Mariana Haubert
Folha de S. Paulo - 07/12/2013
Funcionária terceirizada desviava recursos do Instituto Chico Mendes para familiares
Brasília - A Polícia Federal deflagrou ontem em Brasília uma operação para desarticular um suposto esquema de desvio de recursos da folha de pagamento do Instituto Chico Mendes, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
Segundo a PF, foram desviados R$ 1,84 milhão em quase três anos. As investigações sustentam que uma funcionária terceirizada, responsável pela folha de pagamento da instituição, inseria falsos beneficiários de ordens bancárias. Assim, ela autorizava o depósito para CPFs não cadastrados no Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos do Governo Federal (SIAPE), que detém os dados de todos os servidores públicos da autarquia.
Os repasses, de cerca de R$ 150 mil, eram feitos mensalmente a familiares da funcionária que não teve o nome divulgado e um namorado, diz a polícia. Assim que recebiam o dinheiro, eles o sacavam imediatamente e investiam em construções, imóveis e pagamento de despesas. Para a PF, a estratégia era uma forma de dificultar o rastreamento destes valores e evitar a recuperação do dinheiro desviado.
A PF cumpriu ontem cinco mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão temporária e determinou o bloqueio judicial de nove contas correntes de sete pessoas ligadas aos investigados. A polícia estima que as fraudes começaram em 2010.
Foi o próprio Serviço de Contabilidade do Instituto Chico Mendes que denunciou o suposto esquema à Polícia Federal em agosto deste ano, após verificar a emissão das ordens bancárias. Em nota, o instituto afirma que tem "investido fortemente em ações de controle da gestão e de auditoria interna a fim de coibir irregularidades e eventuais deslizes por parte de seus servidores ou funcionários terceirizados".
A PF afirma que o órgão colaborou durante as investigações. A Controladoria-Geral da União também participará das investigações para apurar os desvios. A polícia ainda tenta esclarecer se todos os familiares que teriam recebido dinheiro em suas contas-correntes sabiam do esquema de ocultação dos recursos. A funcionária trabalhava no instituto há quase três anos e recebia cerca de R$ 2 mil mensais.
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