Cerca de 15% do efetivo da PRF exercem atividades administrativas
Adriana
Irion
Zero
Hora 22/09/2012
A
proporção no Estado é de 52 quilômetros para cada policial patrulhar, quando
deveria ser de 20 quilômetros por servidor
As
estradas federais gaúchas estão praticamente sem vigilância. Quem deveria
garantir a segurança de motoristas está de folga, de férias, em licença ou
trabalhando na burocracia da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No asfalto,
mesmo, é escalado diariamente menos de 20% do efetivo, destinado a coibir
infrações, socorrer acidentes e evitar que o crime ande de carro ou caminhão
pelas BRs.
A
proporção no Estado hoje é de 52 quilômetros para cada policial patrulhar,
quando deveria ser, segundo a própria PRF, de 20 quilômetros por servidor. Só em
atividades administrativas a corporação emprega em torno de 15% do efetivo de
685 pessoas. Além da falta de concursos para repor pessoal, o índice de
servidores desviados da sua atividade-fim chama a atenção de
especialistas.
—
O percentual de pessoas em férias, folga ou licença é aceitável, está na lei.
Mas o índice de policiais em atividades administrativas teria de ficar em 5% —
avalia João Fortini Albano, professor do laboratório de sistemas de transportes
da escola de engenharia da UFRGS.
O
Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais (Sinprf-RS) também reclama da força
de trabalho desviada em funções burocráticas.
—
Todos os 685 policiais deveriam estar nas ruas. As únicas exceções de atividades
administrativas que precisam ser executadas por policiais são de corregedoria e
de inteligência. Mas temos hoje policiais fazendo licitações, trabalhando na
área de recursos humanos e de trâmite interno de multas e fazendo contratos para
manutenção de viaturas — alerta o presidente do sindicato, Francisco Von
Kossel.
O
Departamento de Polícia Rodoviária Federal em Brasília diz estar pleiteando
junto ao Ministério do Planejamento a abertura de vagas para servidores
administrativos.
—
São serviços (os administrativos) que não podem ser suspensos. Se não tem quadro
para fazê-los, alguém tem que fazer — justifica o inspetor Fabiano Moreno,
assessor nacional de comunicação social da PRF.
Já
há reforço previsto para efetivo do Estado. Com a nomeação de novos agentes no
final de setembro, o Rio Grande do Sul receberá mais 76 policiais e outros 86
devem chegar em janeiro. Mas a sensação de segurança que os motoristas se
acostumaram a ter no passado enxergando viaturas nas estradas dificilmente
poderá ser retomada, segundo o professor Albano:
—
A questão de reposição de pessoal é complicada. Com tecnologia de ponta isso
pode ser substituído. Usar fiscalização inteligente, com radares e
videomonitoramento que permita que um policial cuide de áreas maiores. Isso pode
suprir a deficiência de agentes.
(Colaborou
Carlos Guilherme Ferreira)
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