O Dia - 03/04/2019


Dez sedes da autarquia pararam enquanto reunião entre o sindicato da categoria e presidente do BC discutia não redução de salário

Rio - Os funcionários do Banco Central paralisaram as atividades nesta quarta-feira das 10h ao meio-dia em nove estados e no Distrito Federal. A mobilização ocorreu durante todo o período em que ocorria uma reunião entre integrantes do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), que representa os servidores, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto.


Na pauta a não redução salarial, que, segundo dirigentes da entidade sindical, é uma ameaça real por conta da diminuição da remuneração ocorreria com o aumento da contribuição ao Programa de Assistência à Saúde (PASBC). Outro ponto discutido no encontro foi a autonomia do servidor do órgão. A proposta é que ela seja feita nos padrões da existente hoje na Receita Federal.




"O projeto de autonomia em discussão no Congresso é muito tímido ao enfocar o mandato da diretoria", avalia Jordan Pereira, presidente do Sinal. E acrescenta: "Defendemos um projeto que contemple prerrogativas e redefinição de atribuições para os servidores do BC."




Desdobramentos




Na reunião foi entregue um documento ao presidente do BC que, entre outros pontos, reivindica a reestruturação da carreira de especialista, a correção de assimetrias remuneratórias e de tratamento, a definição da situação dos celetistas reintegrados e o Programa de Assistência à Saúde dos Servidores (PASBC). Os sindicalistas ressaltaram que é necessário dar prosseguimento aos diálogos sobre as mudanças na estrutura da carreira. "É preciso pensar um desenho institucional que contemple as várias frentes e que todos estes pontos caminhem juntos, numa só matéria. As alterações em pauta ainda são muito tímidas para uma instituição do tamanho da nossa", afirmou Jordan.




Outro ponto em que os representantes do Sinal demonstraram preocupação é a diferença entre os salários dentro do BC. Jordan argumentou que não há razões para existir distorções, dada a importância estratégica dos servidores da autarquia para o Estado, nem internas, nem externas, uma vez que a carreira de especialista é responsável pela atividade-fim da autoridade monetária.




Conforme aponta levantamento, segundo a entidade sindical, a defasagem em relação a julho de 2010, mesmo com a última parcela do reajuste efetivada em janeiro passado, chega a 11%, com uma perda acumulada, até março de 2019, de 17,1 salários.




Além da questão salarial, o sindicato reforçou a necessidade de que haja um tratamento igualitário entre os servidores da Casa, com o devido reconhecimento de Analistas e Técnicos, inclusive no que diz respeito aos mecanismos de controle de frequência.




Diálogo




Campos Neto, afirmou que aposta no diálogo e na proximidade com os servidores nas diversas praças, de modo a construir “um bom ambiente de trabalho”. Disse estar surpreso com a “qualidade espetacular” do efetivo e que espera trabalhar para que os servidores não percam a “cultura de pertencimento” ao Banco Central.




Por Martha Imenes