O controle da dengue na atualidade é uma atividade complexa, tendo em vista os diversos fatores
externos ao setor saúde, que são importantes determinantes na manutenção e dispersão tanto da do-
ença quanto de seu vetor transmissor. Dentre esses fatores, destacam-se o surgimento de aglomerados
urbanos, inadequadas condições de habitação, irregularidade no abastecimento de água, destinação
imprópria de resíduos, o crescente trânsito de pessoas e cargas entre países e as mudanças climáticas
provocadas pelo aquecimento global.
Tendo em vista esses aspectos, é fundamental, para o efetivo enfrentamento da dengue, a implemen-
tação de uma política baseada na intersetorialidade, de forma a envolver e responsabilizar os gestores e
a sociedade. Tal entendimento reforça o fundamento de que o controle vetorial é uma ação de respon-
sabilidade coletiva e que não se restringe apenas ao setor saúde e seus profissionais.
Para alcançar a sustentabilidade definitiva nas ações de controle, é imprescindível a criação de
um grupo executivo intersetorial, que deverá contar com o envolvimento dos setores de planeja-
mento, de abastecimento de água e de coleta de resíduos sólidos, que darão suporte ao controle da
dengue promovido pelo setor saúde.
No âmbito do setor saúde, é necessário buscar a articulação sistemática da vigilância epidemio-
lógica e entomológica com a atenção básica, integrando suas atividades de maneira a potencializar
o trabalho e evitar a duplicidade das ações, considerando especialmente o trabalho desenvolvido
pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e pelos Agentes de Controle de Endemias (ACE).
Na divisão do trabalho entre os diferentes agentes, o gestor local deve definir claramente o papel e
a responsabilidade de cada um e, de acordo com a realidade local, estabelecer os fluxos de trabalho. O
ACS pode e deve vistoriar sistematicamente os domicílios e peridomicílios para controle da dengue e,
caso identifique criadouros de difícil acesso, ou se necessite da utilização de larvicida, deve acionar um
ACE de sua referência. Mais informações sobre o trabalho dos ACS e ACE estão nas páginas 55 a 59.
As atividades voltadas ao controle vetorial são consideradas de caráter universal e podem ser carac-
terizadas sob dois enfoques: as ações de rotina e as de emergência.
5.3.1. Diretrizes básicas para o controle vetorial
Os mosquitos do gênero Aedes são os vetores da dengue. A espécie Aedes aegypti é a mais importante
na transmissão da doença. O Aedes albopictus, já presente nas Américas e com ampla dispersão nas
regiões Sudeste e Sul do Brasil, é o vetor de manutenção da dengue na Ásia, mas até o momento não foi
associado à transmissão da dengue nas Américas.
Estratificação dos municípios
Os municípios são categorizados em dois estratos, em função da presença ou não do vetor Aedes
aegypti ou Aedes albopictus.
• Estrato I – municípios infestados, aqueles com disseminação e manutenção do vetor nos domicílios.
• Estrato II - municípios não infestados, aqueles em que não foi detectada a presença disseminada
do vetor nos domicílios ou, nos municípios anteriormente infestados, que permanecerem 12 me-
ses consecutivos sem a presença do vetor, de acordo com os resultados do levantamento de índice
bimestral ou do monitoramento por intermédio de armadilha, conforme normas técnicas.
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5.3.2. Atividades preconizadas
As seguintes atividades são preconizadas para avaliar e controlar a situação vetorial nos estra-
tos descritos.
Estrato I – Municípios infestados (em períodos epidêmicos e não epidêmicos)
• Pesquisa larvária amostral, bimestral ou quatro levantamentos rápidos de índices entomológicos
(LIRAa) ao ano.
• Visita domiciliar bimestral em 100% dos imóveis.
• Pesquisa larvária nos pontos estratégicos, em ciclos quinzenais, com tratamento focal e/ou residual,
com periodicidade mensal para o tratamento residual.
• Atividades de educação e comunicação, com vistas à prevenção e controle da dengue pela população.
• Articulação com órgãos municipais de limpeza urbana, tendo em vista a melhoria da coleta e a
destinação adequada de resíduos sólidos.
• Articulação com outros órgãos municipais governamentais e entidades não governamentais, ten-
do em vista a atuação intersetorial.
• Realização do bloqueio da transmissão, quando necessário.
Estrato II – Municípios não infestados
• Pesquisa entomológica, preferencialmente com ovitrampas ou larvitrampas, em ciclos semanais.
Alternativamente, realizar o levantamento de índice.
• Pesquisa larvária em pontos estratégicos (PE), em ciclos quinzenais, com tratamento focal e/ou
residual, quando indicado tecnicamente.
• Atividades de educação e comunicação, com vistas à prevenção e controle da dengue pela população.
• Delimitação de focos, quando for detectada esporadicamente a presença do vetor em PE, ar-
madilhas ou em função do resultado de pesquisa vetorial especial (PVE). Na persistência de
focos, com a comprovação de domiciliação do vetor, o município passa a ser considerado como
infestado (Estrato I).
• Levantamento de índice amostral em ciclos quadrimestrais.
Considerando os preceitos de responsabilização e vínculo estabelecidos pelas Equipes de Saúde da
Família (ESF) com sua área de atuação, o gestor pode e deve rever os parâmetros definidos para o
Agente de Controle de Endemias (ACE), considerando como domicílios visitados aqueles que tiveram
a presença do Agente Comunitário de Saúde (ACS), de acordo com sua realidade e organização dos
serviços de saúde.
5.3.3. Métodos de controle vetorial
Período não epidêmico – ações de rotina
Vários métodos de controle do Aedes podem ser utilizados rotineiramente. Alguns deles são execu-
tados no domicílio pelo morador e, complementarmente, pelo ACE ou ACS.
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Deve-se destacar também a responsabilização dos administradores e proprietários, com a supervisão
da secretaria municipal de saúde, na adoção dos métodos de controle dos imóveis não domiciliares,
que se constituem em áreas de concentração de grande número de criadouros produtivos e funcionam
como importantes dispersores do Aedes. Citamos como exemplos os prédios públicos que têm a função
de guarda de veículos e locais de grande circulação de pessoas e cargas (terminais rodoviários e ferro-
viários, portos e aeroportos). No setor privado, destacamos os canteiros de obras, grandes indústrias e
depósitos de materiais utilizados na reciclagem, além dos ferros-velhos e sucatas.
Como métodos de controle rotineiro, têm-se o mecânico, o biológico, o legal e o químico.
Controle mecânico
O controle mecânico consiste na adoção de práticas capazes de impedir a procriação do Aedes, tendo
como principais atividades a proteção, a destruição ou a destinação adequada de criadouros, que devem
ser executadas sob a supervisão do ACE ou ACS, prioritariamente pelo próprio morador/proprietário.
Diversas iniciativas de controle mecânico em larga escala podem ser incorporadas pelo gestor mu-
nicipal, dentre as quais enfatizamos:
• reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino final adequado, em áreas com altos índices
de infestação;
• coleta, armazenamento e destinação adequada de pneumáticos, atividade que tem amparo legal
na Resolução Conama nº 258 e que é executada em parceria entre a iniciativa privada e os mu-
nicípios, com a implantação de Ecopontos - desde o início dessa política tem-se observado uma
evolução positiva no número de Ecopontos (Figuras 9, 10 e 11) implantados no país (mais infor-
mações podem ser obtidas no endereço eletrônico http://www.reciclanip.com.br/);
Controle biológico
O rápido aumento da resistência do mosquito a vários inseticidas químicos e os danos causados por
estes ao meio ambiente tem resultado na busca de novas alternativas de controle, tais como o uso de
agentes biológicos.
Dentre as alternativas disponíveis, o Ministério da Saúde vem adotando o uso do Bacillus thuringiensis
israelensis (Bti). A decisão para utilização desse larvicida biológico foi baseada na existência de estudos,
ensaios de laboratório e aplicação no campo, que revelou sua eficácia no controle do Aedes aegypti.
O Bti tem elevada propriedade larvicida e seu mecanismo de atuação baseia-se na produção de en-
dotoxinas proteicas que, quando ingeridas pelas larvas, provoca sua morte.
O Ministério da Saúde possui uma rede de monitoramento que avalia o estágio de resistência do
Aedes aegypti ao uso de inseticidas. Ao ser detectada a resistência ao uso de organofosforados no mu-
nicípio, desencadeia-se o processo de substituição pelo Bti.
