quinta-feira, 26 de julho de 2012
Reitores esperam que greve dos professores termine logo para que negociação com os técnicos administrativos avance
Agência
Brasil - 26/07/2012
Brasília
– A greve dos professores das universidades federais já dura 70 dias e os
sindicatos que representam a categoria estão divididos em relação à última
proposta de reestruturação da carreira apresentada pelo governo. A Agência
Brasil entrevistou reitores de instituições federais de cinco
regiões.
Eles
avaliam que a proposta apresentada pelo governo traz “avanços importantes” e
esperam que a greve dos professores termine rapidamente para que comece a
negociação com outra categoria da universidade: os técnicos administrativos, em
greve desde 11 de junho.
A
nova proposta
apresentada pelo governo na terça-feira (24) ofereceu
reajustes que variam entre 25% e 40% para todos os docentes – no plano
apresentado anteriormente alguns níveis da carreira receberiam apenas 12%, sem a
inflação do período. Além disso, a data para o aumento entrar em vigor foi
antecipada do segundo semestre de 2013 para março do ano que vem. Ele será dado
de forma parcelada até 2015.
A Associação
Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), que representa a maior parte
das instituições em greve, rejeitou a proposta.
Já a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino
Superior (Proifes) considerou que as reivindicações foram atendidas e recomendou
que os professores encerrem a paralisação.
Para
o reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo, a proposta é um “bom
plano de recomposição”, tanto da carreira como dos salários. “Achamos que foi
dado um passo largo para preservar a carreira docente pelos próximos três anos,
o que não foi assegurado a nenhuma outra categoria [dos servidores federais].
Esperamos que o exame da questão se faça do ponto de vista dos interesses dos
professores e não apenas dos interesses políticos que são colocados nesse
debate”, declarou.
O
reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo Filho,
acredita que existe uma “grande defasagem salarial de toda a comunidade que
precisa ser corrigida”, não só dos docentes como também dos técnicos
administrativos.
Logo
após apresentar a primeira proposta, o
governo disse que não tinha possibilidade de revisão salarial,
mas voltou atrás apresentando um reajuste maior para os docentes dos níveis
iniciais da carreira.
Para
Anísio Dourado, reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), isso
demonstrou uma “sensibilidade” do Ministério do Planejamento com as negociações.
“O volume de recursos alocado para professore em início de carreira possibilita
um maior atração para os jovens doutores que ingressam na universidade”,
disse.
O
reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Carlos Edilson Maneschy, avalia
que a nova proposta corrige alguns pontos que estavam dificultando o diálogo com
os sindicatos, sobretudo a melhoria salarial da base da carreira. “Quero crer
que isso ajude na negociação. Vejo isso como um ponto importante. Espero que a
partir daí isso possa avançar e as negociações não se obstruam em nenhum
momento”.
O
Ministério da Educação (MEC) espera que a greve dos professores seja encerrada
para que as negociações com os técnicos administrativos sejam iniciadas. Os
reitores estão preocupados porque ainda que os docentes retomem suas atividades,
alguns serviços ficam interrompidos enquanto os servidores estiverem
paralisados.
“Não
é suficiente resolver a questão dos docentes, precisamos sem dúvida de uma
solução para a demanda dos técnicos administrativos. Não é bom ter uma
universidade funcionando só com uma parte daqueles que fazem o dia a dia da
instituição”, disse o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Carlos Alexandre Netto.
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