Barulho provocado por grevistas irrita trabalhadores dos ministérios
Agência
Brasil - 19/08/2012
Brasília
- Já são três meses de greve dos funcionários públicos federais e, desde o
início do movimento, servidores e terceirizados que trabalham nos ministérios
têm que conviver com o barulho constante provocado pelas manifestações,
passeatas e discursos. Enquanto governo e grevistas não chegam a um acordo,
música alta e foguetório compõem um cenário de estresse e irritação que se
estabeleceu pelos corredores dos ministérios.
“Há
dias não consigo me concentrar nas tarefas, qualquer hora dessas vou cometer um
erro tão grande que pode causar a minha demissão”, desabafa a secretária Amanda
Sampaio, do Ministério da Saúde.
Essa
preocupação parecer ser um sentimento compartilhado por vários outros
funcionários. A auxiliar técnica do Ministério do Desenvolvimento Social, Teresa
Silva, destaca a dificuldade de trabalhar. “ Não tem como a gente prestar a
atenção. A música que eles [os manifestantes] colocam fica na cabaça da gente. É
um barulho irritante".
A
música alta é a principal reclamação dos trabalhadores. Caixas de sons foram
instaladas em frente dos ministérios do Planejamento, da Saúde, do Trabalho, da
Justiça e da Agricultura. Samara Araújo, funcionária terceirizada da pasta da
Saúde, reclama da monotonia.
“São
duas músicas, a do Tiririca [Índia
Seus Cabelos]
e a do Falcão [Ai!
Minha Mãe].
Elas não param de tocar desde a hora em que eu chego, umas 8h, até o fim do dia.
É irritante, é para acabar com o psicológico da
pessoa”,desabafa.
A
exposição constante ao barulho prejudica o rendimento do trabalho dos
funcionários. O psiquiatra Raphael Boechat explica que toda pessoa tem um limite
para a exposição a barulhos. “Ficar muito tempo em ambientes barulhentos causa
irritabilidade e nervosismo.
Esses
trabalhadores não vão conseguir se concentrar da forma adequada ao serviço. A
própria relação com os colegas de trabalho é afetada”.
Os
danos físicos também figuram entre as reclamações. Os mais comuns é a dor de
cabeça e o zumbido no ouvido. “Quando eu chego em casa, só quero silencio. Não
vejo televisão, não ouço música. E por vezes tenho tanta dor de cabeça, parece
que vai explodir. Todo mundo aqui não está suportando mais”, disse a garçonete
Maria Tereza de Souza.
O
otorrinolaringologista Henrique Fernandes explica que a perturbação causada pelo
excesso de ruídos causa uma tensão no ouvido, o que provoca a dor de cabeça e os
zumbidos. “A exposição contínua a esse barulho pode gerar danos irreversíveis à
audição.
Há
outros tipos de manifestações, que vão desde o zumbido no ouvido até a
deformação na audição”.
Fernandes
sugere aos funcionários que tentem abafar o ambiente contra o som e, se
possível, fazer uso de protetores auriculares. “Há vários tipos deles, desde o
que cobre todo a orelha como o que vemos os operários usando ou o que é
introduzido no canal do ouvido”, diz. Ele explica ainda que é importante fazer a
higienização dos equipamentos e recomenda para que não haja a manipulação do
protetor enquanto estiver no ouvido.
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