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Viviane Claudino
Rede Brasil Atual - 06/02/2014
Federação da categoria alerta para esvaziamento do órgão e defende urgência em reestruturação do modelo de segurança pública
São Paulo – Agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal podem entrar em greve na próxima terça-feira (11) em 21 estados e em Brasília. Eles denunciam um "sucateamento" do órgão e defendem uma reestruturação de toda a segurança pública, mais contratações e valorização das carreiras que atuam no órgão.
A paralisação foi aprovada em assembleias realizadas ontem (5) em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte.
Amanhã, a partir das 8h, estão programadas manifestações em frente às sedes estaduais da PF. Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), seria necessário um reajuste de cerca de 40% para repor perdas acumuladas nos últimos sete anos. O salário da carreira hoje está entre R$ 7.500 e R$ 11.800.
"Em 2008 nós ganhávamos mais do que o dobro do salário de um servidor da Abin (Associação Brasileira de Inteligência). Hoje recebemos a metade", comparou o presidente da Fenapef, Jones Borges Leal.
A baixa remuneração, segundo ele, dificulta que novos agentes tenham interesse em seguir na carreira no órgão, e que já ingressam pensando em se preparar para concursos em outras áreas. Daí a falta de efetivo ser apontado com um dos principais problemas para os servidores. Pesquisa realizada pela Fenapef, com base em informações divulgadas pelo Ministério do Planejamento no ano passado, aponta agentes federais desistiram da profissão. Metade desse contingente se aposentou, mas a outra parcela, teria saído ainda em início da carreira.
"Estamos perdendo colegas para a Abin, segurança no Congresso, Advocacia Geral da União, Ministério Público e agências. São colegas que quando chegam aqui percebem rapidamente a crise instalada e abandonam o departamento. A polícia federal é uma bomba que pode explodir a qualquer momento", alerta Leal.
Atualmente, a PF tem 6.219 agentes federais. "Existem delegacias em fronteiras com dois policiais. Como você impede que um armamento pesado chegue no Rio de Janeiro? É impossível controlar. Hoje, para fazer o mínimo, nós teríamos que triplicar esse número”, disse o presidente da Fenapef.
A entidade defende também a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 51/2013, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que modifica toda a estrutura de segurança pública e estabelece a desmilitarização das policias.
"O estado pode ter outras policias, mas uma não precisa ficar dependendo da outra para completar uma investigação, até encaminhar o caso à procuradoria. Se o policial puder chegar numa situação de crime e naquele momento ele puder começar a investigar será muito mais sério, rápido e eficiente. Ficará mais barato para o estado e vai beneficiar toda a sociedade", disse Leal.
Representantes da Fenapef também defendem a instalação de uma carreira única na PF. “Hoje um garoto de 25 anos formado em Direito pode passar num concurso para delegado e entrar no meio da carreira para comandar policiais com 30 anos de serviço, sem experiência alguma. Sabemos que o próprio crime organizado já vem fazendo isso, infiltrando pessoas em concursos para que esses se tornem delegados”, denuncia.
A Fenapef representa cerca de 15 mil servidores ativos e aposentados.
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