Vera Batista
Correio Braziliense - 20/11/2012
Transtornos à Vista
Categorias que ficaram de fora do aumento de 15,8%,
concedido ao funcionalismo, os auditores da Receita e os policiais federais
querem a reabertura das negociações com o Executivo. Eles pedem mudanças na LDO
ainda este ano para garantir melhorias na remuneração.
Auditores da Receita e policiais federais pressionam o
Palácio do Planalto a reabrirem as negociações e garantir reajustes em
2013
Os servidores que não aceitaram a oferta do governo, de
aumento nos salários de 15,8%, em três parcelas até 2015, prometem não dar
trégua à presidente Dilma Rousseff. Por meio de operações-padrão e de ações que
prejudiquem o bom funcionamento da máquina pública, eles acreditam que a
convencerão a enviar uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevendo
uma suplementação de verbas que aumentem os seus rendimentos ainda em
2013.
"Com boa vontade, o Executivo pode refazer artigos
específicos. A LDO não é estática. Leis no Brasil são mudadas de acordo com o
interesse da sociedade", disse Pedro Delarue, presidente do Sindicato dos
Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco). Desde ontem, a categoria
voltou a pressionar o Palácio do Planalto a sentar-se à mesa de negociações,
intensificou a campanha salarial e retomou a operação desembaraço zero
(morosidade nos despachos de mercadorias) em portos, aeroportos e
fronteiras.
Delarue destacou que o objetivo é reforçar que o impasse
nas negociações é ruim para ambas as partes. Segundo ele, é importante que
"figuras de relevo" do Executivo, do Legislativo e do Judiciário façam a equipe
econômica enxergar a importância do papel dos auditores-fiscais. "O Sérgio
Mendonça (secretário de Relações do Trabalho do Planejamento) é o negociador.
Tem essa responsabilidade e jogo de cintura para entender o seu papel. É ele
quem deve dizer que a ninguém interessa uma Receita Federal desanimada",
afirmou.
Mas o governo não dá sinais de que mudará de posição.
Ontem, ao divulgar o balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), a
ministra do Planejamento, Miriam Belchior, deixou claro no documento que a
negociação fechada com a maioria das categorias do funcionalismo público
"garantiu o poder de compra dos servidores para os próximos três anos, ao mesmo
tempo em que permitiu dar previsibilidade para os gastos com pessoal" e abrir
espaço aos investimentos. O foco continua sendo o equilíbrio de longo prazo das
contas públicas para minimizar os impactos da crise.
O governo, no entanto, deve se preparar para o pior. Além
de os funcionários da Receita ameaçarem radicalizar o movimento, os policiais
federais (agentes, escrivães e papiloscopistas) deixaram claro, em reunião com
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que esperam um sinal verde do Palácio
do Planalto para a esperada reestruturação da carreira da
categoria.
"Ontem, traçamos as estratégias. Daqui a 10 dias, voltaremos a conversar. Estamos dispostos a negociar, mas queremos respostas concretas", disse Florentino Naziazeno Santos Júnior, diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Entre julho e agosto, os agentes promoveram uma grande greve, parando portos, aeroportos e regiões de fronteiras, com custos elevados para a população.
"Ontem, traçamos as estratégias. Daqui a 10 dias, voltaremos a conversar. Estamos dispostos a negociar, mas queremos respostas concretas", disse Florentino Naziazeno Santos Júnior, diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Entre julho e agosto, os agentes promoveram uma grande greve, parando portos, aeroportos e regiões de fronteiras, com custos elevados para a população.
As lideranças sindicais representativas dos servidores de
alta renda, os chamados "sangues-azuis" pelo governo, estão também em ferrenha
campanha no Congresso para uma realocação das verbas públicas.
O mesmo movimento se observa entre os funcionários do Judiciário, que tem total apoio do Supremo Tribunal Federal (STF) para um reajuste acima dos 15,8% dados a 93% dos trabalhadores do Executivo. Esse movimento, por sinal, está contribuindo para emperrar a votação do projeto do Orçamento de 2013.
O mesmo movimento se observa entre os funcionários do Judiciário, que tem total apoio do Supremo Tribunal Federal (STF) para um reajuste acima dos 15,8% dados a 93% dos trabalhadores do Executivo. Esse movimento, por sinal, está contribuindo para emperrar a votação do projeto do Orçamento de 2013.
O relator-geral da proposta enviada pelo governo, senador
Romero Jucá (PMDB-RR), garantiu que, independentemente das divergências dos
parlamentares da Câmara e do Senado e das pressões dos servidores, vai
apresentar uma proposta preliminar ainda hoje. O documento já está pronto há
duas semanas, segundo declarou, mas como não há acordo entre os que apoiam o
governo e os que fazem oposição, a matéria não é apreciada.
Longo caminho
A peça orçamentária terá que percorrer um longo caminho.
Caso a proposta orçamentária de 2013 seja aprovada na Comissão Mista de
Orçamento, os deputados e senadores terão 10 dias para apresentar emendas.
Depois, os relatores setoriais das 10 áreas temáticas terão que dar seus
pareceres. A proposta retornará, então, à Comissão e, em seguida, será votada no
Plenário do Congresso. Se aprovada, será sancionada com ou sem vetos, até 22 de
dezembro, pela presidente Dilma Rousseff
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