O alto preço de virar servidor público
Você deve conhecer alguém assim. Talvez até mesmo seja o exemplo perfeito. Estuda, estuda e estuda ainda mais para passar em um concurso público e, quando chega lá, descobre que não era nada daquilo que você queria. E fica depressivo, irritado, P da vida. Esse alto preço para virar funcionário público é o tema da matéria dos colegas Ana Cláudia Dolores e Augusto Freitas, manchete do Diario de Pernambuco deste domingo. Vale muito a pena dar uma lida. Vou colocar os inícios dos textos. Os links para as matérias completas estão nos títulos.
Mais de 85 mil pessoas estão, neste domingo, debruçadas sobre questões de direito administrativo, constitucional, civil, em diversas unidades de ensino do estado. Contam com o que aprenderam e com um pouco de sorte para acertarem um número suficiente de alternativas que dará acesso ao tão sonhado emprego público. Melhor: aos desejados salário e estabilidade do emprego público. Mas quantos ali estão, verdadeiramente, vocacionados para lidar com atividades burocráticas, atender e orientar pessoas, enfim, ser um serventuário de um órgão público? Quantos ali têm, de fato, noção de como será seu dia-a-dia se forem aprovados? Muitos irão se encontrar no novo trabalho. Terão conquistas profissionais, melhorarão de vida, farão novos amigos. Mas nem todos. As chances de se tornar um profissional insatisfeito e desmotivado são grandes para quem se arrisca numa função com a qual não possui afinidade. A filosofia do concurseiro de “atirar para todos os lados até acertar umalvo” pode custar caro para ele mesmo, para a instituição pública e para nós, usuários desses serviços.
A falta de motivação com o trabalho pode ser gerada ainda pelas limitações da própria instituição pública. Burocracia excessiva, atividades tediosas, infraestrutura deficiente e ausência de metas e organização são fatores levados em conta quando o assunto é qualidade de vida no trabalho. Carmem*, 33 anos, está há quase um ano numa unidade de saúde municipal. A precária estrutura do ambiente e o relaxamento dos colegas fizeram com que perdesse o encanto pela almejada função. “Fui atraída pela estabilidade, mas não estou satisfeita. As condições de trabalho são péssimas. Falta material e não tenho como dar assistência aos pacientes. É como se eu tivesse sido contratada para marcar presença e não desenvolver o trabalho. Isso me frustra”.
Até o início da década de 1990, entrar para o serviço público, em qualquer esfera, seguia um rito conhecido dos brasileiros: bastava ter uma indicação política. O acesso aos cargos era feito por nomeação e os “apadrinhados” faziam parte de um ciclo no qual a falta de fiscalização era a marca registrada. Valia apenas receber a gorda remuneração no fim do mês. Com a Constituição Federal (CF) de 1988, o quadro mudou e passaram a ser exigidos processos seletivos mais rigorosos nas três linhas de poder. Desde então, boa parte da população alimenta o desejo de atuar no funcionalismo público. Bons salários, estabilidade financeira, status e curta jornada de trabalho foram atrativos responsáveis por criar a “febre dos concursos públicos”.
O panorama dos concursos públicos em Pernambuco é semelhante ao quadro nacional, com a diferença de que o número de vagas é reduzido. A concorrência, no entanto, aumenta a cada ano. Existem os candidatos que mantêm o foco em processos seletivos específicos. Mas há aqueles que, para adquirir experiência e encurtar caminhos para a aprovação, participam de provas em variadas áreas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AGRADECEMOS A GENTILEZA DOS AUTORES QUE NOS BRINDAM COM OS SEUS PRECIOSOS COMENTÁRIOS.
##############PORTAL DO SERVIDOR PÚBLICO DO BRASIL##############