*****PORTAL DO SERVIDOR PÚBLICO DO BRASIL*****
NA BOCA DO PIANO.
Não se inventou ainda um instrumento musical mais exibido do que o piano. Se for preto então, vira a vedete da sala. Até porque não existe nada que seja maior que ele, na decoração de qualquer ambiente. E quando tem um ou uma pianista sentado nele, vira o centro das atenções.
O preto piano é de tal ordem bonito, que hoje é copiado para tecnologias recentes, servindo de qualidade a mais para celulares e televisores.
E além disso, quando o é na forma de armário, serve de espelho, proporcionando uma visão ampla de todo o ambiente. Assim o instrumentista pode perceber de imediato as reações de toda a sua platéia. Isso facilita em muito a mudança do repertório.
Pra quem toca em ambientes comercias, isso é um verdadeiro achado. Basta perceber a reação da audiência e fica tudo acertado.
E isso também é impressionante. Parece que a platéia inteira veio pro jantar com uma vontade comum. As vezes querem boleros, por outras bossas requintadas e ainda aquelas canções melosas dos cantantes americanos do tipo only you, my way, let me try again e outras.
E aqui vai um conselho para os que pretendem seguir esse caminho: nunca vá para suas funções sem um bom repertório de Roberto Carlos guardado na manga. Os pedidos virão, quer você queira ou não.
Roberto, Djavan, Toquinho e Vinicius, Tom Jobim e Chico Buarque tambem devem tomar parte obrigatória em todo repertório pianístico que se preze.
E aprenda a tocar Prece ao Vento. É mágica pura. Voce percebe o silêncio da sala quando inicia as primeiras evoluções harmônicas da música. Mas toque lânguidamente, de forma que cada nota da melodia seja uma flecha dirigida ao coração de cada um dos presentes.
Não se esqueça também de fascinação. Com ela os aplausos que alimentam nossa vaidade artística, são obrigatórios.
Eu toco que me vem na cabeça. Nunca faço uma programação. E assim entro em total harmonia com os desejos da noite.
Certa vez eu resolvi mudar tudo. Entrei de sola no baú da MPB antiga e retirei lá do fundinho, tudo o que pianista nenhum executa.
Comecei com A Vida é Um Moinho do inesquecível Cartola. Em seguida tasquei Ela Disse-me Assim do Lupicínio. Fui em frente com Caminhemos do Herivelto. Arregaçei com Nervos de Aço do Lupicinio. E daí em diante.
Quando eu ainda interpretava Ela disse me assim do Lupicínio olhei para trás e vi u’a mesa com um casal e uma senhora de idade.
A tal senhora chorava copiosamente. E o choro não era silencioso. Era choro barulhento e que criava um certo constrangimento no ambiente.
Quando mais eu tocava mais o chororô aumentava de volume até que, sem poder continuar, eu me levantei e me dirigi a mesa onde ela estava.
Educadamente perguntei se havia algum problema. Definitivamente não devia ter feito isso.
A mulher se levantou e gritou pra todo mundo ouvir: “...eu nunca mais volto nesta espelunca”.
Eu, sem saber o que dizer , apenas tentei entender o problema: “...senhora, perdão, mas a música está tão ruim assim?”
Ela respondeu: “ ...não é isso. As suas interpretações são maravilhosas. Pena que o Senhor tenha um espírito sádico. Parece ter prazer em provocar tristezas nos outros. O que o Sr. fez foi lembrar as coisas mais bonitas da minha vida e que hoje se transformaram em todas as minhas tristezas”
Dito isso a mulher perdeu os sentidos e desmontou desengonçadamente derrubando talheres e copos que estavam na mesa.
Foi um Deus nos acuda. Carregaram a mulher pra um sofá da sala de espera. Chamaram médico. Ela se recompôs e foi embora.
Voltei ao piano decidido a mudar de repertório. Imediatamente ataquei de Wave do Tom. Depois Regra três do Toquinho e Vinicius. E fui por esse caminho.
Quando eu já estava me afiando no repertório, levanta outro sujeito lá do finzinho da sala e do alto dos seus setenta anos, gritou pra todo mundo ouvir: “...negativo! Pode tratar de continuar com o outro repertório!”. “Não é por uma boboca qualquer que a gente vai deixar de ouvir essas maravilhas”.
NA BOCA DO PIANO
NA BOCA DO PIANO.
