R7 - 05/12/2019
Servidores altamente competentes, que recebem salários justos, não podem servir de escudo para marajás que acumulam benefícios e vivem numa bolha
A pauta das reformas vai se afunilando em direção ao funcionalismo público – mais especificamente, à casta de servidores que vive em outro planeta, mas manda a conta todo mês para o bolso do contribuinte brasileiro.
A virada para a década de 20 promete assentar, por absoluta falta de opção, o consenso necessário contra essa “elite econômica” que se faz de desentendida quando apontamos o Brasil como um dos países mais desiguais, perversos e injustos do mundo.
É obvio que, no mapa da concentração de renda, existem áreas inatingíveis para a imaginação de um cidadão comum. Para o 1% mais rico, de bilionários, a reforma tributária é a única bigorna possível para forjar alguma justiça social.
Enquanto isso, podemos e devemos cuidar dos muitos degraus acima do que a sociedade está disposta a sustentar – e é aí que a reforma administrativa tem de martelar. Uma urgência não elimina a outra.
Os salários pagos, por exemplo, ao topo do Poder Executivo não só estão muito acima da renda per capita do país (R$ 1.373), como também superam o de pessoas com alta escolarização. No Judiciário, a remuneração mais baixa oferecida a juízes federais é de R$ 32 mil. Começam onde milhões em milhões de trabalhadores jamais chegarão.
Está errado. Essa conta não vai fechar nunca. Claro que é preciso cuidado para não cair na tentação de vilanizar toda as categorias de servidores. Existem funcionários competentes, idôneos e que recebem valores condizentes com sua importância para o país. Mas esses não podem servir como escudo para os privilegiados que acumulam benefícios e vivem numa bolha frequentada por sultões e marajás.
O debate está colocado e, desta vez, parece inadiável. Ser contra enfrentar distorções históricas e injustiças gritantes não é questão ideológica ou partidária. Trata-se de sobrevivência.
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