A defasagem dos nossos salários
Participamos intensamente da negociação que resultou, há quase seis anos, no histórico reconhecimento público da importância dos Especialistas e Procuradores do Banco Central do Brasil, carreiras essenciais e estratégicas para o bom funcionamento do Estado brasileiro, consubstanciado no acordo celebrado em julho de 2008, que instituiu o subsídio como forma de pagamento, e uma recomposição salarial há muito reivindicada pelo funcionalismo, de forma parcelada, é bem verdade, em três anos (julho de 2008, 2009 e 2010).
O acordo, conseguido à custa de anos de luta da categoria – recordemos a estagnação salarial de mais de uma década pela qual passávamos, e as seguidas paralisações do funcionalismo, como a greve de 51 dias de 2007, a mais longa que a Casa já viu – reposicionou os servidores do BCB em um patamar tanto de justiça como de competitividade com o setor privado, não obstante a lamentável perda de paridade da remuneração dos Técnicos, de 50% da remuneração dos Analistas do Banco Central, que vigorava desde 2004.
Passados seus efeitos, observamos uma nova estagnação salarial, de julho de 2010 a dezembro de 2012, aí interrompida com o recente e bem-vindo reajuste de 15,8%, também concedido, não sem muita luta e estresse, em três parcelas (janeiro de 2013, 2014 e 2015), que não cobre sequer a inflação acumulada nos anos do Governo da presidente Dilma (2011 a 2014), que, segundo as estimativas mais recentes, deverá alcançar os 27%.
Comparemos a evolução do nosso subsídio com o IPC-A acumulado no conhecido, e assim apelidado, Corrosômetro, atualizado, que vem de mais tempo, desde julho de 2008, mês em que o subsídio parcelado até julho de 2010 deveria ter passado a vigorar, à vista.
Mês a mês, assistimos à contínua e inexorável redução do que conquistamos com o acordo de 2008.
Voltaremos a viver dias amargos? Até quando aguentaremos essa corrosão salarial?
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