Grevismo ameaça fugir de controle
Correio Braziliense - 19/07/2012
Num cenário de desaquecimento da economia, sob graves influências da crise internacional, a negociação salarial do funcionalismo público federal está radicalizada. De um lado, o governo se nega a conceder reajustes. De outro, pelo menos 350 mil profissionais cruzaram os braços.
Mais: vindos de diversas partes do país, servidores começaram a montar acampamento no gramado central da Esplanada dos Ministérios na última segunda-feira. Na manhã de ontem, juntaram-se aos de Brasília e, aos milhares, bloquearam as seis faixas do Eixo Monumental no trecho entre a Catedral e o Congresso Nacional; depois interditaram o outro lado, no sentido Palácio do Planalto-Rodoviária.
A pressão é por aumentos que, segundo o Ministério do Planejamento, custariam R$ 92,2 bilhões à União, elevando em 50% o custo atual da folha de salários. Excessos são indesejados em quaisquer circunstâncias, assim como bom-senso é imposição de toda hora. Se o momento de aperto orçamentário, com a frustração de receitas, exige mais cautela, cabe às partes entender as dificuldades para superar o impasse.
É o que vem ocorrendo na iniciativa privada. Não se vê greve generalizada no setor, em que pesem os crescimentos da renda e da geração de emprego refluírem, com as previsões de expansão econômica traçando curva descendente, e os acordos fechados com os trabalhadores refletindo ganhos reais menores em relação às datas-bases de 2011.
O ideal seria fazer justiça logo e zerar as defasagens salariais de uma vez, mas a conjuntura respalda a preocupação maior com a manutenção do nível de empregos e a recuperação do crescimento do PIB. Pior ficará se o Estado parar, com prejuízos para toda a cadeia produtiva. Algumas categorias públicas nem precisam cruzar os braços para atrapalhar os negócios. Basta reduzirem o ritmo do trabalho, já aquém das necessidades — por exemplo, no comércio internacional, com o emperramento de importações e exportações nas alfândegas.
Sem reivindicações descabidas nem intransigências idem, certamente será possível encontrar solução que contemple as necessidades do governo e dos trabalhadores. Boa saída pode ser pôr de escanteio o imediatismo e negociar num horizonte mais amplo. É o que vem sendo tentado com os docentes das universidades federais.
A categoria está parada há dois meses e a resposta à proposta governamental, que se estende até 2014, somente será conhecida na segunda-feira. Mas pode prosperar. E tem a vantagem de valorizar os professores com doutorado e dedicação exclusiva.
Por fim, o Congresso precisa regulamentar o direito de greve do funcionalismo. Assegurada pela Constituição de 1988, a prerrogativa segue pendente de regulamentação por lei que defina seus limites. Quanto ao governo, não pode deixar que a situação fuja de controle. E é o que prenuncia o crescimento do movimento paredista.
(Visão do Correio)
Governo define categorias que terão aumento salarial
Simone Cavalcanti
Brasil Econômico - 19/07/2012
Há um reconhecimento de que os salários mais baixos de Exército, Marinha e Aeronáutica estão bem defasados em relação aos servidores civis
Após oferecer plano de carreira a professores, Planalto analisa o que poderá conceder às Forças Armadas.
A presidente Dilma Rousseff definiu que vai seguir critérios de justiça e de coerência para atender às reivindicações de reajuste salarial de determinadas categorias do funcionalismo público federal. Depois de apresentar a proposta e o plano de carreira para os professores das universidades, determinou que agora é a vez de os técnicos do governo sentarem para estudar o que pode ser concedido às Forças Armadas e aos servidores de salário-base, que ganham as menores remunerações.
Há um reconhecimento de que os salários mais baixos de Exército, Marinha e Aeronáutica estão bem defasados em relação aos servidores civis. Em especial o de quem ingressa na carreira.
Segundo o Ministério da Defesa, a remuneração bruta de um recruta era de R$ 518,01 em julho de 2011, menos do que um salário mínimo (R$ 622). Na outra ponta, a renda de um almirante fica por vota de R$ 19 mil. Por isso mesmo, é bem possível que não seja autorizado um reajuste linear.
