Deputado propõe exames médicos e indenização a ex-guardas da Sucam
Deputado Édio Lopes quer que governo
reconheça os direitos dos antigos trabalhadores da Sucam
VANESSA LIMA
Uma comissão de deputados de estados da Amazônia iniciou uma
campanha, junto ao Governo Federal, para que todos os trabalhadores da antiga
Sucam que tinham contato direto com o veneno Diclorodifenilcloretano (DDT) sejam
submetidos a exames de contaminação do produto utilizado no combate ao vetor da
malária e doença de chagas.
Segundo o deputado federal Édio Lopes (PMDB), representante da
Comissão em Roraima, a minuta do projeto está pronta e será apresentada ao órgão
federal até o final deste mês.
“O ponto chave do projeto é que o Governo Federal reconheça que
os antigos guardas da Sucam sofreram contaminação pelo uso continuado do DDT e
que mande fazer exames toxicológicos de todos os remanescentes do local. No caso
de comprovada a contaminação pelo uso do veneno através de exames de
laboratório, a União terá que indenizar essas pessoas e fazer justiça. Esta é a
nossa proposta”, explicou o deputado.
O levantamento para verificar a quantidade de trabalhadores que
tiveram contato direto com a substância tóxica ainda não começou a ser feito.
Primeiramente um trabalho político está sendo realizado junto ao órgão federal
para que providências sejam tomadas.
Depois de apresentado, caso o projeto não seja aprovado, a
comissão irá propor um projeto de lei na Câmara dos Deputados, para que a União
cumpra com o exigido.
O DDT começou a ser utilizado no Brasil desde a Segunda Guerra
Mundial pela Sucam, hoje extinta, até a década de 80, quando foram descobertos
os riscos à saúde com o uso do veneno.
“Durante todo esse tempo, quantas pessoas passaram por esses
órgãos tendo um contato diário e continuado com o DDT? O governo brasileiro não
pode hoje alegar que desconhecia o perigo da contaminação, porque já na década
de 1960 essa substância foi proibida na maioria dos países e, todavia, este
ainda continuou sendo usado no combate ao vetor da malária e de pragas no
Brasil”, informou Édio Lopes.
Ainda conforme o deputado federal, o principal objetivo da
comissão é dar assistência e indenizar todos os trabalhadores do antigo órgão de
epidemias. Em um levantamento preliminar e ainda passível de correção, é visível
a deterioração da saúde de todos os ex- guardas da Sucam com doenças que vão de
câncer no fígado à neurológicas e cardíacas.
SENADO - A Comissão de Assuntos Sociais (CAS)
do Senado aprovou um projeto de lei (PLS 416/99) que proíbe a fabricação,
importação, exportação, manutenção de estoques, comercialização e o uso do
composto químico DDT. O relator do projeto é o senador Augusto Botelho (PT).
DDT - O Diclorodifenilcloretano (DDT) foi
sintetizado em 1874 por um estudante alemão, mas caiu no esquecimento por muitos
anos. Foi muito usado na II Guerra Mundial para proteger soldados contra
insetos. A partir daí tornou-se um popular pesticida, tanto para combater
doenças transmitidas por insetos, quanto para ajudar fazendeiros a controlar
pestes agrícolas.
DOENÇAS - O DDT tem efeito prolongado, move-se
facilmente pelo ar, rios e solo e acumula-se no organismo dos seres vivos, no
caso do homem, na glândula tireóide, fígado e rim. Absorvido pela pele ou nos
alimentos, no fígado o acúmulo pode causar cirrose e o câncer. Há vários estudos
relacionando um subproduto do DDT, o DDE, à redução do aleitamento materno.
Outros estudos associam o pesticida a problemas nos sistemas hormonal, nervoso e
reprodutivo do homem.
Durante décadas, o produto foi largamente usado nos inseticidas
produzidos no País até ser comprovado que, além de provocar câncer, ele demora
de 4 a 30 anos para se degradar. Especialistas afirmam que o principal problema
do DDT é sua ação indiscriminada, que atinge tanto as pragas quanto o resto da
fauna e flora da área afetada. O DDT também se infiltra na água, contaminando os
mananciais.
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