Blog do Josias - 15/10/2013
Ao suspender os supersalários dos seus servidores, o Senado e a Câmara fizeram por pressão o que se abstiveram de fazer por obrigação. Com isso, tornaram-se não um bom exemplo, mas um excelente aviso: ficou novamente entendido que deputados e senadores andam tão ocupados em salvar o país que já não têm tempo de cumprir as leis que eles mesmos aprovam.
Reza a Constituição que ninguém pode receber salários superiores aos dos ministros do STF, hoje fixados em R$ 28.059,29. A despeito disso, havia na Câmara 1.371 funcionários recebendo contracheques por cima do teto. No Senado, furavam o pé direito 464 servidores. Há nesse bolo gente com vencimentos acima dos R$ 50 mil. Um acinte.
Apinhado de ex-parlamentares, o TCU, tribunal de faz de conta da União, engoliu o gorila durante anos. De repente, se deu conta de que o rabo ficara de fora. Percebendo que levara o cinismo longe demais, pôs o pé na porta. E os gestores do Legislativo, após fazer o pior o melhor que puderam, anunciam a suspensão do inadmissível como se entregassem à nação um presente.
O brasileiro em dia com a Receita Federal deveria mudar de nome. Não faz sentido que, depois de lhe arrancarem tudo à força, ainda o chamem de contribuinte. Essa denominação acomoda no centro da cara do sujeito que banca a bilheteria do circo um imenso nariz vermelho.
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