Controle legal
Consiste na aplicação de normas de conduta regulamentadas por instrumentos legais de apoio às
ações de controle da dengue. As medidas de caráter legal podem ser instituídas no âmbito dos mu-
nicípios, pelos códigos de postura, visando principalmente a responsabilizar o proprietário pela ma-
nutenção e limpeza de terrenos baldios, assegurar a visita domiciliar do ACE aos imóveis fechados,
abandonados e onde exista recusa à inspeção, além de regulamentar algumas atividades comerciais
consideradas críticas, do ponto de vista sanitário. O Ministério da Saúde elaborou a publicação Pro-
grama Nacional de Controle da Dengue: Amparo Legal à Execução das Ações de Campo – Imóveis
Fechados, Abandonados ou com Acesso não Permitido pelo Morador, para orientar o trabalho dos
agentes de saúde em situações específicas, quando o imóvel encontra-se fechado ou quando a visita é
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recusada pelo morador. Essa publicação encontra-se disponível no endereço eletrônico http://portal.
saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/dengue_amparo_legal_web.pdf
Outra legislação do Ministério da Saúde é a Portaria MS/GM nº 2.142, de 09 de outubro de 2008, que
trata de normas específicas para direcionar atividades da vigilância sanitária (Visa) em ações de pre-
venção e controle da dengue, em particular na gestão de atividades como ferros-velhos e similares.
Controle químico
O controle químico consiste no uso de substâncias químicas – inseticidas – para o controle do vetor
nas fases larvária e adulta.
A utilização de inseticidas em saúde pública tem por base normas técnicas e operacionais oriundas de
um grupo de especialistas em praguicidas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza os
princípios ativos desses produtos e recomenda as doses para os vários tipos de tratamento disponíveis.
É fundamental o uso racional e seguro dos inseticidas nas atividades de controle vetorial, tendo em
vista que o seu uso indiscriminado determina impactos ambientais, além da possibilidade de desenvol-
vimento da resistência dos vetores aos produtos (Figura 13 e 14).
Os inseticidas indicados para uso em água de consumo humano passam por avaliação adicional
do Programa Internacional de Segurança Química (IPCS), órgão vinculado à OMS, à Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e à Organização Internacional do Trabalho
(OIT), disponível nos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/chemicals/en/index.html
http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/chemicals/temephos/en/index.html
A aquisição de inseticidas para uso em saúde pública é de responsabilidade do Ministério da Saú-
de e está sustentada em uma política de gestão de insumos estratégicos, conforme determinação da
Portaria MS/GM nº 1.172, de 15 de junho de 2004, sendo vedada aos municípios a sua aquisição.
5.3.4. Operacionalização do controle vetorial no município
A condução das ações do controle vetorial no município pode ser efetuada por um gerente, coorde-
nador ou responsável técnico vinculado à área de vigilância em saúde.
Alguns aspectos operacionais devem ser considerados para o alcance de melhores resultados.
• Assegurar estrutura física adequada às atividades administrativas com um mínimo de equipa-
mentos. Também é necessário garantir estrutura física adequada para as atividades de campo
(pontos de apoio).
• Assegurar a manutenção dos veículos e equipamentos existentes, adotando procedimentos de
controle administrativo para seu uso.
• Adotar, preferencialmente, o regime de zoneamento para a atividade do ACE, que consiste em
mantê-lo atuando dentro de uma mesma área de trabalho, se possível próximo ao seu próprio lo-
cal de residência, buscando ainda uma territorialização compatível com a da Atenção Primária.
• Procurar adotar procedimentos de contratação da equipe técnica e de campo, com vínculo não
precário e de acordo com a legislação vigente.
• Gerenciar a escala de férias da força de trabalho, de modo a evitar a descontinuidade das ativida-
des de controle do vetor nos períodos críticos.
• Promover o planejamento conjunto de atividades entre as equipes de controle de vetores e de saú-
de da família.
• Estabelecer rotina de reuniões sistemáticas entre equipe de supervisores de área e de saúde da fa-
mília, para intercâmbio de informações epidemiológicas e entomológicas de sua área territorial.
A estrutura vai depender do porte do município e de seu grau de organização. A Figura 15 apresenta
uma sugestão de desenho esquemático de organização das atividades de controle de vetores.
Atribuições do responsável técnico do controle vetorial
As principais atribuições do profissional responsável pelo gerenciamento e condução das ações de
controle da dengue são as seguintes:
• acompanhar e analisar os indicadores entomológicos e epidemiológicos, utilizando-os para subsi-
diar a tomada de decisão pelo nível gerencial ou político;
• preparar relatórios sobre a situação entomo-epidemiológica do município;
• gerenciar as diferentes logísticas envolvidas no controle da dengue;
• promover reuniões periódicas com supervisores de campo e com os demais parceiros do trabalho,
no âmbito institucional e junto à comunidade;
• acompanhar o andamento e a conclusão dos trabalhos; e
• acompanhar o andamento das atividades, buscando alternativas de solução para redução ou supe-
ração dos problemas identificados.
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Supervisão do controle vetorial
A supervisão é uma atividade que permite o acompanhamento da execução das ações e sua qua-
lidade, maximizando os recursos disponíveis e realizando as adequações necessárias, de maneira a
contribuir para que os objetivos traçados sejam alcançados. Por intermédio da supervisão, é possível
monitorar aspectos essenciais ao trabalho de campo, tais como a utilização de insumos, o cumprimen-
to do horário e do itinerário, bem como a produtividade do trabalho.
A estrutura de supervisão ao trabalho de campo proposta para o gerenciamento do controle ve-
torial prevê duas categorias de supervisor: o geral e o de área. Para cada 10 agentes de controle de
endemias, está previsto um supervisor de área e, para cada cinco supervisores de área, um supervisor
geral (10 → 5 → 1). No entanto, nos municípios onde já existe a integração com as equipes de saúde da
família, essa estrutura de supervisão pode ser adequada à nova realidade.
É importante o estabelecimento de fluxos de acompanhamento, planejamento, monitoramento e
avaliação sistemática com as ESF que realizam ações de controle vetorial.
Atribuições do supervisor (geral e de área)
As atribuições do profissional responsável pela supervisão são as seguintes:
• conhecer os aspectos técnicos e operacionais do controle da dengue;
• estar informado sobre a situação da dengue em sua área de trabalho, orientando o pessoal sob sua
responsabilidade, em especial quanto à presença de casos suspeitos e quanto ao encaminhamento
para a unidade de saúde ou serviço de referência;
• participar do planejamento das ações de campo na área sob sua responsabilidade, definindo, caso
necessário, estratégias específicas, de acordo com a realidade local;
• participar da avaliação dos resultados e do impacto das ações;
• garantir o fluxo da informação quanto aos resultados da supervisão;
• organizar e distribuir o pessoal sob sua responsabilidade, controlando sua frequência;
• prever, distribuir e controlar os insumos e materiais utilizados no trabalho de campo;
• atuar como facilitador, oferecendo os esclarecimentos sobre cada ação que envolva o controle vetorial;
• atuar como elo entre o pessoal de campo e a gerência técnica;
• melhorar a qualificação dos trabalhadores sob sua responsabilidade;
• estimular o bom desempenho da equipe sob sua responsabilidade;
• acompanhar sistematicamente o desenvolvimento das atividades de campo, por intermédio de
supervisões direta e indireta;
• manter organizado e estruturado o ponto de apoio e abastecimento (PA);
• garantir, junto ao pessoal sob sua responsabilidade, o registro correto e completo das atividades;
• realizar a consolidação e o encaminhamento à gerência técnica das informações relativas ao traba-
lho desenvolvido em sua área;
• consolidar os dados do trabalho de campo relativo ao pessoal sob sua responsabilidade; e
• fornecer às equipes de Atenção Primária, especialmente da estratégia de Saúde da Família, as in-
formações entomológicas da área.
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Localização dos agentes de controle de endemias no campo
Para facilitar o trabalho da supervisão, podem ser utilizadas bandeiras em cores fortes, colocadas,
de forma visível, na entrada dos locais em que o agente ou supervisor desenvolve suas atividades, per-
mitindo visualização à distância.
Itinerário de trabalho
A elaboração da programação de trabalho dos agentes e do supervisor é fundamental para o desen-
volvimento das atividades. O plano é individual e pode ser diário ou semanal, devendo ficar em local
acessível, no ponto de apoio, na unidade de saúde de referência, na equipe de saúde da família ou na
secretaria municipal de saúde.
