Metrópoles - 24/08/2018
Extinção do benefício reduziria impacto do aumento salarial para os ministros do STF, já aprovado pela Corte e que teria impacto de R$ 4 bi
Durante a reunião da noite dessa quinta-feira (23/8), no Palácio do Planalto, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli e Luiz Fux teriam proposto ao presidente da República, Michel Temer, uma troca. Para garantir o reajuste de 16,38% nos salários dos ministros da Corte, o Supremo estaria disposto a aprovar a extinção do auxílio moradia no Poder Judiciário. A informação é do jornal O Globo.
A partir de 13 de setembro, o comando do Supremo passa às mãos de Toffoli e Fux: o primeiro assume a presidência da Corte, tendo o segundo como vice. Conforme a dupla teria explicado a Temer, o fim do benefício reduziria o impacto do reajuste dos salários dos integrantes do STF. Hoje, o auxílio moradia é pago indiscriminadamente a todos os juízes do país, mesmo aqueles com casa própria na cidade onde trabalham.
Segundo a reportagem, no STF, já há maioria para vetar a forma como o benefício é pago, mas os processos que tratam de auxílio moradia serão pautados no plenário da Corte somente depois de aprovado o reajuste. Embora o Ministério do Planejamento calcule em torno de 18,7 milhões (R$ 243,1 milhões em um ano) o impacto financeiro do aumento, a medida poderá provocar um efeito cascata de até R$ 4 bilhões, visto que os salários dos ministros do Supremo são a base para a fixação do teto do funcionalismo público.
Hoje um ministro do STF ganha R$ 33,7 mil (com o aumento passaria para R$ 39,2 mil), que é o limite para os vencimentos dos servidores públicos. Pelas regras atuais, se houver um reajuste, outras categorias também poderão elevar seus rendimentos, gerando mais impactos financeiros. Para desatar esse nó, Toffoli e Fux também teriam sugerido uma saída. Durante o encontro com Temer, diz O Globo, aproveitaram para propor a aprovação, pelo Congresso, de uma medida para desvincular o salário dos ministros do teto do funcionalismo público, de forma a evitar o possível efeito cascata em futuros reajustes.
A reportagem lembra que, em 2014, nem todos os tribunais do país pagavam o auxilio moradia, e em setembro daquele ano Fux concedeu liminares estendendo o benefício a todos os juízes do país, inclusive aos com imóveis na cidade onde exerce a função. São, por mês, entre R$ 4 mil e R$ 5 mil extras, livres de descontos, nas remunerações dos magistrados.
O ministro Luiz Fux também levou os casos à análise do plenário do STF, no início deste ano, mas os retirou de pauta em busca de uma tentativa de conciliação que não se efetivou. “Agora, para viabilizar o reajuste, a Corte finalmente analisaria a questão, pondo um fim ao auxílio”, informa O Globo, resumindo a proposta levada pelo presidente.
Após o encontro entre Temer e os ministros do Supremo, o Planalto divulgou nota, informando que técnicos dos poderes Executivo e Judiciário se encontrariam, a partir desta sexta-feira (24), para estudar uma forma de viabilizar o aumento defendido pelo Supremo – e aprovado na Corte por 7 votos a 4, em 8 de agosto –, mesmo sem haver previsão na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019.
Por Ana Helena Paixão
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