BSPF - 16/05/2019
Em contraponto ao secretário adjunto de Previdência, Narlon Gutierre Nogueira, que defendeu nesta terça-feira (14) na comissão especial da Reforma da Previdência, que as regras aos servidores públicos da União também sejam aplicadas aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que a reforma do setor público já ocorreu.
“O governo insiste em esconder da população que há dois regimes e isso leva a uma confusão homérica. O servidor público não tem FGTS, não tem 40% de rescisão contratual e desde 2013 foi bi-tributado. A PEC 6 para o servidor levará ao aprofundamento das injustiças. Será um novo imposto de renda. E a maioria dos servidores não recebe mais do que R$ 5 mil”, disse Alice Portugal, vice-líder da Minoria na Casa.
A PEC 6/2019 enviada pelo Executivo à Câmara propõe que os itens que tratam dos servidores se estendam a todos os entes – a vinculação, pelo texto atual, seria automática. Assim, as regras referentes a benefícios e alíquotas que forem alteradas vão valer de imediato para todos os servidores, não apenas da União. A vinculação automática, no entanto, pode ser retirada pelos deputados, na comissão especial.
Para o PCdoB, o governo Bolsonaro mente e ataca de maneira criminosa os servidores públicos para justificar sua “reforma”.
“Nós precisamos desmentir para o Brasil que os servidores públicos são privilegiados, incompetentes e que não trabalham. Os bancos são os maiores pagadores da publicidade e mentem sobre os servidores. Isso aconteceu na PEC do Temer e inspirou uma juíza em 2017 a interromper a propaganda da PEC 287 que mentia para a população. Estamos repetindo esse filme”, disse a deputada.
Para ela, a reforma, se aprovada como apresentada pelo governo, irá desconstruir o Estado brasileiro. “Teremos uma avalanche de aposentadorias e, ao mesmo tempo, um desestímulo ao ingresso no serviço público. Que Estado quer o governo Bolsonaro? O servidor não é um privilegiado”, afirmou Alice Portugal.
Em sua apresentação, o consultor do Departamento intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Luciano Fazio, desmistificou a tentativa de classificar os servidores como privilegiados. Ele disse que a média das aposentadorias dos servidores da União é apenas um pouco maior que o teto do INSS. “Os servidores da União, do RPPS, estão com 1,6 salários acima da média do INSS”, apontou.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Previdência social, Luís Alberto dos Santos, lembrou que outras reformas feitas em governos anteriores já aproximou o regime de Previdência dos servidores (RPPS) dos demais trabalhadores (RGPS).
“Houve aumento do tempo de aposentadoria por contribuição e da idade mínima para aposentadoria, vedação de acumulação de benefícios, contribuição de inativos e pensionistas, extinção da aposentadoria integral, e criou-se a Previdência complementar (Funpresp) para quem quiser ganhar acima do teto do RGPS”, afirmou.
Santos destacou ainda que há uma “tentativa de manipular as informações e promover o pânico da população”.
Fonte: Portal Vermelho
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