Atribuições do Agente de Controle de Endemias (ACE)
No trabalho de controle vetorial, o ACE é o profissional responsável pela execução das atividades de
combate ao vetor realizadas nos imóveis, devendo:
• atualizar o cadastro de imóveis, por intermédio do reconhecimento geográfico, e o cadastro de
pontos estratégicos (PE);
• realizar a pesquisa larvária em imóveis, para levantamento de índices e descobrimento de focos,
bem como em armadilhas e em PE, conforme orientação técnica;
• identificar criadouros contendo formas imaturas do mosquito;
• orientar moradores e responsáveis para a eliminação e/ou proteção de possíveis criadouros;
• executar a aplicação focal e residual, quando indicado, como medida complementar ao controle
mecânico, aplicando os larvicidas indicados, conforme orientação técnica;
• registrar nos formulários específicos, de forma correta e completa, as informações referentes às
atividades executadas;
• vistoriar e tratar os imóveis cadastrados e informados pelo ACS que necessitem do uso de larvici-
da, bem como vistoriar depósitos de difícil acesso informado pelo ACS;
• encaminhar os casos suspeitos de dengue à unidade de Atenção Primária em Saúde, de acordo
com as orientações da Secretaria Municipal de Saúde;
• atuar junto aos domicílios, informando os seus moradores sobre a doença, seus sintomas e riscos,
o agente transmissor e medidas de prevenção;
• promover reuniões com a comunidade com o objetivo de mobilizá-la para as ações de prevenção
e controle da dengue, sempre que possível em conjunto com a equipe de APS da sua área;
• reunir-se sistematicamente com a equipe de Atenção Primária em Saúde, para trocar informações
sobre febris suspeitos de dengue, a evolução dos índices de infestação por Aedes aegypti da área de
abrangência, os índices de pendências e as medidas que estão sendo, ou deverão ser, adotadas para
melhorar a situação;
• comunicar ao supervisor os obstáculos para a execução de sua rotina de trabalho, durante as visi-
tas domiciliares;
• Registrar, sistematicamente, as ações realizadas nos formulários apropriados, conforme já referi-
do, com o objetivo de alimentar o sistema de informações vetoriais.
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Parâmetros para estruturação das equipes de ACE
As diretrizes nacionais preconizam como ideal a disponibilidade de um agente para cada 800 a 1.000
imóveis, correspondendo a um rendimento diário de 20 a 25 imóveis/dia.
O rendimento médio de 20 a 25 imóveis por dia somente será alcançado com carga horária de oito horas
diárias. A adoção do ‘horário corrido’ não é recomendada, por trazer prejuízos à qualidade do serviço.
Situações peculiares, que dificultam ou impossibilitam a inspeção de 100% dos imóveis, devem ser
tratadas, também, de forma diferenciada, cabendo ao supervisor e ao responsável técnico pelo controle
vetorial avaliar a necessidade de montar equipes específicas, devidamente motorizadas e munidas de
equipamentos apropriados (como escada), para intervir diretamente, como é o caso dos depósitos
suspensos de difícil acesso.
Atribuições do Agente Comunitário de Saúde (ACS)
O ACS deve atuar de forma articulada com a equipe de controle de endemias, com as atribuições de:
• encaminhar os casos suspeitos de dengue às Unidades Atenção Primária em Saúde (APS), de acor-
do com as orientações da Secretaria Municipal de Saúde;
• atuar junto aos domicílios, informando aos seus moradores sobre a doença, seus sintomas e riscos,
o agente transmissor e medidas de prevenção;
• informar o morador sobre a importância da verificação da existência de larvas ou mosquitos
transmissores da dengue no domicílio e peridomicílio, chamando a atenção para os criadouros
mais comuns na sua área de atuação;
• vistoriar o domicílio e/ou peridomicílio, acompanhado pelo morador, para identificar locais de
existência de objetos que sejam ou possam se transformar em criadouros do mosquito transmis-
sor da dengue;
• orientar e acompanhar o morador na remoção, destruição ou vedação de objetos que possam se
transformar em criadouros de mosquitos, removendo mecanicamente, se necessário, as formas
imaturas do mosquito;
• estimular os moradores a assumirem o compromisso com a adoção das ações de prevenção, de
forma espontânea e rotineira;
• encaminhar ao ACE os casos de verificação de criadouros de difícil acesso ou que necessitem do
uso de larvicidas/biolarvicidas;
• promover reuniões com a comunidade, com o objetivo de mobilizá-la para as ações de prevenção
e controle da dengue, bem como conscientizar a população quanto à importância de que todos os
domicílios em uma área infestada pelo Aedes aegypti sejam trabalhados (garantir o acesso do ACE);
• comunicar ao enfermeiro supervisor e ao ACE a existência de criadouros de larvas e ou do mos-
quito transmissor da dengue que dependam de tratamento químico/biológico, da interveniência
da vigilância sanitária ou de outras intervenções do poder público;
• comunicar ao enfermeiro supervisor e ao ACE os imóveis fechados e as recusas à visita;
• notificar os casos suspeitos de dengue em ficha específica e informar a equipe da APS;
• reunir-se semanalmente com o agente de controle de endemias, para planejar ações conjuntas,
trocar informações sobre febris suspeitos de dengue, a evolução dos índices de infestação por
Aedes aegypti da área de abrangência, os índices de pendências, os criadouros preferenciais e as
medidas que estão sendo, ou deverão ser, adotadas para melhorar a situação;
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• realizar visitas domiciliares aos pacientes com dengue (ver quadro no componente Assistência); e
• registrar, sistematicamente, as ações realizadas nos formulários apropriados, com o objetivo de
alimentar os sistemas de informações.
Territorialização
É fundamental que o sistema de informações vetoriais, a vigilância epidemiológica e as ESF utilizem
a mesma base geográfica, para permitir que as ações de controle da dengue sejam executadas de forma
articulada e as análises geradas tenham a mesma referência.
Caso a vigilância epidemiológica e a Atenção Primária em Saúde não trabalhem ainda com a mesma
base territorial, deve-se estabelecer mecanismos de compatibilização, para que as análises geradas não
sofram prejuízo.
5.3.5. Equipamentos utilizados no controle vetorial
Vários tipos de equipamentos são empregados no controle da dengue, destacando-se os utilizados
na aplicação de inseticidas para o tratamento residual (perifocal), os costais motorizados, o nebuliza-
dor portátil e o nebulizador pesado.
O uso desses equipamentos deve ser concomitante com as demais ações de controle. Essa recomen-
dação deve ser rigorosamente observada, uma vez que o Aedes aegypti é um vetor domiciliado. Ges-
tores e sociedade precisam compreender que a utilização de equipamentos de aspersão de inseticidas
tem caráter complementar às demais ações de controle, em virtude de seu alcance limitado e do grande
impacto ambiental.
Equipamento costal manual
O equipamento costal (Figura 16) utiliza bicos pulverizadores de energia hidráulica, tipo leque, para
fragmentar as gotículas da formulação do pó molhável diluído em água, produzindo gotas maiores do
que as geradas pelos nebulizadores pesados. O fluxo de descarga deve ser monitorado periodicamente
pelo agente aplicador, instruído pelo supervisor.
Equipamento costal motorizado
O equipamento costal motorizado (Figura 17), que também utiliza como formulação o pó molhável
diluído em água, deve ser adaptado com discos/bicos restritores de fluxo que permitam aumento da
vazão, proporcionando gotas maiores - com pouca possibilidade de deriva e maior cobertura da super-
fície tratada. Esse tipo de equipamento é indicado especialmente para utilização em grandes pontos
estratégicos, pela possibilidade de maior rendimento operacional, o que seria pouco produtivo com
equipamentos costais não motorizados.
De forma geral, o uso do nebulizador costal motorizado complementa as atividades do equipamen-
to pesado, especialmente nos locais não trafegáveis, durante operações de emergência realizadas em
períodos de surtos ou epidemias e nas atividades de bloqueio de transmissão. Mesmo com rendimento
menor, apresenta uma eficácia superior à do equipamento pesado, uma vez que a névoa de aplicação
pode ser direcionada para o local a ser tratado no intra e no peridomicílio, além de poder ser utilizado
durante todo o dia e não apenas em horários restritos.
Equipamento nebulizador acoplado a veículos
O equipamento nebulizador acoplado a veículos (Figura 18) é bastante útil para o controle de sur-
tos ou epidemias, em razão do seu alto rendimento (80 quarteirões/dia), mas não é recomendado nas
situações de bloqueio de transmissão.
As aplicações com nebulizador acoplado a veículos, a ultra baixo volume (UBV), devem ser per-
manentemente supervisionadas para garantir a dose indicada de ingrediente ativo em cada quarteirão
percorrido, uma vez que há interferência de uma série de fatores operacionais, como a vazão do equi-
pamento e a velocidade do veículo, em função do que é fundamental a capacitação do condutor.
Manutenção e guarda dos equipamentos
Um local específico para a manutenção e guarda dos equipamentos utilizados para a aplicação de
inseticida (UBV - nebulizadores costais e pesados e veículos) deve ser construído ou adaptado, sendo
dimensionado conforme a necessidade. Tanto as instalações como o uso dessa área devem seguir as
diretrizes e normas de segurança, conforme manual editado pelo Ministério da Saúde (disponível no
endereço eletrônico http:\\bvsms.saude.gov.br/publicações/fatores_bio_risco.pdf).
