Só 2,3% dos policiais alcoólatras buscam tratamento para vício
Em primeiro lugar, força de vontade; depois, orações. Na guerra contra o vício das drogas, policiais civis e militares buscam como terceira opção o tratamento médico.
Dados da Escola Nacional da Saúde Pública da Fiocruz revelam que, do universo pesquisado (cerca de 11,7 mil servidores de segurança publica), 23% dos entrevistados tentam se livrar da dependência por conta própria, 5% recorrem à religião — a maioria em seitas e igrejas evangélicas — e apenas 2,3% confiam nos serviços de saúde para vencer a batalha.
Conforme O DIA revelou nesta segunda-feira, nas polícias Civil e Militar, 80% e 73% dos agentes, respectivamente, consomem álcool. E cerca de 25% têm problemas de dependência química de bebida associada ao tabaco, calmantes, cocaína ou maconha.
A questão é ainda mais grave porque o hospital da Polícia Civil não existe mais, e o Hospital Central da PM tem apenas 17 leitos para tratar o problema. Conselheiro em dependência química do centro de reabilitação Vila Serena, no Maracanã, Sérgio Couto tem preocupação a mais.
“Estamos falando de instituições policiais onde os dados não estão disponíveis, não há transparência e os próprios agentes não procuram médicos. Se levarmos em conta que esses homens estão armados, eles colocam a própria vida e a de outros em risco”, avaliou Couto.
Com vergonha, PM pede ajuda à associação de moradores
“Com minha experiência, posso garantir que o Estado não tem profissionais capacitados para tratar essa questão. Um policial que usa cocaína me procurou e queria sair da unidade por vergonha dos colegas.
Os casos de abuso de álcool, então, são recorrentes”, relatou a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon (AMA Leblon), Evelyn Rosenzweig.
“Já tive conhecimento de casos de policiais que bebiam e, com porte de arma, causaram problemas sérios, até mesmo homicídios”, conta o delegado Orlando Zaccone.
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