Jornal Extra - 25/08/2019
O anúncio do governo federal de privatizar 17 empresas estatais agitou as entidades que representam os trabalhadores. O EXTRA ouviu os sindicatos dos funcionários dos Correios, Casa da Moeda, Eletrobrás, Dataprev e Serpro que pretendem sensibilizar o Congresso Nacional e a sociedade em relação à importância das instituições. Essas empresas já tiveram ou estão com programas de demissão voluntária, que muitas vezes têm baixa adesão por parte dos funcionários, por conta do pouco retorno financeiro oferecido.
A avaliação do Sindicato Nacional dos Moedeiros é que a privatização da Casa da Moeda, que completou de 325 anos, deixará o país na contramão do avanço tecnológico porque as 15 maiores potências do mundo têm a fabricação de suas moedas de forma estatizada. O presidente do sindicato, Aluizio Junior, contou que desde 2016 a empresa vem sofrendo um processo de sucateamento e desvalorização pelo governo federal, o que já resultou na perda de R$ 34 bilhões do faturamento.
— Os possíveis interessados em produzir moeda para o Brasil são as empresas públicas dos outros países, então o nosso sentimento é de lutar pela empresa que tem hoje 2.100 funcionários. Nós estamos num processo de PDV (programa de demissão voluntária) e a gestão leva o funcionário apto ao programa a se sentir culpado e pressionado porque a empresa está com problema de caixa — explicou, que também contou que os últimos acordos coletivos foram fechados com percentuais que não recuperaram a perda salarial do trabalhador por conta da inflação.
O sindicato dos trabalhadores dos Correios no Rio (Sintect-RJ) estão colhendo assinaturas para um abaixo-assinado contra a privatização e pretendem continuar a atuação na frente parlamentar em defesa da empresa no Congresso Nacional.
— São 356 anos de serviços prestados, os Correios empregam mais de 100 mil pessoas de forma direta e tem uma atuação importante, não só na entrega de correspondência, mas também dos livros escolares, das vacinas. Essa foi uma decisão unilateral, arbitrária, sem diálogo com a sociedade — comentou o presidente do sindicato, Ronaldo Martins, que lembrou que a categoria está em estado de greve até dia 31 de agosto para negociar o ajuste salarial. — Se não tiver nenhuma negociação vai ter greve em setembro — afirmou.
O plano de demissão voluntária da empresa já acontece há cerca de quatro anos e se acentuou no governo Temer. — Agora no governo Bolsonaro, só no Rio foram 830 trabalhadores embora e a área operacional foi a mais afetada, porque não temos concurso desde 2011, então há um déficit de trabalhadores e isso tem afetado a qualidade do serviço — afirmou Martins, que contou que há um assédio moral por conta da pressão que os funcionários sofrem para...
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