Diário de Pernambuco - 22/08/2015
Cerca de 30 categorias já suspenderam atividades em esferas nacional e estadual
Na reta final da campanha salarial de 2015, os servidores públicos federais aumentam a pressão contra a equipe econômica e a presidente Dilma Rousseff. O governo tem até 31 de agosto para enviar o Projeto de Lei Orçamentária Anual ao Congresso, com a previsão das despesas com a folha de pessoal em 2015. Como o Ministério do Planejamento mantém inalterada a oferta de reajuste de 21,3%, em quatro anos (5,5%, em 2016; 5%, em 2017; 4,7%, em 2018; e 4,5%, em 2019), greves, paralisações pontuais, movimentos de entrega de cargos de chefia e atos de protesto se espalham pelo país.
“Historicamente, a consolidação de conquistas e a manutenção de direitos acontecem com muita resistência, e não será diferente agora”, disse Sérgio Ronaldo, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa 80% do funcionalismo. A Condsef recomendou aos servidores da base que reforcem e ampliem os movimentos nos locais de trabalho. Segundo a Confederação, ocorrem protestos em quinze estados e a mobilização tende a crescer.
Além dos servidores do Instituto Nacional do Serviço Social (INSS), em greve desde 7 de julho, cruzaram os braços docentes e administrativos das universidades federais, servidores do Poder Judiciário, e diversas categorias nos ministérios da Fazenda, da Saúde, do Trabalho e da Agricultura. Reforçam o movimento carreiras típicas de Estado. Delegados da Polícia Federal, advogados federais, procuradores do Banco Central, da Previdência e da Fazenda entregaram cargos de chefia.
Na última quarta-feira, auditores da Receita Federal entraram em greve por tempo indeterminado. Auditores do Trabalho cruzam os braços na próxima segunda-feira, quando também auditores do SUS decidem, em assembleia, se suspendem as atividades. A categoria quer a criação de carreira própria, com a remuneração compatível com a AGU e incorporação das gratificações.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), na quarta-feira, pararam os analistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. “Porto Alegre, Fortaleza, Belém, Salvador e Brasília se reuniram na porta do BC, com perspectivas de engrossar o movimento”, informou a entidade. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) também divulgou que a categoria vai parar por tempo indeterminado, com entrega de cargos de chefia, a partir de 24 de agosto.
Os peritos federais agrários aprovaram indicativo de greve na semana passada, ação que ainda será submetida à aprovação da categoria. Segundo o sindicato da categoria (SindPFA), as reivindicações de reestruturação da carreira estão na pauta de negociações desde 2008. Na próxima quinta-feira, os servidores prometem fazer muito barulho na Esplanada dos Ministérios. É o dia da Marcha dos Servidores Públicos Federais (SPF), em protesto contra o reajuste linear de 21,3%. O evento é organizado pelo Fórum Nacional das Entidades no Serviço Público Federal.
Braços cruzados
Cresce, a cada dia, o número de categorias que estão em greve ou fazendo paralisações pontuais. Movimento já se espalha por pelo menos quinze estados. Veja os órgãos com maiores adesões
» Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
» Docentes e administrativos das universidades federais
» Administrativos de hospitais e institutos federais
» Judiciário
» Administrativos do Ministério da Fazenda
» Administrativos da Polícia Rodoviária Federal
» Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
» Servidores civis da Marinha do Brasil
» Administrativos da Advocacia-Geral da União (AGU)
» Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
» Ministério da Saúde
» Fundação Nacional da Saúde (Funasa)
» Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
» Instituto Evandro Chagas (IEC)
» Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs)
» Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
» Ministério do Trabalho e Emprego
» Fundação Nacional do Índio (Funai – saúde indígena)
» Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
» Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
» Superintendência de Administração do Ministério do Planejamento (Samp)
» Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam)
» Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen)
Carreiras de Estado
» Auditores da Receita Federal: parados desde quarta-feira
» Analistas do Banco Central: parados desde quinta-feira
» Auditores do Ministério do Trabalho: cruzam os braços a partir de segunda-feira
» Auditores do SUS: decidem, em assembleia, paralisação a partir de segunda
» Peritos federais agrários: indicativo de greve
» Delegados da Polícia Federal: entregaram cargos de chefia
» Advogados da AGU e procuradores do BC, da Previdência e da Fazenda: entregaram cargos de chefia
Fontes: Sindicatos nacionais, federações e confederações
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