R7 - 22/10/2015
Novas provas anexadas ao processo resultaram no adiamento da sessão para a próxima semana
Mais uma vez foi adiado o julgamento de três réus acusados de matar quatro servidores do Ministério do Trabalho no crime que ficou conhecido como "Chacina de Unaí". A previsão era de que Norberto Mânica, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro fossem julgados nesta quinta-feira (22) em Belo Horizonte.
A decisão de adiamento foi tomada porque a defesa de Mânica e Castro alegou que o MP (Ministério Público) incluiu sete novas mídias ao processo na última segunda-feira (19), e que os advogados dos réus não tiveram acesso a essas informações. Uma dessas mídias seria uma delação premiada gravada pelo réu Hugo Alves Pimenta.
Diante do fato, o MP se propôs a retirar as novas provas dos autos para que o julgamento prosseguisse, mas os defensores de dois dos réus ameaçaram abandonar o caso. Então, o juiz Murilo Fernandes decidiu pelo desmembramento do processo de Pimenta, que será julgado separadamente no dia 10 de novembro.
Já o julgamento de Noberto Mânica e de Castro foi adiado para dia 27 de outubro e o juiz já convocou a Defensoria Pública para comparecer à sessão. Segundo ele, a medida é para garantir que o júri aconteça e, caso algum dos advogados decida abandonar a defesa dos réus, os defensores irão assumir. No caso do ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, também acusado de participação na chacina, o julgamento passou do dia 27 de outubro para o dia 4 de novembro.
Todos os quatro réus respondem pelo crime de homicídio doloso qualificado. Se condenados, as penas podem ir de 12 a 30 anos de prisão, que serão multiplicadas por quatro (número das vítimas).
Esta não é a primeira vez que o julgamento dos mandantes do crime - Noberto e Antério Mânica - é adiado ou suspenso. Por várias vezes, os réus recorreram e conseguiram protelar o júri. Até agora, apenas os executores da chacina, Erinaldo Vasconcelos Silva, Rogério Allan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda, já cumprem pena pelos crimes. Eles foram julgados e condenados pelo Tribunal do Júri Federal em setembro de 2013, com penas que foram de 56 a 94 anos de prisão.
Relembre o caso
Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros em uma emboscada em uma estrada de terra, próxima de Unaí, na região Noroeste do Estado. Na ocasião, as vítimas faziam visitas de rotina a propriedades rurais.
O carro do Ministério do Trabalho foi cercado por homens armados, que mataram os fiscais à queima-roupa, ainda atados aos cintos de segurança. A fiscalização visitava a região devido à denúncias sobre trabalho escravo. Apenas nove anos depois, o caso começou a ser julgado, em razão, principalmente, dos recursos interpostos por alguns dos acusados. No entanto, nenhum dos mandantes ainda foi levado a julgamento pelo crime.
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