PARLAMENTARES DESCONHECEM PROJETO DE TERCEIRIZAÇÃO
VERA BATISTA
Apesar do esforço das centrais sindicais para tornar públicos os efeitos do Projeto de Lei (PL 4.330/2004, permite a terceirização em todos os setores), com um Dia Nacional de Luta apenas com esse fim, os representantes do povo no Congresso Nacional desconhecem o teor do documento. Ontem, um grupo de trabalhadores ligados a Central Única dos Trabalhadores (CUT) resolveu usar o humor para protestar e foi receber os parlamentares que regressavam seus Estados, no Aeroporto de Brasília. A maioria deles admitiu que ainda precisava “estudar o assunto”. Os empresários, ao contrário, estavam com a lição de casa, favorável ao PL, na ponta da língua.
Crítico ferrenho do governo, o senador Álvaro Dias (PSDB/PR), líder da oposição na Casa, confessou não saber do que se tratava. Político experiente, quando os sindicalistas falaram da possibilidade de precarização das relações de trabalho e de redução de salários e direitos, Dias rapidamente emendou. “Jamais apoiaremos um projeto que prejudique os trabalhadores. Vamos estudar o assunto”. Os aliados da presidente Dilma Rousseff também deram pouca importância à matéria. Nem o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) tinha uma opinião formada. “Lamento. Ainda vou examinar”, escorregou.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB/SP) contou que, só agora, ao retornar do recesso parlamentar, vai dedicar um tempo para analisar o projeto, que tramita na Câmara há mais de oito anos. “Vamos ter uma reunião com a bancada para aprofundar os estudos técnicos”, ressaltou. Reação semelhantes teve o deputado Sérgio Paulo de Oliveira (PSC/PR). “Não sabia dos efeitos do projeto, mas não voto em nada que tire direitos dos trabalhadores”, destacou.
O empresário Helio Bampi, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), afirmou ser favorável à terceirização e que o processo faz parte da modernização do país. O problema, segundo ele, é um minoria de “maus empresários que não cumprem a legislação trabalhista”. Bampi ainda criticou a pauta das centrais sindicais. “Estão protestando errado. Devem bater na falta de fiscalização e não na terceirização. Precisam mudar o foco”, ensinou. O empresários Roque Pellizzaro, presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) compartilha a mesma opinião. “A terceirização é muito importante. Desde que sejam respeitados os direitos trabalhistas”, reforçou.
As centrais sindicais prometem que, caso o PL 4.330 seja aprovado, na semana que vem, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, da Câmara, vão parar o Brasil em 30 de agosto. “A presidente Dilma se comprometeu em não compactuar com nenhum retrocesso contra a classe trabalhadora”, afirmou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.
Brasília, 14h31min
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