A lavagem dos equipamentos é um item que deve merecer atenção especial da gestão estadual e mu-
nicipal, de maneira a evitar a contaminação ambiental, com destinação adequada dos resíduos e sobras
das soluções e da água de lavagem. É recomendável o trabalho conjunto entre as áreas de controle de
vetores e de vigilância ambiental, para a adoção de práticas de segurança ambiental e do trabalhador.
Procedimentos de segurança
O monitoramento da colinesterase é uma medida indicada aos trabalhadores que utilizam in-
seticidas organofosforados e carbamatos nas atividades de controle vetorial. Deverão ser adotados
os métodos atualmente disponíveis (espectofotométricos ou colorimétricos), conforme prevê a NT
nº 165/2008, disponível no endereço eletrônico http://eportal.saude.gov/portal/arquivos/pdf/nt_den-
gue_1652008_parametro_colinest.pdf A realização desses exames é de responsabilidade do Laborató-
rio Central de Saúde Pública (Lacen).
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) são insumos necessários à segurança do trabalha-
dor durante a aplicação de inseticidas. A indicação do tipo de EPI leva em consideração os riscos
inerentes a cada uma das atividades desenvolvidas.
As especificações técnicas completas dos diversos EPI, são apresentadas a seguir.
5.3.6. Ações de controle vetorial
O controle de vetores compreende duas atividades básicas: vigilância entomológica e combate ao
vetor. Geralmente, essas atividades são realizadas por ciclos de trabalho com periodicidade bimestral,
o que equivale a seis visitas anuais ao mesmo imóvel.
Organização das operações de campo
As ações de controle vetorial devem ser planejadas para serem executadas de forma permanente,
promovendo a articulação sistemática com todos os setores do município (educação, saneamento, lim-
peza urbana etc.).
O planejamento das atividades é condição essencial para a definição das necessidades de pessoal,
equipamentos e insumos, o que vai permitir a aquisição, em tempo hábil, dos materiais utilizados na
rotina do agente, assim como equipamentos de proteção individual (EPI), uniformes, crachás de iden-
tificação etc.
Os quadros 2 e 3 apresentam os parâmetros usualmente utilizados na rotina das ações de con-
trole vetorial.
Reconhecimento geográfico
O reconhecimento geográfico (RG) é o primeiro passo para o planejamento das atividades de con-
trole vetorial e consiste na identificação e numeração de quarteirões, bem como na localização e es-
pecificação do tipo de imóvel dentro de cada quarteirão. Sua atualização deve ser realizada após o
encerramento das atividades de cada ciclo.
Atualmente, os sistemas de geoprocessamento (GPS) permitem uma localização precisa de imóveis
e quarteirões, podendo representar importante ferramenta de apoio ao trabalho de controle vetorial.
Visita domiciliar
Na vigilância entomológica e controle de vetores, a visita domiciliar, realizada pelo agente e pelo
supervisor, é uma atividade fundamental para verificar a presença de criadouros, orientar os residentes
sobre a eliminação dos mesmos e sobre medidas preventivas, identificação de foco e tratamento (bioló-
gico, químico, mecânico etc.). É utilizada também para realizar levantamento de índices de infestação.
O Anexo XI apresenta os principais materiais utilizados na visita domiciliar.
Registro da visita
Os dados sobre a visita domiciliar devem ser anotados em formulário próprio, no qual ficam regis-
trados a data, o endereço completo e os procedimentos adotados durante a inspeção do imóvel.
A ficha de visita domiciliar é utilizada para comprovação da atividade do agente no imóvel, devendo
ser afixada no interior do imóvel, preferencialmente atrás da porta de um banheiro ou da cozinha, no
caso de residência, por ocasião da primeira visita, devendo ser trocada quando totalmente preenchida
ou afixando-se uma nova quando esta não for localizada. O Anexo XII apresenta o material para iden-
tificação do agente e registro da visita.
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Ponto estratégico (PE)
São locais onde há concentração de depósitos do tipo preferencial para a desova da fêmea do Aedes
aegypti ou especialmente vulneráveis à introdução do vetor. Exemplos: cemitérios, borracharias, fer-
ros-velhos, depósitos de sucata ou de materiais de construção, garagens de ônibus e de outros veículos
de grande porte.
As atividades de vigilância nesses locais devem ser realizada com periodicidade quinzenal. A aplica-
ção residual e/ou focal deve ser realizada mensalmente ou quando detectada a presença de focos.
O Anexo XIII apresenta os materiais necessários para a realização da atividade de tratamento nos
pontos estratégicos (aplicação residual).
Delimitação de foco
Nas localidades não infestadas, quando for detectada a presença do vetor, deverá ser realizada a
“delimitação de foco”, ou seja, a partir do foco encontrado, serão realizados a pesquisa larvária e o
tratamento focal em 100% dos imóveis incluídos em um raio de 300m, abrindo-se novos raios a cada
foco detectado.
A detecção de focos ocorre durante as atividades de vigilância entomológica em PE, armadilhas ou
na pesquisa vetorial especial (atendimento a denúncia da população sobre a presença de focos e/ou
vetores adultos).
Caracterização entomológica
A caracterização entomológica é o conjunto de informações relativas ao vetor, tais como sua dis-
tribuição geográfica, índices de infestação e depósitos predominantes. É essencial que essa caracte-
rização seja constantemente atualizada, para nortear as ações de controle em qualquer cenário (epi-
dêmico e não epidêmico). Tais informações subsidiarão o desenvolvimento das ações intersetoriais,
particularmente aquelas relacionadas ao abastecimento de água, à coleta de lixo, à comunicação e à
mobilização da população.
Estão detalhados a seguir os passos para realizar esta atividade.
Pesquisa entomológica
As metodologias de pesquisa podem empregar procedimentos de coleta de ovos, larvas, pupas e
mosquitos adultos, sendo mais habitual a pesquisa larvária. A unidade amostral é o imóvel, visitado
com o objetivo de inspecionar depósitos ou recipientes que contenham água.
Pesquisa larvária
Inspeção de formas imaturas (larvas e pupas) em todos os depósitos do imóvel. Para vistoria
do recipiente, utiliza-se o pesca-larva com o objetivo de coletar uma amostra de larvas e pupas do
recipiente. Para facilitar a atividade e encontrar mais facilmente os imaturos de Aedes aegypti, utili-
za-se uma fonte luminosa, que pode ser um espelho direcionado ao sol ou uma lanterna. O material
coletado, devidamente acondicionado e etiquetado conforme instruções do Anexo XIV, deve ser
encaminhado ao laboratório.
Com os dados coletados no campo são estimados os índices entomológicos que indicam a situação
da infestação de formas imaturas de larvas e pupas e os tipos de recipiente predominante. Os índices
mais comumente utilizados são:
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Índice de Infestação Predial (IIP)
O IIP é a relação expressa em porcentagem entre o número de imóveis positivos e o número de
imóveis pesquisados.
imóveis positivos x 100
imóveis pesquisados
IIP =
Índice de Tipo de Recipientes (ITR)
O ITR indica a proporção de recipientes positivos por tipo de criadouro.
tipo de recipientes positivos x 100
ITR =
recipientes positivos total
Índice de Breteau (IB)
O IB, expresso em números absolutos, estabelece uma relação entre recipientes positivos e imóveis e,
embora forneça mais informações, não aponta dados sobre a produtividade dos depósitos.
número de recipientes positivos x 100 imóveis
IB =
imóveis pesquisados
Metodologias de levantamento de índices larvários
A amostragem de imóveis e criadouros com água positivos para larvas de Aedes aegypti é um com-
ponente fundamental para a atividade de vigilância entomológica. A pesquisa larvária tem diferentes
objetivos (PAHO, 1994). São eles:
• estratificação das áreas de risco entomológico;
• monitoramento das atividades de controle; e
• avaliação das metodologias de controle.
Somente em condições excepcionais justifica-se realizar pesquisas larvárias em todos os imóveis.
Geralmente, o número de casas a inspecionar deve ser baseado no nível desejado de precisão dos resul-
tados e no número total de casas da localidade. Vários métodos podem ser utilizados para eliminar ou
reduzir ao mínimo possível o erro e que podem ser aplicados para a seleção das casas onde serão feitas
pesquisas larvárias. Citamos abaixo os mais comumente usados em nosso país.
• Amostra sistemática – selecionam-se casas na localidade, com base em um percentual a ser vi-
sitado, de acordo com o número de imóveis da mesma. Esse é o caso do levantamento de índice
amostral (LI), que vem sendo empregado no país desde a década de 1980.
