Após greve, ações e apreensões da PF despencam no país
Fernando Mello e Flávia Foreque
Folha de S. Paulo - 19/09/2012
Com a paralisação iniciada em 7 de agosto, houve apenas 13 ações policiais, contra uma média de 23 por mês até julho
Média de cocaína e maconha apreendidas por mês caiu para menos da metade da registrada até julho
BRASÍLIA - O número de operações da Polícia Federal e de apreensões de drogas despencou desde o início da paralisação de agentes, escrivães e papiloscopistas (especialistas em identificação), em 7 de agosto.
A categoria é a única ainda parada no funcionalismo federal, que no primeiro semestre fez uma onda de protestos.
A paralisação reduziu drasticamente o número de operações policiais. Em média, de janeiro a julho, foram 23 por mês; já em um mês e meio da greve, houve apenas 13.
No início do ano, o ritmo estava lento, mas o número disparou em seguida, com 33 ações em março, 38 em maio e 25 em julho. Após a greve, foram 9 em agosto e 4 neste mês.
Segundo os grevistas, o movimento causou ainda redução expressiva no número de drogas apreendidas, sobretudo nas fronteiras.
A média mensal de cocaína e maconha retidas no país, por exemplo, caiu para menos da metade da registrada de janeiro a julho.
No Paraná, em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso -Estados que concentram as maiores apreensões-, a PF apreendeu até julho, em média, 4.024 kg de cocaína e maconha por mês. Do início da paralisação até 5 de setembro, foram apenas 30,7 kg.
A queda de operações, dizem grevistas, prejudica investigações contra crimes como colarinho branco, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
"Para muita gente, é melhor a PF estar parada. Ela acaba prendendo pessoas envolvidas com o poder, que bancam campanhas de políticos. Parada, não vai prender esse tipo de gente", afirma Marcos Wink, presidente da Fenapef, federação que reúne agentes, escrivães e papiloscopistas.
A entidade não representa os delegados -carreira que ocupa postos de comando e que não fez greve.
Os grevistas afirmam que a situação pode piorar. Ontem, por exemplo, 150 policiais federais do Rio Grande do Sul entregaram os fones usados para acompanhar as escutas telefônicas.
A Fenapef afirma que há falta de disposição do governo em negociar, por isso a continuidade do movimento. Os grevistas não aceitaram o reajuste médio oferecido, de 15,8% em três anos.
Neste mês, a categoria já espera corte de ponto. Entre as reivindicações estão aumento de salário e reconhecimento de funções investigativas.
Fernando Mello e Flávia Foreque
Folha de S. Paulo - 19/09/2012
Com a paralisação iniciada em 7 de agosto, houve apenas 13 ações policiais, contra uma média de 23 por mês até julho
Média de cocaína e maconha apreendidas por mês caiu para menos da metade da registrada até julho
BRASÍLIA - O número de operações da Polícia Federal e de apreensões de drogas despencou desde o início da paralisação de agentes, escrivães e papiloscopistas (especialistas em identificação), em 7 de agosto.
A categoria é a única ainda parada no funcionalismo federal, que no primeiro semestre fez uma onda de protestos.
A paralisação reduziu drasticamente o número de operações policiais. Em média, de janeiro a julho, foram 23 por mês; já em um mês e meio da greve, houve apenas 13.
No início do ano, o ritmo estava lento, mas o número disparou em seguida, com 33 ações em março, 38 em maio e 25 em julho. Após a greve, foram 9 em agosto e 4 neste mês.
Segundo os grevistas, o movimento causou ainda redução expressiva no número de drogas apreendidas, sobretudo nas fronteiras.
A média mensal de cocaína e maconha retidas no país, por exemplo, caiu para menos da metade da registrada de janeiro a julho.
No Paraná, em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso -Estados que concentram as maiores apreensões-, a PF apreendeu até julho, em média, 4.024 kg de cocaína e maconha por mês. Do início da paralisação até 5 de setembro, foram apenas 30,7 kg.
A queda de operações, dizem grevistas, prejudica investigações contra crimes como colarinho branco, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
"Para muita gente, é melhor a PF estar parada. Ela acaba prendendo pessoas envolvidas com o poder, que bancam campanhas de políticos. Parada, não vai prender esse tipo de gente", afirma Marcos Wink, presidente da Fenapef, federação que reúne agentes, escrivães e papiloscopistas.
A entidade não representa os delegados -carreira que ocupa postos de comando e que não fez greve.
Os grevistas afirmam que a situação pode piorar. Ontem, por exemplo, 150 policiais federais do Rio Grande do Sul entregaram os fones usados para acompanhar as escutas telefônicas.
A Fenapef afirma que há falta de disposição do governo em negociar, por isso a continuidade do movimento. Os grevistas não aceitaram o reajuste médio oferecido, de 15,8% em três anos.
Neste mês, a categoria já espera corte de ponto. Entre as reivindicações estão aumento de salário e reconhecimento de funções investigativas.
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