BSPF - 17/09/2016
Aposentadoria de funcionários públicos e do campo respondem praticamente por 50% cada uma do déficit inteiro da Previdência, segundo ele
São Paulo - O coordenador do Fórum Econômico da Escola de Economia de São Paulo da FGV, professor Nelson Marconi, avalia que "o grande vilão do resultado fiscal hoje é a Previdência Social", com grande destaque para os benefícios pagos aos funcionários públicos e ao setor rural. "A Previdência urbana está praticamente equilibrada. A previdência rural e de servidores respondem praticamente por 50% cada uma do déficit inteiro da Previdência", comentou Marconi ao Broadcast.
"A questão das aposentadorias nas cidades é importante para o futuro, mas não é uma questão de plena relevância no curto prazo." Na avaliação de Marconi, seria mais oportuno para o equilíbrio das contas públicas que o governo atacasse os déficits da Previdência na área de servidores públicos e de benefícios no campo. "Em relação ao funcionalismo, seria importante duas mudanças: que a alíquota de contribuição suba de 11% para 14% e desatrelar os reajustes dos servidores inativos ao que ocorre com os ativos, algo que existe hoje e não tem lógica nenhuma", disse.
Em relação à previdência rural, o professor destacou que tem uma importância social muito relevante e não deveria ser extinta. "É preciso verificar outras formas de receitas pelo Estado", comentou. Para Nelson Marconi, o ajuste fiscal na Previdência de servidores e rural é fundamental para que o governo não faça um processo de correção das contas públicas sobre investimentos públicos e programas sociais. "Não é a forma adequada", disse em palestra no décimo terceiro Fórum de Economia realizado pela EESP-FGV.
Juros e câmbio. Marconi também apontou como fatores fundamentais para a reconstrução macroeconômica do Brasil alterar o patamar de juros reais e nominais, bem como o do câmbio.
"Os juros reais e nominais estão muito elevados sobretudo devido ao forte desequilíbrio fiscal que o País enfrenta", comentou. Na avaliação de Marconi o alto nível de juros no Brasil é inflacionário, pois restringe muito o aumento dos investimentos, o que dificulta a ampliação da oferta no país.
"No caso do câmbio, o governo permitiu que a cotação se valorizasse novamente para ajudar a atacar a inflação", ponderou Marconi. Na sua avaliação, se a cotação do dólar ante o real estivesse ao redor de R$ 3,67, o Brasil poderia eliminar o déficit da balança de produtos manufaturados em pouco mais de um ano. "No patamar atual de câmbio em R$ 3,20, temo que esse déficit retome uma trajetória de expansão."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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