Salários do Congresso viram caso de Justiça 
Leandro KleberCorreio 
Braziliense      -    20/10/2012
LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - Cidadão insultado por funcionária do Senado quer R$ 15 mil de indenização. MP apura se exposição dos dados está de acordo com a 
legislação
Nilton Paixão, presidente do Sindilegis, defende ainda mais controle na divulgação dos 
salários do Congresso
A polêmica em torno da divulgação dos salários dos servidores do Congresso 
Nacional foi parar, mais uma vez, na Justiça. O cidadão que consultou a 
remuneração de uma taquigrafa do Senado e foi insultado por ela via e-mail — 
pois o sistema informatizado da Casa permite ao funcionário identificar quem fez 
a consulta — acionou a servidora judicialmente. São duas as ações: uma de danos 
morais e uma queixa crime contra a prática de injúria. 
O Ministério Público acompanha este último caso. Além disso, o órgão também já 
abriu investigação para apurar por que o Senado exige do cidadão dados como o 
CPF, nome, endereço, e-mail e até CEP para que tenha acesso aos salários dos 
servidores e por que eles sabem quem verificou as informações. O objetivo é 
checar se essas exigências estão de acordo com a Lei de Acesso à 
Informação.
“A questão não é o dinheiro (que proponho na ação). Eu gostaria que os servidores 
do Senado vissem que vivemos num sistema republicano. Fiz a consulta nos nomes 
porque é um direito meu. Olhei porque queria ter uma noção sobre quanto ganha um 
funcionário da taquigrafia, pois estamos discutindo aumento de salários no 
Judiciário e eu também trabalho nesse setor”, afirma Weslei Machado Alves, 
servidor doTribunal Superior Eleitoral (TSE) que fez a consulta ao vencimento da 
taquígrafa do Senado. Ele ganha pouco mais de R$ 9 mil por mês.
Procurada pelo Correio, a taquigrafa do Senado preferiu não se identificar e não comentar 
o caso. Afirmou apenas que o assunto, para ela, está encerrado. A audiência 
sobre a ação de danos morais, na qual Machado pede R$ 15 mil como valor da 
indenização, está marcada para 29 de novembro no Juizado Especial Civil. “O 
sistema do Congresso Nacional é falho, gera conflito e cria barreiras para a 
fiscalização por parte do cidadão. Poderia até existir um cadastro único para 
quem faz a consulta, mas que não seja exigido o seu preenchimento toda vez que 
for feita uma visita por nome. Acho legítima a questão da segurança que eles 
alegam”, diz Machado.
O servidor do TSE, também é professor de direito constitucional e eleitoral, 
avalia que com a divulgação nominal dos contracheques é possível verificar se 
servidores ganham acima do teto constitucional — hoje estabelecido em R$ 26,7 
mil. Na troca de e-mails, a taquigrafa do Senado chamou-o de fofoqueiro e 
bisbilhoteiro.
Mais 
rigor
Quem também não está gostando dessa história de transparência nominal das 
remunerações é o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do 
Tribunal de Contas da União (Sindilegis). A associação, inclusive, pediu mais 
rigor às Mesas Diretoras da Câmara e do Senado quanto à identificação do cidadão 
ao fazer uma consulta nas duas instituições. Até o momento, porém, não obteve 
qualquer retorno sobre o assunto.
O Sindilegis quer a “imediata suspensão das consultas aos dados dos servidores das 
duas instituições até que o sistema seja aperfeiçoado, sob pena de lesões à 
privacidade, à imagem, à segurança e à honra dos servidores ativos, efetivos e 
comissionados, aposentados e pensionistas”. Para o presidente do sindicato, 
Nilton Paixão, o sistema nas duas Casas é falho e não dá a devida segurança aos 
funcionários. “Você pode colocar qualquer CPF no site que você consegue acessar 
as remunerações. O ideal seria fazer um convênio com a Receita Federal para que 
fossem checados os nomes, o CPFs e até o nome da mãe da pessoa que consulta as 
informações”, acredita.
Memória
Idas e vindas judiciais
A regulamentação da Lei de Acesso à Informação, em 16 de maio deste ano, obrigou 
os órgãos públicos a divulgar na internet a remuneração dos servidores, 
incluindo auxílios, ajudas de custo, jetons e quaisquer outras vantagens, de 
maneira individualizada e nominal.
O primeiro órgão a cumprir a determinação foi a Controladoria-Geral da União 
(CGU), que começou a disponibilizar no Portal da Transparência os salários dos 
servidores do Executivo, em 27 de junho. Em seguida, oConselho Nacional de 
Justiça (CNJ) publicou resolução regulamentando a lei no âmbito do Judiciário. 
Os tribunais do país tiveram quase 20 dias para se preparar e publicar na 
internet os vencimentos de ministros, juízes e servidores. Dos 121 órgãos do 
Poder Judiciário, 26% ainda não cumpriram a resolução.
Já o Legislativo deu o primeiro passo em meados de julho, quando Câmara e Senado 
prometeram divulgar os dados remuneratórios no fim do mês. Isso não ocorreu 
porque o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de 
Contas da União (Sindilegis) entrou na Justiçaimpedindo a publicação individual 
dos servidores.
A Lei de Acesso à Informação também foi questionada judicialmente por outros 
sindicatos país afora. A CGU e os demais órgãos do Judiciário tiveram que 
retirar os dados do ar momentameante — fato que durou menos de uma semana. Mas a 
Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu e conseguiu reverter a situação. O tema 
ainda será analisado, de maneira final, pelo ministros do Supremo Tribunal 
Federal, que já se manifestaram favoráveis à publicidade das 
informações.
 
 
 
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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