terça-feira, 24 de julho de 2012
Governo tenta conter greves com apresentação de propostas
Ana
Flor e Hugo Bachega
Reuters
- 24/07/2012
BRASÍLIA
- Em mais uma semana de queda de braço entre a presidente Dilma Rousseff e
servidores federais em greve, o governo tenta conter a ampliação do movimento,
que já dura dois meses, para setores estratégicos, como Polícia Federal e
Receita, e poderá fazer novas propostas a categorias nos próximos dias, disseram
à Reuters fontes governamentais.
O
desafio do Planalto é resistir à pressão por aumento de gastos diante do cenário
externo adverso e a desaceleração da economia brasileira, que podem ameaçar o
esforço fiscal, enquanto sindicatos pedem por novas propostas para que as
negociações avancem.
Categorias
como Vigilância Sanitária, também em greve, e Receita Federal, que iniciou
operação-padrão em portos, já afetam a entrada e saída de produtos do
país.
Servidores
de diversos ministérios, agências reguladoras e Eletrobras também estão
parados.
Para
o novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o
problema tem sido a ausência de negociação por parte do
governo.
"A
greve não pode transcorrer sem que o governo faça propostas... Propostas
econômicas, no sentido de estabelecer o processo de negociação, disse ele. "No
caso dos docentes, há uma proposta... O que não ocorre com outros setores em
greve, porque não há nenhuma proposta efetuada."
Dilma
determinou como prioridade a Educação e militares de baixa patente, por
considerar as categorias mais defasadas, disseram assessores do Planalto, que
falaram à Reuters sob condição de anonimato. Segundo eles, a presidente descarta
ampliar a outros servidores reajuste como o oferecido aos docentes --que
rejeitaram a proposta feita há cerca de 10 dias.
A
lista de reivindicações das categorias inclui recomposição salarial,
reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho. Os pedidos de
aumento variam de 4 por cento a 150 por cento.
À
frente das conversas, a ministra Miriam Belchior ressalta os ganhos das
categorias desde 2003 --início da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva-- e diz que o governo não pode fechar uma proposta agora porque está
refazendo os cálculos e as projeções de crescimento.
Em
uma demonstração de que quer endurecer com os grevistas, o governo pediu que as
instituições afetadas identificarem quem está ou não em
greve.
"No
caso das universidades, para reposição, e outros casos para desconto em folha ou
reposição, de acordo com a circunstância", disse a ministra a
jornalistas.
SINDICATOS
REJEITAM ARGUMENTO DA CRISE
Cerca
de 350 mil servidores já teriam aderido à paralisação em todo o Brasil, de
acordo com a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal
(Condsef).
"Enquanto
o governo não tratar o movimento com seriedade, não tem como recuar. Até o
governo apresentar uma proposta, o movimento continua. Não aceitamos o discurso
de crise", disse o diretor-executivo da Condsef, Sérgio Ronaldo da
Silva.
Uma
arma adicional com a qual o governo tenta obter ajuda é a divulgação dos altos
salários de algumas categorias, como as agências reguladoras, nas quais em
muitos casos os ganhos iniciais estão acima de 10 mil
reais.
"A
valorização nestas e em muitas outras carreiras federais foi muito acima do que
ocorre na iniciativa privada", avaliou outra fonte do
Planalto.
A
CONTA NÃO FECHA
Enquanto
o governo vem rejeitando conceder reajustes, apontando as incertezas com a crise
internacional, que deve continuar a afetar o Brasil em 2013, as paralisações
aumentam pelo país. O recado que o Planalto tenta reforçar é de que há uma crise
lá fora e não há dinheiro para aumentos agora.
O
impacto das reivindicações de reajustes, caso fossem atendidos, seria de 92
bilhões de reais, equivalente à metade da folha de pagamento atual ou cerca de 2
por cento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo cálculos do Ministério do
Planejamento.
Para
o economista Felipe Salto, da Tendências Consultorias, Dilma conseguiu conter os
reajustes no ano passado, mas terá que ceder parcialmente às pressões neste ano,
elevando os gastos do governo com pessoal.
"O
principal efeito do ponto de vista fiscal vai ser no ano que vem, com redução do
superávit primário", disse Salto, que vê descumprimento da meta do governo em
2013, alcançando 2,5 por cento do PIB.
A
avaliação da consultoria de risco Eurasia também é de que 2013 promete uma piora
no quadro, uma vez que mais categorias tendem a pressionar por aumentos. Segundo
o grupo de avaliação de risco político, a greve do servidores públicos é vista
como a principal ameaça política que o governo enfrenta
atualmente.
A
presidente determinou que os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, e
Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, se envolvam mais nas negociações,
assim como quer mais empenho dos responsáveis pelas pastas afetadas pela
paralisação.
(Reportagem
adicional de Jeferson Ribeiro)
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