• Amostra por conglomerados – em uma cidade ou zona geográfica de grande porte, muitas ve-
zes é difícil utilizar o método de amostra sistemática, devido às limitações de tempo, de recursos
financeiros e operacionais. Nesse caso, a seleção pode ser realizada em duas etapas. A primeira
etapa é obtida por meio da amostra aleatória simples ou estratificada de grupos ou conglome-
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rados da localidade (quarteirões, por exemplo). Uma vez identificados esses conglomerados,
aplicam-se procedimentos de amostragem para identificar as casas específicas a serem visitadas
dentro de cada quarteirão. Esse é o caso da metodologia do Levantamento de Índice Rápido
para Aedes aegypti (LIRAa).
Levantamento de Índice Amostral (LIA)
A metodologia de levantamento de índice amostral é realizada por intermédio de pesquisa larvária,
sendo que a unidade básica de amostragem é o imóvel. O LIA deve ser realizado em uma amostra de
imóveis do município de modo a apresentar significância estatística,
Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa)
O LIRAa foi desenvolvido em 2002, para atender à necessidade dos gestores e profissionais que
operacionalizam o programa de controle de dengue de dispor de informações entomológicas em um
ponto no tempo (antes do início do verão) antecedendo o período de maior transmissão, com vistas ao
fortalecimento das ações de combate vetorial nas áreas de maior risco.
Trata-se, fundamentalmente, de um método de amostragem que tem como objetivo principal a
obtenção de indicadores entomológicos, de maneira rápida. Os indicadores entomológicos passíveis
de serem construídos por meio dos dados obtidos nesses levantamentos são aqueles que são utilizados
na rotina dos programas de combate vetorial, quais sejam: índices de Infestação Predial (IIP), Breteau
(IB) e de Tipo de Recipiente (ITR).
Técnica de amostragem/parâmetros amostrais/procedimentos
Os critérios para delineamento da amostra do LIRAa em cada município são determinados em fun-
ção de sua densidade populacional, do número de imóveis e de quarteirões existentes, considerando
sempre como unidade primária de amostragem o quarteirão.
Em municípios de médio e grande porte, a amostragem é de conglomerados em dois estágios: quar-
teirões (unidade primária) e imóveis (unidade secundária). Essa forma de amostragem permite menor
concentração de imóveis nos quarteirões sorteados, propiciando a divisão dos municípios de médio
e grande porte em estratos de no mínimo 8.100 imóveis e de no máximo de 12.000 imóveis, sendo o
ideal 9.000 imóveis. Em cada estrato, sorteia-se uma amostra independente de no máximo 450 imóveis,
número que poderá variar de acordo com o número de imóveis do estrato.
O número de quarteirões que comporão a amostra é obtido pela divisão do número de imóveis da
amostra (máximo de 450) dividido por um quinto do tamanho médio do quarteirão. O tamanho mé-
dio do quarteirão é obtido pela divisão do número de imóveis do estrato pelo número de quarteirões
do mesmo estrato.
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A inspeção de cada quarteirão sorteado deve ser iniciada pelo primeiro imóvel, com deslocamento
no sentido horário, contando-se quatro imóveis após o primeiro para, a seguir, inspecionar o sexto
imóvel (segundo da amostra) e assim sucessivamente, inspecionando-se um imóvel a cada cinco, o que
corresponde a 20% dos imóveis existentes no quarteirão sorteado.
Tal estratificação possibilita uma melhor representatividade do Índice de Breteau (IB), pois esse
indicador relaciona-se a uma área geográfica menor quando comparado ao método tradicional, que
utiliza o município como base geográfica. Essa estratégia permite priorizar e selecionar ações de con-
trole para áreas de maior risco dentro do município.
Em municípios pequenos, com número de edificações inferior a 8.100 imóveis, utiliza-se uma amos-
tra por conglomerado em estágio único, mediante sorteio de quarteirões, cujo tamanho é obtido pela
divisão do número dos imóveis da amostra pela média do número de imóveis dos quarteirões, sendo
pesquisados 100% dos mesmos.
A verificação da precisão do plano de amostragem foi baseada no estudo dos intervalos de confiança
estimados para o IB, considerando-se sua amplitude e eficácia. A medida utilizada no estudo da ampli-
tude dos intervalos de confiança foi o coeficiente de variação do IB, para o qual se adotou 30% como
limite tolerável para que as estimativas fossem consideradas confiáveis. Para esses valores, foram acei-
tos erros relativos de amostragem, desde que indicassem com segurança que o limiar de risco (IB=5)
não fosse atingido.
A operacionalização do LIRAa exige um minucioso levantamento de informações. Dentre os proce-
dimentos necessários, destaca-se a elaboração prévia do reconhecimento geográfico da área a ser tra-
balhada (qualquer aglomerado de imóveis), que propiciará registros atualizados do número de quar-
teirões e imóveis existentes, com possibilidade de elaboração de mapas e, consequentemente, melhor
visualização dos estratos.
Outra informação fundamental diz respeito aos tipos e definição de recipientes com potencial de se
tornarem criadouros do Aedes aegypti, que foram classificados em cinco grupos:
Grupo A – depósitos para armazenamento de água;
Grupo B – depósitos móveis;
Grupo C – depósitos fixos;
Grupo D – depósitos passíveis de remoção;
Grupo E – depósitos naturais.
Essa classificação permite, de certa forma, conhecer a importância entomológica e as consequentes
repercussões epidemiológicas desses recipientes, sem, no entanto, fornecer informações sobre a sua
produtividade e a estratégia de direcionamento das ações de controle vetorial.
A inspeção dos imóveis da área urbana do município é realizada nas casas e nos terrenos baldios.
Nos prédios verticais, deverá ser inspecionado somente o térreo de toda área comum do edifício. Os
pontos estratégicos (cemitérios, borracharias, depósitos de sucata, depósitos de materiais de constru-
ção etc.) não são incluídos na amostra.
Os limiares de risco de transmissão de dengue propostos pelo Programa Nacional de Controle da
Dengue para os indicadores obtidos mediante o LIRAa são os seguintes:
Classificação dos depósitos predominantes
Depósito é todo recipiente utilizado para finalidade específica que armazene ou possa vir a arma-
zenar água, seja pela ação da chuva ou pela ação do homem, e que esteja acessível à fêmea do Aedes
aegypti para postura dos seus ovos.
A padronização de criadouros é de suma importância para subsidiar a tomada de decisão quanto à
forma de eliminação ou controle desses recipientes. A classificação apresentada na Figura 19 considera
cinco grupos de criadouros:
• Grupo A, armazenamento de água para consumo humano (A1 – depósito de água elevado; A2 –
depósito de água ao nível do solo);
• Grupo B, depósitos móveis;
• Grupo C, depósitos fixos;
• Grupo D, depósitos passíveis de remoção/proteção (D1 – pneus; D2 – lixo);
• Grupo E, depósitos naturais.
É importante ressaltar que a supressão desses criadouros se dá principalmente por intermédio de
ações mecânicas, sendo indicado o uso de larvicidas em situações excepcionais. A qualidade dessas
ações depende fundamentalmente da qualificação dos ACE e ACS no desenvolvimento das atividades
de vigilância, caracterizado principalmente pela visita rotineira nos imóveis, pelo envolvimento de
outros setores na resolução de problemas estruturais (como a regularidade no abastecimento de água
e na coleta de lixo) e pelo desenvolvimento de atividades de comunicação e mobilização da população,
com o objetivo de introduzir mudanças de comportamento.
Uso de armadilhas (ovitrampa e larvitrampa)
De uma maneira geral, são utilizadas armadilhas para coleta de ovos (ovitrampa) e para coleta de
larvas (larvitrampa), colocadas, estrategicamente, em localidades negativas ou com baixa infestação ou
em áreas estratégicas, como portos e aeroportos, com a finalidade de monitorar a infestação. Não se
recomenda a adição de produtos químicos às armadilhas.
Armadilha de oviposição
A ovitrampa é uma armadilha utilizada para ovipostura. Constitui método sensível e econômico
para detectar a presença do vetor, sendo eficiente, em especial, na detecção precoce de infestações em
áreas onde o mosquito foi eliminado ou recentemente introduzido. Além disso, vem sendo amplamen-
te utilizada para vigilância de portos e aeroportos.
As ovitrampas são depósitos de plástico, na cor preta, com capacidade de 500 ml, contendo uma
palheta de eucatex para coletar as oviposições das fêmeas. Sua inspeção é semanal, para o recolhimen-
to das palhetas, que são encaminhadas para o laboratório e substituídas por outras. Para melhorar a
eficiência das ovitrampas, utiliza-se como atraente a infusão de feno, que tem mostrado uma eficiência
oito vezes maior na oviposição do Aedes aegypti em relação à água pura. Outra finalidade da ovitrampa
é avaliar o impacto das aplicações espaciais a UBV.
A distribuição de armadilhas deve atender à proporção mínima de uma armadilha para cada nove
quarteirões, uma para cada 225 imóveis ou, ainda, a instalação de armadilhas com 300 metros de dis-
tância entre uma e outra.
