pelo interior do Pará no combate ao mosquito transmissor da malária. Dos 180 intoxicados 48 já morreram de câncer no pulmão e de garganta, problemas cardíacos e respiratórios. Os 132 sobreviventes, que ainda lutam para receber tratamento médico adequado e indenização pelos danos físicos e psicológicos que sofreram, denunciam que foram abandonados pela Funasa, acusando o órgão de deixar de pagar o tratamento sob o argumento de que os problemas de saúde que eles sofrem nada têm a ver com a contaminação por DDT.
Em toda a Amazônia são 482 intoxicados. “Isto é uma grande mentira da Funasa, porque os laudos médicos desmentem o que ela diz, provando que as doenças são decorrentes da intoxicação”, afirma o servidor do órgão Rosenildo Leal Moura, um dos contaminados. Ele relatou ao Diário que os doentes, sem atendimento médico em Belém, procuram outras cidades fora do Pará. Muitos tem ido para Araguaína, no Tocantins, e Goiânia, em Goiás, em busca de ajuda nos hospitais públicos. Moura explica que desde 1996, quando fez a primeira denúncia do caso, a luta tem sido enorme para restabelecer os direitos violados dos servidores da Funasa.
"Os médicos que cuidam de nós e que deveriam ser nossos amigos agem como se fossem inimigos", acrescenta. O servidor conta que ele e outros doentes costumam ouvir ironias dos médicos do tipo “vamos ser presos pela Polícia Federal”, por conta de denúncias feitas ao Ministério Público. Segundo Moura, a justiça determinou que houvesse perícia em todos os doentes para identificar se os problemas de saúde que apresentam têm alguma relação com a contaminação por DDT. Ocorre que a perícia acabou no final do ano passado e com ela o atendimento aos doentes. "Estamos usando nosso plano de saúde e isso não deveria estar acontecendo, porque o governo federal tem a obrigação de dar o atendimento que necessitamos", diz o servidor.
Justiça- Revoltado com a situação, desabafa: "a Funasa não está fazendo nada. Nossos colegas estão morrendo à míngua, sem atendimento médico". Outra reclamação é contra a “morosidade da justiça” no pagamento das indenizações aos intoxicados. Alguns processos já foram concluídos, mas até agora os servidores nada receberam. "Só ganhamos doenças e morte”, resume Moura. Ele veio a Belém depois de ter passado mal em Conceição do Araguaia com problema no coração. Além disso, foi acometido de pneumonia. "Os médicos de lá disseram que eu tinha que vir a Belém para passar por um tratamento melhor". Hospedado em um hotel atrás do Terminal Rodoviário, ele apela às autoridades: "pelo amor de Deus, façam alguma coisa por nós. Tem gente morrendo aos poucos, todos os dias".
Resposta- Em nota, a Funasa diz que atende, por intermédio do Serviço de Atenção Integral ao Servidor (Seais), a 482 tutelados de Justiça. E afirma que vem “cumprindo tudo o que foi determinado pela lei”. Ela também informa que atende as demandas judiciais e cobre todas as despesas dos tutelados com exames, medicamentos, passagens, hospedagem, transporte e alimentação, inclusive para os acompanhantes dos doentes. Ainda de acordo com o órgão, ele está em processo de licitação para aquisição de rede hospitalar, hotel, transporte e funerária, para melhorar o atendimento dos tutelados. Por fim, reitera estar à disposição para quaisquer outras informações.
PROIBIDO NOS ESTADOS UNIDOS, DDT CONTINUOU EM USO NO BRASIL
O DDT foi descoberto e inicialmente utilizado durante a II Guerra Mundial para controlar a praga de piolhos que os soldados tiveram. Após o fim da guerra, com a alta letalidade do produto sobre os insetos, o DDT passou a ser utilizado no controle de pragas agrícolas e de interesse em saúde pública, como a malária. Países no mundo inteiro compraram o DDT que era fabricado nos Estados Unidos. Ocorre que com pouco mais de 10 anos de uso, os americanos descobriram que o inseticida era letal na natureza e no próprio ser humano.
Por isso, a partir do início da década de 60 o uso do DDT foi proibido nos Estados Unidos. No entanto, os outros países do mundo, como o Brasil, continuaram a comprar o inseticida durante muito tempo. Em nosso país, o DDT foi utilizado pela Funasa nas ações de controle de malária até 1990, e extra-oficialmente ele ainda foi aplicado até 1995. Doenças e sintomas da contaminação por DDT Câncer de pulmão e garganta. Problemas cardíacos. Tremores parecidos ao de mal de Parkinson, problemas no sistema nervoso e dor nas articulações. Também há relatos de dor nas mãos, no estômago, na vesícula, na nuca e na cabeça.
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