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Em Harvard, Zuckerberg era um estudante inquieto, menos dedicado às aulas do que à criação de alguma coisa, qualquer coisa que pudesse revolucionar a comunicação na internet. Desenvolveu algumas ideias, como programador excelente que é, e mexeu com os ânimos numa das melhores universidades do mundo. Um dia, convocado pelos irmãos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, mais Divya Narendra, Zuckerberg começa a desenvolver uma rede social. Ao perceber que não precisava dos três, desenvolve o Facebook sozinho, com o apoio financeiro do amigo brasileiro Eduardo Saverin, hoje com 28 anos.
Com pouco dinheiro, mas muito trabalho criativo, Zuckerberg criou um empreendimento, o Facebook, que vale 41 bilhões de dólares (dado de novembro deste ano) e tem 500 milhões de usuários (7,3 milhões no Brasil, mais do que toda a população do Estado de Goiás). O Facebook é uma rede social — uma base para contatos empresariais, profissionais, debates sobre quaisquer assuntos (música, literatura, sexo, cinema), afetivos (três amigos encontraram namoradas interessantes) e mesmo para jogar conversa fora. As pessoas se tratam como amigas. Antes, as revistas punham na capa: “Computador — Você vai ter um”. Depois, vieram o notebook, o netbook, o iPhone, o iPad e virão outros. Agora a internet amplia os contatos globalitários e as revistas terão de dizer: “Redes Sociais — Você vai pertencer a uma delas”.
Depois do sucesso do Facebook, Cameron, Tyler e Narendra, que não conseguiram produzir nada igual, como vários outros retardatários da ciência e das artes, decidiram processar Zuckerberg, alegando que haviam sido enganados, plagiados. Mas como plagiar o que não era realidade? Para escapar do litígio e de desgastes, Zuckerberg decidiu pagar a indenização. Os gêmeos, que preferem esportes olímpicos a “esportes” mentais, receberam a indenização, mas resolveram reabrir o processo. Saverin processou Zuckerberg, faturou mais de 1 bilhão de dólares e teve seu nome de volta aos documentos da empresa como co-fundador e permanece como acionista.
Vi o filme “A Rede Social”, porque a história de Zuckerberg é fascinante, como criador e indivíduo. É uma adaptação fiel do livro “Bilionários por Acaso — A Criação do Facebook” (Intrínseca, 230 páginas, tradução de Alexandre Matias), de Ben Mezrich. O filme é quase perfeito, pois conta a história com ritmo, dando as informações com relativa precisão e quase sem caricaturizar (e padronizar) o mundo dos jovens. Mas a melhor crítica talvez tenha sido feita pelo próprio Zuckerberg: “Eles [os responsáveis pelo filme] não conseguem entender que alguém possa construir algo porque goste de construir coisas”.
Qual é o problema do filme? Ao frisar a história de um vencedor, Zuckerberg, o autor do livro, Ben Mezrich, e o diretor do filme, David Fincher, partem não de seu ponto de vista, ou de uma exame mais detido do que realmente aconteceu, e sim das opiniões dos “perdedores” Saverin, Cameron, Tyler e Narendra. Claro que isto é uma tentativa de nuançar a história, de não contá-la a partir de um único ponto de vista, mas, para fortalecer o papel de outros “criadores”, como os gêmeos e Saverin, o escritor e o cineasta tiveram de diminuir o papel de Zuckerberg, o verdadeiro criador, e o apresentam meio robotizado, investindo no clichê de que os grandes criadores, como os cientistas, tem um quê de aloprados e sonsos. Mesmo assim, saímos da leitura do livro e do cinema com uma certeza: o gênio criativo é mesmo Zuckerberg. Noutras palavras, nada substitui o papel do indivíduo na história, sobretudo na história dos avanços empresariais e científicos. Hoje, o avanço da ciência e dos negócios é criação coletiva, mas algumas ideias, as que empurram todos para frente, não raro são criações individuais. Fala-se muito em “equipe” única e exclusivamente para fortalecê-la, para torná-la produtiva, mas o mérito individual deve ser reconhecido.
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