Em cada armadilha deve estar registrada, na face externa do depósito, a sigla de identificação do
órgão responsável pela pesquisa, seguida do número de controle. A ficha de visita deve ser colocada em
tabuleta pequena, presa ao depósito ou próxima ao mesmo.
Toda armadilha instalada deve constar de listagem e ter sua localização indicada no mapa/croqui da
área. O período de visita semanal não pode ser ampliado ou interrompido. Em caso de impedimento à
continuidade da pesquisa, a armadilha deve ser recolhida.
Qualquer armadilha que resulte positiva para Aedes aegypti deve ser escovada antes de ser reutiliza-
da ou deve ser eliminada, sendo então substituída por outra.
Os índices geralmente utilizados para estimar a infestação de Aedes aegypti, baseados na presença de
ovos em armadilhas, são os seguintes:
Índice de Positividade de Ovo (IPO) – indica a porcentagem de armadilhas positivas
número de armadilhas positivas x 100 imóveis
número de armadilhas examinadas
IPO=
Índice de Densidade de Ovo (IDO) – indica o número médio de ovos por armadilha positiva
número de ovos
número de armadilhas positivas
IDO=
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Armadilha larvitrampa
A larvitrampa é um depósito geralmente feito de secções transversais de pneus. Sua finalidade básica
é a detecção precoce da introdução do vetor em locais como portos fluviais ou marítimos, aeroportos,
terminais rodoviários, ferroviários, de passageiros e de carga. Não devem ser instaladas onde existem
outras opções de desova para a fêmea, como é o caso dos pontos estratégicos. A inspeção das larvi-
trampas deve ser realizada semanalmente e a detecção de larvas deve desencadear ações específicas e
imediatas para a eliminação do vetor nestes locais.
Armadilhas para captura de adultos
O desenvolvimento de armadilhas, utilizando-se atraentes sintéticos ou não, tem-se constituído em
uma nova alternativa para a captura de mosquitos com hábitos diurnos.
A utilidade dos índices relativos a adultos ainda é limitada, pois ainda se desconhece a relação entre
o número de adultos coletados e o número de adultos existentes no meio ambiente. Esta limitação sig-
nifica, na prática, que a quantidade de adultos coletados refere-se somente a uma estimativa do total de
adultos existentes, impossibilitando, desta maneira, a utilização de um índice que reflita fielmente uma
situação de risco para a ocorrência da transmissão de dengue.
Diversas armadilhas para captura de adultos têm sido testadas e seus resultados preliminares demons-
tram a possibilidade de utilização futura como ferramenta complementar, para aprimorar as atividades
de vigilância entomológica nos municípios. No entanto, deve-se destacar que não existem evidências
de que estas armadilhas atuem como supressoras de mosquitos do meio ambiente; portanto, sua
presença não tem impacto na redução de mosquitos e, por consequência, na transmissão de dengue.
Tendo em vista que o uso desse tipo de armadilha ainda exige estudos para avaliar seu verdadeiro
potencial, não existe recomendação técnica para sua utilização pelos municípios na rotina das ati-
vidades de vigilância e controle do Aedes aegypti.
Controle de focos
Conforme já referido, o controle ao Aedes aegypti pode ser feito também pela aplicação de produtos
químicos ou biológicos com ação sobre as fases imaturas (larvas).
A fase de ovo é de difícil controle, não existindo indicação nem disponibilidade de produtos com
ação ovicida para utilização em saúde pública.
Atividades de controle focal das formas imaturas (larvária)
Consiste na aplicação de um produto larvicida para a eliminação das larvas de mosquitos. Atual-
mente, são recomendados pela Organização Mundial de Saúde e indicados pelo Ministério da Saúde
os seguintes produtos:
• Temephós: organofosforado de baixa toxicidade, formulação granulada, sendo o larvicida de pri-
meira escolha;
• Bacillus thuringiensis israelensis (Bti): formulações G e WDG e líquidas; e
• Reguladores de crescimento:
▶ inibidores da síntese de quitina dos insetos (Diflubenzuron e Novaluron), com formulações
em pó molhável (PM), concentrado emulsionável (CE) e granulado;
▶ análogos de hormônio juvenil (Pyriproxifen), em formulação granulada.
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Nos Anexos XV, XVI e XVII, são apresentadas as dosagens de campo dos larvicidas atualmente em uso.
Nas áreas infestadas pelo Aedes aegypti, devem ser tratados todos os depósitos com água que ofereçam
condições favoráveis à oviposição do vetor, caso não sejam passíveis de controle mecânico (destruição,
vedação ou destinação adequada). Não devem ser aplicados inseticidas em latas, plásticos e outros depó-
sitos descartáveis que possam ser eliminados; em garrafas, que devem ser viradas e colocadas ao abrigo da
chuva; em utensílios de cozinha que sirvam para acondicionar e cozer alimentos; em aquários ou tanques
que contenham peixes; em pratos de vasos de plantas; em vasos sanitários, caixas d’água de descarga e
ralos de banheiro, exceto quando a casa estiver desabitada; e em bebedouros de animais.
Cabe ressaltar que é fundamental a aplicação dos larvicidas nos depósitos obedecendo-se a do-
sagem de princípio ativo, conforme recomendado no Anexo XVIII. A forma de aplicar adequada-
mente os larvicidas implica o conhecimento da capacidade total do depósito e, no caso do difluben-
zuron, do volume de água existente no momento da aplicação. É imperativo que os ACE realizem a
cubagem dos depósitos que receberão o larvicida em cada visita domiciliar, conforme orientações
contidas no Anexo XIX.
Controle do mosquito adulto (aplicação espacial a ultra baixo volume – UBV e aplicação residual)
Aplicação espacial a Ultra Baixo Volume (UBV)
A aplicação espacial a UBV tem como função específica a eliminação das fêmeas de Aedes aegypti
e deve ser utilizada somente para bloqueio de transmissão e para controle de surtos ou epidemias.
Essa ação integra o conjunto de atividades emergenciais adotadas nessas situações e seu uso deve ser
concomitante com todas as demais ações de controle, principalmente a diminuição de fontes de mos-
quito. É necessária uma avaliação das atividades de rotina para correção de falhas, devendo as ações de
controle focal serem priorizadas.
O princípio do método de controle vetorial a UBV consiste na fragmentação de uma pequena quan-
tidade de inseticida pelo equipamento, formando pequenas partículas denominadas “aerossóis”. Esta
nebulização, ao ser colocada no ambiente, eliminará por ação de contato todos os mosquitos que es-
tiverem voando no local. Idealmente, o nível de controle seria maior se houvesse a coincidência da
aplicação com o horário de maior atividade vetorial.
Cada gotícula deverá ter quantidade de inseticida suficiente para eliminar um mosquito adulto e
ser suficientemente pequena para impactar sobre cada mosquito. Recomenda-se que cerca de 80% das
gotas deva estar entre 10µ e 25µ para uma melhor qualidade da atividade.
Para que as aplicações a UBV tenham a eficácia pretendida, devem ser realizadas no período em que
existam condições de inversão de temperatura, condição para manter a nuvem do inseticida movendo-
se próximo ao solo, não atingindo mais de 6 metros de elevação, pois o mosquito Aedes aegypti geral-
mente encontra-se em baixas alturas. A inversão térmica é produzida geralmente na manhã, depois
do nascer do sol, e à tarde, pouco antes do pôr do sol, sendo esses os períodos ótimos para a aplicação
a UBV (Figura 20).
A explicação para o fenômeno é que durante todo o dia os raios de sol incidem e aquecem a super-
fície terrestre, e, quando o sol começa a se pôr, inicia-se o esfriamento da superfície da terra. Nesse
momento, ocorre a inversão térmica e as ondas de calor elevam-se da superfície chocando-se, a deter-
minada altura, com as ondas de ar frio da atmosfera. A neblina eleva-se pelo ar quente, mas acaba se
detendo na camada de ar frio. Portanto, o aerossol de inseticida desloca-se horizontalmente, de acordo
a direção do vento, quando, então, terá maior probabilidade de entrar em contato com os mosquitos
– por isso é imprescindível que as gotículas estejam, na sua maioria, dentro da faixa de tamanho ideal.
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Um efeito parecido observa-se logo após o nascer do sol. É importante salientar que os mosquitos per-
manecem voando geralmente em altura inferior a 2 m, preferencialmente próximos ao solo, e que os
horários de atividade de alimentação sanguínea de Aedes aegypti estão sincronizados com os períodos
de inversão térmica aqui relatados.
A aplicação espacial a UBV não tem efeito residual e é fortemente influenciada pelas correntes de
ar. Obtêm-se melhores resultados quando a nuvem compacta de inseticida encontra-se até 100m de
distância do equipamento aplicador. À medida que essa distância é ultrapassada, a eficácia diminui,
em virtude da deriva (deslocamento lateral) das gotículas influenciadas por fatores físico-químicos do
ambiente, como temperatura, eletricidade e pressão barométrica.