Com recursos limitados, principalmente porque não são das melhores as perspectivas para as receitas da União, o Planalto quer seguir no rumo do cumprimento da meta de superávit primário (economia de recursos públicos para pagar parte da dívida).
A questão fiscal é prioritária. E é preciso fazer escolhas. Por isso mesmo, as reivindicações de reajuste para os funcionários com rendimentos maiores, como os auditores da Receita Federal, não serão atendidas agora.
O secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, disse ao Brasil Econômico que, mesmo que não seja possível dar o aumento pleiteado às outras categorias, está autorizada a negociação de alguns pontos do plano de carreira, como regulamentação de gratificações, por exemplo, que têm um impacto muito menor nas contas.
Segundo ele, o volume total de recursos que o Executivo poderá abrir mão para os reajustes ainda não está definido. E montar essa equação não está sendo nada fácil.
Primeiro porque, como a conjuntura se mantém muito instável, há uma enorme dificuldade para projetar a arrecadação federal no próximo ano e, portanto, as despesas que serão possíveis de acomodar. De toda forma, o governo tem até o dia 15 de agosto para fechar completamente as propostas salariais e até o dia 31 para entregar o Projeto de Lei Orçamentária ao Congresso Nacional.
"Continuamos a negociar com as categorias, mas aguardamos ainda uma definição sobre os valores que estarão disponíveis no Orçamento para os reajustes", afirmou o secretário.
Ele ressaltou que o único montante colocado à mesa até o momento é o dos professores que contarão com R$ 1,5 bilhão reservado na proposta orçamentária de 2013.
Os outros R$ 2,4 bilhões, que complementam a oferta, serão diluídos entre 2014 e 2015. "As negociações não podem ser uma porta aberta apenas para atender os pleitos das categorias", se posicionou, lembrando que, no caso dos professores, há uma decisão firme sobre a educação vista como uma questão estratégica para o desenvolvimento do país no longo prazo.
De acordo com dados do Planejamento, caso todos os pedidos do Executivo, Legislativo e Judiciário fossem aceitos, a conta seria nada menos que R$ 92,2 bilhões ao ano - metade da folha de pagamento atual da União, que chega a R$ 187 bilhões.
O montante também é maior do que se gastava para pagar os servidores há dez anos (R$ 75 bilhões).
Diante do recrudescimento nas negociações, os sindicalistas de várias categorias fazem forte pressão para que as negociações não sejam mais conduzidas sob a batuta da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. A avaliação é a de que ela é linha dura e resiste até mesmo às seguidas manifestações dos grevistas, como a de ontem na Esplanada dos Ministérios.
Os dirigentes sindicais sugeriram a troca de Belchior pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Gilberto Carvalho, mas sem sucesso.
Em nova investida, tentaram transformar em interlocutora a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais. No entanto, a orientação da presidente Dilma é a de que a ministra do Planejamento segue à frente das negociações.
Advogados detectam excesso de valor em pagamento de gratificações e asseguram economia de R$ 2 milhões aos cofres públicos
AGU - 19/07/2012
A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu, na Justiça, uma economia que supera os R$ 2 milhões aos cofres públicos. O valor é referente a uma diferença detectada entre o que era pedido e, o que de fato era devido pelo Estado, a título de gratificações de desempenhos relativas a atividade de fiscalização agropecuária (GDAFA e GDFFA), a servidores do Ministério da Agricultura.
A dívida apontada na ação de execução, tinha o valor de R$ 4.330.514,75. Mas um parecer técnico do Núcleo de Cálculos e Perícias (Necap) da Procuradoria-Regional da União da 5ª Região (PRU5) demonstrou que a planilha apresentada estava incorreta e a quantia realmente devida era de R$ 2.211.213,81.
A análise da Procuradoria apontou que a conta feita para chegar a quantia final estava incorreta. De acordo com o parecer, foi incluído indevidamente na base de cálculo das gratificações, o adicional de tempo de serviço. Além disso, os advogados detectaram outras incorreções, como a ausência de dedução de valores já pagos, incorreta fixação do período de apuração de pagamento e erro na forma de calcular os juros.
