Bruno Peres
Valor Econômico - 12/12/2012
A intenção da presidente Dilma Rousseff, de ampliar o
rastreamento de informações referentes a indicados para postos de confiança na
administração pública, ganhou impulso com o recente episódio da Operação Porto
Seguro, da Polícia Federal, que revelou um esquema de fraudes no governo
federal.
Diante do escândalo, a Casa Civil passou nos últimos dias a
fazer consultas à Controladoria-Geral da União (CGU) sobre aspectos que estavam
fora do seu alcance no levantamento feito tradicionalmente para as nomeações,
como, por exemplo, se o escolhido está citado em alguma investigação na
administração pública.
"A sistemática de pesquisa de nomes que estão indicados
para ocupar cargos de confiança passaria a depender, também, de uma consulta da
Casa Civil à CGU, mas isso não está formalizado ainda. Nós estamos respondendo a
todas as consultas que a Casa Civil nos faz, mas não temos conhecimento de uma
decisão formal de submeterem-se todos os nomes à CGU", disse ontem ao Valor o
ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, ao comentar o procedimento recém adotado pela
Casa Civil.
A CGU consegue, por exemplo, detectar se um nome indicado
para cargo de confiança no governo consta em sindicâncias feitas em órgãos
públicos ou em relação de dirigentes de empresas ou ONGs envolvidas em
irregularidades investigadas pelo governo, disse Hage.
Em outra frente para ampliar o controle das indicações para
cargos de confiança, a presidente Dilma deve anunciar em breve, por meio de
decreto, a instituição de uma espécie de "Ficha Limpa" para o funcionalismo
público federal. De iniciativa popular, a chamada Lei da Ficha Limpa prevê a
inelegibilidade por um período de tempo de candidatos a cargos
eletivos.
"O decreto que nós propusemos para a adoção da Ficha Limpa
no Poder Executivo já foi discutido nos diversos ministérios envolvidos, já há
consenso, e está na Casa Civil. Falta o crivo presidencial", informou Hage.
Procurada, a Casa Civil disse que não comenta assuntos em discussão no governo e
destacou que os órgãos e ministérios são "totalmente" responsáveis pelas
nomeações.
Hage disse concordar com a avaliação de que a posse em
cargo público pressupõe a inexistência de condenações na Justiça, condutas
incompatíveis com a administração pública ou envolvimento em irregularidades na
esfera privada.
Entre os envolvidos na Operação Porto Seguro estão a
ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo,
Rosemary Nóvoa de Noronha, que detinha o cargo desde o governo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Diretores de agências reguladoras foram afastados com
a deflagração da operação, por determinação da presidente Dilma.
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