Frequência e ciclo das aplicações espaciais a UBV com equipamentos acoplados a veículos
Existem muitas críticas sobre a eficiência das aplicações espaciais a UBV. O ponto mais discutido é o
seu curto período de persistência no ambiente e, também, a rapidez com que a população de Aedes se
recupera - poucas semanas depois da aplicação espacial.
Portanto, a pergunta chave é como impactar a população de mosquitos adultos utilizando-se as apli-
cações a UBV e, consequentemente, interromper de forma rápida a transmissão de dengue.
Em busca de solução para esse problema, recomenda-se utilizar ciclos de aplicação espacial na mes-
ma área, com uma periodicidade específica e com o objetivo de impactar as sucessivas gerações de
Aedes. Os esquemas propostos para um esquema de ciclos são:
• Aplicação diária por 4 ciclos consecutivos, de acordo com o ciclo gonotrófico de Aedes aegypti,
que geralmente dura quatro dias, ou seja, período que vai desde a picada da fêmea até a maturação
dos ovos, postura e nova alimentação. Portanto, aplicar inseticida durante 4 dias consecutivos
eliminaria as novas gerações que estão chegando à área após o quarto dia do ciclo gonotrófico;
• Aplicação a cada 7 dias, por 4 a 5 semanas, sequência que leva em consideração o período
extrínseco de incubação do vírus nos mosquitos, que vai desde sua ingestão até a multiplicação
e localização nas glândulas salivares, e que, em média, é de 7 dias. Portanto, a eliminação das
fêmeas a cada 7 dias irá, eventualmente, eliminar aquelas que estejam infectadas.
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A metodologia recomendada pelo Ministério da Saúde é uma mistura dos dois esquemas acima e
preconiza a realização de cinco aplicações a UBV em ciclos de três a cinco dias, conforme a Figura 21.
Após o quinto ciclo, deve-se avaliar o impacto dessa aplicação sobre a transmissão de dengue e, caso
necessário, pode-se realizar a aplicação por mais dois ciclos. Essa metodologia é assim indicada porque
as condições atuais de urbanização requerem um maior esforço, tendo em vista o fato de somente uma
parte da população de mosquitos ser atingida. Atualmente, são frequentes as barreiras físicas, como
muros altos, além do fato da população muitas vezes não colaborar com a abertura de portas e janelas
durante as aplicações a UBV. É necessário, então, realizar previamente um trabalho de conscientização
pela mídia local ou associações de moradores.
Metodologia de aplicação a UBV com equipamentos acoplados a veículos
As instruções sobre o método da aplicação a UBV geralmente baseiam-se em condições ideais de to-
pografia, estrutura da localidade e ventos favoráveis. A operação é frequentemente dificultada por vias
sem pavimentação ou com pavimentação irregular, presença de muros e vegetação alta, além de ventos
contrários. A metodologia de aplicação de UBV deve levar em conta essas limitações para a obtenção
de um bom impacto sobre a população de vetores.
O veículo deve realizar um percurso de maneira a contornar cada quarteirão antes de iniciar o se-
guinte, conforme esquema a seguir.
É importante ressaltar que a efetividade das aplicações espaciais é afetada por diversos fatores at-
mosféricos e operacionais, como velocidade do veículo, diluição do inseticida e a regulagem adequada
do equipamento. Outro fator importante é a qualificação dos operadores e a supervisão da atividade.
As normas para utilização de equipamentos acoplados a veículos são discriminadas no Anexo XX.
Aplicação espacial com equipamento costal motorizado
Os equipamentos costais motorizados são utilizados em locais onde o acesso com equipamento
pesado não seja possível e também para bloqueio de transmissão, quando os primeiros casos são de-
tectados em uma localidade.
A utilização de equipamento costal motorizado apresenta uma eficácia maior que o equipamento
pesado; porém, dependendo da modalidade da sua aplicação, o rendimento é bastante baixo. A utiliza-
ção desses equipamentos em aplicações intra e peridomiciliares tem um rendimento de, no máximo, 6
quarteirões/equipamento/dia, o que é um impeditivo para uso em grandes áreas, devido ao número de
operadores e equipamentos necessários para conter rapidamente a transmissão.
Aplicação residual
Consiste em deixar, nas superfícies dos recipientes e ao seu redor, uma camada de cristais do princípio
ativo. A permanência do inseticida na proximidade do criadouro aumenta a possibilidade de eliminação
do mosquito. A aplicação residual intradomiciliar não é indicada, em razão da biologia e dos hábitos do
Aedes aegypti. Para essa atividade, deverão ser utilizados os materiais relacionados no Anexo XI.
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Bloqueio de transmissão
O bloqueio de transmissão baseia-se na aplicação de inseticida por meio da nebulização espacial a frio
– tratamento a UBV –, utilizando equipamentos portáteis ou pesados em, pelo menos, uma aplicação,
iniciando no quarteirão de ocorrência e continuando nos adjacentes, considerando um raio de 150m.
As atividades de bloqueio de transmissão devem, preferencialmente, ser adotadas após análise atu-
alizada de indicadores epidemiológicos (número e localização dos casos por área, índice de infestação,
sorotipo circulante) e operacionais (cobertura de visitas, número de quarteirões, índice de pendência
etc.) da área onde será feita a intervenção, permitindo, assim, avaliar o impacto das medidas adotadas.
Dessa forma, é imprescindível a estreita integração e articulação dos serviços de vigilância epidemio-
lógica e entomológica, de controle de vetores e da área de assistência. Uma estratégia que facilita o
processo de trabalho é a implantação da sala de situação de dengue no município ou no estado, que tem
como objetivo principal o monitoramento de indicadores epidemiológicos e operacionais.
Essas aplicações têm caráter transitório, devendo ser suspensas quando as informações epidemio-
lógicas indicarem que houve progresso no controle da transmissão. As aplicações de UBV pesada
deverão ser feitas no turno da manhã, entre 5 h e 8 h, e à noite, entre 18h e 22h.
A eficiência do bloqueio de transmissão aumenta consideravelmente quando se realiza a remo-
ção prévia dos focos larvários, com a intensificação das visitas domiciliares e mutirões de limpeza
e com a colaboração da população, abrindo portas e janelas, de maneira a facilitar a entrada das
gotículas no domicílio.
O bloqueio de transmissão é a estratégia de escolha para uma ação imediata, quando se faz necessá-
rio o combate ao vetor na forma adulta. São exemplos dessas situações:
• município infestado, mas sem transmissão confirmada, sendo importante buscar a confirmação
laboratorial de caso suspeito;
• município com transmissão confirmada, em que a notificação de casos suspeitos é suficiente
para desencadear o bloqueio, desde que o número de casos seja baixo, ou seja, quando o período
é não epidêmico;
• quando da confirmação de caso importado em município infestado, mas sem ocorrência de noti-
ficação de dengue;
• quando da notificação de caso suspeito procedente de região ou país onde esteja ocorrendo a
transmissão por um sorotipo não circulante naquele município/área.
5.3.7. Roteiro da vigilância entomológica e controle vetorial
Atribuições da esfera municipal
• Incluir a vigilância sanitária municipal como suporte às ações de vigilância e controle vetorial, que
exigem o cumprimento da legislação sanitária.
• Integrar as equipes de saúde da família nas atividades de controle vetorial, unificando os territó-
rios de atuação de ACS e ACE.
• Realizar o levantamento de indicadores entomológicos.
• Executar as ações de controle mecânico, químico e biológico do mosquito.
• Enviar os dados entomológicos ao nível estadual, dentro dos prazos estabelecidos.
• Gerenciar os estoques municipais de inseticidas e biolarvicidas.
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• Adquirir as vestimentas e equipamentos necessários à rotina de controle vetorial.
• Adquirir os equipamentos de EPI recomendados para a aplicação de inseticidas e biolarvicidas nas
ações de rotina.
• Participar das atividades de monitoramento da resistência do Aedes aegypti ao uso de inseticidas,
com a coleta de ovos mediante armadilhas (municípios selecionados).
• Coletar e enviar ao laboratório de referência amostras de sangue, para dosagem de colinesterase
nos casos indicados.
• Constituir Comitê Gestor Intersetorial, sob coordenação da secretaria municipal de saúde, com
representantes das áreas do município que tenham interface com o problema dengue (defesa ci-
vil, limpeza urbana, infraestrutura, segurança, turismo, planejamento, saneamento etc), definindo
responsabilidades, metas e indicadores de acompanhamento de cada área de atuação.
Atribuições da esfera estadual
• Prestar assistência técnica aos municípios.
• Supervisionar, monitorar e avaliar as ações de prevenção e controle vetorial.