O Juízo da 2ª Vara Federal de Pernambuco concordou com os argumentos apresentados pela AGU e reconheceu que houve excesso de execução, afastando o pagamento de mais de R$ 2 milhões. A decisão também condenou os autores ao pagamento de honorários advocatícios no valor fixado em 10% sobre o excesso apontado.
A PRU5 é uma unidade da Procuradoria-Geral da União (PGU), órgão da AGU.
Planejamento vai receber servidores públicos federais em greve
Agência Brasil - 19/07/2012
Brasília - O Ministério do Planejamento aceitou receber os servidores públicos federais em greve que protestam em frente ao prédio, na Esplanda dos Ministérios. Sérgio Mendonça, secretário de Relações de Trabalho da pasta, e Valter Correa, secretário executivo do ministério, vão receber um integrante de cada categoria, além de um membro do movimento estudantil que apoia a greve dos professores de instituições públicas de ensino superior.
As quatro entradas do ministério continuam obstruídas pelos manifestantes desde as 5h e só será permitido o acesso dos dois secretários e dos assessores necessários para acompanhar a reunião. Os servidores estão acampados desde segunda-feira (16) na Esplanada dos Ministérios.
David Lobão, coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), não espera que haja consenso apenas com essa reunião, mas que o encontro marque o início das negociações. “O que se espera é que o governo não repita o discurso de sempre de que não pode negociar”, disse.
A 'classe A' do Executivo
André de Souza
O Globo - 19/07/2012
Cinco professores da Universidade Federal do Ceará estão entre os 10 mais bem pagos
Dos dez maiores salários brutos entre os servidores do Poder Executivo federal no último mês de maio, cinco são de professores da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na lista aparecem ainda três ministros: Celso Amorim (Defesa), Marco Antônio Raupp (Ciência e Tecnologia) e Paulo Sérgio Passos (Transportes). Os dez primeiros da lista têm remuneração entre R$ 44.100,75 e R$ 59.109,86. Mas, na prática, recebem menos, uma vez que o teto constitucional do funcionalismo é de R$ 26.723,13. Os números são do Portal da Transparência, mantido pela Controladoria Geral da União (CGU), que passou a divulgar os dados num formato que permite ordenar os vencimentos.
A campeã em salário bruto é a professora de Direito da UFC Maria Vital da Rocha: R$ 59.109,86. Mas, quando são descontados o abate do teto constitucional, imposto de renda e contribuição previdenciária, o líquido fica em R$ 18.624,32. Segundo a Superintendência de Recursos Humanos da universidade, os altos salários são fruto de decisões judiciais. Alguns professores procuraram o Judiciário, que decidiu favoravelmente à incorporação de algumas gratificações.
A lista disponível no Portal da Transparência traz o nome e salário de 569.521 servidores. Desses, 421 tiveram uma remuneração bruta acima do teto. Outros 25 ganham exatamente o teto: a presidente Dilma Rousseff, o vice Michel Temer e 23 ministros. O número de servidores que ganham pelo menos R$ 20 mil é de 9.945. De R$ 15 mil a R$ 19.999,99, são 31.936. Há ainda 63.744 ganhando de R$ 10 mil a R$ 14.999,99. Outros 167.516 tiveram remuneração bruta de R$ 5 mil a R$ 9.999,99. De R$ 622 (salário mínimo) até R$ 4.999,99, são 294.564 servidores.
Analista do BC recebeu R$ 81 mil
Há ainda um grupo de 1.370 servidores que, em maio, receberam menos que o mínimo. Segundo a CGU, isso pode ser explicado porque "descontos de caráter pessoal, incidentes sobre a remuneração, como pagamento de pensões e de empréstimos consignados, não são exibidos por serem considerados informações de natureza privada e estarem protegidos de divulgação, de acordo com a Lei de Acesso à Informação".
Entre todos os funcionários públicos, quem mais recebeu em maio foi o analista do Banco Central (BC) Eulando Lásaro de Deus Vieira. Contando remuneração bruta, gratificação natalina (antecipação do décimo terceiro) e outras remunerações eventuais - e já descontados todos os impostos e contribuições -, ele ganhou R$ 81.468,48 em maio. A maior parte do dinheiro - R$ 73.381,91 - está na categoria "outras remunerações eventuais", que, segundo a CGU, não compõem a base de cálculo do teto constitucional.
