Correio
Braziliense - 23/01/2013
A Polícia Federal desarticulou, ontem, uma quadrilha que aplicava golpes em
servidores públicos federais aposentados. A Operação Bloqueio prendeu sete
pessoas em Brasília, Belo Horizonte, Parauapebas (PA) e São Luís
(MA).
Os criminosos tinham acesso a dados pessoais das vítimas.
Os estelionatários se apresentavam como funcionários do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), desembargadores, juízes, procuradores ou advogados, mostravam que
tinham informações privilegiadas e conhecimento sobre trâmites processuais. Em
seguida, pediam que os aposentados fizessem depósitos para pagamento de custas
judiciais ou honorários para agilizar ações em benefício das vítimas. A Justiça
também concedeu outros mandados três de busca e apreensão, no Distrito
Federal.
De acordo com a delegada Fernanda da Costa Oliveira, coordenadora da operação, "as
histórias eram bem narradas, com muita desenvoltura". Por isso, até quem não
tinha causa na Justiça acreditava que poderia ter algum direito a receber de
gratificações ou remunerações atrasadas. "Os golpistas apresentavam dados
qualitativos que faziam com que as vítimas pensassem que os processos eram
verdadeiros", assinalou.
Ela ressaltou que houve gente que lançou mão de poupança feita ao longo da vida para
fazer os depósitos pedidos pelos golpistas, que variavam entre R$ 50 mil e R$
100 mil. De exemplo, contou o caso de um homem de mais de 90 anos que
desembolsou R$ 98 mil e que, quando tentou retornar a ligação, o número não
existia mais. "A operação demorou mais de um ano justamente por isso. Eles
trocavam o chip do celular de 10 em 10 dias", explicou.
Acesso
aos dados
A Polícia Federal ainda não sabe como os estelionatários tiveram acesso aos dados
dos servidores aposentados — se houve apoio de algum funcionário público na
ativa ou se as informações foram, por exemplo, roubadas por um hacker
(especialista em contornar as barreiras que controlam sistemas e acessos a dados
sigilosos). O inquérito que resultou na Operação Bloqueio foi aberto a pedido do
CNJ, a partir de denúncias feitas à Ouvidoria, que recebeu e encaminhou à
corporação mais de 100 denúncias envolvendo os golpistas.
Segundo o conselheiro ouvidor do CNJ, Wellington Saraiva, as queixas começaram há mais
de dois anos. "Os que nos procuraram, na maioria, tinham noção de que a
abordagem estava errada e não caíram no golpe." O CNJ informa que não cobra
dinheiro de cidadãos em hipótese alguma e que não faz contatos telefônicos com
quem tem demandas na Justiça. Pelo endereço eletrônico www.cnj.jus.br é possível
entrar em contato com a Ouvidoria do CNJ para esclarecer dúvidas, fazer
denúncias e dar sugestões
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