Antonio Temóteo e Vera Batista
Correio Braziliense - 11/10/2012
Governo discute proposta a ser enviada ao Congresso que deverá incluir veto a paralisação de policiais, como nas Forças Armadas, e garantia de serviços mínimos
Considerada uma das prioridades do governo federal, a
elaboração das diretrizes da Lei de Greve começa a tomar corpo. O Executivo
pretende enviar para o Congresso Nacional até o fim do ano uma minuta de projeto
para regulamentar as relações entre a União, servidores e sociedade. Serão
delimitadas regras para paralisações, piquetes e percentual mínimo de
trabalhadores que devem manter as atividades. Uma das propostas mais polêmicas
das que são conhecidas até agora é a de proibir a greve de policiais, como
ocorre hoje com as Forças Armadas.
As discussões a respeito do texto têm ocorrido
semanalmente entre representantes da Advocacia Geral da União (AGU), da Casa
Civil, da Secretaria-Geral da Presidência da República e do Ministério do
Planejamento. Parte dos itens em debate foram apresentados ontem durante o 87°
Fórum do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração
(Consad), em Brasília.
De acordo com o secretário executivo adjunto do
Planejamento, Valter Correia, o grupo de trabalho pretende propor que os
servidores só possam cruzar os braços se apresentarem uma pauta reivindicatória
e se houver negociação prévia. Além disso, os técnicos avaliam ser necessário
aprovar um indicativo de greve com comunicação prévia à administração pública.
Deverá ser obrigatório, ainda, declarar o compromisso em assegurar a
continuação de serviços essenciais.
Correia disse que precisa ser definido quais são as áreas
essenciais e qual o percentual mínimo para a manutenção do serviço. Ele
ressaltou que outra polêmica a ser resolvida é a possibilidade de o governo
contratar temporários, pessoas jurídicas ou compartilhar a execução dos
serviços com outros órgãos, mediante convênio, caso haja descumpri- mento dos
percentuais mínimos que serão fixados .
"Outra questão, que já é constitucional, é a proibição do
exercício de greve por membros das Forças Armadas. E está em discussão até que
ponto isso se estende para as polícias civil, militar e o corpo de bombeiros",
destacou.
O secretário-executivo do Planejamento ressaltou que a
diferença entre o projeto em discussão no governo e os que tramitam no
Legislativo é que no mesmo instrumento será regulamentada a Convenção 151 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. O
tratado internacional regula a negociação coletiva entre trabalhadores da
União, estados e municípios, sobre a proteção contra violação da liberdade
sindical e da independência dos sindicatos em relação aos governos.
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