Professores: governo oferece até 48% de reajuste
Evandro
Éboli e Cristiane Jungblut
O
Globo - 14/07/2012
Proposta
para docentes em greve, de aumento escalonado em três anos, elevará a folha em
R$ 3,9 bilhões; Andes critica
BRASÍLIA
. O governo apresentou ontem proposta de reajuste para os professores
universitários e das escolas técnicas, e acredita que a greve dos docentes deve
se encerrar nos próximos dias. O aumento se dará de forma escalonada, em três
anos, a partir de 2013. Para os docentes das universidades, o governo propõe
aumento de até 45%.
A
remuneração de um professor com doutorado e dedicação exclusiva subirá de R$
11,7 mil para R$ 17 mil em 2015. Nos institutos federais, o percentual pode
chegar a 47,7%.
O
aumento beneficiará 143 mil professores ativos e aposentados das universidades e
escolas técnicas. São 105 mil das universidades e 38 mil do ensino técnico. O
impacto na folha de pagamento chegará a R$ 3,9 bilhões ao fim dos três
anos.
O
governo acha que os sindicalistas aceitarão a proposta e devem encerrar a greve
de 57 dias.
-
Estamos otimistas que aceitem. Foi o que demonstraram na reunião (ontem) - disse
a ministra do Planejamento, Miriam Belchior ontem.
O
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que o propósito foi priorizar
os melhores e mais dedicados ao ensino e à pesquisa.
-
Queremos uma universidade de excelência. A proposta valoriza os melhores, com
titulação e dedicação exclusiva.
A
presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes), Marinalva Silva Oliveira, disse que a proposta não agradou. A
direção do Andes reúne-se neste final de semana para avaliar o que foi
apresentado e a encaminhará sua posição aos direções estaduais do
sindicato.
-
A proposta, do jeito que está, não contempla nossas reivindicações. Atende
apenas a uma minoria. Seria beneficiado quem está no topo da carreira. Quem está
na base continuaria com dificuldade de progressão salarial. Vamos encaminhar às
bases para tomarmos uma decisão final.
Pelas
contas do governo, 80% dos professores universitários são doutores. Menos de mil
são apenas graduados. O governo propôs ainda a redução de 17 para 13 os níveis
da carreira.
-
É uma forma de incentivar o professor a buscar mais rapidamente a qualificação
profissional e os títulos acadêmicos - observou Miriam
Belchior.
Em
relação aos docentes de escolas técnicas, o governo criou um certificado de
conhecimento tecnológico a ser concedido ao professor que tem o domínio técnico,
mas não tem titulação.
-
Estamos valorizando esta carreira, de profissionais que mesmo sem titulação têm
uma expertise ou uma patente registrada. Não podemos perdê-lo para iniciativa
privada - explicou Mercadante.
Miriam
alertou que, diante do agravamento da crise, o governo refaz as contas sobre o
que pode ser dado. Demandas salariais dos três Poderes chegam a R$ 92 bilhões,
sendo R$ 60 bilhões do Executivo.
-
Esperamos que até o início de agosto tenhamos o cenário das propostas que podem
ser atendidas. A soma das demandas é de R$ 92 bilhões, ou 50% da folha atual, 2%
do PIB, o dobro do PAC. Isso indica ser um número que não é factível de
atender.
A
ministra disse que os professores se precipitaram ao entrar em greve, pois
tinham ganho reajuste de 4% na MP 568. O governo está começando a elaborar a
proposta de Orçamento da União para 2013, que deve ser enviada ao Congresso até
31 de agosto. E, juntamente com o texto, devem ser enviados projetos de lei
específicos sobre reajustes.
Em
Brasília, estão em greve servidores dos ministérios da Justiça, da Saúde, do
Trabalho, da Previdência Social, da Integração Nacional, da Agricultura e do
Desenvolvimento Agrário, do Incra, da Funai, da Funasa e do Arquivo Nacional.
Nos estados, Funai e Incra são os órgãos mais atingidos pela
paralisação.
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