• Gerenciar os estoques estaduais de inseticidas e biolarvicidas para controle do vetor.
• Gerenciar a Central de UBV, com distribuição adequada dos equipamentos aos municípios, con-
siderando os indicadores entomo-epidemiológicos.
• Executar as ações de controle da dengue de forma complementar aos municípios, conforme pactuação.
• Prover equipamentos de EPI e insumos, conforme regulamentação.
• Gerenciar o sistema de informação no âmbito estadual, consolidar e enviar os dados regularmente
à esfera federal, dentro dos prazos estabelecidos pelo gestor federal.
• Analisar e retroalimentar os dados da dengue aos municípios.
• Apoiar os municípios com pessoal, insumos e equipamentos, em situações de emergência.
• Participar das atividades de monitoramento da resistência do Aedes aegypti ao uso de inseti-
cidas, com o acompanhamento técnico aos municípios na coleta e envio de ovos aos labora-
tórios de referência.
• Definir fluxos e realizar os exames de dosagem de colinesterase.
• Constituir Comitê Gestor Intersetorial, sob coordenação da secretaria estadual de saúde, com
representantes das áreas do estado que tenham interface com o problema dengue (defesa civil,
limpeza urbana, infraestrutura, segurança, turismo, planejamento, saneamento etc), definindo
responsabilidades, metas e indicadores de acompanhamento de cada área de atuação.
Atribuições da esfera federal
• Prestar assessoria técnica aos estados e municípios.
• Normatizar tecnicamente as ações de vigilância e controle da dengue.
• Prover insumos, conforme regulamentação.
• Consolidar os dados provenientes do estado.
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• Executar as ações de controle da dengue de forma complementar aos estados ou em caráter excep-
cional, quando constatada a insuficiência da ação estadual.
• Apoiar os estados com insumos e equipamentos da reserva estratégica, em situações de emergência.
• Manter e controlar estoque estratégico de insumos e equipamentos.
• Monitorar a resistência do Aedes aegypti ao uso de inseticidas, com a definição dos laboratórios de
referência, seleção de municípios, divulgação dos resultados e manejo da resistência, o que pode
incluir a troca de inseticidas.
• Convocar Grupo Executivo Interministerial (Portaria nº 2.144/2008), definindo responsabilida-
des e indicadores de acompanhamento de cada área de atuação.
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5.3.8. Controle vetorial em período epidêmico
No período epidêmico, caracterizado por alta transmissão de dengue, as ações de campo devem
ser otimizadas, com o objetivo de reduzir a população do mosquito transmissor da doença. Nesse pe-
ríodo, devem ser implementadas, imediatamente, alterações nas atividades de rotina que visem à re-
dução do índice de infestação predial. Dentre as ações que devem ser implementadas, destacam-se:
Atribuições da esfera municipal
• Análise das notificações dos casos de dengue, detalhando as informações pela menor unidade
geográfica possível (região administrativa, distrito, bairro, área de abrangência de unidades de
saúde, estratos etc.), para identificação precisa dos locais em situação epidêmica.
• Caso o município não possua indicadores entomológicos atualizados, fornecidos pelo último ciclo
de trabalho, deve realizar o LIRAa, com o objetivo de nortear as ações de controle.
ATENÇÃO
O LIRAa funciona como uma carta de navegação. Sem essa informação atualizada, a efetividade
das medidas de controle serão prejudicadas, pois haverá dificuldades em identificar as áreas com
os maiores índices de infestação pelo Aedes Aegypti.
• Com a informação entomológica atualizada, suspender o levantamento de índice (LI) de rotina
e intensificar a visita domiciliar em 100% dos imóveis do município, com manejo dos criadouros
passíveis de remoção/eliminação e tratamento focal dos depósitos permanentes.
• Realizar a aplicação de UBV, em articulação com a SES, utilizando equipamentos costais ou pesa-
dos, com cobertura de 100% da área de transmissão. Deve-se priorizar as áreas com registros de
maior número de notificações por local de infecção, estratos em situação de risco de surto (IIP >
3,9%) e de alerta (IIP >1 e <3,9%) e locais com grande concentração/circulação de pessoas (tendas
de hidratação, terminais rodoviários, hospitais etc.).
• Priorizar o uso de equipamentos de UBV portáteis em localidades com baixa transmissão.
• Planejar cinco a sete ciclos, com intervalos de três a cinco dias entre as aplicações, de acordo com
a quantidade de equipamentos disponíveis. É importante ressaltar que essas aplicações têm caráter
transitório, devendo ser suspensas quando a transmissão for interrompida. Para melhor entendi-
mento, observar a Figura 21.
• Intensificar a visita nos pontos estratégicos, com a aplicação mensal de inseticida residual.
• Publicar ato institucional convocando todos os profissionais de saúde envolvidos para intensificar
as ações de controle (vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, controle de vetores, atenção
básica, assistência e administração). Se necessário, esse ato deve indicar medidas, tais como a sus-
pensão de férias e folgas, entre outras.
• Com base nos dados dos indicadores entomológicos, executar ações direcionadas, priorizando
as áreas onde o LIRAa apontou estratos em situação de risco de surto (IIP > 3,9%) e de alerta (IIP
>1 e <3,9%), visando ao manejo e/ou eliminação dos depósitos com ações específicas, tais como
mutirões de limpeza, instalação de capas de caixas d’água e recolhimento de pneumáticos.
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• Designar um representante da entomologia/controle vetorial capacitado para realizar as análises
de dados (mutirões de limpeza realizados, bloqueio, indicadores entomológicos, identificação e si-
nalização dos locais com maior risco de transmissão), que subsidiarão o grupo de monitoramento
no âmbito do Cievs, onde houver.
Atribuições da esfera estadual
• Assessorar os municípios na elaboração de estratégias de controle de vetores.
• Designar um representante da entomologia/controle vetorial para realizar as análises dos dados
provenientes dos municípios (mutirões de limpeza realizados, bloqueio, indicadores entomoló-
gicos, identificação e sinalização dos locais com maior risco de transmissão), que subsidiarão o
grupo de monitoramento, no âmbito do Cievs, onde houver.
• Assessorar os municípios no processo de vistoria e calibragem dos equipamentos de nebulização
espacial (vazão, pressão e rotação), para garantir a qualidade durante a aplicação.
• Realizar manutenção periódica dos equipamentos de nebulização que fazem parte da central esta-
dual de UBV.
• Apoiar os municípios, por intermédio das centrais de UBV, na realização das operações de UBV,
bem como orientar a sua indicação.
• Assessorar os municípios na realização de avaliação de impacto das aplicações espaciais de inse-
ticidas, utilizando metodologia recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001),
que preconiza o uso de ovitrampas, captura de adultos e provas biológicas com gaiolas.
• Apoiar e orientar tecnicamente a realização do LIRAa nos municípios de maior risco no estado.
• Repassar os inseticidas e larvicidas aos municípios.
Atribuições da esfera federal
• Assessorar tecnicamente os estados e, excepcionalmente, os municípios na elaboração de estraté-
gias de controle de vetores.
• Garantir o repasse de insumos aos estados, conforme regulamentação.
• Designar um representante da entomologia/controle vetorial para realizar as análises dos dados
provenientes dos estados (mutirões de limpeza realizados, bloqueio, indicadores entomológicos,
identificação e sinalização dos locais com maior risco de transmissão), que subsidiarão o grupo de
monitoramento, no âmbito do Cievs.
5.3.9. Ações de vigilância sanitária no controle de vetores
A integralidade, incluindo as ações de vigilância sanitária no escopo de instrumentos para o
controle de vetores, é importante para complementar estas responsabilidades.
Podemos identificar basicamente duas grandes áreas de atuação da vigilância sanitária no con-
trole da dengue:
a) Fiscalização sanitária.
b) Manejo ambiental.
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A fiscalização sanitária é uma das atribuições da Visa junto ao setor regulado, por intermédio da
inspeção sanitária, com a qual é possível:
• identificar situações propícias ao criadouro de Aedes aegypti;
• adotar medidas educativas e/ou legais, a partir das irregularidades constatadas;
• comunicar as situações de risco à coordenação estadual e municipal de controle da dengue;
• apoiar as ações do controle de dengue que necessitem de medidas legais; e
• identificar e prevenir a existência de criadouros do mosquito em portos, aeroportos e fronteiras.
O manejo ambiental é um conjunto de medidas e intervenções nos fatores de risco ambientais que
impeçam ou minimizem a propagação do vetor, evitando ou destruindo os criadouros potenciais de
Aedes aegypti, por meio de:
• boas práticas na gestão dos resíduos sólidos;
• instalação de ecopontos (Resolução Conama nº 307/2003); e
• regulação de indústrias, comércios, escolas, hospitais, igrejas, dentre outros, no sentido de elimi-
nar os riscos de criadouros.
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