Não se inventou ainda um instrumento musical mais exibido do que o piano. Se for preto então, vira a vedete da sala. Até porque não existe nada que seja maior que ele, na decoração de qualquer ambiente. E quando tem um ou uma pianista sentado nele, vira o centro das atenções.
O preto piano é de tal ordem bonito, que hoje é copiado para tecnologias recentes, servindo de qualidade a mais para celulares e televisores.
E além disso, quando o é na forma de armário, serve de espelho, proporcionando uma visão ampla de todo o ambiente. Assim o instrumentista pode perceber de imediato as reações de toda a sua platéia. Isso facilita em muito a mudança do repertório.
Pra quem toca em ambientes comercias, isso é um verdadeiro achado. Basta perceber a reação da audiência e fica tudo acertado.
E isso também é impressionante. Parece que a platéia inteira veio pro jantar com uma vontade comum. As vezes querem boleros, por outras bossas requintadas e ainda aquelas canções melosas dos cantantes americanos do tipo only you, my way, let me try again e outras.
E aqui vai um conselho para os que pretendem seguir esse caminho: nunca vá para suas funções sem um bom repertório de Roberto Carlos guardado na manga. Os pedidos virão, quer você queira ou não.
Roberto, Djavan, Toquinho e Vinicius, Tom Jobim e Chico Buarque tambem devem tomar parte obrigatória em todo repertório pianístico que se preze.
E aprenda a tocar Prece ao Vento. É mágica pura. Voce percebe o silêncio da sala quando inicia as primeiras evoluções harmônicas da música. Mas toque lânguidamente, de forma que cada nota da melodia seja uma flecha dirigida ao coração de cada um dos presentes.
Não se esqueça também de fascinação. Com ela os aplausos que alimentam nossa vaidade artística, são obrigatórios.
Eu toco que me vem na cabeça. Nunca faço uma programação. E assim entro em total harmonia com os desejos da noite.
Certa vez eu resolvi mudar tudo. Entrei de sola no baú da MPB antiga e retirei lá do fundinho, tudo o que pianista nenhum executa.
Comecei com A Vida é Um Moinho do inesquecível Cartola. Em seguida tasquei Ela Disse-me Assim do Lupicínio. Fui em frente com Caminhemos do Herivelto. Arregaçei com Nervos de Aço do Lupicinio. E daí em diante.
Quando eu ainda interpretava Ela disse me assim do Lupicínio olhei para trás e vi u’a mesa com um casal e uma senhora de idade.
A tal senhora chorava copiosamente. E o choro não era silencioso. Era choro barulhento e que criava um certo constrangimento no ambiente.
Quando mais eu tocava mais o chororô aumentava de volume até que, sem poder continuar, eu me levantei e me dirigi a mesa onde ela estava.
Educadamente perguntei se havia algum problema. Definitivamente não devia ter feito isso.
A mulher se levantou e gritou pra todo mundo ouvir: “...eu nunca mais volto nesta espelunca”.
Eu, sem saber o que dizer , apenas tentei entender o problema: “...senhora, perdão, mas a música está tão ruim assim?”
Ela respondeu: “ ...não é isso. As suas interpretações são maravilhosas. Pena que o Senhor tenha um espírito sádico. Parece ter prazer em provocar tristezas nos outros. O que o Sr. fez foi lembrar as coisas mais bonitas da minha vida e que hoje se transformaram em todas as minhas tristezas”
Dito isso a mulher perdeu os sentidos e desmontou desengonçadamente derrubando talheres e copos que estavam na mesa.
Foi um Deus nos acuda. Carregaram a mulher pra um sofá da sala de espera. Chamaram médico. Ela se recompôs e foi embora.
Voltei ao piano decidido a mudar de repertório. Imediatamente ataquei de Wave do Tom. Depois Regra três do Toquinho e Vinicius. E fui por esse caminho.
Quando eu já estava me afiando no repertório, levanta outro sujeito lá do finzinho da sala e do alto dos seus setenta anos, gritou pra todo mundo ouvir: “...negativo! Pode tratar de continuar com o outro repertório!”. “Não é por uma boboca qualquer que a gente vai deixar de ouvir essas maravilhas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AGRADECEMOS A GENTILEZA DOS AUTORES QUE NOS BRINDAM COM OS SEUS PRECIOSOS COMENTÁRIOS.
##############PORTAL DO SERVIDOR PÚBLICO DO BRASIL##############