O BC explicou que os R$ 73 mil são referentes a um abono de permanência, pago a servidores que, mesmo atendendo aos requisitos para aposentadoria, preferem continuar no serviço público, conforme garantido por uma emenda constitucional aprovada em 2003. Segundo o BC, Deus Vieira passou a ter direito à aposentadoria a partir de 6 de julho de 2009. Assim, o valor que ele recebeu corresponde ao período de julho de 2009 a abril de 2012.
Os ministros campeões de remuneração bruta são Celso Amorim (R$ 51.549,03), Marco Antônio Raupp (R$ 48.023,82) e Paulo Sérgio Passos (R$ 44.100,75). Em comum, eles acumulam outros rendimentos além do de ministro. Mas o teto constitucional e outros descontos na folha deixam seus salários na faixa dos R$ 20 mil. Os maiores salários líquidos da Esplanada são os de Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento). Além do salário de ministro, eles recebem dois jetons pela participação nos conselhos de administração da Petrobras e da BR Distribuidora, que ficam de fora do teto constitucional do funcionalismo público. No fim do mês, isso eleva o salário líquido de cada um deles para R$ 36.297,94.
A CGU começou a divulgar o salário dos servidores no Portal da Transparência no dia 27 de junho. Teve que interromper depois de uma decisão da Justiça Federal e voltou a publicar os vencimentos após ganhar recurso no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas apenas anteontem passou a divulgar os dados em formato que permite trabalhá-los no computador, com a possibilidade, por exemplo, de ordenar os salários do maior para o menor.
Proposta fixa 1º de janeiro para reajuste do funcionalismo federal
Jornal Extra - 19/07/2012
Uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) 185/2012, do deputado Junji Abe (PSD-SP), estabelece o dia 1º de janeiro como data para o reajuste anual dos servidores públicos federais. Pela proposta, se o governo não enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei prevendo a correção até 1 de julho de cada ano, qualquer integrante da Câmara dos Deputados ou do Senado poderá fazê-lo. Segundo o deputado, apesar da inflação baixa, os aumentos do funcionalismo público não são regulares e a defasagem salarial chega a ultrapassar 30%.
— Nós estamos falando do policial que arrisca a vida, da professora, do enfermeiro, das pessoas que cuidam da sociedade — disse o parlamentar, afirmando que seu projeto não prevê privilégios aos servidores.
Segundo Junji Abe, a Constituição já prevê a revisão anual dos rendimentos dos servidores públicos, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
— O reajuste anual traz uma isonomia em relação à sociedade civil — acredita.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania vai analisar a proposta. Caso seja aprovado,o texto seguirá para uma comissão especial e, depois, será encaminhado ao plenário para votação em dois turnos.
Reajuste à vista para militares
Rosana Hessel e Juliana Braga
Correio Braziliense - 19/07/2012
Ciente da defasagem salarial, Planalto diz que, caso consiga brecha, pode atender demandas das Forças Armadas e dos servidores do Incra
Apesar do discurso duro, a presidente Dilma Rousseff admite, se encontrar espaço no Orçamento de 2013, dar algum reajuste aos servidores que estão com os salários mais defasados, caso dos militares — cujas reivindicações somam R$ 21 bilhões (Veja quadro) — e dos funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Entretanto, nada estará definido até 31 de agosto, último dia para encaminhar a proposta orçamentária ao Congresso.
De modo geral, todas as categorias têm sido beneficiadas pelo governo petista com a reposição da inflação desde 2003. Segundo o Planalto, os militares, os DAS (cargos de confiança) e uma carreira específica do Incra foram esquecidos. Mas reconhecer o problema não significa que eles terão preferência. Os primeiros na fila são os professores universitários, para os quais foi apresentada uma proposta na semana passada.
O governo também vê com atenção outras três categorias consideradas estratégicas: a Receita, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Polícia Federal. Em relação à Anvisa, os temores são de que uma greve dificulte a importação e a exportação de produtos. Os fiscais da Receita iniciaram o "procedimento padrão", gerando filas de caminhões nas fronteiras. Uma paralisação da PF deixaria desprotegidas as entradas para o país.
