O aposentado Miguel Ribeiro Leite, o ‘Miguel da Malária’, completa nesta quarta-feira, 100 anos, como o morador mais idoso de Jequitaí, no Norte de Minas, carregando em seu currículo a condição de último ‘erradicador da malária’. Nascido em Morro das Garças em 8 de abril de 1915, passou a morar em Jequitaí desde 1957, depois […]
Miguel Ribeiro fala sobre a missão de erradicar a doença na região
Miguel Ribeiro fala sobre a missão de erradicar a doença na região
O aposentado Miguel Ribeiro Leite, o ‘Miguel da Malária’, completa nesta quarta-feira, 100 anos, como o morador mais idoso de Jequitaí, no Norte de Minas, carregando em seu currículo a condição de último ‘erradicador da malária’.
Nascido em Morro das Garças em 8 de abril de 1915, passou a morar em Jequitaí desde 1957, depois de uma longa temporada em Lassance e outras cidades afetadas pela Malária. No último domingo, Miguel foi homenageado em Jequitaí, em evento organizado por familiares e amigos, com missa em ação de graças e depois almoço que reuniu mais de 100 pessoas. É um dos principais moradores da cidade.
Além de erradicador da malária, Miguel também tem um currículo invejável: tropeiro, que seguiu as mesmas trilhas descritas por Guimarães Rosa na obra literária ‘Grande Sertão Veredas’, além de garimpeiro, onde buscava no leito do rio Jequitaí as pedras preciosas comuns na bacia hidrográfica.
Miguel da Malária também atuou como ‘boia-fria’, seja no corte de cana de açúcar e colheita do café, para manter os seus oito filhos. A sua filha Maria Helena conta que a peneira do garimpo representa o grande sonho do pai, atrás da riqueza com os diamantes. Porém, o principal equipamento sempre foi a bomba borrificadora contra a malária.
Com uma saúde invejável para quem tem 100 anos, Miguel tem problemas apenas na audição. Ouve pouco e por isso, conta sempre com a ajuda das filhas ou netas para entender o que estão falando. Não perde o senso de humor e se sente feliz em receber os amigos em sua casa, na área central de Jequitaí. Fala com orgulho da dificuldade que existia para combater a malária, anos atrás, quando os próprios agentes de saúde corriam risco de serem contaminados. “Fui designado para combater a malária em diversas localidades, principalmente Lassance e depois Jequitaí. Aqui cheguei e não sai mais”, relata o aposentado.
A sua família é formada por oito filhos, 14 netos e agora um bisneto. Tem gente que mora em Jequitaí, Pirapora, Belo Horizonte e Montes Claros. A sua neta-sobrinha Renata, que reside na capital mineira e se formou em jornalismo, não esconde o orgulho pela história de vida de Miguel. Fez questão de sair com todos os tios, primos e sobrinhos para registrar em fotos o grande momento do avô.
O advogado Joaquim Cordeiro fez questão de sair de Montes Claros em seu Fusca 1972, devidamente turbinado, para percorrer os 93 quilômetros até Jequitaí e abraçar o seu amigo, que entrou na sua vida de forma incomum: o jovem foi atuar como contador em Jequitaí e depois de alguns anos, decidiu dar um passo maior e ser advogado. Queria tentar o vestibular de Direito na então Fundação Norte Mineira de Ensino Superior (FUNM), atual Unimontes. Mas não tinha dinheiro para pagar sequer a taxa do vestibular. Relatou ao agente da Sucam esta sua frustração.
Passados alguns dias, recebeu a visita de Miguel, que o pediu para viajar até Montes Claros. Miguel sacou o pagamento no banco e deu ao jovem amigo o valor da taxa de inscrição no vestibular. “Devo minha profissão a Miguel, pois se não fosse ele não teria realizado meu sonho. Vim abraçar ele em gratidão a tudo que já fez por mim. É um pai exemplar, formou uma família digna e tem um histórico de vida que orgulha a todos que o conhecem”, comenta Cordeiro.
A médica geriatra Ariane Maria Gonzaga Durante, do Centro Especializado de Saúde do Idoso do Hospital Universitário, que acompanha o quadro de saúde de Miguel da Malária, afirma que é raro uma pessoa chegar aos 100 anos de idade e por isto, acatando o convite do paciente, fez questão de participar da festa. Ela lembra que nos Estados Unidos, existem mais de 100 mil pessoas centenárias, enquanto no Brasil, os dados estatísticos do IBGE mostram que apenas 10 mil pessoas chegam a esta faixa etária. No caso de Miguel, ela lembra que ele apresentou um problema pulmonar, já resolvido, mas tem uma saúde de qualidade para os 100 anos.
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