Rede Brasil Atual - 04/10/2016
Paralisação mais longa da história do órgão teve adesão no país e em mais 112 representações diplomáticas pelo mundo. Fim da mobilização foi definido por votação dos servidores
São Paulo – A greve dos servidores do Ministério das Relações Exteriores chegou ao fim ontem (3). A paralisação de 44 dias foi a mais longa na história do Itamaraty e teve adesão de servidores no Brasil e em pelo menos 112 repartições diplomáticas pelo mundo. Mas não houve acordo e a mobilização ficou marcada pela falta de abertura ao diálogo com os trabalhadores pelo ministro de Relações Exteriores, o tucano José Serra.
O fim da greve foi definido por votação. Dos 2 mil funcionários de carreira do órgão, a metade atuando fora do país, mil encaminharam a decisão para o site do sindicato da categoria (Sinditamaraty) e 800 votos decidiram pela volta às atividades normais. Entre as reivindicações, que não foram atendidas, estão a reorganização do plano de carreira e a equiparação dos salários aos das demais carreiras típicas de Estado, como as da Receita Federal.
“Para a carreira de diplomata, a gente tinha identificado uma defasagem média de 7%, para a carreira de assistente de chancelaria, 28%, e para oficial de chancelaria, perto de 35%”, afirma a presidenta do Sinditamaraty, Suellen Paz.
O sindicato também cobrou a regularização do pagamento da ajuda de custo de residência funcional, para que embaixadas e consulados brasileiros mantenham os serviços.
“Neste ano, a gente ficou muitos meses sem receber a residência funcional, que é uma indenização que a gente recebe no exterior para cobrir gastos de residência. Por falta de uma regulamentação mais apropriada, a gente sofreu isso”, afirma Suellen.
O fim da greve foi comunicado oficialmente pelos trabalhadores em assembleia no próprio Itamaraty. A entidade lembrou que as reivindicações vêm desde 2012, e na época, houve uma greve de duas semanas. No ano passado, foram mais três dias de paralisação. E desta vez, apesar dos 44 dias de greve, a entidade lamentou que não houve nem sequer um dia de diálogo com José Serra.
“Nossa folha (de pagamento) representa menos de 1% da folha do Ministério do Planejamento. Para nós, é inexplicável essa negação do governo em sentar conosco e negociar de forma mais transparente e honesta”, diz Suellen.
O sindicato denunciou ainda o descumprimento a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça que proibiu o corte de ponto e por consequência o desconto salarial pelos dias parados. “Hoje o salário entrou na nossa conta e eu posso dizer que houve descumprimento de decisão judicial, porque houve o corte quando a Justiça já havia determinado que não deveria ser feito.”
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