A prioridade da presidente no momento é evitar o aumento do desemprego e estimular os investimentos no setor privado para tentar reaquecer a economia do país. Com isso, o espaço para reajustes está cada vez menor.
De acordo com o ministro da Defesa, Celso Amorim, os militares tiveram, entre 2002 e 2010, a menor reposição salarial entre as categorias federais. Foram 85,29% no período contra 153,04% dos funcionários da Receita, por exemplo. No Incra, os salários estão defasados há 10 anos, diz a categoria.
O Ministério do Planejamento diz que, desde março deste ano, já realizou mais de 140 reuniões com sindicatos para ouvir as demandas dos servidores públicos federais.
O Ministério do Planejamento diz que, desde março deste ano, já realizou mais de 140 reuniões com sindicatos para ouvir as demandas dos servidores públicos federais.
Greves colocam Dilma em encruzilhada
O Globo - 19/07/2012
Se, no primeiro ano de governo, Dilma teve de enfrentar a questão ética e política de conviver ou não com "malfeitos" - resultantes do fisiologismo adotado na montagem de sua equipe -, agora ela é confrontada por uma onda de greves no setor público, num desafio a suas intenções de manter o equilíbrio fiscal, e, com isso, a própria estabilidade da economia.
Em 2011, Dilma fez o que devia ser feito, foi até o limite de compromissos político-partidários e investiu contra esquemas de corrupção incrustados em ministérios (Transportes/PR; Esporte/PCdoB; Agricultura/PMDB; Turismo/PMDB). Agora, depara-se com um problema tão ou mais complexo, pois tem de enfrentar corporações sindicais atuantes no funcionalismo, bastante fortalecidas nos últimos nove anos de compartilhamento de poder em Brasília. A onda grevista apanha o governo, e o país, em mau momento: perda de velocidade na arrecadação, devido ao desaquecimento econômico, bem como a efeitos da concessão de vários incentivos fiscais, para reduzir custos das empresas afetadas pela desaceleração. Só as duas medidas provisórias de incentivo aprovadas na Câmara esta semana implicam renúncia fiscal de R$ 20 bilhões. À frente, o crescimento repõe a perda. Mas leva algum tempo.
Acostumadas às benesses obtidas na gestão Lula, principalmente no fim do último governo, categorias de servidores querem continuar a avançar sobre o Orçamento. Não é apenas inapropriada a conjuntura econômica para fazer um emparedamento sindical do Planalto. Também os números frios das folhas de salários não o justificam. Pode haver uma ou outra disparidade dentro do setor público, mas os servidores ganham, na grande maioria das funções, mais que o assalariado das empresas privadas em atividades idênticas. E ainda têm a vantagem da estabilidade.
As greves se alastram na administração direta e estatais. Estimava-se, terça-feira, em 135 mil os funcionários em greve, dos quais 105 mil professores universitários. As reivindicações - como costuma ser - são irreais. Um exemplo: na Eletrobrás, pede-se 10,7%, quando a oferta é de 5,1%. Se, numa hipótese absurda, todas as demandas fossem atendidas, as folhas de pagamento dariam um salto de R$ 92 bilhões, dos quais R$ 60 bilhões no Executivo - quase tanto que todo o orçamento da Saúde. Impossível, é claro.
A presidente Dilma, há pouco, alertou: "Não se deve, neste momento, brincar à beira do abismo." E a maneira mais fácil de se cair nele é não reativar, como tem sido prometido, os investimentos - os públicos e, por tabela, os privados -, e se insistir em manter as despesas de custeio à rédea solta. Infelizmente, o problema continua, informou anteontem o jornal "O Estado de S. Paulo". Por não desatar nós gerenciais para enfim deslanchar os investimentos, e, devido ao choque em várias despesas (Previdência, linhas assistencialistas) causado pelo grande aumento do salário mínimo, as despesas em custeio continuam lépidas. Se o governo fraquejar diante da pressão sindical, o quadro ficará mais grave.
Dilma está numa encruzilhada que pode definir a fase final de seu governo: em 2014 o país poderá estar na direção do crescimento sustentado ou atolado na mediocridade de baixas taxas de expansão, pois os investimentos exigidos pela infraestrutura, as desonerações tributárias mais amplas, etc. não terão sido feitos.
