Agência Senado - 28/11/2012
A oposição classificou como "imprópria, inoportuna e
inadequada", mas não conseguiu impedir a aprovação de projeto de lei da Câmara
(PLC 56/2011) que cria 98 cargos comissionados em órgãos vinculados à
Presidência da República. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ)
acolheu parecer favorável do relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), para quem
a criação desses cargos de livre provimento "trará maior eficiência às ações
governamentais".
"Os cargos propostos, se efetivados, certamente
contribuirão para o aprimoramento dos mecanismos de articulação entre o governo
e a sociedade, facilitando o cumprimento dos compromissos assumidos relativos às
políticas públicas de desenvolvimento econômico e social", afirmou Eduardo Braga
no parecer.
Os senadores José Pimentel (PT-CE) e Roberto Requião
(PMDB-PR) expressaram concordância com o voto favorável do relator. Após
mencionar que 75% dos cargos de confiança no governo federal são ocupados por
servidores concursados, Pimentel ressaltou a importância das novas funções
comissionadas para viabilizar projetos criados recentemente, como o Ciência sem
Fronteiras, Crack é Possível Vencer e Alfabetização na Idade
Certa.
Na opinião de Requião, o remanejamento de cargos
comissionados já existentes poderia suprir essa demanda e descartar a medida.
Mas, ao comparar o número "irrisório" de cargos propostos com o tamanho da
máquina pública, considerou a discussão levantada pela oposição desnecessária e
declarou seu voto favorável ao PLC 56/2011.
Voto em separado
A polêmica em torno da proposta surgiu com o voto em
separado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendendo sua rejeição. Em vez da
criação de cargos de livre provimento, o governo federal deveria - na avaliação
de Aécio - "aumentar a eficiência da administração, instituindo políticas de
gestão pública que aumentassem a produtividade e diminuíssem os gastos
correntes".
"Entretanto, o governo federal tem criado, nos últimos
anos, milhares de cargos em comissão de livre provimento que não guardam
compromisso com os critérios de qualidade e eficiência de seus ocupantes, mais
servindo como instrumento de aparelhamento político do que de real melhoria da
gestão pública", criticou no voto em separado.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) foi o primeiro a respaldar
as ponderações de Aécio e a declarar o voto contrário ao PLC 56/2011. Depois de
se dizer "impressionado" com o volume de cargos comissionados no governo
brasileiro, que seria muito superior ao de outros países, sugeriu o
remanejamento das funções já existentes para a Presidência da República,
alternativa também cogitada por Requião.
Antes de expor suas críticas, o senador Aloysio Nunes
(PSDB-SP) considerou que Eduardo Braga usou de boa fé ao analisar a matéria e
afirmou não ser contra a criação de cargos de confiança na estrutura
governamental.
- O problema é o critério de escolha de seus ocupantes -
acrescentou, classificando o PLC 56/2011 como "anacrônico e um abuso do ponto de
vista do interesse público".
Sem entrar no mérito da necessidade ou não desses 98 cargos
comissionados, o senador José Agripino (DEM-RN) admitiu não ter condições de
aprovar sua criação por avaliar que o governo federal não está dando
demonstração de "bom critério e controle" em seu preenchimento.
Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) acredita que a criação
dessas funções comissionadas tem propiciado "o aparelhamento do Estado através
de indicação política", além de inviabilizar a aplicação de verbas públicas em
investimentos produtivos.
Em seguida, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) alertou
para o envio de mais duas medidas provisórias pelo Poder Executivo ao Congresso
com "contrabando" de criação de mais cargos de confiança. Ambos também votaram
contra o PLC 56/2011.
Após ser aprovada pela CCJ, a matéria segue para votação no
Plenário do Senado
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