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Política sem política
Palavra repetida, dita a e redita, jargão usado por tudo e por nada. Mas deixemos o jargão e vamos ao conteúdo, recuemos no tempo! Sócrates 2004: apresenta-se com um cartaz em tons cinza no qual se lia “esquerda moderna” (quem é que ainda se lembra disto?). Uma expressão extraordinária para classificar uma qualquer corrente de pensamento, em que as idologias deixaram de ter por base pensadores e na óptica de Sócrates ganhava nomes como se de moda se tratasse. Os modernos, os retro, os antiquados ou os vintage. Esquerda moderna, como vimos, não significava grande coisa, não era sequer uma terceira via ao estilo trabalhista britânico, onde ao menos aí, ainda haviam uns quantos teóricos para o que consideravam de renovação da esquerda. Quem é o ideólogo de Sócrates, o teórico? Ninguém sabe, e desconfio que nem mesmo o próprio deve fazer uma mais pálida ideia. Na visão dos socráticos em sou portanto um retro (apesar do meus 19 anos, estou envelhecido!). Veja-se a minha loucura acredito em substrato ideológico (esta palavra que parece ter ganho peçonha e que volta no auge das crises e que depois volta a submergir). Mas o missionarismo em política resulta nisto, e isto chama-se PEC. Os Socráticos dir-me-ão, bem é verdade que aquilo não é bem de esquerda, mas é real politique, tem que se ser pragmático para atingir os objectivos. Cá está mas em real politique costuma-se ser pragmático, cínico, mesmo, mas tem-se uma visão. Qual é a visão de Sócrates? Os Socráticos responder-me-ão: Choque tecnológico, o Magalhães, as renováveis. Cá está o mesmo discurso dos últimos 5 anos, num choque tecnológico que não foi mudado e de uma política económica que punha Manuel Pinho a bramir o crescimento económico em inícios de 2009 (num momento delicioso e ímpar). Do PEC já muito se falou, mas é de facto a pièce de résistance que mostra o que é este governo, este Sócrates. O extraordinário não é que o PEC faça comichão a uns tantos socialistas, o estranho é não fazer comichão suficiente para reagir. É a unidade dizem (em torno de quê?). É a vida dizem outros. É a única solução dizem alguns. E para esses agora pensemos: se privatizamos a EDP, os CTT e umas quantas empresas rentáveis, tal significa menos receita do Estado amanhã, que das duas uma ou é mais impostos futuros ou menos despesa. Aos do PS a quem o PEC causa tanta comichão e aos outros que não causa comichão nenhuma fica a questão: qual das opções vai ser? A curto prazo que imposto preferem subir ou que gasto desejam eliminar? E uns tantos responder-me-ão também, mas tudo é dinâmico e na altura haverá crescimento económico, resta saber de onde ele aparecerá, com base em quê, ou mesmo procura-se pela política que o esteja a tentar criar.
A comichão é uma coisa tramada, coça-se coça-se, mas há umas quantas que preferem e teimam em ficar. Uma boa parte do PS e do país decidiu adoptar a comichão como modo de vida política, em torno de uma política sem política.
Política sem política
Palavra repetida, dita a e redita, jargão usado por tudo e por nada. Mas deixemos o jargão e vamos ao conteúdo, recuemos no tempo! Sócrates 2004: apresenta-se com um cartaz em tons cinza no qual se lia “esquerda moderna” (quem é que ainda se lembra disto?). Uma expressão extraordinária para classificar uma qualquer corrente de pensamento, em que as idologias deixaram de ter por base pensadores e na óptica de Sócrates ganhava nomes como se de moda se tratasse. Os modernos, os retro, os antiquados ou os vintage. Esquerda moderna, como vimos, não significava grande coisa, não era sequer uma terceira via ao estilo trabalhista britânico, onde ao menos aí, ainda haviam uns quantos teóricos para o que consideravam de renovação da esquerda. Quem é o ideólogo de Sócrates, o teórico? Ninguém sabe, e desconfio que nem mesmo o próprio deve fazer uma mais pálida ideia. Na visão dos socráticos em sou portanto um retro (apesar do meus 19 anos, estou envelhecido!). Veja-se a minha loucura acredito em substrato ideológico (esta palavra que parece ter ganho peçonha e que volta no auge das crises e que depois volta a submergir). Mas o missionarismo em política resulta nisto, e isto chama-se PEC. Os Socráticos dir-me-ão, bem é verdade que aquilo não é bem de esquerda, mas é real politique, tem que se ser pragmático para atingir os objectivos. Cá está mas em real politique costuma-se ser pragmático, cínico, mesmo, mas tem-se uma visão. Qual é a visão de Sócrates? Os Socráticos responder-me-ão: Choque tecnológico, o Magalhães, as renováveis. Cá está o mesmo discurso dos últimos 5 anos, num choque tecnológico que não foi mudado e de uma política económica que punha Manuel Pinho a bramir o crescimento económico em inícios de 2009 (num momento delicioso e ímpar). Do PEC já muito se falou, mas é de facto a pièce de résistance que mostra o que é este governo, este Sócrates. O extraordinário não é que o PEC faça comichão a uns tantos socialistas, o estranho é não fazer comichão suficiente para reagir. É a unidade dizem (em torno de quê?). É a vida dizem outros. É a única solução dizem alguns. E para esses agora pensemos: se privatizamos a EDP, os CTT e umas quantas empresas rentáveis, tal significa menos receita do Estado amanhã, que das duas uma ou é mais impostos futuros ou menos despesa. Aos do PS a quem o PEC causa tanta comichão e aos outros que não causa comichão nenhuma fica a questão: qual das opções vai ser? A curto prazo que imposto preferem subir ou que gasto desejam eliminar? E uns tantos responder-me-ão também, mas tudo é dinâmico e na altura haverá crescimento económico, resta saber de onde ele aparecerá, com base em quê, ou mesmo procura-se pela política que o esteja a tentar criar.
A comichão é uma coisa tramada, coça-se coça-se, mas há umas quantas que preferem e teimam em ficar. Uma boa parte do PS e do país decidiu adoptar a comichão como modo de vida política, em torno de uma política sem política.
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