Governo manda endurecer com os grevistas
Geralda Doca
O Globo - 19/07/2012
Empresas atingidas podem ir à Justiça do Trabalho pedindo dissídio coletivo
O governo federal vai endurecer com funcionários das estatais e servidores que exigirem reajustes salariais elevados. A orientação do Palácio do Planalto é repor só a inflação (sem aumento real), cortar ponto de grevistas e pedir dissídio em casos de radicalização do movimento. A Eletrobras se prepara para entrar com ação pedindo a ilegalidade da greve. Petrobras e bancos federais também podem ir à Justiça. Servidores em greve tomaram a Esplanada dos Ministérios e picharam o MEC. Devido à paralisação, a inscrição no Sisu foi estendida até amanhã.
Estatais prometem recorrer à Justiça caso acordo não seja fechado. Ordem do Planalto é não conceder ganhos reais
BRASÍLIA . O governo está disposto a endurecer com os funcionários das estatais nas negociações dos reajustes salariais para o segundo semestre. A ordem é não conceder ganhos reais, apenas reposição da inflação; cortar o ponto de grevistas; e entrar com pedido de dissídio na Justiça do Trabalho nos casos em que houver radicalização do movimento.
Segundo interlocutores do Planalto, a Eletrobras já se prepara para entrar com ação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para declarar ilegal a greve nas subsidiárias da estatal, que começou na segunda-feira. A Embrapa entrou com pedido de dissídio coletivo. O mesmo procedimento deve ser adotado pelos Correios, cujos funcionários têm data-base em agosto. A Petrobras e os bancos federais, com data-base em setembro, também deverão recorrer à Justiça, caso não haja acordo.
Por sua parte, a equipe econômica analisa a contraproposta feita aos petroleiros pela Petrobras, anteontem, de aumentar a fatia da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Segundo uma fonte, o aumento será vetado, caso a soma ultrapasse os 4,5% do lucro líquido da empresa (estimado em cerca de R$ 35 bilhões neste ano) autorizados para PLR.
Planalto cobra dos servidores produtividade
De olho na distribuição de dividendos ao Tesouro Nacional, concentrada no segundo semestre, os petroleiros anteciparam parte da negociação prevista para a data-base. Para evitar a greve, a estatal propôs elevar imediatamente o piso da PLR de R$ 14 mil para R$ 17 mil.
A avaliação do governo é de que os servidores das estatais foram contemplados durante o governo Lula com aumentos expressivos e que agora devem dar um retorno em produtividade para ajudar a economia a crescer. O argumento é que a categoria dispõe de uma série de benefícios (fundo de pensão, plano de saúde, dentre outros) e os salários estão equiparados aos do setor privado. No caso da Eletrobras, quando a holding foi criada, houve uma reestruturação da carreira dos funcionários das companhias de energia.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Servidores em greve protestam em frente ao Planalto
Monteiro
O
Estado de S. Paulo - 18/07/2012
Categoria
tem feito ações diárias para exigir reajuste salarial
BRASÍLIA
- Funcionários públicos em greve promovem desde a manhã desta quarta-feira, 18,
uma marcha pela Esplanada dos Militares. Antes, fizeram protesto em frente ao
Palácio do Planalto, onde realizaram o ato de "enterro simbólico" da presidente
Dilma Rousseff.
Apesar
de a previsão original de agenda ser de a presidente Dilma estar no Planalto na
manhã desta quarta, ela acabou transferindo o despacho com o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, para o Palácio da Alvorada. As manifestações em frente
ao Planalto têm sido praticamente diárias, ao contrário do que ocorria no
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta
quarta, as instalações do Planalto eram vigiadas por policiais militares,
seguranças da Presidência e militares do Exército. Havia preocupação no Palácio,
desde cedo, de que alguns servidores mais exaltados tentassem sair da Praça dos
Três Poderes e seguir em direção ao prédio da Presidência, como chegou a ocorrer
em outras ocasiões.
Também
foi considerado bastante elevado o número de integrantes do protesto. Mas a
manifestação foi pacífica e não houve nenhum confronto entre seguranças e
grevistas.
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