PF recusa proposta e mantém greve
Vannildo
Mendes
O
Estado de S. Paulo - 27/08/2012
Serviços
como emissão de passaportes e registro de armas serão ainda mais prejudicados
com a decisão
BRASÍLIA
- Foi frustrante para o governo a primeira notícia recebida dos servidores
federais, após o esforço de negociações para pôr fim à greve que tumultua os
serviços públicos há mais de três meses. Servidores da Polícia Federal,
primeiros a concluírem a consulta às bases nos estados, recusaram nesta segunda
a proposta de 15,8% de reajuste, em três parcelas anuais de 5%. Decidiram
preparar calendário de greves e protestos até o fim do
ano.
Como
consequência, serviços como emissão de passaportes e de registro de armas
ficarão ainda mais prejudicados em locais como São Paulo, Brasília e Rio de
Janeiro, onde há grandes filas. Serão afetadas investigações de rotina e
operações de combate à corrupção e ao crime organizado. O controle do tráfico de
drogas e armas nas fronteiras também deve ser
prejudicado.
A
Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informou que a categoria
dispensa o reajuste e não abre mão da reestruturação da carreira e sua
equiparação com as demais categorias de nível superior. "Desde o início deixamos
claro que não estamos negociando índice, mas sim a reestruturação da carreira.
Não queremos esse aumento, nossa luta é antiga e independe desse prazo de 31 de
agosto", afirmou o diretor de Estratégia Sindical da entidade, Paulo
Paes.
Hoje,
só delegados têm o reconhecimento de carreira de nível superior. Agentes,
escrivães, papiloscopistas e servidores administrativos ganham como
profissionais de nível médio, embora se exija deles curso superior. Caso a
medida fosse adotada, o impacto seria de mais de 60% na folha salarial de mais
de 10 mil policiais. O governo não admite abrir exceção.
A
situação tende a se acirrar porque a presidente Dilma Rousseff já avisou que não
aceitará prejuízos à segurança pública, ilegalidades ou excessos dos policiais,
que costumam usar armas nos seus protestos. Ela determinou que o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, corte o ponto dos faltosos e puna com rigor,
inclusive com demissão, os que cometerem excessos.
Definição.
Termina nesta terça o prazo para que todas as categorias respondam se aceitam o
índice linear de 15,8% oferecido pelo governo. As que rejeitarem ficarão sem
aumento no orçamento de 2013, cujo projeto de lei será enviado pelo Executivo ao
Congresso na sexta-feira.
Até
agora, saíram da greve docentes e técnicos das instituições federais de ensino,
além dos agentes do Departamento Penitenciário Nacional.
Dirigentes
sindicais dos servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comunicaram que vão
assinar o acordo, mesma posição sinalizada pelos fiscais agropecuários do
Ministério da Agricultura.
A
maior parte das categorias fazia consultas às bases nesta segunda. a tendência é
que a maioria assine o acordo e encerre a greve. Para facilitar a negociação, o
governo admitiu reverter o corte dos dias parados, que só será negociado caso a
caso com as categorias que retornarem ao trabalho
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